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0060 | II Série A - Número 021 | 04 de Dezembro de 2004

 

Trancoso, pela própria posição do Castelo - que tinha de manter uma quota de sobre-elevação -, nunca apresentou uma cércea geral de altas proporções, podendo, dos muros de ronda da fortificação, dominar-se todo o centro urbano edificado no espaço interior. Ainda hoje os edifícios mais importantes não ultrapassam os três pisos - rés-do-chão, primeiro e segundo andar -, questão que nem sequer se punha na era de quinhentos.
Uma das mais acentuadas provas da constante nivelação e volumetria da referida malha urbana, no séc. XV e XVI, é a característica de todo o bairro judaico que, iniciado às Portas de S. João, no reinado de D. Afonso IV, se estenderia, nas duas centúrias seguintes, até às Portas de El-Rei e, por conseguinte, em toda a zona lateral direita da Rua Dr. Fernandes Vaz. Este mesmo bairro, constituído por algumas centenas de pequenas habitações, apresentava-se, na generalidade, com um nível que não ultrapassava o primeiro andar e um volume muito idêntico, casa a casa. Eram as chamadas casa de "porta larga" e "porta estreita", que actualmente mostram alguma transfiguração, mas que se identificam por essa forma de construção. Essa unidade arquitectónica estaria na base de uma imposta severidade, quer na vivência quer na instalação dos membros da comunidade judaica que, a partir da expulsão da sua maioria por D. Manuel, ficaram conhecidos por "cristãos-novos".
Falando ainda da malha urbana do restante burgo quinhentista, poderemos assegurar que a outra parte, habitada pelos chamados cristãos velhos, não terá assumido notórias diferenciações no que toca à volumetria dos seus edifícios.
Muitos dos edifícios do bairro judaico, apesar de grandemente alterados, tem, na sua fachada, sinais evidentes da sua fundação na época de Quinhentos. Uma delas é o quebrar das quinas das pedras das ombreiras e das torças. Esta singular característica permite, por outro lado, avaliar a extensão que atingiu o referido bairro, cujo número de membros habitantes deveria somar, pelo menos, metade da população de todo o burgo.
Apenas, por curiosidade, diremos que uma avaliação dessas afirmações é possível através do compulsar dos processos da Inquisição dos "cristãos-novos" de Trancoso, na Torre do Tombo e que cita o Dr. Lopes Correia, no seu livro "Trancoso", entre os anos 1567/1771.
Não existem elementos que nos possam ser, na verdade, de suficiente ajuda para analisarmos um século de arquitectura - o século XVII. Dessa época resta-nos somente um edifício em arcaria, logo a seguir às Portas de El-rei e que, tal como as demais construções, não se agigantou em altura, mantendo, entretanto, uma certa imponência para o tempo e para o geral de edificação em Trancoso.
O que não poderemos, todavia, é esquecer que o surto de crescimento económico, que os Descobrimentos trouxeram ao país, também teve influência em Trancoso e, de facto, na era de Quinhentos regista-se uma apreciável desenvoltura da arquitectura e serão os comerciantes, através da sua actividade e consequente riqueza, quem imprimirão à vila e à vida trancosenses um processo e um ritmo de crescimento notórios. Aliás, acontece um pouco por todo o País, em especial nas terras onde o mercantilismo se acentua e evidencia, por força da Expansão.

5 - Setecentos, oitocentos e novecentos:
Época de fundamental transformação
Um dos muitos inquéritos mandados efectuar em diversas fases da vida nacional que mais elementos nos pode fornecer sobre a constituição urbana de Trancoso é aquele que teve lugar no século XVIII, mais propriamente no segundo quartel de setecentos e que foi dirigido a todos os responsáveis das paróquias do nosso território continental.
Nele se pedia aos párocos, então homens de grande valimento e capacidade, pela sua própria importância local e formação intelectual, que dessem das áreas onde exerciam funções a maior e mais ampla descrição. Foi-lhes mesmo fixada uma norma, constituída por um questionário, através do qual se possibilitava ao inquirido prestar o rigoroso conhecimento da situação da zona referenciada e ao inquiridor saber de pormenores que, de outra maneira, lhe era impraticável conhecer. Muito dos referidos párocos apresentaram, nas suas respostas, um manancial riquíssimo de informação, é certo que, por vezes, prolixo e redundante, mas que dava - e dá, portanto - uma ideia bem real da amplitude das suas paróquias, com todo o cortejo de tradições e histórias, configuradas pelas figuras míticas, profanas ou sagradas, monumentos e sítios, que caracterizavam a larga malha urbana edificada e habitada.
Porém, curiosamente, nenhuma das respostas dos párocos trancosenses nos dá do centro histórico pormenores totalmente elucidativos da sua constituição arquitectónica, como seria desejável. Mas algumas respostas quase nos levam a tirar ilações.
Veja-se, por exemplo, a resposta do Pároco de S. Pedro, que a dado passo, diz:

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