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II SÉRIE-A — NÚMERO 1

crescimento do consumo terá de ser inferior ao PIB ou, por outras palavras, que interessa manter altos níveis de poupança interna. Será a conjugação das politicas orçamental, monetária e de rendimentos que permitirá garantir as condições internas de financiamento não inflacionista do acréscimo de investimento.

EVOLUÇÃO MACROECONÓMICA 1989-92 (1) Taxa de variação em volume

72. Desta forma, o crescimento do PIB será induzido fundamentalmente pelo crescimento do investimento (7 3/4% ao ano) e das exportações (6 1/4% ao ano), conduzindo, como se disse, as politicas monetária, orçamental e de rendimentos a uma moderação da evolução dos consumos privado e público de forma a evitar-se um avolumar das tensões inflaccionistas ou uma pressão excessiva na balança de pagamentos. Mesmo assim, dado o facto de a procura interna crescer a 4 1/4% ao ano será necessário prever um crescimento relativamente elevado das importações, que se poderá avaliar em cerca de 6 1/4% ao ano, o que conduzirá a um défice externo moderado em 1992 (cerca de 1,8% do PIB já considerando as entradas relativas a transferências comunitárias). Para se prever as importações admitiu-se uma elasticidade média em relação à procura global compatível, por um lado com a progressiva redução do seu conteúdo importado e, por outro com a integração no mercado comunitário. Ter-se-á assim, com este cenário um progresso na convergência real com os restantes países comunitários embora sem pôr em causa os objectivos da convergência nominal.

73. Dentro da evolução do PIB serão de esperar evoluções favoráveis nos sectores industriais mais ligados as exportações de produtos não tradicionais tais como as máquinas e material eléctrico e o material de transporte, bem como no sector da construção civil e nos sectores industriais com ele relacionados. No entanto a moderação do consumo levará a um crescimento relativamente menor de produção dos bens destinados ao mercado interno português. Admite-se uma evolução relativamente rápida do produto da agricultura, consequência do investimento já realizado.

74. A adaptação à realização do mercado interno exigirá um processo continuo de aumento de produtividade do trabalho.

Para isso conta-se com importantes recursos financeiros destinados à formação profissional e com uma expansão acelerada do sector de educação, embora neste caso os efeitos se tornem visíveis fundamentalmente no longo prazo.

No médio prazo, contudo, serão as melhorias de organização empresarial, a flexibilização do mercado de trabalho e a formação profissional que poderão ter impacte no crescimento da produtividade do trabalho.

Considera-se, assim, ser possível um crescimento de 3% ao ano na produtividade global do trabalho, o que representa uma melhoria significativa relativamente à tendência dos últimos 10 anos.

75. A evolução da produtividade global permitirá que o emprego cresça a cerca de 1% ao ano, o que implicará que a taxa de desemprego em

Portugal, em 1992 se situe perto dos 6%, continuando 4 ser uma das mais baixas da Europa. No entanto, existirão certamente importantes transferências intersectoriais de emprego, resultantes naturalmente do processo de modernização. Prevê-se, assim, uma perda de emprego no sector agrícola por transferência para os sectores da construção civil e dos serviços, sendo também de admitir no sector industrial uma perda em relação aos sectores mais tradicionais, bem como um aumento do emprego relacionado com a tercearização dos sectores agrícola e industrial. A politica de emprego incentivará esta mobilidade de forma a serem atingidos níveis mais elevados de produtividade, reduzindo o subemprego nos sectores onde ainda existe em proporção significativa do emprego. A politica agrícola, por outro lado, não incentivará a fixação artificial de emprego no sectoi à custa de baixos níveis de produtividade.

76. No que respeita às exportações que se admitiu poderem crescer a

cerca de 6 1/4% ao ano continuam a existir boas perspectivas para os sectores da produção florestal embora condicionadas pela oferta de matérias primas, bem como para os sectores das máquinas e material eléctrico, do material de transporte e do turismo. Alguns subsectores da química ligeira e das máquinas não eléctricas poderão ganhar peso nas nossas exportações e contribuir a prazo para a sua diversificação. No entanto, grande parte das exportações será ainda determinada pelo que suceder a sectores mais tradicionais como os têxteis, vestuário e calçado. A provável concorrência acrescida de países terceiros no mercado comunitário poderá tornar mais difícil, no futuro, a obtenção de crescimentos rápidos para as exportações destes sectores que, aliás, tenderão a perder peso a medida que o processo de modernização se desenvolver. Contudo, é provável que nos próximos anos estes sectores ainda apresentem taxas de crescimento significativas, embora inferiores à média das exportações no que respeita aos têxteis e vestuário.

BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES (1)

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

77. Este ritmo de crescimento de exportações não será, contudo

suficiente para compensar a evolução das importações, em grande parti consequência do esforço de investimento programado. Desta forma apesar das transferências comunitárias, o défice da balança de transacçõe correntes (Quadro - Balança de Transacções Correntes) aumentará par cerca de 920 milhões de dólares em 1992, ou seja, cerca de -1,8% do PIB Este valor é perfeitamente financiável e é consequência do esforç( adicional de investimento, pelo que se encontra plenamente justificad< dentro das regras de boa gestão macroeconómica.

A manutenção de bom ritmo de crescimento das exportações é essência ao desenvolvimento equilibrado da economia portuguesa; só assim ser. possível compensar algumas das suas vulnerabilidades estruturais nomeadamente ao nível da dependência energética, alimentar (cereais oleaginosas e produtos tropicais) e de bens de equipamento sofisticados.

Cumulativamente, o dinamismo das exportações permitirá supera alguns aspectos negativos decorrentes do elevado grau de abertura d. economia ao aproximar as contribuições das exportações e das importações, como é característico de economias desenvolvida significativamente abertas ao exterior.