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I SÉRIE — NÚMERO 62

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desde estátuas de diversas origens, máscaras tribais africanas, álbuns de música, livros, pequenas e preciosas

recordações — capazes de concorrer para que o gesto sobre a tela refletisse o cruzamento de múltiplas

linguagens e de múltiplos tempos.

Senhor de diversas expressões artísticas — escultura, cerâmica, vitral —, a pintura e o desenho foram as

formas privilegiadas da sua criação que, nas palavras do artista, pressupunham um processo de envolvimento

de todos os sentidos e de todas as capacidades de entendimento e intuição, implicando um olhar,

simultaneamente, para nós próprios e para todo o universo.

Bolseiro em pós-graduação da Fundação Gulbenkian (1981 e 1983) e do Instituto Goethe, em Dresden

(2000), começou a expor em Portugal e no estrangeiro em 1979, destacando-se exposições individuais como

Iter Duriense (na Galeria Nasoni, no Porto, em 1993), Simultaneities (em diversas galerias em Londres, em

1997), Espelho (Museu da República, no Rio de Janeiro, em 2002) ou Da Matéria (Galeria S. Mamede, Lisboa,

em 2007), bem como coletivas em Copenhaga (em 2004), Coreia do Sul (em 2012) ou Japão (2015).

A sua obra encontra-se representada em museus e coleções públicas nacionais, tais como o Centro de Arte

Moderna da Fundação Gulbenkian, o Museu Amadeo de Souza-Cardoso, o Museu de Arte Contemporânea da

Fundação de Serralves e o Museu Municipal de Tomar, fazendo ainda parte das coleções do Centro Cultural de

Macau e do Institute of Contemporary Arts, em Londres.

Entre as distinções de que foi alvo, destacam-se as Medalhas de Mérito Municipal do Porto (2009) e de

Lamego (2013) e a Ordem de Instrução Pública, no grau de Comendador, atribuída, em 2015, pelo Presidente

da República.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu sentido pesar pelo

falecimento de Francisco Laranjo e evoca o seu percurso ímpar enquanto artista plástico, professor universitário

e diretor da Faculdade de Belas-Artes do Porto, apresentando à família e amigos as mais sentidas

condolências.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa deste voto de pesar.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Segue-se o Projeto de Voto n.º 193/XV/1.ª (apresentado pelo CH) — De pesar pelo falecimento do produtor

e realizador António da Cunha Telles. Tem a palavra, para proceder à respetiva leitura, a Sr.ª Deputada Palmira

Maciel.

A Sr.ª Secretária (Palmira Maciel): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:

«O produtor e realizador António da Cunha Telles foi um dos maiores nomes do Cinema Novo português, na

década de 60.

Nasceu no Funchal, na ilha da Madeira, em fevereiro de 1935. Foi estudante de Medicina na Universidade

de Lisboa, mas acabou por se dedicar ao cinema. Começa com reportagens para a RTP, é mesmo operador de

câmara aquando da vinda da Rainha Isabel II a Portugal, em 1957, mas no final da década de 50 acaba por

viajar para Paris, onde realiza três cursos para aprender cinema, no Institut des Hautes Études

Cinematographiques, na Sorbonne, e na École Normale Supérieure de Saint-Cloud.

Regressa a Portugal na década de 60, assume funções diretivas nos Serviços de Cinema da Direção-Geral

do Ensino Primário, tal como dirige cursos de cinema na Mocidade Portuguesa.

Inicia, assim, um período onde é responsável por mais de 200 créditos como produtor, desde Os Verdes

Anos (1963), passando pelos filmes «fundadores» do Cinema Novo português, como Belarmino (1964) e

Domingo à tarde (1966).

A partir da década de 70, realiza as suas primeiras longas-metragens, acabando mesmo por se tornar

administrador do Instituto Português de Cinema e da Tóbis Portuguesa.

São centenas de produções a que o nome de António da Cunha Telles está associado, mas de salientar o

facto de ter sido produtor associado não creditado de Belle Époque — A Bela Época (1992), de Fernando

Trueba, vencedor do óscar de Melhor Filme Estrageiro.

Membro honorário da Academia Portuguesa de Cinema, foi agraciado, em 2018, com o grau de Grande-

Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

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