O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2675 | II Série A - Número 065 | 17 de Junho de 2004

 

PROJECTO DE LEI N.º 463/IX
ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DA GAFANHA DA ENCARNAÇÃO, NO MUNICÍPIO DE ÍLHAVO, À CATEGORIA DE VILA

Exposição de motivos
I - Nota preliminar

Denomina-se Gafanha toda a região arenosa dos municípios de Ílhavo e Vagos, delimitada do lado poente pelo Canal de Mira, do lado Nascente pelo rio Boco, a norte pelo porto de Aveiro e a sul por uma linha que, saindo dos Cardais de Vagos vai fechar a norte no lugar do Poço da Cruz em Mira. Esta região tem cerca de 25 km de comprimento por 5 km de largura. Actualmente, a Gafanha é constituída por diversas localidades e lugares, referindo-se os habitantes da região a esta parcela de território como as Gafanhas e não como a Gafanha.
A povoação da Gafanha da Encarnação situa-se no distrito de Aveiro - Município de Ílhavo, sendo sede da freguesia com o mesmo nome, localizando-se entre a cidade da Gafanha da Nazaré (a norte), a povoação da Gafanha do Carmo (a sul), a Gafanha de Aquém (a nascente), confrontando a poente com um braço da Ria de Aveiro - Canal de Mira, em cuja margem oposta se situa a povoação da Costa Nova do Prado, também pertença da freguesia da Gafanha da Encarnação.
Estima-se que apenas a partir do século X da Era Cristã se começou a formar a Ria de Aveiro, que até então seria uma baía onde desaguavam os rios Cértima, Vouga e Águeda e onde existiriam pequenas ilhas e baixios que, aos poucos e poucos, foram dando origem a longas extensões de terra, através de fenómenos de assoreamento e sedimentação flúvio-marinhos continuados. No século XVI e no que diz respeito à parcela de território que hoje corresponde à Gafanha da Encarnação, esta situação de movimento de terras na Ria de Aveiro estaria já relativamente estabilizada, cabendo numa fase posterior à acção humana a estabilização definitiva.

II - Antecedentes históricos

A Gafanha da Encarnação terá tido os seus primeiros habitantes permanentes nos finais do século XVII, ou seja cinco séculos após a fundação da nacionalidade, e terá sido o segundo lugar a surgir durante o povoamento das Gafanhas, após o mesmo se ter iniciado na Gafanha da Cale-da-Vila (sita na actual cidade da Gafanha da Nazaré). Contudo, desde logo, as gentes da Gafanha demonstraram uma dinâmica e uma tenacidade invulgares, o que permitiu a fixação de mais população e o crescimento e enriquecimento do povoado original, bem como de todas as povoações limítrofes.
De facto, antes de 1677, e a fazer fé na Monografia da Gafanha do Padre João Vieira Rezende, publicada em 1944, "não nos foi possível descobrir que alguém a habitasse, ou ao menos se interessasse pelos seus terrenos".
Presumivelmente, foi a partir desta data, que coincidiu com alguns actos de aforamento efectuados pelo Conde de Vagos, que se começaram a fixar diversas famílias nestas terras, vindas principalmente dos concelhos vizinhos do sul - Vagos e Mira.
Estes primeiros habitantes da futura povoação da Gafanha da Encarnação inicialmente chamada "da Gramata", dedicaram-se principalmente à agricultura e à pecuária de subsistência, estabilizando e aumentando os terrenos com propensão agrícola, cuja grande maioria seriam inicialmente baixios, logo, inundados com frequência pelas águas da Ria. Como adubo para as terras de cultivo era utilizado o moliço da Ria, que deu origem ao barco moliceiro da Ria de Aveiro, que também era usado para escoamento dos produtos agrícolas para os mercados, em especial o de Aveiro.
Desses tempos, fica-nos o retrato feito pelo Dr. Joaquim da Silveira em 1942 (texto retirado da obra citada anteriormente) quem hoje percorre a parte da Gafanha atribuída ao concelho de Ílhavo, onde a formiga humana lentamente, carreando lamas, enterrando algas e pilado, protegendo dos ventos as culturas, com uma tenacidade teimosa, contínua e interessada transformou um campo de desolação em terra de promissão, mal pode fazer ideia da Gafanha antiga.
Toda a Gafanha pertenceu ao concelho de Vagos até 1835. Porém, somente em 19 de Setembro de 1856, foram anexados definitivamente à freguesia de Ílhavo os lugares das Gafanhas da Cale-da-Vila, da Gramata e dos Caseiros (actual Gafanha do Carmo). Foi, também nesta data, que o lugar da Costa Nova do Prado passou definitivamente do município de Ovar para o de Ílhavo.
Este momento da história da então Gafanha da Gramata, coincide também com a construção da sua primeira capela dedicada a N.ª Sr.ª da Encarnação, em 1848, (a mando de Joana Rosa de Jesus, também conhecida por Joana Gramata e seu marido), resultando este facto na mudança da designação desta povoação para o seu actual nome.
Sendo inicialmente uma zona de quintas e habitações isoladas, bastante distantes umas das outras, com o passar dos tempos a densidade urbana aumentou, pela chegada de novos habitantes, diversificando-se dessa forma as actividades económicas às quais se dedicava a população da Gafanha da Encarnação.
Na segunda metade do Século XIX, assiste-se na Gafanha à construção da primeira estrada (apesar de já existirem então diversos caminhos e trilhos ao longo de toda a região) que ligava o antigo estaleiro ao forte da Barra (1861), sendo do ano seguinte a ligação a Ílhavo por intermédio de uma ponte (apesar de anteriormente existirem contactos por via fluvial e por intermédio de duas frágeis pontes que existiam entre a actual Gafanha da Boa-Vista e a Vista Alegre e entre a Gafanha D'Áquem e Ílhavo). À Gafanha da Encarnação, contudo, "a Estrada dos Ílhavos" (que ligava a Gafanha D'Áquem à zona da "Bruxa") só chega em 1898, e surge em 1931 a ligação da Encarnação à Nazaré.
Em 1908 aparece a primeira Escola Primária da povoação, como forma de responder às solicitações da população, que cada vez crescia mais.
Finalmente, em 1 de Novembro de 1926 (e pela posterior publicação), no Diário do Governo de Segunda-Feira, 8 de Novembro, do Decreto n.º 12 612), - a parcela de terreno, então pertença da Junta de Freguesia de Ílhavo e constituída pelos lugares da Gafanha da Encarnação, da Gafanha do Carmo (anexada posteriormente, em 1934) e da

Páginas Relacionadas
Página 2676:
2676 | II Série A - Número 065 | 17 de Junho de 2004   Costa Nova do Prado pa
Pág.Página 2676
Página 2677:
2677 | II Série A - Número 065 | 17 de Junho de 2004   Monteiro. Possui també
Pág.Página 2677