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Quarta-feira, 5 de dezembro de 2012 II Série- A — Número 45

XII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2012-2013)

S U M Á R I O

Decreto n.o 99/XII:

Aprova as Grandes Opções do Plano para 2013.

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DECRETO N.º 99/XII

Aprova as Grandes Opções do Plano para 2013

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea g) do artigo 161.º da

Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º

Objeto

São aprovadas as Grandes Opções do Plano para 2013, que integram as medidas de

política e de investimentos que contribuem para a sua concretização.

Artigo 2.º

Enquadramento estratégico

As Grandes Opções do Plano para 2013 inserem-se nas estratégias de consolidação

orçamental e de desenvolvimento da sociedade e da economia portuguesas apresentadas

no Programa do XIX Governo Constitucional e nas Grandes Opções do Plano para

2012-2015, aprovadas pela Lei n.º 64-A/2011, de 30 de dezembro.

Artigo 3.º

Grandes Opções do Plano

1 - As Grandes Opções do Plano definidas pelo Governo para 2013 são as seguintes:

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a) O desafio da mudança: a transformação estrutural da economia portuguesa;

b) Finanças públicas e crescimento: a estratégia orçamental;

c) Cidadania, solidariedade, justiça e segurança;

d) Políticas externa e de defesa nacional;

e) O desafio do futuro: medidas sectoriais prioritárias.

2 - As prioridades de investimento constantes das Grandes Opções do Plano para 2013

são contempladas e compatibilizadas no âmbito do Orçamento do Estado para 2013 e

devidamente articuladas com o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro e,

em particular, com as medidas de consolidação orçamental.

Artigo 4.º

Programa de Ajustamento Económico

1 - O cumprimento dos objetivos e das medidas previstas no Programa de Ajustamento

Económico, acordado com a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e

o Banco Central Europeu; prevalece sobre quaisquer outros objetivos programáticos

ou medidas específicas, incluindo apoios financeiros, benefícios, isenções ou outro

tipo de vantagens fiscais ou parafiscais cuja execução se revele impossível até que a

sustentabilidade orçamental esteja assegurada.

2 - O Governo mantem como princípio prioritário para a condução das políticas que

nenhuma medida com implicações financeiras seja decidida sem uma análise

quantificada das suas consequências no curto, médio e longo prazos e sem a

verificação expressa e inequívoca da sua compatibilidade com os compromissos

internacionais assumidos pela República Portuguesa.

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Artigo 5.º

Disposição final

É publicado em anexo à presente lei, da qual faz parte integrante, o documento das

Grandes Opções do Plano para 2013.

Aprovado em 27 de novembro de 2012

A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

(Maria da Assunção A. Esteves)

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ANEXO

GRANDES OPÇÕES DO PLANO PARA 2013

ÍNDICE

1.ª Opção – O desafio da mudança: a transformação estrutural da economia portuguesa

1.1. Enquadramento

1.1.1. O Programa de Ajustamento Económico

1.1.2. Ajustamento estrutural

1.2. Cenário macroeconómico para 2013

1.2.1. Hipóteses externas

1.2.2. Cenário macroeconómico

2.ª Opção – Finanças públicas e crescimento: a estratégia orçamental

2.1. Estratégia de consolidação orçamental

2.1.1. Revisão dos limites quantitativos do Programa de Ajustamento Económico

2.1.2. Desenvolvimentos orçamentais em 2012

2.1.3. Acórdão do Tribunal Constitucional 353/2012: medidas substitutivas

2.1.4. Perspetivas orçamentais para 2013

2.1.5. Redução estrutural da despesa pública

2.2. Reforma do processo orçamental

2.2.1. Desenvolvimentos na reforma do processo orçamental

2.2.2. Alteração da Lei de Enquadramento Orçamental

2.2.3. Modelo de controlo orçamental

2.3.4. Criação das bases institucionais para a sustentabilidade das finanças públicas

2.3. Administração Pública

2.3.1. Organização da Administração Pública

2.3.2. Melhoria dos instrumentos de gestão de recursos humanos

2.3.3. Sistema Nacional de Compras Públicas

2.3.4. Gestão do Parque de Veículos do Estado

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2.4. Política fiscal

2.4.1. Reforma estrutural da administração tributária

2.4.2. Reforço do combate à fraude e à evasão fiscais

2.4.3. Alargamento da base tributável e restruturação das taxas

2.4.4. Alargamento da rede de convenções para evitar a dupla tributação celebradas com

outros Estados

2.5. Setor empresarial do Estado

2.5.1. Alteração do regime jurídico aplicável ao setor empresarial do Estado

2.5.2. Reestruturação do setor empresarial do Estado

2.6 Parcerias Público-Privadas

3.ª Opção – Cidadania, solidariedade, justiça e segurança

3.1. Administração interna

3.2. Justiça

3.3. Solidariedade e segurança social

3.3.1. Programa de Emergência Social (PES)

3.3.2. Combate à pobreza e reforço da inclusão e coesão sociais

3.3.3. Economia social

3.3.4. Família e natalidade

3.3.5. Promover a sustentabilidade da segurança social

3.4. Administração local e reforma administrativa

3.5. Comunicação social

3.6. Igualdade de género, violência doméstica e integração de populações imigrantes e

das comunidades ciganas

3.7. Plano para a Integração dos Imigrantes e das Comunidades Ciganas

3.8. Desporto e juventude

4.ª Opção – Políticas externa e de defesa nacional

4.1. Reforçar a diplomacia económica

4.2. Evoluir nas Relações bilaterais e multilaterais

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4.3. Valorizar a lusofonia e as comunidades portuguesas

4.4. Política de defesa nacional

5.ª Opção – O Desafio do futuro: medidas sectoriais prioritárias

5.1. Programação estratégica plurianual dos fundos comunitários

5.2. Economia e emprego

5.2.1. Emprego e mercado de trabalho

5.2.2. Estímulo às exportações e internacionalização

5.2.3. Fundos europeus e medidas de incentivo ao investimento

5.2.4. Apoio às empresas e estímulo ao seu financiamento e capitalização

5.2.5. Empreendedorismo e inovação

5.2.6. Desenvolvimento regional e valorização económica

5.2.7. Defesa do consumidor

5.2.8. Competitividade da indústria, comércio e serviços

5.2.9. Turismo

5.2.10. Mercado de energia e política energética

5.2.11. Transporte, infraestruturas e comunicações

5.3. Mercado de arrendamento

5.4. Agricultura e desenvolvimento rural

5.5. Florestas e conservação da natureza

5.6. Mar

5.7. Ambiente

5.8. Ordenamento do território

5.9. Saúde

5.10. Educação e ciência

5.10.1. Ensino básico e secundário e administração escolar

5.10.2. Ensino superior

5.10.3. Ciência

5.11. Cultura

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GRANDES OPÇÕES DO PLANO PARA 2013

1.ª Opção – O Desafio da mudança: a transformação estrutural da economia portuguesa

1.1. Enquadramento

1.1.1. O Programa de Ajustamento Económico

Portugal acumulou desequilíbrios macroeconómicos e debilidades estruturais por mais

de uma década: défices elevados das contas externas e públicas, endividamento público

e privado, e rigidez dos mercados e trabalho e de produto. Estes problemas estiveram

associados a um período de quase estagnação económica e aumento do desemprego.

Em 2011, estes profundos desequilíbrios manifestaram-se no contexto da crise

económica e financeira. As pressões sobre os custos de financiamento do setor público e

sobre o financiamento do sistema bancário culminaram na perda de acesso a

financiamento externo em condições normais de mercado. Assim, em abril de 2011,

Portugal solicitou assistência internacional no seio de um dos mais difíceis períodos da

sua história recente, através do compromisso em executar um Programa de Ajustamento

Económico.

O Programa incorpora uma estratégia equilibrada, que inclui um amplo conjunto de

medidas, assente em três pilares:

• Primeiro, consolidação orçamental, tendo em vista colocar as finanças

públicas numa trajetória sustentável;

• Segundo, redução dos níveis de endividamento na economia portuguesa e

estabilidade financeira;

• Terceiro, transformação estrutural dirigida ao aumento da competitividade, à

promoção do crescimento económico sustentado e à criação de emprego.

Esta estratégia permitirá superar os desequilíbrios macroeconómicos e os bloqueios

estruturais que lançaram o país numa crise profunda e paralisaram a economia durante

mais de uma década.

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O Governo Português tem demonstrado o seu compromisso com o projeto europeu, em

todas as suas vantagens mas também nas obrigações associadas, como por exemplo a

necessidade de alcançar e manter um saldo orçamental equilibrado e um nível de

endividamento sustentável. A determinação com que Portugal está a cumprir o

Programa e a reformar a economia, também em benefício do mercado único e da moeda

única, testemunha o pleno apoio ao projeto mais marcante da história europeia recente.

O Programa de Ajustamento Económico tem sido sempre assumido como um projeto

português, empreendido em parceira com instituições das quais Portugal é membro

ativo. Um programa que protege Portugal da atual volatilidade excessiva, permitindo

um ajustamento ordeiro e refletido. Um programa que corrige erros do passado e que

fornece ao País uma nova ambição em termos de perspetivas de crescimento e bem-

estar. Portugal sairá deste programa com condições de autonomia reforçada, mais

resistente a choques externos, e dependente apenas da ambição, capacidade de trabalho

e criatividade dos portugueses.

1.1.2. Ajustamento estrutural

Ao fim de pouco mais de um ano, constata-se que o Programa de Ajustamento

Económico continua a ser adequado e eficaz na correção dos desequilíbrios da

economia portuguesa. O quinto exame regular, que terminou no início de setembro,

demonstrou que o Programa tem também capacidade de adaptação, reforçando assim as

condições do seu sucesso.

O programa tem várias dimensões que, no seu conjunto, formam uma estratégia

completa e equilibrada que responde aos problemas da economia portuguesa. Deste

modo, os progressos no ajustamento dependem da capacidade em avançar nas diferentes

dimensões e de conciliar permanentemente os vários objetivos que podem ser

mutuamente conflituantes.

Em algumas dimensões, os progressos têm sido mais rápidos do que o previsto:

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• O aumento da poupança interna, aliado ao bom ritmo de crescimento das

exportações e à queda das importações, conduziu a uma redução rápida do

desequilíbrio das contas externas, reduzindo as necessidades de

financiamento externo da economia portuguesa. O saldo da balança de bens e

serviços deverá ser positivo já este ano – i.e. dois anos mais cedo do que o

previsto no Programa e o saldo conjunto da balança corrente e de capital

deverá também ser positivo no ano que vem.

A velocidade e a dimensão do ajustamento externo é comparável com a

verificada entre 1983 e 1985. Este paralelo é notável dado que está a decorrer

num contexto de estabilidade nominal que exclui a possibilidade de

desvalorização cambial. É ainda notável porque ocorreu num período em que

se verificou um substancial agravamento da situação económica e perspetivas

para a economia mundial, nomeadamente ao nível da crise das dívidas

soberanas da área do euro, a qual já afetou a Espanha – país vizinho e

parceiro de grande importância – e a Itália – grande potência económica

mundial e país fundador do projeto europeu.

• No que respeita ao sistema bancário, o grau de alavancagem foi

significativamente reduzido. O Programa inclui um objetivo indicativo para o

rácio entre crédito e depósitos de 120% para o final de 2014. No final de

2011, o rácio entre o crédito e os depósitos dos oitos maiores bancos

portugueses em base consolidada situava-se em 129%, cerca de 30 p.p.

abaixo do máximo, registado em junho de 2010, o que reforça, de

sobremaneira, a credibilidade da banca portuguesa. A contrapartida é, no

entanto, a diminuição do crédito disponível para as famílias e a empresas não

financeiras, o que constitui uma importante condicionante das perspetivas

económicas em Portugal.

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• A agenda de transformação estrutural tem também avançado a bom ritmo. As

reformas executadas estão a criar condições para o crescimento económico

sustentado e para a criação de emprego. A ambição e capacidade de execução

que Portugal tem revelado são reconhecidas internacionalmente, fator que

distingue Portugal favoravelmente.

Grande parte das reformas estruturais definidas no programa está executada

ou em curso, o que está já a contribuir para tornar a economia mais flexível,

capaz de se adaptar e aproveitar as oportunidades internas e externas.

Constituem alguns exemplos: o novo código do trabalho, a nova lei da

concorrência, a reforma do mercado do arrendamento, o código da

insolvência, a nova lei de arbitragem ou as múltiplas iniciativas de

liberalização do regime de licenciamento, de acesso a profissões ou do

reconhecimento de qualificações. O Governo continua, no entanto, aberto a

novas oportunidades de reformas à medida que se vão identificando

constrangimentos e barreiras às empresas e aos profissionais portugueses.

Ao mesmo tempo, o Governo decidiu alargar o programa de privatizações,

encorajado pelo sucesso alcançado até ao momento. As operações de

privatização da TAP e concessão da ANA estarão concluídas até ao final de

2012. No primeiro trimestre de 2013 avançar-se-á com a privatização dos

CTT e da gestão de resíduos das Águas de Portugal, e no segundo trimestre

decorrerá a privatização da CP Carga. O Governo está a analisar a

possibilidade de venda de outras empresas públicas.

