10 DE FEVEREIRO DE 2023
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Depois, quando analisamos outros setores, como o do calçado, que é relativamente pequeno mas
significativo, os recordes também são assinaláveis. Em 2022, foram exportados 76 milhões de pares de sapatos
para mais de 170 países do mundo e as receitas excederam os 2000 milhões de euros.
Aplausos do PS.
É por tudo isto que penso que os sinais que temos, no início do ano de 2023, são muito positivos para a
economia, em termos não só do seu desempenho nas exportações, na capacidade de diversificar a sua
penetração nos mercados internacionais, mas também nos resultados que dão indicadores muito aceitáveis
relativamente à inflação.
A inflação foi um dos grandes problemas que tivemos em 2022. Ela reduziu-se, pela primeira vez, em
dezembro do ano passado, quando chegou aos 9,6 %, e, em janeiro deste ano, chegou aos 8,3 %. Portanto,
temos aqui a redução da inflação, que pode propiciar ou propugnar um quadro de reversão na tendência de
aumento dos preços.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Reversão?! Então, os preços vão baixar?!
O Sr. Ministro da Economia e do Mar: — E porque é que digo isto? Porque um indicador crucial é a inflação subjacente. Ora, se removermos os componentes voláteis — tudo o que tem a ver com a energia e os bens
alimentares não transformados —, em janeiro de 2023, pela primeira vez nos últimos 16 meses, a inflação
subjacente diminuiu. Este é um indicador muito importante.
Aplausos do PS.
Os outros sinais positivos vêm da envolvente externa e são muito interessantes, desde logo os dos nossos
parceiros europeus, a começar pela Alemanha, que vai provavelmente evitar a recessão, assim como a
Espanha.
Há outros indicadores que são muito importantes. A nível dos mercados de ações internacionais, o início
deste ano é marcado por uma trajetória ascendente. Tivemos, no índice Standard & Poor’s 500, dos Estados
Unidos, um aumento de 5 %, que foi seguido na Europa e nos países asiáticos. Esta é também uma indicação
de confiança dos investidores.
Na economia portuguesa, isso está a refletir-se exatamente nos indicadores de confiança: o indicador da
confiança dos consumidores, em Portugal, subiu em dezembro de 2022 e voltou a subir em janeiro de 2023;
quando olhamos para o clima económico, que é fundamental, em janeiro deste ano esse indicador subiu e foi
positivo; e, quando analisamos os vários setores da economia, desde a indústria transformadora, construção e
obras públicas, comércio e serviços, os indicadores de confiança estão a subir.
Portanto, acho que estes números são uma espécie de derrota do pessimismo. Não podemos entrar em
deslumbramentos, mas também temos de rejeitar as visões catastrofistas sobre o desenvolvimento da economia
portuguesa.
Aplausos do PS.
Existem algumas inquietações relativamente ao futuro, sobretudo com a incerteza geopolítica, mas há uma
questão que também é crucial e que eu queria sublinhar, que é a diminuição consistente dos preços nos
mercados da energia.
O preço do gás, que flagelou muitas das empresas em Portugal, atingiu um pico no dia 26 de agosto de 2022,
de 339 €/MWh, e, em fim de janeiro, estava a 50 €/MWh. Temos uma redução de mais de 80 % no preço do gás
e os mercados internacionais, a nível da energia, caminham para a estabilização. Se estes fatores se
conjugarem, penso que vamos ter um ano de 2023 melhor do que estávamos à espera há uns meses.
Aplausos do PS.