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37 | II Série A - Número: 153 | 31 de Março de 2012

Nesta ótica, o desemprego é desemprego voluntário mesmo nos casos em que os trabalhadores estão desempregados por razões independentes da sua vontade, uma vez que eles podem determinar livremente o tempo de procura de um novo posto de trabalho, e que a eles cabe decidir entre procurar e não procurar um novo posto de trabalho. Se o não procuram, isso significa, para os monetaristas, que esses trabalhadores preferem o lazer ao rendimento real que poderiam receber se trabalhassem.
É o regresso às conceções pré-keynesianas, que consideravam o desemprego (neste sentido, desemprego voluntário) como a consequência de salários reais demasiado elevados, em virtude de os trabalhadores não aceitarem uma redução dos salários suficiente para que a sua remuneração igualasse a produtividade marginal do seu trabalho e os empregadores tivessem interesse em os contratar. Por outras palavras: quem não tiver emprego poderá sempre encontrar um posto de trabalho, se aceitar um salário mais baixo que o corrente. Se o não aceitar é porque prefere continuar sem emprego, optando por procurar um posto de trabalho melhor (voluntary search for a better job).» (Avelãs Nunes2) Esta tese não tem em conta a realidade económica e social. Os seus pressupostos perdem consistência pela própria divisão internacional do trabalho e as suas consequências sobre a estrutura dos tecidos económicos nacionais, com a presença em graus diferentes de setores de capital intensivo/setores de trabalho intensivo, a diversidade dos ritmos e condições de desenvolvimento económico e social das sociedades. O mesmo se verifica no plano da União Europeia, em que se torna simplista considerar que a evolução das balanças externas dos vários países resulta da evolução dos salários e da legislação laboral dos mesmos.
Este simplismo ignora o impacto de outras políticas e contradições neste espaço económico. Falamos, por exemplo, dos efeitos contraditórios da liberalização do comércio internacional entre países produtores de meios de produção ou de bens de consumo duradouro e países produtores de bens manufaturados e de serviços de baixo conteúdo tecnológico ou de reduzidas exigências de qualificação.
Não será difícil compreender as vantagens dessa liberalização para as empresas dos países vendedores de bens de equipamento: vendem bens de equipamento para empresas localizadas em novos países, mesmo sem grandes exigências tecnológicas, e passam a adquirir bens de consumo a preços mais reduzidos. Em contrapartida, os países produtores de bens manufaturados e de serviços de baixo conteúdo tecnológico ou de reduzidas exigências de qualificação vêm as suas balanças externas desequilibrarem-se perante a deslocação das produções, perante a incapacidade de «competir» com produções muito mais «baratas».
Assim, este conjunto de países passa a ser alvo de pressões políticas para «embaratecer» a respetiva produção através dos salários, dos direitos, da organização do tempo e da jornada de trabalho e da «agilização» dos despedimentos. As empresas, cujas localizações outrora serviram para alimentar em bens de consumo e «mão-de-obra» barata os interesses dos investidores originários de países com maior capacidade produtiva e de exportação de bens de equipamento, passam a responsabilizar os respetivos trabalhadores pela perda de competitividade em relação aos «novos» produtores de bens manufaturados e aos «velhos» produtores de bens e serviços de alta tecnologia. É neste contexto que se desenvolve a pressão política para proceder a reformas estruturais, sempre no sentido da desregulação das relações laborais.
2 Nunes, Avelãs (2011), As voltas que o mundo dá… Reflexões a propósito das aventuras e desventuras do Estado Social , Edições «Avante!»

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