• O Governo tem também avançado a bom ritmo na reforma institucional do

Estado, um pilar fundamental da sua estratégia e que assumirá crescente

importância nos próximos meses. Trata-se de reformas que garantem que o

esforço que os portugueses ora empreendem perdurará no tempo. O Estado

tem hoje meios mais eficazes de controlo orçamental e de reforço da

transparência e credibilidade das contas públicas.

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• Do ponto de vista orçamental, têm-se registado importantes progressos em

direção ao equilíbrio de médio prazo. O ajustamento tem sido substancial. O

défice estrutural primário diminuiu cerca de 3 p.p. em 2011 e cerca de 3 p.p.

em 2012. Isto representa um ajustamento sem precedentes: de

aproximadamente 6 p.p. em apenas dois anos. A redução da despesa pública

tem tido um contributo significativo, encontrando-se em linha com os

objetivos para 2012.

No entanto, os progressos no ajustamento orçamental têm vindo a ocorrer a um ritmo

inferior ao objetivo do Programa, e embora a evolução da atividade económica esteja

em linha com o esperado, a quebra da procura interna tem-se revelado prejudicial à

cobrança de impostos indiretos. Em particular, a quebra substancial no consumo de bens

duradouros tem revelado fortes repercussões nas receitas fiscais.

Também nos impostos diretos, a receita tem ficado abaixo do previsto. Esta evolução

está a refletir os menores resultados das empresas num contexto de recessão prolongada.

Simultaneamente, verificou-se a queda da massa salarial, quer por via da redução

nominal dos salários, quer por queda do emprego. Estes desenvolvimentos têm-se

também refletido em menores contribuições para a segurança social e num aumento das

prestações sociais.

Assim, estes desenvolvimentos têm deixado claro que o padrão de ajustamento da

economia portuguesa tem consequências significativas no ajustamento orçamental. A

transformação estrutural em curso abre um hiato permanente na posição orçamental, que

exige medidas de correção também elas estruturais.

Outro dos aspetos preocupantes do ajustamento é a evolução do desemprego. Os

desenvolvimentos negativos no mercado de trabalho estão a refletir não só as

dificuldades das empresas, como também a transferência de recursos para os setores

produtores de bens e serviços transacionáveis. O desemprego é hoje o maior flagelo

social do país, exigindo respostas que permitam estancar o seu aumento. A sua evolução

é preocupante e requer medidas de curto e médio prazo, que estão já a ser executadas e

que são um dos elementos centrais da ação do Governo.

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O principal objetivo do Programa, tal como definido na sua génese, é a de recuperar a

credibilidade e confiança em Portugal. Esta credibilidade e confiança pode, entre outros

aspetos, medir-se pela evolução dos preços e rendimentos de instrumentos financeiros.

A 31 de janeiro de 2012, as taxas de juro a 2, 5, 10 e 30 anos e os valores para os CDS

(credit default swaps) a cinco anos estavam em índices recorde. Estavam

respetivamente em 20.6%, 21.8%, 15.9%, 12.0% e 1481 pontos base. Atualmente, estes

valores caíram para uma fração desses máximos. Esta evolução traduz uma mudança

radical nas perspetivas de financiamento da economia portuguesa e atesta a confiança

internacional da República.

O cumprimento do Programa de Ajustamento é igualmente fundamental como

mecanismo de seguro. A continuação rigorosa da execução do ajustamento é condição

absoluta para o apoio dos nossos parceiros da área do euro, como estes têm

repetidamente afirmado. Este cumprimento é também condição para o acesso ao apoio

por parte do Banco Central Europeu (BCE), como foi anunciado. Recorde-se,

finalmente, que estes mecanismos de seguro são estritamente condicionais, como todos

os responsáveis políticos europeus têm retiradamente vincando.

Em suma, o Governo tem cumprido de forma determinada o Programa, apoiado por

uma administração pública diligente e empenhada, mas com o sucesso do processo de

ajustamento a dever-se essencialmente ao esforço e sacrifício dos portugueses e à

capacidade de trabalho dos empresários, trabalhadores e investidores que acreditam no

potencial da economia portuguesa em ultrapassar o maior desafio em que a democracia

portuguesa se deparou, em 38 anos.

1.2. Cenário macroeconómico para 2013

1.2.1. Hipóteses externas

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As atuais projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um

abrandamento do crescimento da economia mundial em 2012, e para um reforço gradual

do crescimento a partir de 2013. Estas previsões traduzem uma revisão em baixa das

previsões apresentadas por esta instituição em abril deste ano. Uma das razões para a

revisão em baixa das perspetivas macroeconómicas prende-se com a intensificação da

crise da dívida soberana na área do euro e o seu alastramento a um conjunto alargado de

economias (em particular, Espanha e Itália) com impacto significativo nos custos de

financiamento e nos níveis de confiança.

Assim, as perspetivas para o conjunto dos anos 2012 e 2013 apontam para uma

desaceleração do crescimento económico mundial, devendo as economias avançadas

continuar a expandir-se a taxas moderadas (1,7%, em termos médios). Os países

emergentes e em desenvolvimento deverão manter um crescimento robusto (5,8%, em

termos médios), embora em desaceleração, como sucede com os países asiáticos (China

e Índia), a América Latina e a Rússia. De entre as principais economias avançadas,

prevê-se uma expansão moderada dos EUA, uma recuperação do Japão (associada ao

esforço de reconstrução na sequência do terramoto do início de 2011) e uma quase

estagnação da União Europeia com evoluções muito distintas entre os Estados membros

(mais forte na Polónia e nos países bálticos e mais fraco na Grécia). A economia da área

do euro deve mesmo apresentar uma moderada contração em 2012, com destaque para

uma quebra do PIB em economias avançadas como sejam Itália, Espanha e Países

Baixos e um fraco crescimento na Alemanha e em França, seguida de uma ligeira

recuperação em 2013.

Neste enquadramento, prevê-se para o próximo ano uma recuperação da procura externa

relevante1 para Portugal e a manutenção das taxas de juro de curto prazo num nível

historicamente baixo. Antecipa-se, igualmente, uma diminuição do preço do petróleo e

uma depreciação do euro face ao dólar.

1 Procura externa relevante: cálculo efetuado pelo Ministério das Finanças com base nas previsões do crescimento real das importações dos principais parceiros comerciais, ponderadas pelo peso que esses países representam nas exportações de Portugal.

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O quadro a seguir resume as hipóteses externas subjacentes ao cenário

macroeconómico.

Quadro 1.1 – Enquadramento Internacional – Principais Hipóteses

Crescimento da procura externa relevante (%) MF 7.9 3.6 -0.2 2.8

Preço do petróleo Brent (US$/bbl) NYMEX 80.2 111.0 102.4 96.9

Taxa de juro de curto prazo (média anual, %) (a) BCE 0.8 1.4 0.6 0.4

Taxa de câmbio do EUR/USD (média anual) BCE 1.33 1.39 1.26 1.26

2013(p)Fonte 2010 2011(p) 2012(p)

Nota: (p) previsão; (a) Euribor a três meses.

1.2.2. Cenário macroeconómico

O cenário macroeconómico aponta para uma contração do PIB em 3% em 2012, em

consequência de uma acentuada quebra na procura interna. A taxa de desemprego

deverá situar-se nos 15,5%. Prevê-se que a forte dinâmica das exportações permitirá

compensar parcialmente este efeito. É de salientar que este contributo permitirá, em

2012, atingir o equilíbrio da balança de bens e serviços, o que representa um

inquestionável feito económico.

O quadro seguinte apresenta as estimativas para 2012 e as previsões para 2013.

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Quadro 1.2 – Cenário macroeconómico

(Taxas de variação homóloga em volume, %)

PIB e Componentes da Despesa (em termos reais)

PIB 1,4 -1,7 -3,0 -1,0

Consumo Privado 2,1 -4,0 -5,9 -2,2

Consumo Público 0,9 -3,8 -3,3 -3,5

Investimento (FBCF) -4,1 -11,3 -14,1 -4,2

Exportações de Bens e Serviços 8,8 7,5 4,3 3,6

Importações de Bens e Serviços 5,4 -5,3 -6,6 -1,4

Evolução dos Preços

Deflator do PIB 1,1 0,7 0,3 1,3

IPC 1,4 3,7 2,8 0,9

Evolução do Mercado de Trabalho

Emprego -1,5 -1,3 -4,3 -1,7

Taxa de Desemprego (%) 10,8 12,7 15,5 16,4

Produtividade aparente do trabalho 2,9 -0,4 1,3 0,7

Saldo das Balanças Corrente e de Capital (em % do PIB)

Necessidades líquidas de f inanciamento face ao exterior -8,4 -5,1 -1,1 1,0

- Saldo da Balança Corrente -9,7 -6,6 -2,6 -0,6

da qual Saldo da Balança de Bens -10,0 -7,2 -3,6 -2,1

- Saldo da Balança de Capital 1,3 1,4 1,5 1,6

2010 2011(p) 2012(p) 2013(p)

Nota: (P) Previsão; Fontes: INE, MF.

Em 2013, o PIB deverá sofrer uma contração de 1% em média anual, associado a uma

redução da procura interna. Esta será atenuada pelo contributo positivo esperado da

procura externa líquida. No entanto, prevê-se também para 2013 o início da recuperação

da atividade económica. De facto, em termos trimestrais, o PIB deverá começar a

crescer já a partir do segundo trimestre de 2013.

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A previsão de uma quebra do produto em 2013, face ao apresentado no Documento de

Estratégia Orçamental, resulta de fatores externos e internos. A par do contexto

internacional menos favorável, espera-se uma redução mais acentuada da procura

interna decorrente do ajustamento mais rápido do que o antecipado, quer do processo de

desalavancagem do setor privado, quer dos desenvolvimentos associados ao mercado de

trabalho. Estes mecanismos de ajustamento, assim como as medidas de consolidação

orçamental tomadas para cumprir as metas acordadas no quinto exame regular do

Programa de Ajustamento Económico, explicam a revisão em baixa da previsão do

produto em 2013.

No que respeita ao consumo privado, após muitos anos a crescer acima do PIB, esta

componente deverá continuar a ajustar-se para níveis compatíveis com a riqueza gerada

na economia. Neste contexto, estima-se a manutenção da quebra do consumo dos bens

duradouros. Em 2013, a quebra do consumo privado de 2,2% resulta, quer do nível de

desemprego, quer do reajustamento do rendimento disponível das famílias.

Por sua vez, em consequência do ajustamento orçamental em curso, prevê-se uma

redução do consumo público em 3,5%.

Também o investimento, apesar de recuperar face a 2012, apresentará uma quebra de

4,2%, em resultado da redução estimada do investimento público e do investimento

residencial. Estes desenvolvimentos não deverão ser suficientes para compensar a

melhoria no investimento empresarial. No entanto, é de salientar que o investimento

deverá ser beneficiado pela melhoria das condições de financiamento das empresas

decorrente das medidas de apoio ao sistema financeiro tomadas pelo BCE.

As exportações de bens e serviços deverão apresentar um comportamento favorável,

apesar de desacelerarem face aos anos anteriores. O crescimento previsto das

exportações de 3,6%, associado à redução prevista das importações em 1,4%, deverá

traduzir-se na continuação da redução do défice da balança comercial.

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Esta evolução é determinante para a continuação da redução das necessidades de

financiamento da economia, prevendo-se que, em 2013, Portugal apresente já uma

situação equilibrada. Com efeito, a redução do défice comercial deverá mais do que

compensar o agravamento previsto do défice da balança de rendimentos primários, o

que se traduzirá num saldo conjunto da balança corrente e de capital já positivo em

2013, facto igualmente sem paralelo recente em Portugal.

A taxa de desemprego deverá situar-se em 16,4% da população ativa.

2.ª Opção – Finanças públicas e crescimento: a estratégia orçamental

2.1. Estratégia de consolidação orçamental

2.1.1. Revisão dos limites quantitativos do Programa de Ajustamento Económico

Na sequência das Conclusões do Eurogrupo de julho, durante o quinto exame regular ao

Programa de Ajustamento Económico, foi acordado com os nossos parceiros

internacionais a revisão dos limites quantitativos para o défice orçamental.

Tais limites, em percentagem do PIB, passaram para 5,0% em 2012, 4,5% em 2013 e

2,5% em 2014. Desta forma, foi adiado por um ano o cumprimento do limite de 3%

para o défice orçamental previsto no procedimento europeu que visa evitar défices

orçamentais excessivos. A possibilidade de alterar os limites quantitativos do programa

decorre da relação de credibilidade e confiança que foi possível estabelecer com os

nossos parceiros internacionais na sequência dos anteriores quatro exames regulares. As

alterações acordadas com a missão não implicam, no entanto, qualquer modificação do

pacote financeiro subjacente ao Programa.

