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21 DE MARÇO DE 1996

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Durante o século xix, importantes empreendimentos vêm dar novo impulso à freguesia. A construção do Forte Monte Cintra e da estrada militar, integrados nas linhas de defesa de Lisboa, a ponte de cantaria e ferro sobre o Trancão para a estrada que liga à capital ao Porto e a fábrica de tinturaria e estamparia na Quinta das Penicheiras são factores que contribuem para o desenvolvimento da comunidade.

Aliás, b século xix, nomeadamente a sua 2." metade, vai ser decisivo para o futuro de Sacavém. Em 1850 funda-se a Fábrica da Loiça que, 25 anos depois, emprega 400 operários, que constituem a maioria da população activa local, e em 1856, inaugurava-se a linha do caminho de ferro, ligando Lisboa ao Porto e passando por Sacavém.

Dos arredores e do interior do País começam a chegar gentes que trocam o campo pela fábrica, na busca de melhores condições de vida. Entretanto, o aumento e melhoria das vias de comunicação fazem de Sacavém local privilegiado para a fixação de indústrias, e o número destas vai crescendo. Com ele aumenta a população e, consequentemente, o aglomerado urbano tradicional transforma-se. Um pouco por toda a freguesia surgem «vilas operárias», pequenos núcleos habitacionais, que ainda hoje mantêm, na quase totalidade, as suas funções iniciais. Muitos deles, pelo seu valor histórico e cultural, merecem ser recuperados e reabilitados.

Pouco a pouco, a fisionomia de Sacavém foi-se alterando: as quintas dão lugar a novas fábricas ou adaptam--se a habitações. Nos finais do século xix, a freguesia conta com mais de 2000 habitantes, dos quais cerca de 1000 são operários da Fábrica da Loiça, indústria de primordial importância económica para a zona.

O movimento associativo começa a ter verdadeira expressão no início deste século —em 1900 é fundada a Sacavenense, cooperativa de crédito e consumo, da qual podiam ser sócios todos os operários com mais de 14 anos —, ganhando nova expressão durante a I República. Unidos no gosto pela música e desporto ou pelo recreio e \azer, grupos de homens e mulheres fundam novas associações. O Clube Recreativo e Musical, em 1909, o Sport Grupo Sacavenense, em 1910, o Clube dos Caçadores, em 1921, e a Academia Recreativa e Musical, em 1927.

Em 1927, Sacavém é elevada a vila (pelo Decreto n.° 14 676, de 7 de Dezembro). A sua importância económica era reconhecida. No entanto, tal não resultou em qualquer melhoria do ponto de vista social, muito antes pelo contrário. Terra de gente operária, Sacavém vai ser palco de diversas lutas — pelo pão, pela diminuição da jornada de trabalho, por aumentos salariais e melhores condições de vida. A repressão abate-se sobre esta gente simples e trabalhadora, que à luta contra o fascismo empresta muitos dos seus habitantes.

2 — Elementos de ordem demográfica e económica:

A crescente fixação da indústria continua a corresponder um aumento populacional; os imigrantes chegam sobretudo do Alentejo e das Beiras, trocando o abandono a que estava votado o interior pela esperança de melhores condições de vida. Em 1950, Sacavém conta com 6488 habitantes, em 1960, 10 529, e em 1970, 24 140 (fonte: LNE, Censos da População).

Em meados do século xx, novos empreendimentos vão surgindo na área da freguesia. O novo troço da Estrada Nacional n.°. 10, a' Auto-Estrada do Norte, o Aeroporto de Lisboa, fazem da vila uma das localidades da periferia de Lisboa com melhores condições para a fixação da indústria, dada a facilidade de escoamento dos produtos trans-

formados e a disponibilidade de mão-de-obra desqualificada, logo barata. A par disto, a capital inicia a sua tercearização, com a consequente inflação do seu imobiliário. A Sacavém continuam a chegar grandes contingentes populacionais, que, agora, procuram emprego, não só na região como em Lisboa. A falta de soluções habitacionais na cidade empurra os novos migrantes para as periferias.

Nós anos 60 dá-se o grande boom urbanístico. Entre 1950 e 1970, com já se assinalou, a população da freguesia aumentou de 6488 para 24 140 habitantes, ou seja, em 20 anos a população quadruplica. A este aumento populacional corresponde um crescente aumento na procura de habitação; as antigas quintas dão lugar a construções em altura. Constrói-se sem outra preocupação que não seja a de dar resposta às pressões de mercado, com vista ao lucro fácil e rápido.

Com o 25 de Abril e o advento do poder local democrático, tem-se, pouco a pouco, vindo a inverter todo este caos urbanístico. Por toda a freguesia têm surgido espaços verdes e zonas de equipamentos. Por outro lado, o crescimento demográfico tem vindo a estabilizar. Actualmente, e mesmo após a desanexação da Portela e do Prior Velho, Sacavém conta com cerca de 16 218 habitantes.

Aqui se têm fixado novas empresas (registando-se, no entanto, o encerramento da Fábrica da Loiça), com actividades no sector terciário. Novas necessidades se vão colocando do ponto de vista dos serviços e Sacavém vê instalar-se uma repartição de finanças, diversos bancos (sete balcões actualmente), uma escola C+S, uma escola secundária, o centro de formação da EDP, uma extensão do Centro das Taipas, uma subdelegação de saúde, constituindo-se como local de procura de bens e serviços de toda a zona oriental do concelho de Loures.

Por Sacavém passará o grosso dos investimentos do Estado nos próximos anos na zona oriental de Lisboa. A freguesia localiza-se na zona de influência da EXPO 98, aqui será instalado um parque urbano Tejo/Trancão, onde se localizarão equipamentos e serviços, aqui amarrará a nova travessia sobre o Tejo, por aqui passará a CRIL, o prolongamento da Avenida do Infante D. Henrique, um novo comboio suburbano (a criar na linha *do caminho de ferro do Norte, sublinha da Azambuja), enfim, para Sacavém serão canalizados diversos empreendimentos que se prevê venham dinamizar o progresso económico e social da vila, que se quer cidade.

Sacavém conta ainda com 14 705 eleitores, segundo dados do último recenseamento eleitoral.

Equipamentos colectivos:

Centro de saúde;

Quatro centros clínicos;

Quatro farmácias;

Corporação de bombeiros;

Duas casas de espectáculos;

Um estabelecimento de ensino secundário;

Um estabelecimento de ensino preparatório;

Três estabelecimentos de ensino primário;

Cinco estabelecimentos de ensino pré-primário;

Infantários;

Um jardim-de-infância;

Transportes públicos (rodoviários e ferroviários); Praça de táxis; Estação de correios;

Centro de emprego e formação profissional; Repartição de finanças;

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