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I SÉRIE — NÚMERO 86

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O Sr. Presidente (Marcos Perestrello): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Abrantes Amaral, da Iniciativa Liberal.

O Sr. André Abrantes Amaral (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Caros Concidadãos nas galerias: O PSD apresentou uma série de recomendações ao Governo, cujos objetivos são de louvar, mas que,

infelizmente e por falta de concretização, correm o risco de não passar de um rol de boas intenções.

Senão, vejamos: o PSD recomenda ao Governo que promova um conjunto de medidas para aumentar a

cidadania das mulheres portuguesas residentes no estrangeiro, mas refere-se ao estrangeiro como se fosse

uma entidade única e igual entre si. No entanto, a história, a geografia e a sociologia mostram-nos que assim

não é. Pelo contrário, essas diferenças existem e têm implicações nas formas como os portugueses lá fora

vivem, implicações no modo como as mulheres portuguesas se adaptam, ou não se adaptam, à vida fora de

Portugal, à vida no dito «estrangeiro».

Assim, uma mulher portuguesa não se depara em França com a mesma realidade com que se depara em

Angola, em Marrocos, na Polónia ou na Turquia. Da mesma maneira, a relevância do papel da família que o

PSD menciona no seu projeto de resolução difere de país para país, dentro das inúmeras, diferentes e

complexas realidades que existem por esse mundo fora e que o PSD reduz a «estrangeiro».

Sr.as e Srs. Deputados, o Governo lê o Projeto de Resolução n.º 620/XVI/1.ª, do PSD, e retira dele o quê? A

que países se referem? A que realidades se dirigem? O que pretendem, de facto? Estas são questões que

precisam de ser mencionadas, no sentido de concretizar o que não passa de um projeto de boas intenções.

Mas o PSD quis ir mais além, apesar de na recomendação que faz ao Governo para que se defina um novo

quadro de incentivos ao associativismo juvenil e estrangeiro acabar por ficar aquém. O intuito do PSD é o de

chamar os jovens para, e cito, «o plano de afirmação externa do Estado». Isso é como uma série de lugares-

comuns que só realçam o que falta e que não consta do projeto de resolução: uma política integrada de

promoção da língua portuguesa que tire partido do potencial económico, inclusive com o seu ensino como

segunda língua, como fazem países como a Espanha, a França e a Alemanha. Uma política integrada que vise

uma rede escolar construída, e, sim, em parceria com as associações de pendor cultural, desportivo e recreativo

a que o PSD se refere, em parceria com as empresas, teria um verdadeiro impacto positivo no associativismo

juvenil português existente no estrangeiro, ao mesmo tempo que contribuiria para alargar o conhecimento da

língua e da cultura portuguesas, com resultados positivos a níveis económico e comercial.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Portugal é um país exíguo e precisa da Europa, mas também da

diáspora. A promoção do associativismo jovem português no estrangeiro não se consegue com medidas avulsas

e inconsequentes, mas sim se for enquadrada com o estabelecimento de uma rede de escolas estrangeiras,

que forme jovens portugueses e estrangeiros, para que a médio e longo prazos o País retire, no benefício de

todos, vantagens culturais, económicas e empresariais.

Aplausos da IL.

O Sr. Presidente (Marcos Perestrello): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Carneiro, do Partido Social Democrata.

O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Aproximamo-nos do final deste debate e não poderíamos deixar de voltar ao tema da lei eleitoral.

O Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, na sua intervenção, tentou lançar as maiores suspeitas sobre a

questão do voto eletrónico. Sr. Deputado, eu gostava de recordar o seguinte: nas eleições presidenciais de

2021, os eleitores nas comunidades portuguesas que votaram foram 27 000; nas eleições europeias de 2024

foram 30 000; nas últimas eleições legislativas foram 300 000. Há uma diferença assinalável na participação

eleitoral de quem vota nas comunidades portuguesas que resulta dos métodos de votação, mais difíceis nas

presidenciais e nas eleições europeias, e esta realidade não pode ser ignorada.

Gostava também de recordar ao Sr. Deputado Pedro Delegado Alves que o exemplo paradigmático da

Estónia permitiu — não vou usar os dados todos, vou-lhe dar apenas alguns, mas posso até distribuí-los pela

Câmara — o seguinte: em 2005, quando o voto eletrónico foi introduzido na Estónia, utilizaram-no 9317 eleitores,