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A evolução orçamental mais recente prevista para 2012 e 2013, incluindo já os

ajustamentos aos limites do Programa de Ajustamento Económico, está refletida no

Quadro 2.1. Como se pode constatar, em 2011 e 2012 registaram-se progressos

assinaláveis em termos da consolidação orçamental. A redução do défice estrutural em

2011 e 2012 é de 4,5 pontos percentuais, o que representa um grande esforço de

consolidação. A variação do défice primário estrutural é ainda mais expressiva, com

uma redução de cerca de 6,1 pontos percentuais em 2011 e 2012. Saliente-se que, desta

forma, o saldo primário estrutural deverá ficar equilibrado em 2012, facto novamente

inédito num passado recente.

Em 2013 espera-se que o défice estrutural se contraia em 1,6 pontos percentuais e que o

saldo primário se torne positivo.

Quadro 2.1 – Saldos orçamentais

(em percentagem do PIB)

2009 2010 2011 2012 2013

Saldo global -10,2 -9,8 -4,4 -5,0 -4,5

Saldo global excluindo medidas extraordinárias -10,2 -9,2 -7,4 -6,0 -4,5

Saldo primário -7,3 -7,0 -0,4 -0,5 0,2

Saldo primário exluindo medidas extraordinárias -7,3 -6,3 -3,4 -1,5 0,2

Saldo estrutural (2) -8,9 -8,5 -6,2 -4,0 -2,4

Saldo primário estrutural (2) -6,0 -5,6 -2,2 0,5 2,3

Variações em p.p.

Variação do saldo estrutural -4,1 0,4 2,3 2,2 1,6

Variação do saldo primário estrutural -4,3 0,4 3,4 2,7 1,8

(1) Os saldos ajustados do ciclo correspondem aos respetivos saldos globais

expurgados do efeito do ciclo económico sobre as receitas fiscais e contributiva

e despesa do subsídio de desemprego.

(2) Os saldos estruturais correspondem aos respetivos saldos ajustados do ciclo e

expurgados de medidas com efeito temporário quer do lado da receita quer do

lado da despesa das Administrações Públicas.

Fontes: INE e Ministério das Finanças.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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2.1.2. Desenvolvimentos orçamentais em 2012

Ao longo de 2012 foram tomadas várias iniciativas de controlo orçamental para além

das previstas inicialmente no Orçamento do Estado. Note-se que a necessidade de

revisão do limite para o défice orçamental prendeu-se essencialmente com os efeitos de

atuação dos estabilizadores automáticos em 2012. De facto, a revisão do cenário

macroeconómico, designadamente as alterações de composição do PIB na ótica da

despesa e a contração da massa salarial, teve como reflexo uma quebra da receita fiscal

e contributiva. Este resultado foi, no entanto, parcialmente compensado por uma

execução orçamental melhor do que a esperada ao nível da despesa, dados os esforços

realizados no sentido da sua contenção.

Em março deste ano, por meio do Orçamento Retificativo, conseguiram-se poupanças

na ordem dos 620 milhões de euros, através da reprogramação estratégica do Quadro de

Referência Estratégico Nacional (QREN) e da redução da despesa com juros e outros

encargos. Obtiveram-se também receitas adicionais com o leilão das licenças 4G, o qual

permitiu um encaixe da ordem dos 270 milhões de euros.

Desde então, procedeu-se a um esforço adicional de contenção na execução orçamental,

destacando-se, por exemplo, a cativação de verbas correspondentes a despesas com

pessoal no montante de aproximadamente 235 milhões de euros e poupanças líquidas

adicionais com juros que se estimam em cerca de 410 milhões de euros.

Até ao final do ano serão ainda executadas medidas adicionais de controlo da despesa e

de aumento da tributação sobre imóveis de elevado valor e sobre os rendimentos de

capital: este esforço adicional é necessário para assegurar o cumprimento do limite

revisto do défice orçamental para 5% do PIB em 2012.

2.1.3. Acórdão do Tribunal Constitucional 353/2012: medidas substitutivas

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Na sequência do acórdão n.º 353/2012 do Tribunal Constitucional, que declarou

inconstitucionais os artigos 21.º e 25.º da lei do Orçamento do Estado para 2012, foi

necessário identificar medidas alternativas com impacto orçamental equivalente. O

Governo apresentou, no início de setembro, uma solução que procurava combinar a

necessidade de alcançar um impacto orçamental semelhante com uma medida de

desvalorização fiscal que contribuísse para aumentar a competitividade externa e

preservar o emprego.

Esta solução foi discutida em sede de concertação social, mas não mereceu o consenso

alargado para a sua eficácia. Neste contexto, o Governo disponibilizou-se a considerar

uma alternativa. Esta iniciativa necessita de ser articulada com os nossos parceiros

internacionais de modo a concluir o quinto exame regular e, assim, viabilizar o

desembolso da tranche de 4.300 milhões de euros.

A opção do Governo corresponderá a uma abordagem abrangente que terá em conta as

implicações do princípio de igualdade na repartição dos encargos públicos, conforme

tratado pelo Tribunal Constitucional. A iniciativa de desvalorização fiscal será assim

substituída por um conjunto de medidas de caráter fiscal que visam uma distribuição

mais equitativa do esforço de consolidação orçamental entre setor público e setor

privado, assim como entre rendimentos do trabalho e rendimentos de capital. É, ainda,

de referir a introdução de medidas adicionais de combate à fraude e evasão fiscais.

Paralelamente, o Governo reforçará o processo de redução estrutural da despesa pública

(descrito na secção 2.1.5.), identificando não só poupanças substanciais a nível sectorial

como também no setor empresarial do Estado e nas Parcerias Publico-Privadas.

O Governo está comprometido com o desenvolvimento de uma estratégia que coloque a

economia portuguesa numa trajetória de convergência sustentada com os níveis médios

de rendimento per capita na Europa. O reforço da competitividade da economia

portuguesa no quadro da área do euro é um pilar essencial dessa estratégia. O Governo

continuará a avaliar outras iniciativas que complementem as medidas de consolidação

orçamental identificadas, respondendo assim a este desafio.

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2.1.4. Perspetivas orçamentais para 2013

A consolidação orçamental em 2013 continua a ser muito exigente, tendo sido acordado

um conjunto amplo de medidas com os nossos parceiros internacionais, quer do lado da

despesa quer do lado da receita. Estas medidas foram desenhadas de forma a limitar o

seu impacto no crescimento e salvaguardando os segmentos mais desfavorecidos da

população. Para atingir o objetivo para o défice em 2013, é necessário um esforço de

consolidação orçamental da ordem dos 4.900 milhões de euros relativamente a 2012.

Mais de 2/3 do valor destas medidas estavam já claramente contempladas no Programa,

sendo que a especificação destas medidas será incluída na proposta do Orçamento do

Estado para 2013.

Do lado da despesa, continuará o esforço de racionalização da despesa de

funcionamento das Administrações Públicas, quer pela via da redução dos consumos

intermédios, quer pela redução dos custos salariais. Paralelamente, em matéria de

regimes laborais e dos regimes de proteção social, será prosseguida a convergência do

setor público com o setor privado.

Serão significativamente racionalizados os regimes da Segurança Social e da Caixa

Geral de Aposentações, quer em matéria de acesso às prestações sociais, quer em

termos dos mecanismos de controlo da sua atribuição. O principal objetivo será garantir

que os recursos escassos são direcionados para aqueles que são efetivamente mais

vulneráveis, assegurando uma maior justiça social entre todos. Será, neste quadro de

excecional exigência, aplicada uma redução adicional às pensões, tal como estava

previsto no Memorando de Entendimento, correspondente à redução aplicada aos

funcionários públicos em 2011. Por esta via, equipara-se a situação dos pensionistas e

dos trabalhadores do setor público para os níveis de rendimento comparáveis. No

domínio das prestações sociais, destacam-se a aplicação de novas regras relativas à

atribuição do subsídio de desemprego e a introdução de critérios mais exigentes para a

atribuição das prestações sociais, como por exemplo o Rendimento Social de Inserção.

Estas e outras matérias serão, todavia, objeto de discussão prévia com os parceiros

sociais, em sede própria.

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A reformulação dos procedimentos e políticas nos setores da saúde e da educação

prosseguirá como previsto, permitindo uma redução significativa da despesa. No setor

empresarial do Estado será feito um esforço de redução de despesas de capital, através

da racionalização dos planos de investimento. Serão ainda substancialmente reduzidas

as transferências orçamentais anuais do Estado para as fundações e para outras

entidades que beneficiam de apoios financeiros públicos. Quanto às Parcerias Público-

Privadas, continuar-se-á a trabalhar de forma a diminuir os respetivos encargos sobre as

contas públicas.

Do lado da receita, a estratégia continuará a assentar no alargamento da base tributável,

na restruturação das taxas e no combate sem tréguas à fraude e à evasão fiscais.

Na formulação destas medidas, continuará a ser exigido um esforço acrescido aos

contribuintes com rendimentos mais elevados, às empresas com maiores lucros e

agravando-se a tributação sobre o capital, sobre o património de elevado valor e sobre

os bens de luxo, prosseguindo a política já iniciada em 2012. Este princípio orientador

garante uma efetiva repartição do esforço de ajustamento por um conjunto alargado e

abrangente de setores da sociedade portuguesa.

O Governo está fortemente empenhado em garantir que os sacrifícios serão repartidos

por todos e não apenas por aqueles que vivem do rendimento do seu trabalho. De uma

forma mais geral houve uma preocupação constante com a necessidade de assegurar

uma partilha equilibrada não só entre trabalho e capital mas também entre diversas

classes de rendimento e outras perspetivas relevantes que se possam considerar.

Nestes termos, os acionistas e detentores de partes de capital serão sujeitos a um

agravamento da tributação sobre os rendimentos de capital, nomeadamente dividendos,

bem como sobre as mais-valias mobiliárias resultantes da alienação de participações.

Estes rendimentos serão tributados a uma taxa de 26,5%. No espaço de dois anos as

taxas liberatórias terão aumentado em 5 p.p., correspondendo assim a um dos níveis

mais elevados da Europa.

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Os proprietários de prédios urbanos de elevado valor serão sujeitos a tributação

agravada através de uma nova taxa em sede de Imposto do Selo, a que acrescem os

efeitos resultantes da avaliação geral dos prédios no pagamento do Imposto Municipal

sobre Imóveis (IMI) em 2013.

Os detentores de veículos ligeiros de alta cilindrada, as embarcações de recreio e as

aeronaves de uso particular sofrem um novo aumento significativo da tributação sobre

estes bens de luxo, no seguimento do agravamento já verificado no ano de 2012.

Finalmente, no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), em

cumprimento do memorando de entendimento, serão introduzidas alterações para

alargar a base de incidência deste imposto, nomeadamente para os grupos económicos,

introduzindo-se medidas de limitação à dedutibilidade dos encargos financeiros

excessivos.

A estas medidas acrescem aquelas já aprovadas em 2012 e que agravaram

significativamente a tributação dos contribuintes com rendimentos mais elevados, quer

em virtude da aplicação de uma taxa adicional de solidariedade, quer através da

eliminação das deduções à coleta, bem como a tributação das empresas com lucros mais

elevados.

Outro elemento crucial para uma repartição equitativa dos sacrifícios assenta no

pressuposto que todos são chamados a contribuir para o esforço de consolidação

orçamental, de acordo com a sua real capacidade contributiva. Neste sentido, o Governo

continuará a ser implacável no combate à fraude e evasão fiscais, dando seguimento ao

extenso rol de medidas já aprovadas em 2012.

Neste sentido, as transferências para paraísos fiscais serão tributadas de uma forma mais

severa, sendo reforçados os mecanismos de troca de informações com centros

financeiros de natureza global, aproveitando designadamente o recente Acordo com a

Suíça, e concretizada, a partir de 2013, a reforma do regime de faturação de forma a

reforçar significativamente o combate à economia paralela.

Relativamente ao Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), em

cumprimento das obrigações impostas pelo Memorando e de acordo com o Programa do

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XIX Governo Constitucional, haverá alterações já a partir de 2013.

2.1.5. Redução estrutural da despesa pública

Para 2014, o empenho na redução da despesa concretizar-se-á mostrando um grau de

ambição que vai além da preparação do Orçamento do Estado para 2013. Foi iniciado

um trabalho de análise pormenorizada das contas do Estado com vista à identificação de

poupanças no médio prazo. Em novembro de 2012, durante o sexto exame regular, este

trabalho será discutido com os parceiros internacionais. O documento calendarizado e

quantificado será apresentado no sétimo exame regular, a decorrer em fevereiro de

2013. Assim, esta estratégia resultará na definição de medidas concretas a incorporar no

exercício de médio prazo no âmbito do Semestre Europeu e conduzirá à definição dos

tetos de despesa para o Orçamento do Estado para 2014.

