I SÉRIE — NÚMERO 114
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acumula-se ao longo da vida ativa, convertendo-se numa disparidade de pensões entre mulheres e homens,
que resulta num risco mais elevado de pobreza e exclusão social das mulheres, especialmente na velhice.
Sr.as e Srs. Deputados, o diploma sobre o trabalho digno, aprovado apenas com os votos do PS, foi mais
uma oportunidade perdida.
Aplausos do PSD.
Foi uma lei aprovada em circuito fechado, que se fechou à concertação social. Os trabalhadores e os
empregadores não foram ouvidos, apesar de serem partes interessadas no processo. Falamos de dentro para
dentro.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, como dizia um estadista célebre pela sua capacidade de resiliência
— refiro-me a Winston Churchill —, o sucesso é a capacidade de recuperar de derrotas sucessivas, sem perder
o entusiasmo. Enquanto acreditarmos na nossa causa e mantivermos a vontade de vencer, o destino estará do
nosso lado.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para intervir, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, tem, agora, a palavra a Sr.ª
Deputada Rita Matias.
A Sr.ª Rita Matias (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Hoje é um dia de eleição para a extrema-
esquerda e para os seus súbditos. É o dia em que conseguem casar a luta das classes — patrão/trabalhador —
com a luta dos sexos, de mulheres contra homens.
Já sabíamos ao que vinham: dados truncados, meias-verdades, sem mencionarem os problemas reais e,
acima de tudo, sem trazerem propostas.
Vamos aos dados: a taxa de emprego não varia nem 1 % entre homens e mulheres. A taxa de desemprego
também não. Há mais mulheres empregadas por conta de outrem com contratos permanentes do que homens.
Há mais homens do que mulheres com contratos temporários. Na Administração Pública, há, até, mais mulheres
do que homens, e as mulheres ganham, em média, mais do que os homens.
Perguntarão, então: onde é que está a meia-verdade? Não há qualquer desigualdade?
Há. Quer no público, quer no privado, há muito mais homens do que mulheres em lugares de topo e de
chefia, e as diferenças salariais e benefícios que daí advêm são visíveis.
Qual é o obstáculo real? É a maternidade, é o cuidado à família, é a dificuldade entre a conciliação do trabalho
com a vida familiar.
Protestos do PSD.
As mulheres veem as suas possibilidades de promoção, aumento salarial ou acesso a cargos de topo
condicionadas pelas licenças de maternidade ou pelo tempo que dedicam aos seus filhos e família. Tudo isto
somado faz com que cheguem ao fim da vida e vejam as suas reformas ser 40 % inferiores às reformas dos
homens, devido ao facto de a carreira contributiva ser consideravelmente menor, devido ao facto de esta
sociedade não reconhecer o tempo que estas mães dedicam ao serviço dos seus e ao serviço das sociedades.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — O Chega já apresentou uma proposta para corrigir esta profunda injustiça e
reconhecer e valorizar o papel da mulher.
Aplausos do CH.
Quarenta anos depois, a pergunta que não podemos calar é: porque é que os senhores aqui presentes nunca
resolveram isto?