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3852 | II Série A - Número 094 | 15 de Maio de 2003

 

Três anos mais tarde, Alcochete conquista de novo a municipalidade, voltando a freguesia de Samouco a fazer parte deste concelho.
A julgar pelo número reduzido de óbitos registados entre 1646 e 1650 (José Estevam, ob. cit., pág.108) somos levados a pensar que este lugar gozava de óptimos ares, facultando uma certa longevidade aos seus habitantes.
Aliando este facto à riqueza das potencialidades agrícolas e piscatórias existentes neste lugar, poder-se-á inferir das razões que levaram grande número de pessoas, dos mais variados locais do País e até do estrangeiro, por volta do século XVII, começaram a afluir ao Samouco.
Segundo José Estevam, em pleno século XVII, poderíamos encontrar no Samouco, ocupados nas mais diferentes profissões, trabalhadores vindos de Viseu, Lamego, Torres Novas, Oliveira de Frades, Setúbal, Barreiro, Lavradio e Coimbra. Também da Galiza e de Génova vieram homens que casaram com mulheres do Samouco.
Diz ainda José Estevam que aqui residiam alguns fidalgos. Na verdade, ainda não há muito tempo, antes da construção da Base Aérea n.º 6 - Montijo, existiram várias quintas com casas senhoriais em cujas paredes se encontravam esculpidos os respectivos brasões.
Como exemplo destas, temos notícia da Quinta da Rota, que foi propriedade dos Condes de S. Vicente, e possuía uma capela dedicada à Santíssima Virgem; ou a Quinta pertencente a D. Diogo de Sá.
Houve ainda outros fidalgos que preferiram o Samouco para residência; ainda hoje se diz que os condes de Távora, quando se viram perseguidos, aqui se esconderam, em quintas pertencentes a esta família.
No século XVI e seguintes, a pequena povoação de Samouco encontrava-se circundada de belas quintas de pomares e vinha. Nestas eram produzidos variadíssimos produtos, tais como: laranjas, damascos, figos, cereais e vinho.
Estes produtos, que saíam todos os dias do Samouco, embarcavam nas fragatas e viajavam até à outra margem, para abastecer os mercados da capital.
Os figos do Samouco gozavam de grande fama em todos os mercados e bairros populares de Lisboa, graças a uma técnica inédita que os agricultores usavam quando estes ainda estavam na árvore.
O vinho conjuntamente com o sal, dado que também existiam muitas salinas, constituíam dois produtos nobres para a economia nacional da época. É de admitir que também o Samouco tenha contribuído de forma assinalável com o fornecimento de vinho e sal, para exportação, durante a época da expansão marítima portuguesa.
No século XIX, J. J. Ferreira Lapa, ao descrever as vinhas da margem sul do estuário do Tejo, notava "(…) depois dos de Almada, os do Seixal e da Moita, vinho de pasto de excelente sabor, os adamados e doces bastardos do Barreiro e Lavradio, os de Samouco, no concelho de Alcochete, bom tipo de mesa".
Alberto Pimentel, in "A Estremadura Portuguesa", 1908, pág. 137, diz: O professor Aguiar compreendeu os vinhos de Alcochete no distrito vinícola do Lavradio (prolongando-o desde Alcochete até ao Barreiro) e especializou os do Samouco.
Numa paródia aos sinos de Corneville, há anos representada em Lisboa, dizia-se:

"Vinho do Samouco!
Achei bem pouco
O que bebi…".

Também existiam no Samouco grandes extensões de mato e pinhais, dos quais eram extraídos o mato e a lenha que se destinavam a abastecer as residências e os fornos de pão, cal e louça, instalados na capital.
Dada a sua familiaridade com o rio Tejo, a pesca não poderia deixar de constituir uma importante fonte de riqueza para a população de Samouco.
Outra actividade curiosa que se praticava no Samouco foi a apanha da murraça (Murraça, é apanhada ao longo dos sapais) que era vendida como alimento para o gado.
Possui o Samouco uma bonita igreja, dedicada a S. Braz, cuja data de construção não é possível afirmar; no entanto, existem notícias de visitações da Ordem de Santiago que remontam ao século XVI.
No registo de uma dessas visitações, consta que a igreja tinha o tecto pintado e as paredes revestidas de azulejos com cenas da vida de S. Braz.
A igreja ficou muito danificada por ocasião do terramoto de 1755.
Apesar de ter sido restaurada várias vezes e renovada em 1919, conservou no altar-mor a sua antiga obra de talha.
A população de Samouco, cujo apego ao trabalho a caracteriza, também tem manifestado ao longo dos tempos o gosto pelas festas e romarias.
Notícias de 1758 dizem que no Samouco se realizavam cinco festas por ano. Estas eram dedicadas a S. Braz, Nossa Senhora do Rosário, Santo António e Menino Jesus.
Algum tempo depois, tinham aqui lugar as festas da Nossa Senhora do Monte Carmo, no segundo Domingo de Novembro e as de S. Braz a 3 de Fevereiro (José Estevam in "Anaus de Alcochete", pág. 112).

3 - Na actualidade Samouco tem:

Relativamente aos equipamentos colectivos e serviços:
- Sede de Junta de Freguesia
- Extensão do Centro de Saúde de Alcochete
- Farmácia
- Consultório médico
- Clínica dentária
- Laboratórios de análises clínicas
- Consultórios de advocacia
- Gabinetes de Contabilidade
- Gabinetes de estudos e projectos
- Mercado
- Cemitério
- Campo de futebol
- Pavilhão desportivo
- Polidesportivo ao ar livre
- Balneários / sanitários públicos
- Lavadouro público
- Centro de Dia para idosos
- Centro de convívio para reformados
- Escola do 1.º ciclo
- Escola pré-primária
- Creche e infantários
- Sedes de Colectividades
- Biblioteca
- Praça de táxis
- Transportes públicos com ligação a Lisboa, Montijo e Alcochete

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