Neste seguimento, em 2014, a generalidade da contenção orçamental corresponderá a

medidas do lado da despesa e será na ordem de 1,75% do PIB. Com este esforço

adicional, no biénio de 2013-2014, a redução na despesa representará cerca de 57% do

esforço total de ajustamento orçamental, se excluirmos desta decomposição o efeito da

reposição parcial dos subsídios aos funcionários públicos e pensionistas.

2.2. Reforma do processo orçamental

2.2.1. Desenvolvimentos na reforma do processo orçamental

O processo orçamental compreende o conjunto de regras e procedimentos, de caráter

formal ou informal, que regem a elaboração, aprovação, execução, monitorização,

controlo e correção do Orçamento do Estado, bem como a prestação de contas. Pela sua

dimensão, pelo número de atores envolvidos, pela sua complexidade e pela natureza dos

incentivos presentes, o processo orçamental coloca importantes desafios de coordenação

e de responsabilização aos diferentes intervenientes.

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As características do processo orçamental são determinantes para o desempenho das

contas públicas. Neste sentido, a alteração profunda das regras, procedimentos e práticas

no domínio orçamental constitui um pilar fundamental da estratégia de ajustamento

financeiro e macroeconómico em Portugal. Consciente desta realidade, o Governo

pretende desenvolver um quadro orçamental que promova a estabilidade e

sustentabilidade duradoura das contas públicas, bem como a qualidade, eficácia e

eficiência da despesa pública.

Para alcançar estes objetivos, o Governo iniciou um conjunto de reformas estruturais no

setor público, incluindo a reorganização dos serviços (PREMAC)2, em paralelo com as

reformas do processo orçamental, com o objetivo de melhorar a disciplina orçamental, a

eficiência e a eficácia da despesa pública.

Como prioridades imediatas, foram adotados mecanismos reforçados de controlo de

despesa e dos compromissos3, aplicados no início de 2012. Foi também iniciada a

reflexão sobre a reforma do Ministério das Finanças, e lançados os trabalhos necessários

à concretização da Lei de Enquadramento Orçamental, com destaque para a

operacionalização do quadro orçamental plurianual.

2.2.2. Alteração da Lei de Enquadramento Orçamental

A alteração da Lei de Enquadramento Orçamental veio introduzir alterações

significativas ao processo orçamental. A execução destas alterações reflete a evolução

em curso no plano europeu, designadamente no que se refere ao reforço da governação

económica na União Europeia e à definição de requisitos mínimos que os quadros

orçamentais nacionais deverão respeitar.

2 A este propósito, vide secção 2.3.1. 3 Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, que aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades públicas.

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A revisão da Lei de Enquadramento Orçamental permitiu introduzir alterações

significativas ao processo orçamental, que se traduziram em melhorias visíveis no

domínio da transparência orçamental e que contribuíram para minimizar

significativamente algumas fragilidades do processo orçamental. Nomeadamente, por

força da aplicação do seu artigo 2.º, verificou-se uma aproximação do universo da

contabilidade pública ao universo da contabilidade nacional.

A falta de coincidência dos universos de entidades consideradas em contabilidade

pública e nacional, para além de ser um fator de fragmentação do orçamento, tornava

difícil de comparar as duas óticas contabilísticas, não contribuindo assim para a

transparência da informação.

Assim, passaram a integrar o Orçamento do Estado as entidades públicas que,

independentemente da sua natureza e forma, tenham sido incluídas no setor das

Administrações Públicas no âmbito das Contas Nacionais.4

Um outro aspeto que foi reforçado na Lei de Enquadramento Orçamental foi o caráter

top-down do processo do Orçamento. Assim, em 2012, o Governo apresentou à

Assembleia da República uma proposta de lei com o quadro plurianual de programação

orçamental para o período 2013-2016, o qual define, para a Administração Central,

limites de despesa financiada por receitas gerais, em consonância com os objetivos do

Programa de Estabilidade e Crescimento5.

Por outro lado, os programas orçamentais passaram a ter obrigatoriamente o caráter

vertical6, contribuindo também para a redução da fragmentação do processo orçamental.

4 Publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística, e referentes ao ano anterior ao da apresentação do Orçamento, sendo para o efeito equiparadas a Fundos e Serviços Autónomos. 5 Deve ler-se Documento de Estratégia Orçamental 6 Isto é, cada programa apenas pode ser executado por um único ministério

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O Orçamento do Estado passou a estar estruturado por programas, permitindo uma

melhor perceção dos recursos afetos às diferentes políticas públicas. A formulação do

Orçamento do Estado por programas foi ensaiada no Orçamento relativo ao ano de 2011

e consolidada em 2012. Cada programa orçamental tem um único ministério executante,

ou seja, não há programas horizontais, e desta forma, a responsabilidade dos ministérios

pelos resultados alcançados fica reforçada.

Quadro 2.2 – Programas Orçamentais e Entidades Gestoras (OE/2012)

Código do

Programa Programa Ministério Executor

001 Órgãos de Soberania Encargos Gerais do Estado

002 Governação e Cultura Presidência do Conselho de Ministros

003 Finanças e Administração Pública Ministério das Finanças

004 Gestão da Dívida Pública Ministério das Finanças

005 Representação Externa Ministério dos Negócios Estrangeiros

006 Defesa Ministério da Defesa Nacional

007 Segurança Interna Ministério da Administração Interna

008 Justiça Ministério da Justiça

009 Economia e Emprego Ministério da Economia e do Emprego

010 Agricultura, Mar e Ambiente Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território

011 Saúde Ministério da Saúde

012 Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar Ministério da Educação e Ciência

013 Ciência e Ensino Superior Ministério da Educação e Ciência

014 Solidariedade e Segurança Social Ministério da Solidariedade e Segurança Social

Fonte: M inistério das Finanças.

2.2.3. Modelo de controlo orçamental

A aplicação do processo de orçamentação por programas veio permitir uma visão global

e mais abrangente de cada um dos ministérios, abrindo caminho para a delegação de

competências nos ministérios setoriais, que podem assim passar a assumir a

responsabilidade principal na execução dos seus orçamentos. Neste sentido, no decurso

da execução do Orçamento do Estado de 2012, foi aplicado pelo Ministério das

Finanças um modelo de controlo orçamental assente na responsabilização dos

ministérios setoriais pela execução do seu orçamento.

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Cada ministro deve ser responsável pelo estrito cumprimento dos limites orçamentais

fixados para o seu ministério, cabendo-lhe, designadamente, a responsabilidade de

corrigir eventuais desvios. O exercício desta responsabilidade individual de cada

ministro, bem como da responsabilidade de controlo global das contas públicas por

parte do Ministério das Finanças, é dificultado pela elevada fragmentação do processo

orçamental. Com o objetivo de atenuar esta dificuldade de controlo, foram designados,

por cada ministro, interlocutores políticos e técnicos (coordenadores dos programas

orçamentais) junto do Ministério das Finanças para o acompanhamento e controlo da

execução orçamental. Este processo permitiu uma redução significativa do impacto da

fragmentação orçamental no plano do controlo orçamental.

Neste sentido, foram dados alguns passos importantes no reforço do papel dos

coordenadores dos programas orçamentais no Decreto-Lei de Execução do Orçamento

do Estado de 20127, onde se pretendeu- aplicar um processo de acompanhamento e

controlo da execução orçamental dos programas envolvendo o Ministério das Finanças

e os Coordenadores dos Programas Orçamentais.

Passaram a ter lugar reuniões formais regulares de periodicidade mensal entre o

Ministério das Finanças e os ministérios setoriais, quer ao nível técnico (coordenadores

e a Direção-Geral do Orçamento), quer ao nível político (interlocutores políticos e o

Secretário de Estado do Orçamento).

Ainda no âmbito do controlo orçamental, em 2012 foi dado um passo indispensável

para um controlo mais eficaz da despesa pública, com a introdução de novas regras em

matéria de controlo de compromissos e pagamentos em atraso com a aprovação da Lei

dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso (LCPA)8 e da respetiva

regulamentação9.

A execução da LCPA constituiu um elemento essencial para impedir a imprudente

assunção de compromissos por parte das entidades públicas e a acumulação de novos

pagamentos em atraso.

7 Decreto-Lei n.º 32/2012, de 13 de fevereiro8 Lei n.º8/2012, de 21 de fevereiro 9 Decreto-Lei n.º 127/2012, de 19 de junho

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Os procedimentos previstos na LCPA são aplicados por todas as entidades públicas que

integram o perímetro de consolidação das Administrações Públicas em contabilidade

nacional e também pelos Hospitais EPE.

O princípio chave que serve de modelo de controlo de compromissos e pagamentos em

atraso, previsto na LCPA, é o de que a execução orçamental não pode em nenhum

momento conduzir à acumulação de pagamentos em atraso.

O sistema de controlo deixou de estar centrado nos pagamentos, para estar focalizado na

assunção de compromissos pelas entidades públicas face à dotação orçamental anual. O

controlo é “antecipado” para o momento da assunção do compromisso, pois é nesse

momento que se incorre em despesa, não havendo alternativa ao pagamento.

2.2.4. Criação das bases institucionais para a sustentabilidade das finanças públicas

A concretização dos objetivos orçamentais de médio prazo e a criação de condições que

garantam a sustentabilidade do processo de consolidação orçamental em curso exigem

uma alteração de paradigma em matéria de instituições, regras e procedimentos na área

das finanças públicas.

Com efeito, está amplamente documentado que Portugal compara desfavoravelmente

com a generalidade das economias avançadas em matéria de instituições, regras e

procedimentos destinados a assegurar a disciplina orçamental. Os passos dados em 2012

já permitiram atenuar algumas fragilidades neste domínio.

No entanto, a concretização dos objetivos orçamentais de médio prazo e a criação de

condições que garantam a sustentabilidade do processo de consolidação orçamental em

curso exigem uma alteração de paradigma em matéria de instituições, regras e

procedimentos na área das finanças públicas.

Para o efeito, será necessário atuar em três vertentes complementares:

• Enquadramento legislativo e os procedimentos orçamentais;

• Capacitação institucional na área das finanças públicas;

• Modelo de organização e regras de gestão do setor público.

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Ainda que afetem de forma transversal todo o setor público, estas vertentes de atuação

situam-se na área das competências do Ministério das Finanças.

A abrangência, complexidade e urgência deste processo de transformação, bem como a

ideia de que se prossegue uma mudança de paradigma e não apenas melhorias

incrementais, sugerem que o novo enquadramento deve ser definido no âmbito de um

projeto, com uma metodologia bem identificada, recursos dedicados e um período de

tempo definido.

As mudanças a adotar serão enquadradas numa estratégia que lhes confira coerência

global e visibilidade. Esta estratégia será consubstanciada por um plano de ação

detalhado, com base num calendário realista, que assegure a consistência entre a

ambição dos objetivos e os recursos alocados à sua concretização, e que garanta uma

sequência adequada das reformas a introduzir.

No âmbito do enquadramento legislativo, o Governo irá no decurso do ano de 2013:

a) Rever a Lei de Enquadramento Orçamental para acolher o conjunto de

procedimentos e regras de natureza orçamental recentemente aprovados ao

nível comunitário;

b) Promover a aprovação e entrada em vigor da revisão das Leis das Finanças

Locais e de Finanças das Regiões Autónomas, indo ao encontro das melhores

práticas internacionais;

c) Promover a adaptação das normas internacionais de contabilidade pública

(IPSAS) em Portugal.

2.3. Administração Pública

2.3.1. Organização da Administração Pública

A racionalização da Administração Pública, tal como prevista no Programa do XIX

Governo Constitucional, vai sendo desenvolvida em fases sucessivas e complementares.

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O Programa de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC) - primeira

iniciativa de melhoria da organização da Administração Central - traduziu-se numa

redução significativa do número de serviços e organismos dos ministérios,

integralmente refletida nas leis orgânicas dos ministérios:

Quadro 2.3 – Leis orgânicas dos ministérios do XIX Governo Constitucional

Decreto-Lei Data

Ministério das Finanças DL 117/2011 15-12-2011

Ministério dos Negócios

Estrangeiros DL 121/2011 29-12-2011

Ministério da Defesa

Nacional DL 122/2011 29-12-2011

Ministério da Administração

Interna DL 126-B/2011 29-12-2011

Ministério da Justiça DL 123/2011 29-12-2011

Ministério da Economia e do

Emprego DL 126-C/2011 29-12-2011

Ministério da Saúde DL 124/2011 29-12-2011

Ministério da Educação e

Ciência DL 125/2011+Decl. Rectif. 3/2012, de 26/01 29-12-2011

Ministério da Solidariedade e

da Segurança Social DL 126/2011 29-12-2011

Presidência do Conselho de

Ministros DL 126-A/2011 29-12-2011

Ministério da Agricultura, do

Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território

DL 7/2012 17-01-2012

Fonte: Ministério das Finanças

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Com efeito, a evolução do número de serviços e organismos de caráter estável, em

resultado da aplicação do PREMAC, pode ser observada no quadro seguinte:

Quadro 2.4 – Resultados do PREMAC

Situação

Inicial

RELATÓRIO

PREMAC

de 15 de

setembro de 2011

Entidades inscritas

nas

Leis Orgânicas dos

ministérios

Administração Direta

Central 102 84 -18% 80 -22%

Periférica 43 14 -67% 14 -67%

Administração Indireta

Institutos Públicos 74 57 -23% 56* -24%

229 155 150 -32%

* Redução decorrente da transformação do IGCP, I.P. em IGCP, E.P.E.

