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30 DE SETEMBRO DE 2023

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com uma parte do IRS de quem tenha beneficiado do ensino superior público e esteja nos escalões de

rendimentos de mais altos percentis.

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Outra vez! Como é que é possível?!

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Alfredo Maia, do Grupo Parlamentar do PCP.

O Sr. Alfredo Maia (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Estatuto do Trabalhador-Estudante é um importante instrumento de promoção da dupla dimensão do trabalho e da educação.

Em termos formais, cria condições para que trabalhadores que tiveram de interromper o seu percurso escolar

ou estudantes que tiveram de começar a trabalhar precocemente possam prosseguir o seu rumo.

Há também muitos trabalhadores que decidem — aliás, bem — alargar os seus conhecimentos e

competências e diversificar e ampliar os seus saberes.

Além de uma justa aspiração individual e da concretização de um direito essencial, a frequência dos

sucessivos graus de ensino ou o alargamento de conhecimentos constitui também uma contribuição para a

melhoria do perfil cultural, social, cívico e económico da sociedade, com vantagens também para as empresas.

Não obstante a consagração legal do Estatuto, são frequentes as queixas de trabalhadores-estudantes sobre

dificuldades e obstáculos criados nas empresas ao uso pleno dos direitos nele consagrados. De facto, são

frequentes as queixas relativas à falta de autorização — entre aspas — da empresa para a adequação dos

horários de trabalho à frequência de aulas, à preparação de frequências e exames e mesmo à participação

nestes com a adequada concessão de dispensas, não sendo raro muitos estudantes terem de lançar mão de

dias de férias para que possam comparecer a exame.

Este quadro é inseparável de práticas autoritárias e até agressivas na organização do trabalho em muitas

empresas, com a desregulação dos horários de trabalho sob várias formas, designadamente o trabalho por

turnos e o regime de laboração contínua.

Se este problema, que atinge, pelo menos, 1 milhão e 800 mil trabalhadores portugueses, é já muito gravoso

para trabalhadores com família constituída, do ponto de vista da articulação do trabalho com a vida familiar, bem

se pode imaginar quanto é penoso quando estes aspiram a melhorar as suas qualificações.

Este problema é também inseparável da exigência de um aumento dos salários, porque é muito claro que,

face à sua insuficiência, muitos trabalhadores-estudantes estão forçados a ceder em direitos que deveriam ser

irrenunciáveis.

Em relação às iniciativas apresentadas, quero realçar duas notas sobre a isenção da taxa social única e a

isenção ou redução das taxas contributivas propostas: primeira, prejudicam claramente a carreira contributiva

do trabalhador e os seus próprios benefícios; segunda, é necessário encarar com cautela os efeitos no

financiamento da segurança social.

Já quanto ao acesso ao abono de família, é necessário prosseguir, de facto, o seu aumento e a sua

generalização, isto é, aplicando-o a todas as crianças e jovens, tal como o PCP tem proposto — proposta que

tem sido chumbada nesta Assembleia.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Bárbara Dias, do Grupo Parlamentar do PS.

A Sr.ª Bárbara Dias (PS): — Sr.ª Presidente em exercício, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas, Srs. Peticionários aqui presentes: Privilégio ou falta deste é o conceito chave que está na base da decisão de um

jovem que se torna trabalhador-estudante.

Todos nós conhecemos um jovem que é obrigado a conciliar o estudo e o trabalho para perseguir os seus

sonhos, ou porque a família não tem capacidade financeira, ou então nem sequer tem esse suporte familiar.