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7 DE JANEIRO DE 2023

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portuguesa, particularmente em França, que via no seu percurso um espelho dos seus objetivos de uma vida

melhor, de afirmação e de reconhecimento.

Linda de Suza nasceu em Beringel, no distrito de Beja, e emigrou para França com 22 anos, onde chegou

em 1970, passando a fronteira a “salto”. Teve uma vida como a de tantos milhares de emigrantes, que saíram à

procura das oportunidades que não tinham em Portugal, com a determinação de trabalhar duro, mas sem nunca

deixar de sonhar com uma vida melhor, começando nas limpezas e acabando aplaudida nos palcos.

Esse reconhecimento surgiu não muito depois de ter chegado a França quando começou a cantar, a pisar

os palcos, a ir à televisão e a gravar discos. Estreou-se no restaurante Chez Loisette, nos arredores de Paris,

onde foi descoberta pelo compositor André Pascal. Pela mão do produtor Claude Carrère, foi ao programa

Rendez-Vous du Dimanche, onde cantou Le Portugais, Valise en Carton, que viria a ser um grande sucesso e

seria a linha condutora da sua carreira, com vendas que atingiram o disco de platina, em 1979.

Num justo reconhecimento, o Presidente da República Francesa, Emannuel Macron, considerou Linda de

Suza uma “rainha dos anos 80” e afirmou que a cantora portuguesa “se encontrou no cruzamento de duas

culturas e de duas línguas”, afirmando-se como “um ícone dos destinos cruzados dos nossos dois povos”.

Canções como J’ai deux Pays pour un seul cœur, La Symphonie du Portugal ou ainda L’étrangère, entre

tantas outras da sua vasta discografia, são canções emblemáticas em que facilmente os portugueses em França

se reviam pela forma aberta e sem complexos como afirmava a sua condição de emigrante, a sua luta, os seus

sonhos e, sempre, a sua ligação ao País, com saudade. O facto de cantar em francês foi uma forma de afirmação

perante o país de acolhimento muito importante e a voz pública de todos os portugueses.

Contou a sua vida no livro autobiográfico que teve um grande sucesso, La Valise en Carton, de 1984, que

seria mais tarde adaptado à televisão numa minissérie intitulada Mala de Cartão, onde participaram Irene Papas

e um vasto leque de atores portugueses e franceses, transmitida na RTP e na Antenne 2. Colaborou com Charles

Aznavour e esgotou várias vezes o Olympia de Paris, conquistou discos de ouro e de platina. Linda de Suza é

um grande símbolo da emigração portuguesa e merece ser recordada como tal.

A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu pesar pela morte da artista Linda de Suza,

reconhecendo a importância que teve para tantas gerações de portugueses em França e para além das suas

fronteiras, como um poderoso ícone da emigração portuguesa, enviando aos seus familiares e amigos as mais

sentidas condolências.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser

lido.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Segue-se o Projeto de Voto n.º 222/XV/1.ª (apresentado pelo PS) — De pesar pelo falecimento de Francesc

Vendrell. Peço à Sr.ª Secretária Palmira Maciel que proceda à respetiva leitura.

A Sr.ª Secretária (Palmira Maciel): — Sr. Presidente, o projeto de voto é do seguinte teor:

«Faleceu em Londres aos 82 anos, no passado dia 27 de novembro, Francesc Vendrell, reconhecido

diplomata que serviu grande parte da carreira ao serviço da ONU (Organização das Nações Unidas), em especial

como representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para Timor-Leste.

Nascido em Barcelona, em 1940, Francesc Vendrell estudou Direito, acabando por se exilar em

consequência da sua ativa militância contra o regime de Franco. Mais tarde, prosseguiu estudos no King’s

College, em Londres, e formou-se em História, em Cambridge. Foi em 1968 que ingressou, em Nova Iorque, no

corpo diplomático das Nações Unidas, integrando a Comissão para os Direitos Humanos.

Ao longo da sua carreira de mais de 40 anos ao serviço das Nações Unidas e outras organizações

internacionais, desempenhou importantes funções como mediador de conflito, destacando-se a sua atuação em

países como a Arménia, a Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Haiti, Camboja, Myanmar ou Timor-Leste. Ao

serviço das Nações Unidas desempenhou ainda funções no Afeganistão, ocupando também, entre 2002 e 2008,

o cargo de Representante Especial da União Europeia nesse país.

Da sua longa, produtiva e valiosa carreira, destaca-se o seu inestimável trabalho durante o processo de

independência de Timor-Leste, situação que acompanhou sempre, desde a invasão de 1975. Teve um papel

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