Fonte: Ministério das Finanças

Os resultados do PREMAC, ao nível do número de serviços e organismos de caráter

estável, representam uma redução na ordem dos 32%. Este valor aumenta para 40% se

se considerar a redução de 140 para 62 de outros organismos (atípicos). Em termos de

cargos dirigentes, foi apresentada uma redução global de 1711, dos quais 285 foram

cargos de direção superior.

A reorganização das Administrações Públicas, tendo por base a avaliação das

atribuições do Estado e o dimensionamento às capacidades financeiras do país, tem um

potencial de redução de despesa, quer pela redução de estruturas e de cargos de

dirigentes, quer por via da aplicação de procedimentos relativos à redução de efetivos.

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Em matéria de controlo de efetivos, a reformulação do Sistema de Informação da

Organização do Estado (SIOE), através da Lei n.º 57/2011, de 28 de novembro,

permitiu o início da publicação, em base trimestral, da Síntese Estatística de Emprego

Público (SIEP). Releva o facto de se passar a dispor de um repositório de informação

relativa à organização e recursos humanos das entidades públicas que integram o

conceito de Administrações Públicas em contas nacionais.

A segunda Síntese Estatística do Emprego Público, relativa ao segundo trimestre de

2012, demonstra uma redução semestral de 1,4% do número de trabalhadores das

administrações públicas que permite conferir o objetivo de redução anual de 2 por

cento. Esta redução será maioritariamente alcançada através do efetivo controlo das

admissões e das passagens naturais à situação de reforma.

Quadro 2.5 – Dados de emprego nas Administrações Públicas

Unidade: postos de trabalho

N.º %

Administrações públicas 613.852 605.212 -8.640 -1,4

Administração central 458.281 452.127 -6.154 -1,3

Administração regional e local (*) 155.571 153.085 -2.486 -1,6

Administração regional dos Açores 15.247 15.061 -186 -1,2

Administração regional da Madeira 17.512 17.388 -124 -0,7

Administração local (*) 122.812 120.636 -2.176 -1,8

Fontes: DGAEP - SIOE (dados disponíveis em 07-08-2012); DGAEP/DEEP

(*) Administração local: dados provisórios para 31-12-2011

p - dados provisórios

31 dez

2011

30 jun

2012 (p)

Variação

jun-12 / dez-11

Quadro 2.6 – Evolução do emprego nas Administrações Públicas

-0,5% -1,4%

-10

-6

-2

2

6

10

0

100

200

300

400

500

31 dez 2011 31 mar 2012 (p) 30 jun 2012 (p)

10

3 P

os

tos

de

tra

ba

lho

Administração central (esq.) Adm. Regional Açores (esq.)

Adm. Regional Madeira (esq.) Administração local (esq.)

Adm. públicas - var. face a 31-12-2011 (%)

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

34

Página 35

A informação recolhida através do recenseamento dos órgãos e serviços da

administração central, regional (regiões autónomas) e local (autarquias locais),

incluindo empresas públicas reclassificadas, constitui um importante instrumento de

gestão para conhecer, caracterizar e acompanhar a evolução dos respetivos recursos

humanos, possibilitando uma atuação preventiva, proactiva e esclarecida aos decisores

na gestão da Administração Pública. Este facto adquire uma relevância crescente num

contexto de contenção orçamental com fortes restrições à admissão de novos efetivos e

de redução de encargos com recursos humanos, e em que as responsabilidades

transversais se encontram ampliadas pelo Programa de Ajustamento Económico.

Por outro lado, este repositório de informação suporta o desenvolvimento de reflexões e

iniciativas pertinentes em matérias referentes à organização e recursos humanos das

Administrações Públicas, como seja o estudo abrangente (já iniciado) sobre diferenças

de retribuição entre o setor público e o setor privado.

Para reforço da informação de gestão, a proposta de lei do Orçamento do Estado para

2013 vai alargar o âmbito das entidades reportantes do SIOE, estendendo a obrigação de

reporte às demais entidades públicas não abrangidas pelo âmbito de aplicação da Lei n.º

57/2011, de 28 de novembro, designadamente empresas públicas, associações públicas e

outras pessoas coletivas públicas. Nesse contexto, o SIOE irá assumir-se como

repositório único da informação relativa à organização e aos recursos humanos das

entidades públicas ou controladas pelas administrações públicas eliminando a

fragmentação na informação relevante.

As reduções anuais de 2% no número de trabalhadores das administrações públicas

(central, local e regional) mantêm-se como objetivo para 2013 (e para 2014), a alcançar

através do efetivo controlo dos fluxos de pessoal e incluem uma redução significativa

dos contratos a termo.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

35

Página 36

Após o censo eletrónico instituído pela Lei n.º 1/2012, de 3 de janeiro, foi efetuada a

avaliação do custo/benefício e viabilidade financeira das fundações com recomendações

relativas à manutenção ou extinção, à redução ou à cessação dos apoios financeiros

concedidos, bem como à manutenção ou cancelamento do estatuto de utilidade pública,

de acordo com as exigências definidas na Lei n.º 24/2012, de 9 de julho. Esta Lei:

• Estabelece regras claras para evitar abusos na utilização do instituto fundacional,

visando uma evidente separação entre a instituição privada de fundações e a sua

instituição pelo Estado;

• Cria mecanismos de controlo rigoroso e um regime mais exigente para todas as

situações em que estejam em causa a utilização de dinheiros públicos, quer

diretamente, quer pelos benefícios decorrentes da utilidade pública;

• Formula a proibição de utilização do estatuto fundacional para prejudicar

credores do património;

• Submete as fundações ao cumprimento de um conjunto de obrigações de

transparência e introduz limites às despesas com o pessoal e a administração,

relativamente às fundações que recebem apoios públicos ou têm benefícios

fiscais; e

• Proíbe a alienação de bens que integram o património inicial de fundações e que

se revistam de especial significado para os respetivos fins.

2.3.2. Melhoria dos instrumentos de gestão de recursos humanos

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Página 37

A necessidade de se apostar nos mecanismos de mobilidade e de requalificação dos

trabalhadores surge ampliada num enquadramento de profunda reorganização da

Administração Pública e de fortes restrições à admissão de novos efetivos. A Lei do

Orçamento do Estado para 2012 promoveu alterações à adaptabilidade, flexibilidade e

mobilidade de recursos humanos na administração pública, simplificando a

consolidação da mobilidade interna e melhorando a articulação da mobilidade interna

com a mobilidade especial. Para potenciar a utilização racional dos recursos humanos

das Administrações Públicas, foi apresentada a Proposta de Lei 81/XII, que altera vários

diplomas aplicáveis a trabalhadores que exercem funções públicas, em aproximação às

regras do Código do Trabalho para o setor privado. No conjunto de alterações aos

regimes de emprego público, salienta-se o reforço das políticas de mobilidade

geográfica intra e entre serviços e organismos da Administração Pública e a

regulamentação das rescisões por mútuo acordo. Os instrumentos de recursos humanos

(mobilidade geográfica, mobilidade especial e as regras de compensação de horas

extras) devem ser aplicados a todos os trabalhadores de entidades empregadoras

públicas, incluindo estabelecimentos de ensino e entidades do Serviço Nacional Saúde.

Atendendo à necessidade de gerar equilíbrio e equidade entre os trabalhadores

integrados no Regime de Proteção Social Convergente e os trabalhadores integrados no

Regime Geral de Segurança Social, importa acelerar a convergência das respetivas

regras ou efeitos, nomeadamente no que respeita às regras do Código Contributivo (base

contributiva).

Também no que respeita aos quadros legais aplicáveis à Administração Pública, tendo

presente que a quantidade e complexidade de diplomas referentes aos trabalhadores em

funções públicas e à organização da Administração Pública impendem sobre a gestão

quotidiana e propiciam conflituosidade jurídica, emerge a respetiva simplificação.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

37

Página 38

Os modelos de governação foram amplamente revistos através da alteração do Estatuto

do Pessoal Dirigente da Administração Pública (Lei n.º 64/2011, de 22 de dezembro),

da Lei-Quadro dos Institutos Públicos (Decreto-Lei n.º 5/2012, de 17 de janeiro) e do

Estatuto do Gestor Público (Decreto-Lei n.º 8/2012, de 18 de janeiro). O recrutamento e

seleção para os titulares de cargos de direção superior de órgãos e serviços da

administração direta e indireta passa a ser efetuado por concurso, com requisitos

formais de provimento publicitados. A instituição de uma entidade independente, a

Comissão de Recrutamento e de Seleção para a Administração Pública (CReSAP) -

responsável pela realização dos processos de recrutamento e seleção - representa uma

das alterações mais significativas neste âmbito, uma vez que representa a promoção da

meritocracia, isenção e transparência. Visando a «despartidarização» prevista no

Programa do XIX Governo Constitucional, os cargos de direção superior, em regime de

comissão de serviço, passam a ser por períodos de cinco anos, num máximo de dez anos

consecutivos, em distanciamento do período de vigência de cada legislatura.

Já no respeitante ao modelo de governação dos institutos públicos, estabeleceu-se um

único tipo de órgão de direção, o Conselho Diretivo, e procedeu-se a um alinhamento

dos vencimentos praticados no órgão de direção dos institutos públicos com os dos

dirigentes da administração direta, com exceção dos institutos públicos de regime

especial em que os vencimentos são ajustados em função da complexidade de gestão

(tal como para os gestores públicos).

Em relação ao estatuto dos gestores públicos, o contrato de gestão passa a ser

obrigatório em todas as empresas públicas e já não apenas nas que prestem serviços de

interesse geral, determinando a fixação de metas objetivas, quantificadas e mensuráveis

anualmente durante a vigência do contrato de gestão, que representem uma melhoria

operacional e financeira nos principais indicadores de gestão da empresa. Ao nível do

recrutamento dos gestores, a CReSAP é também responsável por uma avaliação, não

vinculativa, do currículo e perfil da personalidade proposta.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

38

Página 39

Procedeu-se à revisão do estatuto remuneratório dos gestores públicos, que ganhou

forma com as Resoluções do Conselho de Ministros:

• N.º 16/2012, de 14 de fevereiro, que aprova os critérios de determinação do

vencimento dos gestores públicos;

• N.º 18/2012, de 21 de fevereiro, que aprova os critérios de determinação do

vencimento dos gestores das entidades públicas integradas no Serviço Nacional

de Saúde (SNS); e

• N.º 36/2012, de 26 de março, que aprova a classificação das empresas públicas e

das entidades públicas integradas no Serviço Nacional de Saúde para efeitos da

determinação do vencimento dos respetivos gestores.

No domínio da utilização de serviços partilhados, o Governo apostou numa visão

estratégica, extensível a toda a Administração Pública, ao nível das áreas financeira,

recursos humanos, sistemas de informação e património. Para potenciar o desempenho

dos serviços partilhados na Administração Pública, promovendo maior eficiência na

gestão e utilização de recursos comuns, foi criada a Entidade de Serviços Partilhados da

Administração Pública, I.P. (ESPAP), que assumiu a missão e atribuições da Empresa

de Gestão Partilhada de Recursos da Administração Pública, E.P.E. (GeRAP), da

Agência Nacional de Compras Públicas, E.P.E (ANCP) e do Instituto de Informática.

No âmbito dos serviços partilhados financeiros, destaca-se a solução de Gestão de

Recursos Financeiros em modo partilhado (GeRFiP), já em funcionamento na

Administração Central e na Região Autónoma dos Açores. Prevê-se em 2013 concluir a

disseminação do GeRFiP a todos os organismos dotados de autonomia administrativa da

Administração Central e regiões autónomas dos Açores e da Madeira. A mudança de

paradigma da contabilidade de caixa para a contabilidade patrimonial é um dos

principais benefícios obtidos, na medida em que assegura maior qualidade e rigor da

informação de gestão, potenciando melhor capacidade de análise e tomada de decisão.

A utilização dos serviços partilhados na área financeira permite ainda a obtenção

atempada da informação financeira consolidada de todos os organismos aderentes,

melhorando significativamente a capacidade de monitorização e controlo numa

perspetiva global.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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No âmbito dos serviços partilhados de recursos humanos, destaca-se a solução de

Gestão de Recursos Humanos Partilhada da Administração Pública (GeRHuP), que se

encontrará em funcionamento no final de 2012 em 2 organismos do Ministério das

Finanças, com disseminação a mais 8 organismos deste ministério em janeiro de 2013.

