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II SÉRIE-A — NÚMERO 18

e nestas se adquirem os produtos necessários para a economia familiar.

A riqueza da sua paisagem contrasta com a fragilidade da sua rede viária, pois é atravessada por quatro estradas nacionais, que iludem as carências das comunicações entre as diversas povoações.

Portelo de Cambres constitui o núcleo mais populoso dos 42 que constituem esta vasta região. Aqui o comércio ocupa lugar privilegiado, não lhe faltando outros serviços exigidos pelos tempos actuais: farmácia, sede da junta de freguesia, correios, posto médico, escolas, centro social paroquial, com centro de dia e ATX, etc.

Cambres foi habitada desde longa data. Se a riqueza da sua paisagem continua sendo o seu maior apanágio, não podemos deixar de lembrar que, a par de muitas outras riquezas, avultam as figuras de homens e mulheres ilustres que ontem e hoje marcam a história do País. A título de exemplo, citemos os nomes dos Guedes, Pinto Osório, Cabrais, Perfeito de Magalhães, passando pelo capitão Pina de Morais, Dr. Fernando Amaral e o general Carlos Azeredo.

Será, contudo, de inteira justiça recordar a gente honrada e trabalhadora que reparte a sua vida pelas mais diversas profissões, desde a agricultura, da vinha e do azeite aos legumes frescos, que servem as cidades vizinhas, da construção civil, onde, a par de operários especializados, avultam numerosos empreiteiros, sem esquecer os trabalhadores dos caminhos de ferro e da EDP.

Entre a gente trabalhadora tornaram-se célebres os canteiros de Cambres, de cujas mãos saíram os artísticos pórticos espalhados pela região, e a recordá-los estão as obras do Santuário dos Remédios.

Cambres constitui, hoje, uma freguesia de particular importância pela sua situação geográfica, pela sua riqueza agrícola e artística, pela sua extensão e pelas gentes que aqui vivem. Porém, a sua grandeza vem-lhe também da sua longa e rica história.

A presença dos Romanos é-nos testada ainda hoje por uma via romana que atravessava este povo, do que resta ainda a conhecida ponte do Seixo, que, por Sande, nos levava a Valdigem e daí a São Domingos, onde estão patentes os vestígios da antiquíssima cidade de Lacunimurgi (Lamego).

A sua igreja, dedicada a São Martinho de Tours, testemunha-nos a grande devoção de São Martinho de Dume, fundador da diocese de Lamego, e reenvia-nos ao- século vi, data dessa mesma fundação. Aqui se celebra ainda hoje uma das festas mais concorridas do Douro em honra do Senhor da Aflição.

D. João m baixou a abadia de Cambres para reitoria e vigararia.

D. José mandou restaurar e ampliar a igreja ou talvez reconstruir de raiz no respeito do barroco da última fase em 1767.

No lugar onde existe hoje o cemitério, ou mesmo a igreja, existiria um primitivo castro, que viria naturalmente, como aconteceu em muitas outras terras, a ser reconvertido em templo cristão.

No livro de doações de Salzedas encontramos um documento, datado de 1197, referindo-se às décimas que pertencem à Igreja de São Martinho de Cambres, o que prova que outros documentos anteriores possam ter exisüdo mas que não chegaram até nós.

Alguns autores colocam mesmo a hipótese de aqui ter existido um mosteiro pré-nacional, o que seria corroborado pelo nome do lugar que ainda hoje se conserva — Mosteiro.

Tal facto dever-se-á ao labor dos monges cistercienses, que, trazidos por D. Afonso Henriques, haveriam de ocupar os lugares de São João de Tarouca e de Salzedas. Alguns destes mestres de povoamento e agricultura haveriam de instalar-se por aqui.

Deste facto restariam ainda algumas celas na Quinta de Monsul. A Quinta de Tourais e o lugar da Bugalheira, segundo Almeida Fernandes, muito terão ficado a dever à presença benfazeja dos monges. Aí são ainda recordados os lugares da Renda, Adega do Chão, Lagares e Couto.

Em estudos efectuados pelo Instituto do Vinho do Porto, põe-se a hipótese de os célebres vinhos doces de Lamego terem tido aqui a sua origem. Deles viria a nascer o vinho generoso tão apreciado pelos agricultores, o vinho fino bebido nas casas mais nobres e o vinho do Porto, que assim foi baptizado pelos comerciantes.

No livro de doações do Convento de Salzedas existe ainda um documento de troca de um terreno situado no lugar de Carosa com a Mitra de Lamego.

Na Quinta de Mosteiro existe ainda o brasão com as armas dos monges de São Bernardo.

Talvez a dispersão do povoado tenha impedido que a sua história muito vasta se tenha configurado com o nome desta terra que é dado a um pequeno local. Muito próximo está o mais valioso documento histórico, que é, sem dúvida, a Casa da Corredoura, cuja descrição nos é feita no Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal.

Mais de 40 lugares habitados constituem, com numerosas quintas, a grandeza desta freguesia.

Não deixa de ser interessante reparar na toponímia. O lugar de Penelas, nome interessante e significativo, tem uma originalidade muito pouco comum. Este povo, situado entre Cambres e Almacave, pertencia cm tempos recuados ora a uma ora a outra (cf. Cordeiro Laranjo). Na sua história, a que não será indiferente a presença dos Árabes na Península, conta-se o nome de um bispo, cuja casa se conserva, embora com muitos danos e prejuízos causados por sucessivas reparações.

Quintião, que terá recebido o seu nome de um comandante de legião romana que por aqui terá passado e se terá estabelecido, está marcado pela história do fisco devido ao rei e por este cedido ao Convento de Salzedas: «Na feira de S. Estevão viria o monge do convento de Salzedas escolher o melhor porco que por ali houvesse que o povo de Quintião lhe haveria de pagar.» Quintião juntamente com Rio Bom haveriam de imortalizar-se na célebre crise do vinho do Porto, que pôs frente a frente agricultores e comerciantes e que os levou a manifestarem--se frente à Câmara de Lamego. A sepultura comum de seis filhos desta terra testemunha para sempre este facto.

Portelo e o lugar da Portela apontam-nos para o porto, hoje valorizado, mas não aproveitado, que outrora foi lugar de passagem de pessoas e mercadorias para a outra margem ou para a foz do rio Douro. Pela Portela passava o caminho do rio, assim conhecido ainda hoje. Por Portelo continua a passar a estrada pombalina que ligava Lamego ao rio numa distância de uma légua. Ainda hoje existem aí os marcos da légua, mais conhecidos por «relógios do sol». O traçado continua quase o mesmo, derivando apenas em direcção à ponte da Régua.

Nestes dois lugares era cobrada a portagem de gente e bens a que os senhores das terras tinham direito.

Felgueiras, ou Filgueiras, constitui ainda hoje lugar de referência pelo estilo das suas casas, com aspecto renascentista em portas e janelas.

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