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II SÉRIE-A — NÚMERO 14

arroteada e a Câmara impôs o pagamento de uma quota em géneros aos seus foreiros. Estes contratos iniciais estipulavam que as propriedades concedidas com o direito de usufruto revertiam a favor da montaria-mor, caso o requeresse. Na prática, estes foros mantiveram-se nas mãos dos mesmos proprietários.

A parte de terreno da coutada que não foi concedida em regime de enfiteuse foi alvo de uma nova vaga de arroteamentos após a celebração de contratos de arrendamento entre a Câmara e os lavradores. Estes contratos tinham a duração de três anos. Teoricamente, no fim de cada triénio, a renda podia ser aumentada, mas na prática estes contratos de arrendamento foram-se perpetuando nas mãos dos mesmos rendeiros ou dos seus herdeiros.

A Câmara Municipal arrendou também parcelas da coutada só por um ano. Os seareiros que as exploravam pagavam a renda em dinheiro ou em géneros.

Quase todas as terras arroteadas eram semeadas com centeio e cevada, sendo também nalguns locais plantada vinha.

As instituições ligadas ao governo do reino contestaram o facto de a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos se ter apropriado dos terrenos da montaria do reino. Houve até uma disputa legal eptre o couteiro-mor e a Câmara pela posse da Mata da Garrocheira. Como justificação pelo facto de se ter apropriado dos terrenos da coutada, o presidente do município alegou que tal apropriação se fundara nos direitos históricos e no facto de os terrenos da coutada serem baldios.

Em 1848, a promoção do regime de exploração da pequena e média propriedade em foros vai provocar aquela que é para nós a primeira grande vaga de povoamento da localidade de Foros. Neste ano a junta da paróquia da freguesia de São Paulo de Salvaterra de Magos, tendo dificuldades para fazer obras no edifício da igreja matriz, solicitou à Câmara autorização para aforar uma parte dos terrenos da coutada: «Aos vizinhos da freguesia, na proporção do seu número, a fim de serem cultivados de vinha, cereais e outros géneros de cultura.» O pároco justificava também a importância desta iniciativa para a população de Salvaterra, porque, atendendo às «peculiares circunstâncias da povoação [...] o número de habitantes proprietários é imperceptível comparando com a imensa população jornaleira, pois são raros os que terão um pequeno, e pobre tugúrio seu, em que habitem» (actas da junta da paróquia). Argumentava ainda que a celebração destes contratos de aforamento iria transformar um povo de jornaleiros da Companhia das Lezírias ou dos nobres do reino em pequenos proprietários.

Na segunda metade do século XIX é a própria Câmara Municipal que toma a iniciativa de aforar mais terrenos da coutada, iniciando-se uma segunda fase de povoamento, neste caso essencialmente de pessoas provenientes do Norte do País.

Criou-se, assim, uma estrutura agrária que permitiu a fixação de moradores que se dedicavam à agricultura e à criação de gado. Em consideração ao regime de propriedade em vigor, o foro, a povoação assim constituída, tomou o nome de Foros de Salvaterra de Magos.

A exploração foreira viabilizava a sobrevivência do trabalhador, mas muitos trabalhavam sazonalmente para os grandes lavradores das herdades mais próximas ou nas lezírias.

Os próprios lavradores que detinham propriedades na zona da coutada, procurando fixar mão-de-obra para utilizarem temporariamente, concederam, em regime de sub-

enfiteuse, parcelas de terreno entre 2 hà e 5 ha, onde o regime de exploração agrícola se baseava na policultura.

Nos Foros o trabalho ào campo era geralmente feito pelo agregado doméstico do produtor.

Ao longo do nosso século, o processo de crescimento demográfico da localidade de Foros apresentou características excepcionais. Se até à década de 60 os diferentes focos de povoamento eram ainda dispersos, a partir dessa altura a concentração urbana foi-se delineando e foram surgindo arruamentos com povoamento contínuo. . A subdivisão dos antigos foros foi-se generalizando mercê da partilha de heranças. Nas zonas das propriedades foreiras, os herdeiros foram construindo as suas habitações, crescendo rapidamente o número de fogos.

Esta tendência mantém-se, sendo actualmente alguns dos terrenos dos antigos foros adquiridos para a construção da segunda habitação, por moradores da zona da Grande Lisboa.

Foros de Salvaterra é uma das povoações mais recentes em termos de constituição, mas sem dúvida uma das que apresentam um maior crescimento demográfico no nosso século e que pode hoje orgulhar-se de ter um conjunto de infra-estruturas que justificam a sua passagem a vila.

Acresce que a única instituição de carácter social ainda não implementada, a existência de uma creche, está já prevista e orçamentada no PIDDAC de 1998.

Devidamente apetrechada, a povoação de Foros de Salvaterra enfrenta hoje enormes desafios para o futuro com a construção da saída do IC 3, mesmo junto de uma das principais zonas populacionais, e a futura implementação da zona industrial do Pinheiro, entre Salvaterra de Magos e Foros.

Em termos de infra-estruturas para a promoção do turismo, o complexo natural da Barragem de Magos é um dos mais belos do concelho e o seu aproveitamento turístico já começou a ser feito.

Foros de Salvaterra de Magos é hoje um importante núcleo populacional contando com 3298 eleitores.

Em termos de equipamentos colectivos, dispõe hoje a povoação de Foros de Salvaterra de Magos de:

Estabelecimentos de ensino pré-escolar (um) e básico

(quatro); Campos de jogos (dois); Centro de saúde (um); Farmácia (um); Jardim-de-infância (um); Centro de dia (um);

Associação de caçadores e pescadores (um); Associação humanitária (um); Comissão de festas (um).

Quanto à actividade industrial, comercial e outros sevi-ços destaca-se:

Construção civil (11); Comércio, mercearias e afins. (11); Talhos/salsicharias (12); Restaurantes (6); Pastelaria/cafés (1); Cabeleireiros (5); Empresas de agro-pecuária (28): Comércio de produtos agrícolas (4); Serviços agrícolas (5); ' Empresas de agro-químicos (4);