Prevê-se o alargamento a outros serviços e ministérios de forma faseada, começando

pela substituição gradual da solução SRH nos organismos em que esta é atualmente

utilizada. A adoção do GeRHuP permite assegurar a aplicação uniforme da legislação

de gestão de pessoal, a normalização e simplificação dos processos e a consolidação de

dados dos trabalhadores da Administração Pública. O recurso ao GeRHuP permitirá,

ainda, reduzir os custos de posse das mais de 150 soluções distintas de gestão de

recursos humanos na Administração Pública, nomeadamente na atualização e evolução

das mesmas.

Adicionalmente, o Plano Global Estratégico de Racionalização das Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC) definido pela Resolução do Conselho de Ministros n.º

12/2012, de 12 de janeiro, contempla 25 medidas de utilização racional dos recursos

TIC ao dispor da Administração Pública, com a tónica na melhoria das condições de

governabilidade, na redução de custos, na concretização de soluções TIC comuns, na

modernização administrativa e no estímulo ao crescimento económico.

2.3.3. Sistema Nacional de Compras Públicas

O Sistema Nacional de Compras Públicas (SNCP) integra mais de 1800 entidades num

modelo em rede, de articulação com as Unidades Ministeriais de Compras (UMC) e

mais de 480 entidades voluntárias da administração local e regional e do setor

empresarial do Estado (SEE).

Para o ano de 2013, perspetiva-se para o SNCP:

• Continuar o seu desenvolvimento através do aumento do número de Acordos

Quadro, de renovações de vários dos existentes, promovendo ajustamentos à

sua adequação e capacidade de resposta às necessidades, e de novas

contratações de bens e serviços para a Administração Pública. Serão incluídas

novas categorias de bens e serviços, tendo em conta a natureza transversal da

despesa e a sua importância, e promove-se o aumento do nível de abrangência

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

40

Página 41

do sistema, com a vinculação gradual do SEE;

• Desenvolver uma estratégia, suportada em base tecnológica que a viabilize,

que permita:

o A progressiva e completa desmaterialização do ciclo de contratação

pública, englobando o suporte ao ciclo integral de compra, do

planeamento e agregação de necessidades ao pagamento;

o O relacionamento desmaterializado entre os contratantes e a

Administração Pública;

o A existência de um repositório único de informação de compras, que

potencie o desenvolvimento do planeamento e agregação;

o A interligação com os suportes eletrónicos existentes, plataforma ou

portal de recolha de informação relativa às compras públicas, com vista à

redução de custos para a Administração Pública e ao aumento da sua

eficiência.

• Definir, desenvolver e executar estratégias de compra e negociação para as

aquisições centralizadas, preservando e incrementando os níveis de

concorrência nos respetivos setores de atividade;

• Aumentar a eficiência e eficácia do SNCP através da:

o Simplificação e agilização dos processos de compra de baixo valor;

o Dinamização e adaptação dos processos de aquisição nas categorias onde

o mercado e oferta são caraterizados por atualização e evolução

permanentes.

2.3.4. Gestão do Parque de Veículos do Estado

A gestão centralizada do Parque de Veículos do Estado (PVE) tem como princípios

orientadores o controlo da despesa, a responsabilidade das entidades utilizadoras, a

simplificação e automatização dos processos, bem como, atendendo à política nacional

e comunitária neste domínio, a preferência por uma frota automóvel ambientalmente

mais avançada.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

41

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A redução efetiva da dimensão da frota do Estado, atualmente em cerca de 27.000

veículos, tem sido superior a 2% ao ano, comprovando-se os benefícios da centralização

deste serviço.

No âmbito da gestão do PVE, estabelecem-se como linhas de atuação:

• Manter uma forte restrição na aquisição de veículos novos, considerando a

adequação às necessidades específicas dos serviços;

• Definir os cargos da Administração Pública com competências para a

utilização de veículos do PVE, com base em critérios a estabelecer, tornando

o processo de atribuição de veículos mais transparente, obtendo-se um maior

controlo sobre a frota e possibilitando o abate dos veículos excedentários e de

substituição;

• Rever as tipologias dos veículos a adquirir e respetivos valores de aquisição,

valores de renda ou aluguer mensal, de modo a reduzir substancialmente os

custos associados;

• Desenvolver a componente de gestão de frota, através da centralização de

procedimentos de contratação de manutenção. Possibilitar-se-á, desta forma,

um maior controlo sobre todo o ciclo de vida do veículo e a redução dos

respetivos custos de utilização;

• Equacionar a adoção de novas políticas de mobilidade que não impliquem a

aquisição de novos veículos ou a utilização de veículos existentes do PVE,

desde que menos onerosas.

2.4. Política fiscal

A situação das finanças públicas em Portugal e o cumprimento do Programa de

Ajustamento Económico tornam necessário prosseguir o ajustamento também pela via

fiscal. A política fiscal terá como linhas estratégicas, para o ano de 2013, os seguintes

vetores: (i) continuação da reforma estrutural da administração tributária; (ii) reforço do

combate à fraude e à evasão fiscais e aduaneiras; (iii) alargamento da base tributável e

restruturação das taxas; e (iv) alargamento da rede de convenções para evitar a dupla

tributação firmadas com outros Estados.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

42

Página 43

2.4.1. Reforma estrutural da administração tributária

Em 2011 procedeu-se a uma reforma profunda da Administração Tributária, através da

fusão das três Direções Gerais que a integravam, dando lugar à Autoridade Tributária e

Aduaneira (AT). Estrategicamente, pretendeu-se renovar a missão e objetivos da

administração tributária e aduaneira, assegurar maior coordenação na execução das

políticas fiscais e garantir uma mais eficiente alocação e utilização dos recursos

existentes.

A reestruturação tem permitido reduzir custos mediante a simplificação da estrutura de

gestão operativa, o reforço do investimento em sistemas de informação e a

racionalização da estrutura local, adaptando-a a um novo paradigma de relacionamento

entre a administração tributária e o contribuinte, em que os canais remotos

(designadamente a via eletrónica) ganharam um peso preponderante.

Na segunda fase desta reforma estrutural, a ocorrer ainda em 2012, proceder-se-á a uma

integração dos serviços centrais de suporte da AT (gestão de recursos humanos e gestão

financeira e patrimonial) e dos sistemas de informação e operacionalizar-se-á a Unidade

dos Grandes Contribuintes (UGC), a qual será responsável por:

a) Assegurar uma assistência personalizada aos contribuintes, garantindo o

acompanhamento do seu relacionamento global com a administração, em

todas as fases do ciclo tributário, designadamente através da atribuição de um

«gestor de contribuinte»;

b) Prestar informações sobre a situação dos contribuintes, nomeadamente

através de informações vinculativas, bem como esclarecer as dúvidas por eles

suscitadas, tendo em consideração as orientações administrativas que

contenham a interpretação das leis tributárias;

c) Avaliar e propor a aceitação de acordos prévios de preços de transferência;

d) Desenvolver modelos de gestão do risco, tendo em vista a identificação,

análise, avaliação e cobertura dos riscos tributários decorrentes das atividades

dos contribuintes.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 44

A racionalização dos serviços distritais e locais da AT será concretizada numa segunda

fase, a ocorrer em 2012/2013, e será realizada de acordo com o previsto na sua lei

orgânica. Trata-se de reorganizar a estrutura local e distrital da administração tributária

do Estado, no sentido de lhe dar uma maior coerência e capacidade de resposta no

desempenho das suas funções, reduzindo os seus custos de funcionamento mas

melhorando o nível do serviço prestado aos contribuintes.

Finalmente, em 2013/1014, depois de consolidada a integração dos serviços, proceder-

se-á, numa terceira fase, ao aperfeiçoamento das estruturas organizativas e dos

processos de funcionamento da AT, passando de uma estrutura organizada por imposto

para uma estrutura organizada por funções (informações/instruções, liquidação, serviço

ao contribuinte), e prosseguindo-se os esforços de racionalização dos serviços

existentes. Deste modo, reforçar-se-á a aplicação efetiva do princípio da igualdade, da

estabilidade e coerência do sistema tributário, conferindo maior segurança e

transparência nas relações com os contribuintes e assegurando o respeito pelos seus

direitos e garantias.

2.4.2. Reforço do combate à fraude e à evasão fiscais

O reforço significativo do combate à fraude e à evasão fiscais é uma prioridade da

política fiscal do Governo. Neste sentido, o Governo apresentou, em outubro de 2011, o

primeiro Plano Estratégico de Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras

(PECFEFA). Este Plano Estratégico plurianual, para o triénio de 2012 a 2014, tem por

objetivo prioritário o reforço da eficácia do combate à fraude de elevada complexidade

e à economia informal, promovendo, por essa via, uma maior equidade fiscal na

repartição do esforço coletivo de consolidação orçamental.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Página 45

Este Plano Estratégico integra um conjunto articulado de medidas de âmbito legislativo,

criminal, operacional, institucional e de relação com o contribuinte. A par de alterações

legislativas já concretizadas de reforço da eficácia dos controlos e de agravamento das

molduras penais associadas aos crimes fiscais e aduaneiros mais graves, este Plano

contempla um conjunto de medidas específicas destinadas a combater as práticas de

fraude e evasão fiscais e aduaneiras, nomeadamente nos setores e operações

considerados de elevado risco. Uma parte significativa das medidas operacionais

previstas neste Plano Estratégico está já em concretização através do Plano Nacional de

Atividades de Inspeção Tributária e Aduaneira (PNAITA) para 2012.

Para que o sistema fiscal seja mais justo e equitativo é decisivo, por um lado, promover

um alargamento da base tributável e que todos sejam chamados a contribuir de acordo

com a sua real capacidade contributiva e, por outro, que a administração tributária tenha

capacidade operacional para controlar e fiscalizar as situações de evasão fiscal.

Neste sentido, o Governo aprovou em julho de 2012 uma reforma fundamental do

regime da faturação em Portugal que cria os mecanismos necessários para uma maior

equidade fiscal e para um combate mais eficaz à informalidade e à economia paralela.

Esta reforma do regime da faturação, que vigorará a partir de 1 de janeiro de 2013, tem

5 pilares essenciais:

1) Obrigatoriedade de emissão de fatura nas transmissões de bens e prestações de

serviços:

a) Independentemente do adquirente ser uma empresa ou uma pessoa

singular;

b) Mesmo quando a fatura não seja solicitada; e

c) Nos diversos setores da atividade.

Com a obrigatoriedade de emissão de fatura (ou de fatura simplificada em

certos casos) criam-se as condições necessárias para garantir uma

melhor documentação das operações tributáveis efetuadas pelos sujeitos

passivos e, dessa forma, reforçar o combate à informalidade e à

economia paralela.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

45

Página 46

2) Instituição de um regime que regula a transmissão eletrónica dos elementos das

faturas, dos agentes económicos para a administração tributária, por via

eletrónica. Estão abrangidos por esta obrigação todas as pessoas, singulares ou

coletivas, que tenham sede, estabelecimento estável ou domicílio fiscal em

território português e aqui pratiquem operações sujeitas a Imposto sobre o

Valor Acrescentado (IVA).

3) Criação de um incentivo fiscal em sede de IRS para os consumidores que

exijam fatura. Numa primeira fase, o incentivo corresponderá a uma dedução

em sede de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS),

correspondente a 5% do IVA suportado por qualquer membro do agregado

familiar, incluído em faturas que titulam aquisições de bens e serviços em

determinados setores de atividade e comunicadas à AT, com um máximo

global de € 250.

4) Criação da obrigação dos agentes económicos de comunicação à AT (por via

eletrónica) dos documentos de transporte das mercadorias em circulação. Esta

alteração tornará o controlo das transações económicas mais eficaz e em tempo

real, permitindo simultaneamente a desmaterialização dos documentos de

transporte.

5) Reforço de efetivos: admissão de 1.000 novos inspetores e reforço da

cooperação com a Unidade de Ação Fiscal (UAF) da Guarda Nacional

Republicana (GNR). A Inspeção Tributária da AT contará com um acréscimo

de 1.000 novos inspetores, complementando assim o reforço de 350 efetivos

que foram admitidos no princípio de 2012. Adicionalmente, a intensificação da

cooperação entre a AT e a UAF da GNR, a concretizar até ao fim de 2012,

permitirá que os efetivos desta força possam intervir mais ativamente em ações

inspetivas, fortalecendo assim a determinação do Governo no reforço do

combate à evasão e na promoção da equidade fiscal.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Adicionalmente, durante o ano de 2013, o Governo continuará a executar as medidas

previstas no PECFEFA 2012-2014, destacando-se as seguintes áreas de atuação da

inspeção tributária:

a) A deteção de operadores não registados;

b) O controlo dos registos de programas de faturação bem como das máquinas

registadoras;

c) O escrutínio de estruturas dirigidas à interposição abusiva de pessoas e à

realização de operações simuladas, designadamente no âmbito da «fraude

carrossel»;

d) O controlo de situações de acréscimos de património não justificados;

e) O reforço da fiscalização das retenções na fonte, operações sobre imóveis e

reembolsos;

f) O controlo das transações intragrupo, tanto em sede de preços de

transferência como em contexto de operações de reestruturação de

participações em entidades não residentes;

g) A deteção de esquemas de planeamento fiscal envolvendo, designadamente,

negócios anómalos, paraísos fiscais ou estruturas fiduciárias.

