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0618 | II Série A - Número 027 | 30 de Março de 2000

 

A povoação da Luz, dentro de um plano de caracterização histórica, possui elementos histórico-culturais dignos de menção e realce.
Existem na Luz vestígios que constituem testemunhos coevos da sedenterização de vários povos e culturas, que a remontam a milénios a sua existência, segundo historiadores como Estácio de Veiga e José da Encarnação. São vestígios pertencentes a várias delimitações temporais, nomeadamente da pré-história e da civilização romana. Estas características são as mais perceptíveis de análise, em virtude da existência de testemunhos patentes na povoação e lugares.
Nos finais do século XIX foram encontradas, resultante de escavações, várias antas ou dolmens, bem como algumas sob tumuli com galerias soberbas, do período neolítico, no lugar do Serro Grande.
Também foram encontrados instrumentos neolíticos isolados, assim como artefactos da Idade do Ferro e um Machado de Pedra. A existência de artefactos humanos é uma constante, pois com a proximidade do mar, muitos povos se sedentarizaram nesta zona do concelho de Lagos, mostrando que havia condições de permanência para a vivência de homens e mulheres.
A existência de concheiros é, por si só, testemunho da permanência de seres humanos que se sedentarizaram nestas paragens.
Contudo, a mais forte evidência de permanência de culturas e povos devidamente hierarquizados e organizados relaciona-se com a permanência dos romanos.
O factor mais evidente relaciona-se com a existência de um balneário romano, que se encontra na periferia da povoação e que constituí um dos mais importantes achados arqueológicos da contemporaneidade lacobrigense.
Após o declínio da pax romana, o Algarve fica ameaçado pela vinda de povos de origem árabes que na sua pujança se apoderarão desta povoação.
Caso não houvesse outros testemunhos mais sólidos sobre a permanência destes povos nesta zona, bastava assinalar a existência das árvores de fruto tão genuinamente marroquinas. Através de um processo de miscegenação entre mouros e os autóctones, as técnicas e conhecimentos do povo conquistador são assimilados pelos seus descendentes, fazendo do Algarve uma potência económica e cultural na esfera do domínio marroquino.
Com a conquista e reconquista cristãs, o Algarve insere-se na esfera do domínio português e os mouros são repelidos para as suas antigas áreas de domínio.
A ambiência cristã foi institucionalizada e são erigidas Igrejas. Templos religiosos que possuem um Santo Padroeiro e que nesta povoação foi designado por "Nossa Senhora da Luz". Sendo um templo cristão, é associado às práticas quotidianas dos seus locatários. A povoação torna-se condicionada pela existência dos valores cristãos.
Este templo religioso constitui um dos mais belos exemplares da arquitectura religiosa nacional e está incluído no catálogo dos imóveis classificados da responsabilidade do Instituto Português do Património Cultural.

III - Caracterização sócio-económica

A povoação da Luz, como parte integrante da economia do concelho de Lagos, teve uma função de localidade tipicamente piscatória e rural, pertencente a um concelho condicionado pela fase dos descobrimentos henriquinos.
Se na Idade Média o Algarve possuía uma economia aberta e largamente comercial, será no século XVI que as suas produções, compostas principalmente de figos, azeite, vinho e passas de uva, têm maior procura no mercado. Nessa altura a povoação da Luz e seus arredores, segundo João Baptista da Silva Lopes, era então possuidora de muitos "casais, fazendas de vinho e figueiras que pertencem, na sua maioria, aos moradores de Lagos. O terreno é fértil em cereais e legumes, bem cultivado em muitas vinhas e figueiras".
É, pois, de realçar que, a par de uma economia centrada nas pescas, a povoação também se encontrava pré-destinada à exportação de produtos provenientes do cultivo da terra.
Refira-se que a principal actividade da Luz estava associada à exportação do figo para as mais diversas partes do País. Em 1875 podemos constatar que uma das maiores riquezas da freguesia era o figo, pois existiam 310 fogos na freguesia e uma arroba de figos, por cada fogo.
O trigo e a cevada eram outros dos cereais mais cultivados na periferia da povoação. Assim, ter bons figueirais não evitava a necessidade de ter cereais, que são produzidos em espaços intercalares entre as árvores.
No entanto, encontramo-nos num Algarve quinhentista deficitário em recursos alimentares e que chegou ao século XVIII, em situação altamente deficitária em relação às exportações efectuadas. Diante destes factos o panorama económico da povoação para os anos de 1783 é fácil de avaliar, uma grande fonte de riqueza. "o figo". E, se em termos de cultura de sequeiro o figo era uma das principais fontes de riqueza, o trigo e a cevada constituíam a subsistência básica, aliada à captura de pescado.
Dentro da organização económica da povoação, aliada sempre em conjunto com os diversos lugares da freguesia, sem esquecer a sua interligação com o tecido económico da cidade de Lagos, são possíveis caracterizar duas grandes vertentes, o cultivo da terra e as actividades piscatórias. No segundo aspecto a povoação apresenta todo um quadro económico possível de análise, associado à pesca artesanal, às armações de atum, às lotas de peixe, bem como à indústria conserveira e as marinhas de sal.
A cidade de Lagos é a grande beneficiada com a expansão da pesca do atum, ali estavam sediadas as almadravas, em que o peixe era vendido aos que o tratavam para depois o exportar. Centralizando o comércio do atum, Lagos tem fortes ligações com o Mediterrâneo, pois para lá é exportada a maioria deste peixe e já apresenta as características daquilo que viria a ser "Capital dos Descobrimentos Portugueses".
O panorama económico estava então virado para uma vivência baseada no fruto seco e nas actividades piscatórias relativamente importantes. Com a institucionalização dos Descobrimentos, e a sua consequente comercialização dos produtos de Além-Mar, a localidade deixa de ser mencionada como parte integrante da vila de Lagos, para se tomar num dos expoentes máximos da captura e comercialização do pescado.
D. Manuel I, ao dar foral à cidade de Lagos em 1 de Junho de 1504, dá realce à captura de baleias nesta zona lacobrigense.
A povoação, detentora de grandes armações de atum, possuindo marinhas de sal, constituí então um dos elementos mais importantes para a elevação de Lagos a cidade.
Se a época do desenvolvimento da freguesia se inicia com o povoamento desta zona vicentina, através da sedentarização de vários povos e culturas, bem como do advento da economia henriquina, será com a implantação da indústria conserveira que a povoação conhecerá no primeiro período deste século melhores fontes de riqueza. Ao contrário de outras localidades do Algarve, possuí várias fábricas de conservas.

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