O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

152 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009

Significa que se a sociedade actual parece não ter capacidade de compreender e enfrentar os vectores da pobreza, então ainda menos terá perante os fenómenos que estão a contribuir para estabelecer novas expressões da pobreza.
Quando se assiste ao aumento da solidão entre os mais idosos, quando se assiste à destruição de valores de referência que contribuem para a inclusão social, quando os valores da tradição são encarados como aspectos a preservar por interesse quase folclórico ou para minorias, quando os nossos jovens estão a entrar no mercado de trabalho em condições cada vez mais precárias ao nível dos salários e das condições laborais, quando a sociedade não entende o consumo crescente de droga e álcool cada vez mais cedo entre os jovens, quando não entende as consequências da diminuição da natalidade, quando hesita no que fazer perante o aumento da obesidade, então tudo isto devia constituir um sinal de alerta e preocupação sobre o estado da sociedade e da esfera política perante os novos problemas e desafios.
Há que combater e prevenir a nova pobreza. Com o processo da globalização da economia e a emergência de novas economias altamente competitivas em praticamente todos os domínios da actividade económica, desenvolveram-se teses a favor da desregulação económica com base no argumento da competitividade das empresas. Desta forma, foram criadas pressões sobre o Estado social com o argumento de este prejudicar a competitividade das empresas, servindo de argumentação à deslocalização de actividades e investimentos.
Hoje, até a investigação se deslocalizou para a Ásia, face à qualificação dos seus técnicos e investigadores e aos respectivos custos salariais.
Entre as consequências deste processo estão o aumento do desemprego, a contenção dos aumentos salariais e o aumento da precariedade do emprego no Ocidente.
Se não houver uma alteração de políticas e opções estratégicas tanto no domínio da economia como no domínio social, e se continuar a prevalecer a lógica da economia liberal, as condições de vida de centenas de milhões de cidadãos no Ocidente terão que ser revistas em função das condições de vida e de trabalho na Ásia. Esta lógica, subordinada à busca do lucro empresarial, individual, ignora que os europeus e americanos já trabalharam mais horas semanais, já o fizeram em condições desumanas, e receberam salários baixíssimos.
A questão que se coloca é, portanto, se a globalização tem que acarretar obrigatoriamente um retrocesso social nos países mais desenvolvidos. Os subscritores consideram isso inaceitável.
Tendo em conta a imensidão das reservas de recursos humanos em países como a China, a Índia e até mesmo o Brasil, a que se seguirá naturalmente a África, uma globalização que siga a lógica que tem sido a conhecida até hoje implicará um retrocesso social para se assegurar que as empresas mantenham o investimento, a investigação e o emprego no Ocidente.
Assim, num quadro em que no Ocidente são crescentes as pressões sobre o Estado social e sobre o mercado de trabalho, o espaço e os meios para controlar os factores de pobreza e para limitar os seus riscos e efeitos mais gravosos, ou para melhorar a resposta da sociedade aos novos problemas sociais, ficará ainda mais difícil se a lógica do modelo de crescimento económico actual se mantiver sem alterações.
O Presidente da República já teve ocasião de se manifestar envergonhado com a situação da pobreza em Portugal, acrescentando que estava convencido de que o Estado só por si não consegue resolver estes problemas, considerando ser necessário que os cidadãos se organizem, trazendo ao de cima a sua consciência social para combater a pobreza.
A pobreza em Portugal pode ser erradicada com os meios e recursos que o País produz e com o envolvimento das entidades e cidadãos nacionais. Não será o resultado da atribuição apenas de subsídios a famílias ou a indivíduos com falta de recursos, mas, sim, o resultado de um conjunto interligado de medidas, da acção articulada de um vasto conjunto de agentes e da atitude dos cidadãos.
Um país que tem objectivos quantificados em matéria de emissões de carbono, um plano nacional com objectivos para o turismo (PENT), ou um objectivo quantificado em matéria de energias renováveis, tem que ser capaz de ter um objectivo quantificado e temporal em matéria de combate pela erradicação da pobreza e uma estratégia inovadora para o realizar.
Na convicção dos subscritores, esta estratégia deverá conter, entre outros, os seguintes pressupostos:

— Reforço da capacidade de acção do III sector; — Um papel renovado e reforçado das autarquias locais no domínio da economia local;

Páginas Relacionadas
Página 0150:
150 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 496/X (4.ª) M
Pág.Página 150
Página 0151:
151 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 2 — Mobilizar a sociedade portuguesa
Pág.Página 151
Página 0153:
153 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 — Reforço da actuação das redes sociais
Pág.Página 153
Página 0154:
154 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 indicava que o III sector empregava 6,7
Pág.Página 154
Página 0155:
155 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 como sinal de progresso tudo o que cond
Pág.Página 155
Página 0156:
156 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 — Hoje um processo de desenvolvimento s
Pág.Página 156
Página 0157:
157 | II Série A - Número: 120 | 23 de Maio de 2009 (i) Que a política integrada de família
Pág.Página 157