2.4.3. Alargamento da base tributável e restruturação das taxas

O alargamento da base dos diversos impostos continuará a ser um dos vetores principais

da política do Governo no âmbito tributário, em cumprimento das obrigações assumidas

no âmbito do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro. Este alargamento

permitirá proceder à simplificação da lei e promover uma repartição equitativa do

esforço adicional de consolidação orçamental por via fiscal.

2.4.4. Alargamento da rede de convenções para evitar a dupla tributação celebradas com

outros Estados

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De modo a aumentar a competitividade do sistema fiscal português, o Governo pretende

ainda reformular a sua política fiscal internacional, procedendo ao alargamento

significativo da rede de convenções para evitar a dupla tributação. Neste momento,

Portugal encontra-se em negociações com cerca de 70 países tendo em vista a

celebração de novas convenções ou a revisão de convenções já existentes,

nomeadamente com outros países europeus.

Neste contexto, constituem objetivos primordiais a celebração e renegociação de

convenções para evitar a dupla tributação com países que representem «mercados

prioritários» para as empresas portuguesas, de forma a eliminar ou reduzir

significativamente os obstáculos à sua internacionalização e promover o investimento

estrangeiro em Portugal.

2.5. Setor empresarial do Estado

2.5.1. Alteração do regime jurídico aplicável ao setor empresarial do Estado

No âmbito do Programa de Ajustamento Económico, Portugal assumiu o compromisso

de proceder à alteração do regime jurídico aplicável às empresas públicas, com o

objetivo de disciplinar matérias nucleares e comuns a todas as entidades integradas no

setor empresarial do Estado (SEE).

A 30 de agosto de 2012, foi aprovado pelo Conselho de Ministros, a proposta de

autorização legislativa que visa a execução daquela medida criando os instrumentos

necessários a uma verdadeira reforma institucional do SEE.

Com a aprovação deste diploma, o Conselho de Ministros pretende garantir a execução

de um regime jurídico abrangente, que confira a necessária coerência e sistematização à

disciplina aplicável ao universo das empresas do SEE, nomeadamente no que respeita

ao reforço do poder de controlo e monitorização no Ministério das Finanças.

Constituem matérias nucleares deste diploma:

• A adoção de modelos e regras claras e transparentes na criação, constituição,

funcionamento e organização das empresas públicas, de acordo com as

melhores práticas internacionais;

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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• O reforço das condições de eficiência e eficácia, operacional e financeira;

• A criação de mecanismos que visem contribuir para o controlo do

endividamento do setor público.

Neste novo regime jurídico, os planos de atividades e orçamento das empresas do Setor

empresarial do Estado passam a ser eficazes apenas após aprovação do titular da função

acionista que, neste novo regime jurídico, cabe ao membro do Governo responsável pela

área das finanças.

As empresas públicas não financeiras que integram o SEE passam a necessitar de

autorização do Ministério das Finanças para aceder a financiamento superior a um ano.

Determina-se que as Empresas Públicas Reclassificadas (EPR) não podem recorrer ao

endividamento bancário, cabendo ao Estado, bancos multilaterais de desenvolvimento

ou ao Banco Europeu de Investimento suprir as suas necessidades na estrita medida do

necessário. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, E.P.E. -

passa a assumir a responsabilidade da gestão direta das carteiras de derivados para o

caso das EPR. Esta agência passa também a emitir parecer prévio e vinculativo para as

operações de derivados nas restantes empresas do SEE.

2.5.2. Reestruturação do Setor Empresarial do Estado

É de assinalar o cumprimento da determinação de corte nos custos operacionais das

empresas do SEE, cabendo às empresas potenciar os planos de redução de custos que,

segundo os compromissos no âmbito do Programa, visam um corte sustentado de pelo

menos 15% nos custos com pessoal e fornecimento de serviços externos face a 2009.

Neste âmbito, assume particular relevância a gestão de recursos humanos do SEE,

encontrando-se em curso um programa de redução de efetivos na generalidade das

empresas, que inclui rescisões voluntárias. Está também a proceder-se à adaptação dos

benefícios existentes nos Acordos de Empresa, que representam elevados custos anuais

e reduzem a flexibilidade na gestão dos recursos humanos.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Procedeu-se a uma racionalização ao nível da oferta nos sistemas de transportes

públicos de passageiros e a respetiva atualização tarifária e revisão dos diversos regimes

de bonificação, com especial impacto na Carris, STCP, ML, MP, CP e REFER.

O SEE, não considerando o efeito do justo valor e excluindo o setor da saúde, Estradas

de Portugal e Parpública, registou no primeiro semestre de 2012 uma melhoria dos

resultados operacionais face ao período homólogo de 2011. Esta melhoria reflete-se na

inversão de um prejuízo operacional agregado de 65,8 milhões de euros para uma

situação de lucro operacional no montante de 37,2 milhões de euros.

A Estradas de Portugal e a Parpública contabilizaram melhorias ao nível dos seus

resultados operacionais positivos. Estes valores evoluíram, respetivamente, de 188,7

milhões de euros para 227,2 milhões de euros e de 178,3 milhões de euros para 817,8

milhões de euros. O setor da saúde, agregando um prejuízo operacional de 87,3 milhões

de euros, assinalou uma melhoria de 26,8% face ao 2.º trimestre do 2011.

Decorrentes da reestruturação do SEE, várias empresas foram extintas ou entraram em

liquidação neste período, nomeadamente:

• EDAB - Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, S.A. (setor de

gestão de infraestruturas);

• Sociedade Frente Tejo, S.A. (setor de requalificação urbana e ambiental);

• ENATUR - Empresa Nacional de Turismo, S.A.;

• Parque Expo, S.A.;

• NAER - Novo Aeroporto, S.A.;

• Arco Ribeirinho Sul, S.A.

Foram ainda iniciados diversos processos de fusão entre empresas que atuam em áreas

complementares, nomeadamente no setor dos transportes, como sejam a Carris e o

Metropolitano de Lisboa. Este processo decorre também no setor da saúde.

2.6 Parcerias Público-Privadas

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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A experiência tem demonstrado que a contratação através de Parcerias Público-Privadas

(PPP) envolve níveis de complexidade consideráveis, designadamente no que diz

respeito a:

• Repartição adequada dos riscos envolvidos e quantificação de encargos;

• Apuramento do comparador do Setor público;

• Avaliação da eficiência que deve estar associada à opção por esta

modalidade de contratação.

No corrente ano, foi aprovado o novo regime jurídico das PPP, por forma a desenvolver,

consolidar e aperfeiçoar os princípios gerais de eficiência e economia. Estes princípios

são orientados especialmente para assegurar o rigor e a exata ponderação dos custos e

benefícios das opções tomadas, tendo em conta a criação de encargos de médio ou

longo prazo que lhes são inerentes e que poderão perdurar por várias gerações.

Neste âmbito, foi criada a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos, que

coordenará todos os processos de PPP, reforçando a capacidade de avaliação de riscos e

centralizando as competências da administração pública nesta matéria. O objetivo é

otimizar os meios técnicos e humanos ao dispor dos parceiros públicos, justificando-se a

concentração numa única entidade, sob a égide do Ministério das Finanças, das

principais responsabilidades no que se refere ao acompanhamento global, à coordenação

estratégica e à recolha e prestação de informação sobre PPP e projetos estruturantes em

geral. É igualmente essencial aperfeiçoar os procedimentos subjacentes ao lançamento,

alteração, fiscalização e acompanhamento global das PPP, de modo a fomentar a

adequada partilha de riscos e a escolha de soluções de rigor técnico e financeiro ao nível

dos diversos processos.

Em 2012, foi também realizada uma auditoria independente às 36 PPP pela Ernst &

Young, cujo trabalho foi apresentado em julho.

É de realçar que, neste momento, foi já conseguida uma poupança na ordem dos 1.000

milhões de euros em valores atualizados, através das negociações das subconcessões.

Até final de dezembro, irá ser desenvolvida uma estratégia para lidar com os restantes

contratos e assim aumentar substancialmente o valor destas poupanças.

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3.ª Opção – Cidadania, Solidariedade, Justiça e Segurança

3.1. Administração Interna

Para o desenvolvimento da atividade económica, social e cultural é indispensável

assegurar a defesa dos cidadãos e a manutenção da ordem pública e da paz social,

suportes fundamentais de um Estado de Direito. Na presente legislatura, o Governo

assume como prioridade a melhoria da eficiência da atividade operacional, ao mesmo

tempo que se pretende reduzir a complexidade das estruturas das forças de segurança e

demais serviços do Ministério da Administração Interna (MAI), bem como o reforço

dos laços de proximidade com a sociedade civil.

Neste contexto, o Governo está a proceder à reorganização das forças de segurança,

através da execução de um modelo que acentue a especialização e racionalize e elimine

sobreposições e conflitos de competências nas atividades prosseguidas por aquelas

forças.

Para a prossecução destes objetivos encontra-se previsto um conjunto de medidas

estratégicas e estruturais conducentes a ganhos de eficiência com reflexo na vertente

operacional, designadamente:

A alteração das leis orgânicas e estatutos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da

Guarda Nacional Republicana (GNR), com o objetivo de reduzir o peso burocrático

na utilização dos recursos e de incrementar a eficiência dos procedimentos;

A promoção da integração operativa do sistema de segurança interna através da

completa informatização dos postos e esquadras da GNR e PSP, da ligação integral à

Rede Nacional de Segurança Interna (RNSI), e do sistema de articulação entre órgãos

de polícia criminal;

A promoção da simplificação e racionalização de processos, da contenção da despesa

e da rentabilização dos recursos disponíveis, por forma a concentrar recursos na

capacidade operacional;

O reforço da segurança comunitária com o envolvimento da sociedade civil,

especialmente em zonas e comunidades urbanas sensíveis;

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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A execução de um plano estratégico e operacional para o inter-relacionamento entre

os organismos responsáveis pela prevenção e combate às situações de emergência e o

Serviço 112, em particular através do desenvolvimento do Centro Norte do 112,

permitindo, assim, desligar as centrais manuais da PSP;

O reforço da atuação do Estado na área da segurança privada através da

regulamentação e do controlo da atividade.

Estas orientações serão materializadas através da concretização de medidas

legislativas, administrativas e operacionais de combate à criminalidade, do reforço e

racionalização do efetivo policial e melhoria das condições de trabalho, com um

inerente aumento da qualidade do serviço prestado e consequente valorização do

papel e estatuto das forças de segurança junto da sociedade civil, e da melhoria dos

sistemas de proteção civil e de combate à sinistralidade.

O Governo promoverá a adoção de medidas operacionais que reduzam as redundâncias

e aumentem a resiliência do sistema de segurança interna (informações, segurança

pública, investigação criminal, estrangeiros e fronteiras e proteção civil), através de uma

maior articulação das forças e serviços de segurança, fortalecendo-se durante a

legislatura a rede de partilha de informações e conhecimentos.

Por outro lado, irão reforçar-se e renovar-se os dispositivos da GNR e da PSP,

avaliando-se as situações de reserva e de aposentação, e libertando-se recursos humanos

de áreas administrativas, judiciais e burocráticas, afetando-se o máximo de efetivos nas

valências operacionais e no policiamento de proximidade.

No âmbito da requalificação de infraestruturas e equipamentos da Administração

Interna pretende-se o seu incremento através do estabelecimento de uma parceria com a

Administração Local, tendo em vista o melhor aproveitamento de fundos comunitários.

No contexto da política de imigração e controlo de fronteiras, serão reforçadas as

parcerias internacionais na área da gestão dos fluxos fronteiriços, prosseguindo-se a luta

contra a imigração clandestina e o tráfico de seres humanos. Será dada especial atenção

ao reforço das relações com os Estados membros da União Europeia, especialmente em

decisões que resultem do ajustamento do Tratado de Schengen.

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O Governo considera prioritário o reforço do combate à sinistralidade rodoviária,

avaliando o sistema em execução e reforçando, em coordenação com as instituições da

sociedade civil, a aposta na prevenção e na fiscalização seletiva dos comportamentos de

maior risco, dedicando especial atenção à sinistralidade em meio urbano e à condução

sobre o efeito do álcool ou de substâncias psicotrópicas.

Será prosseguida a simplificação e racionalização dos processos de contraordenações

rodoviárias, procurando sinergias com outras áreas que efetivem a redução dos tempos

processuais.

No período 2013-2016, o Governo irá reforçar o sistema de proteção civil intensificando

o aproveitamento de sinergias operacionais entre ministérios responsáveis pelas áreas da

segurança interna, da justiça, da defesa nacional, da administração local e da saúde,

sendo de destacar a integração, num único dispositivo, de meios aéreos das missões de

prevenção e combate a incêndios florestais e o helitransporte de doentes

urgentes/emergentes, com vista à promoção de economias de escala e redução de custos.

