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II SÉRIE-A — NÚMERO 27

casais, à volta, cujos nomes chegaram aos nossos dias — o Cano, o Sepilhão, o Chofrai, a Taberninha, a Bombardeira e outros, que se foram formando ao longo dos tempos, o Seixo, a Onia, a Cotovia, a Varzinha, o Arneiro, a Serra, o Valongo, o Vale de Pau, a Cruz, os Marcos, as Portelinhas, o Vale de Janelas, a Oliveirinha, a Mexilhoeira. Estes casais foram crescendo e hoje são já novas póvoas ou, aproximando-se, alargaram o perímetro da velha Póvoa. Muitos pinhais foram sendo desbastados pela erosão dos ventos e das areias, ocorrendo o maior desbaste por ocasião do grande ciclone de 1942. Os matagais, arroteados pela mão do homem, foram-se transformando em vasta zona agrícola onde os vinhedos e trigais do passado deram lugar às hortas e estufas do presente. 2 — O passado:

Toda a grandeza do seu passado histórico deve Pena-firme ao seu convento multissecular. Fundado, segundo a tradição, por Santo Ancirado (ou Ancireno), eremita de origem alemã, junto de uma ermida muito antiga dedicada a Nossa Senhora da Graça, por volta do ano de 840, nele se terão refugiado outros eremitas que viviam nas cercanias de Torres Vedras, mas eram incomodados frequentemente pelos árabes que ao tempo dominavam o seu castelo. Eram conhecidos por eremitas do Sizandro e seguiam a Regra de Santo Agostinho.

As investidas do mar e a erosão do tempo levaram à construção de um novo convento do século xiii. Reconstruído em 1597 um pouco mais acima (o actual convento velho) veio a ser destruído pelo terramoto e consequente maremoto.de 1755, e hoje encontra-se em lastimoso abandono, quase soterrado nas areias. O actual convento (o convento novo) foi depois construído junto do lugar da Póvoa, a cerca de 2 km para sul, após o terramoto já na segunda metade do século xvm. O Cruzeiro que ainda hoje lá se encontra foi construído em 1787, como consta da inscrição gravada (provavelmente a data da inauguração da igreja). O plano inicial previa um segundo corpo do edifício conventual para sul da igreja, mas que, talvez por falta de verba, não se concretizou.

Centro de irradiação humana e cristã, o Convento de Penafirme foi, nas suas diversas fases, a alma desta região até 1834, data da expulsão dos seus moradores, ficando, a partir daí, condenado ao abandono, ao vandalismo e consequente degradação.

Além do venerando convento (ou conventos) há notícia de construções de interesse histórico:

Uma igreja dedicada a São Dinis, mandada construir pelo rei lavrador, junto de Porto Novo (que, por isso se passou a chamar Porto Novo de São Dinis);

Uma igreja dedicada a Santa Rita, construída em 1823;

A fonte de Nossa Senhora da Graça, nas imediações a sul do convento velho, e os fortes de Penafirme (em Porto Novo) e da Vigia (em Vale de Janelas), mandados construir por D. Afonso VI em 1662 para defesa da costa, frequentemente assolada pelos piratas argelinos.

Tudo isto se foi na voragem do tempo. Resta apenas a Cruz de Frei Aleixo, no alto da serra fronteira ao mar (ou «Rocha», como diz o povo) no sítio das Chãs, e que recorda uma formosa lenda.

Porto Novo era ainda, num passado não muito distante, centro pesqueiro de grande movimento, com duas armações de pesca valenciana (a de Porto Novo, fundada em 1902, e a de Santa Rita, em 1906). O crescente desenvolvimento do porto de Peniche foi asfixiando os portos vizinhos, entre

eles o de Porto Novo, que ficou reduzido a um pequeno ancoradouro de meia dúzia de embarcações. Porto Novo evoca ainda um acontecimento histórico de projecção internacional — o desembarque das tropas inglesas em 1808 vindo em auxílio das tropas aliadas de Portugal, ajudando--as a derrotar o exército invasor francês na célebre batalha do Vimeiro.

Pelo Convento de Penafirme passaram figuras ilustres e venerandas pelo seu saber e virtude. Entre outras avultam os nome de frei Aleixo de Penafirme, frei Roque da Gama, frei João de Estiemos (primeiro provedor do Hospital das Caldas da Rainha), frei Tomé de Jesus (grande escritor místico e autor clássico do livro escrito no cativeiro de Alcácer Quibir, Trabalhos de Jesus), D. Frei António de Santa Maria (què construiu o segundo convento, o velho, e foi bispo de Leiria), e D. Frei António de Sousa e Távora (que mandou construir o convento novo e foi bispo do Porto).

3 — O presente:

Terra que no passado se dedicou à exploração agrícola de sequeiro (vinhas e cereais), hoje floresce nela à cultura de regadio, sendo, como a vizinha Silveira, o maior centro de horticultura do concelho de Torres Vedras e um dos maiores do País. Hortas em estufa e ao ar livre vicejam por toda a parte e são uma florescente actividade comercial, que leva os produtos da terra aos grandes mercados da Malveira, de Lisboa, de. Cascais e a outros cantos de Portugal e do Mundo.

Além do grande valor agrícola e comercial, Penafirme é também um ponto de referência no campo formativo, intelectual e espiritual. O seu prestigiado Externato, sucessor do Seminário Liceal, fundado em 1960, começou a ser, desde 1974, o maior e mais conceituado centro cultural e formativo do concelho de Torres Vedras, e, como casa de retiros e de vilegiatura, a maior estância de repouso para o corpo e para o espírito.

4 — O futuro:

A enorme vitalidade agrícola, comercial, formativa, intelectual e espiritual do presente anuncia para Penafirme um futuro risonho e promissor no campo do turismo e do lazer. Crescem a um ritmo acelerado os complexos e urbanizações (Pisão, Mirante, Navio, Vigia, Vale de Janelas, Oliveirinhas, Mexilhoeira e Barqueira), e as suas belas praias e repousantes pinhais vão sendo cada vez mais procurados.

Por tudo isto, Penafirme não é somente um marco do passado; tem força do presente e a promessa do futuro.

II — Dados demográficos

1 — Eleitores da freguesia:

De acordo com o último recenseamento eleitoral a área proposta para a freguesia contava com 1338 eleitores.

2 — Taxa de variação demográfica da freguesia: Entre os dois últimos recenseamentos eleitorais o número

de eleitores da freguesia passou de 1171 para 1338, o que representa uma variação percentual de 14%. Tal variação corresponde a uma taxa de crescimento anual médio de 2,6%. Se projectarmos a mesma taxa de crescimento anual médio por um período de .6 anos podemos estimar que a área proposta para a freguesia registará no ano 2000 cerca de 1600 eleitores.

3 — Eleitores da sede:

Ainda de acordo com o último recenseamento eleitoral a sede proposta para a freguesia, isto é, Póvoa de Penafirme, registava 723 eleitores. Entre os dois últimos recenseamentos o número de eleitores aumentou de 608

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