Pretende-se assegurar aos corpos de bombeiros as condições adequadas ao seu bom

desempenho, nomeadamente de equipamentos e instalações, em função das

necessidades e dos riscos específicos de cada zona, e clarificar os diversos níveis de

intervenção operacional. No âmbito da avaliação do dispositivo existente, será

atualizado o recenseamento nacional dos bombeiros portugueses.

Finalmente, o Governo pretende promover as alterações necessárias ao processo de

recenseamento eleitoral, ajustando os procedimentos administrativos, por forma a

garantir a fiabilidade dos procedimentos eleitorais e a permanente atualização dos

cadernos eleitorais.

3.2. Justiça

A Justiça é um pilar incontestável de uma sociedade democrática e livre, o garante de

que cada indivíduo encontra no espaço social o seu lugar, com o exercício pleno e

adequado dos seus direitos, constituindo, ao mesmo tempo, um fator de eficiência da

economia.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Mantém-se, pois, necessariamente como incontornável a opção de fundo do Governo no

ano de 2013, dando seguimento às linhas orientadoras traçadas nas Grandes Opções do

Plano (GOP) para 2012-2015, que assumiram claramente o reforço do sistema de

Justiça.

O ano de 2012 foi muito claro na definição de soluções para a melhoria global do

reforço da resposta judicial, quer com a conceção de um novo quadro de organização

dos tribunais de primeira instância, submetido a profícuas discussões com os parceiros

judiciários, quer com a adoção de medidas sem precedentes para melhoria da resposta

dos tribunais a situações de grande estrangulamento.

No quadro da ampla reforma do sistema de organização judiciária, foram colocados a

escrutínio e apreciação pública documentos definidores dos princípios estratégicos

estruturantes da reforma, amplamente melhorados na sequência das consultas públicas

havidas, e que sustentarão a definição dos necessários diplomas legais até ao final de

2012.

Cumprindo o estipulado nas GOP 2012-2015, o Mapa Judiciário foi reavaliado e, por

essa via, assente em centralidades territoriais reconhecidas pelos cidadãos,

preconizando-se a criação de estruturas de gestão próximas das realidades locais e com

efetivos poderes de intervenção na gestão de processos.

Idêntica ampla consulta tem vindo a ser promovida no que se refere ao Plano de Ação

para a Justiça na Sociedade de Informação.

Na linha destes trabalhos, em 2013 será concluída a aprovação de um conjunto de

diplomas de reestruturação do sistema de justiça, destacando-se a nova Lei de

Organização e Funcionamento do Sistema Judiciário e o decreto-lei que a regulamenta,

bem como a redefinição dos quadros de pessoal dos tribunais de 1.ª Instância.

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Preveem-se para 2013 os grandes desafios do início da operacionalização de toda uma

nova estrutura de organização dos tribunais judiciais de primeira Instância, no âmbito

dos quais a articulação entre o Governo e os operadores e parceiros judiciários assume

relevo essencial. Esta operacionalização estará concluída apenas em 2014, pelo que

importará garantir uma monitorização próxima no seu ano de arranque, por forma a

aferir da adequação do modelo organizacional à prática do sistema, discutindo com os

parceiros os ajustamentos que se revelem necessários.

Também neste período serão consagradas alterações aos estatutos profissionais de

magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público, carreiras de oficiais de justiça,

enquadramento da atividade dos agentes de execução, com vista à consagração de

regras que possibilitem resposta adequada aos novos desafios que a melhoria global do

sistema da Justiça em Portugal impõe, numa perspetiva integrada e holística de todo o

sistema – organizativo, funcional e de recursos humanos.

No que respeita às carreiras dos profissionais da Justiça, sendo condição de um pleno

Estado de Direito, tanto em independência judicial como em autonomia do Ministério

Público, 2013 transporta consigo o desafio de promover a maior integração dos corpos

reguladores destas entidades na concertação de esforços para a melhoria sensível da

qualidade - e da perceção da qualidade pelos cidadãos e empresas - dos serviços

judiciais, em todas as suas vertentes. O Governo apresentará, até à vigência das

reformas estruturais processuais, mecanismos intercalares para resolver as questões do

atraso na ação executiva.

O Governo está, assim, profundamente empenhado na construção de um melhor sistema

de Justiça em Portugal, por considerar que um dos benefícios que tal melhoria promove

se situa no âmago da legitimidade do próprio sistema e dos seus operadores, essencial

para a paz social e para a confiança do cidadão no seu país.

Nesta linha, pretende-se estabelecer a gestão do sistema judicial em função de objetivos,

preferencialmente quantificados, cujas grandes linhas devem ser acordadas com os

Conselhos Superiores de magistrados, no pleno exercício das suas funções.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Num segundo domínio, foi possível, com a criação de equipas especiais para resposta

adicional à acumulação de processos, num esforço conjunto com o Conselho Superior

da Magistratura e com o Conselho dos Tribunais Administrativos e Fiscais, promover

até ao final do mês de julho a conclusão de cerca de 95.400 processos de execução e de

cerca de metade dos processos fiscais de valor superior a 1 milhão de euros que se

encontravam pendentes.

O Governo continuará, ao longo do ano de 2013, empenhado em promover as

adequadas medidas especiais que permitam o reforço da resposta do sistema de Justiça.

Na sequência dos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos em 2012, no âmbito da

Reforma do Processo Civil, o Código do Processo Civil concluirá o processo legislativo

em 2013 e entrará em vigor nesse ano. Assim, espera-se iniciar em 2013 a

monitorização do impacto da reforma do processo civil no funcionamento da justiça,

designadamente no que respeita à conclusão de processos em tempo útil e razoável.

No âmbito da promoção do acesso universal à Justiça e ao Direito, para tutela judicial

efetiva dos interesses legítimos dos cidadãos e dos agentes económicos, 2012 foi um

ano marcante no aumento da fiscalização interna do sistema do acesso ao direito, por

forma a garantir que os recursos financeiros do Estado são repartidos da forma mais

justa possível, mercê da garantia da prestação efetiva do trabalho no âmbito do apoio

judiciário, que apenas assim pode ser estendido a todos os que dele efetivamente

necessitam.

É um processo que se prolongará para o ano de 2013, não só na vertente do aumento da

transparência do regime do acesso ao direito, mas também da introdução de melhorias

reais no regime do apoio judiciário.

Em 2013 será ainda oportuno promover uma melhor coordenação entre os meios e

estruturas de resolução alternativa de litígios e a própria organização judiciária, não para

confundir as suas diferentes naturezas e legítimos pressupostos, mas para promover a

possível criação de sinergias e a melhor resposta aos cidadãos.

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Outro pilar fundamental do sistema e, portanto, prioridade estabelecida para 2013-2016,

é o combate à corrupção e o reforço da justiça penal, respeitando as garantias de defesa

e contribuindo para melhorar a imagem da justiça criminal.

Em 2012 foram apresentadas e aprovadas na generalidade pela Assembleia da

República propostas de revisão do Código Penal, do Código de Processo Penal e do

Código de Execução de Penas, que promovem um claro investimento na credibilização

da justiça penal, nas garantias dos direitos dos cidadãos e no reforço do estatuto penal

das vítimas. Nestas propostas consagram-se novos direitos de informação, apoio e

intervenção no processo e eliminam-se expedientes dilatórios.

As propostas do Governo representam ainda uma reforma intercalar, mas que se

impunha desde já, esperando-se que entrem em vigor em 2013. Sem prejuízo, o

Governo está apostado em promover a reforma sistémica do Código Penal e do Código

do Processo Penal, num processo que deverá iniciar-se em 2013.

No domínio da credibilização da justiça penal destaca-se a confirmação do papel de

uma polícia de investigação criminal especializada na investigação de crimes de maior

complexidade, cuja estrita dependência da lei, liberta de funções de natureza de

policiamento de proximidade (que acarretam necessárias relações sociais próximas com

as situações em investigação) constitui por si uma garantia adicional da credibilidade do

sistema penal em Portugal.

Procurar-se-á assim, no horizonte 2013-2016, melhorar as condições de exercício de

funções da Polícia Judiciária promovendo, já em 2013, a revisão do enquadramento

legal das respetivas carreiras, o que, associada à mudança para as novas instalações,

dotadas de excelentes condições, permitirá um reforço real da capacidade de resposta

desta Polícia.

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O Governo mantém como prioridade o combate à corrupção, tendo já em 2012 sido

criado o Gabinete de Recuperação de Ativos e promovida a articulação com peritos para

o combate ao crime económico. Para 2013 será ainda efetuada uma aposta forte na

formação neste domínio, com a inclusão nos programas do Centro de Estudos

Judiciários de cursos visando aprofundar conhecimentos para o combate ao crime

económico.

Espera-se, assim, que em 2013 seja aprovada no âmbito parlamentar a lei contra o

enriquecimento ilícito, dotando-se assim Portugal dos meios necessários para uma

melhor resposta de combate à corrupção.

Em 2012 teve início o processo de revisão do Código do Procedimento Administrativo,

do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais e do Código do Processo dos

Tribunais Administrativos e Fiscais, com a constituição da comissão de revisão destes

diplomas, sendo prevista a apresentação das primeiras propostas em 2013.

Também em 2012 foi promovida, pelo Governo, quer a adoção dos princípios

orientadores da recuperação extrajudicial de devedores, com o propósito de fomentar o

recurso ao procedimento extrajudicial de recuperação de empresas, bem como de

contribuir para o aumento do número de negociações concluídas com sucesso, quer a

alteração do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), no sentido

da simplificação de formalidades e procedimentos. O novo CIRE veio, ademais,

instituir o processo especial de revitalização, um mecanismo célere e eficaz que

possibilita a revitalização dos devedores que se encontrem em situação económica

difícil ou em situação de insolvência meramente iminente.

O Governo desenvolverá o novo regime jurídico do processo de inventário.

São amplos os desafios que o Governo abraça com a reforma estrutural e integrada do

sistema de Justiça em Portugal, e que em 2012 avançou já em larga medida, investindo

nos alicerces da sua evolução e melhoria sustentada e discutida com todos os parceiros

judiciários, cujo horizonte se prolonga para 2013-2016.

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3.3. Solidariedade e segurança social

O Governo assumiu no seu programa a necessidade de aprofundar um conjunto alargado

de iniciativas e de executar medidas concretas que, assentes na salvaguarda da

dignidade das pessoas, possam garantir mínimos vitais de subsistência e de bem-estar,

particularmente aos mais vulneráveis, as crianças, os idosos, as pessoas com deficiência,

os desempregados e todas as pessoas que se encontrem em situação de carência e de

vulnerabilidade social.

Neste sentido, o trabalho tem-se pautado pelo reforço da articulação com as instituições

da sociedade civil, designadamente as instituições particulares de solidariedade social

(IPSS), as misericórdias e as mutualidades, alargando a sua esfera de intervenção e

promovendo uma maior flexibilidade e autonomia de ação de forma a potenciar um

maior leque de respostas de apoio social mais ajustadas às necessidades emergentes da

população. Para tanto, foi assinado um Protocolo de Cooperação, plurianual, entre o

Ministério da Solidariedade e da Segurança Social (MSSS) e a União das Misericórdias

Portuguesas (UMP), a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS)

e a União das Mutualidades, em janeiro de 2012.

Cumulativamente, a atual conjuntura tem exigido, por um lado, a continuidade de um

conjunto de medidas e programas com impacto no combate às situações de maior

pobreza e exclusão e, por outro, obrigando a uma forte intervenção sobre os novos

fenómenos de pobreza gerados pela crise económica e financeira, fazendo assentar essa

intervenção numa resposta extraordinária corporizada no Programa de Emergência

Social (PES).

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3.3.1. Programa de Emergência Social

O PES identifica as situações de resposta social mais urgentes e encontra-se aberto a

novas medidas e soluções, ou mesmo a soluções à medida, com mecanismos de

execução passíveis de ajustamento no terreno. Este Programa foi lançado em outubro de

2011, para vigorar, pelo menos, até dezembro de 2014, e assenta na promoção e

proteção dos direitos dos mais excluídos e de muitos que estão numa situação de tal

desigualdade que necessitam de medidas que possam minorar o impacto social da crise.

Assim, concentra a sua ação em cinco áreas essenciais de atuação:

Responder às famílias confrontadas com novos fenómenos de pobreza;

Responder aos mais idosos, com rendimentos muito degradados e consumo de saúde

muito elevados;

Tornar a inclusão da pessoa com deficiência uma tarefa transversal;

Reconhecer, incentivar e promover o voluntariado;

Fortalecer a relação com as instituições sociais e com elas contratualizar respostas.

Este Programa tem como objetivos prioritários combater a pobreza, reforçar a inclusão e

coesão sociais, bem como ativar as pessoas, capacitando-as e incentivando-as através de

atividade socialmente útil, combatendo o desperdício, fomentando a responsabilidade

social e dinamizando o voluntariado. Neste contexto, conta com o contributo essencial

das entidades da Economia Social e foi desenhado em estreita colaboração com a

Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), União das

Mutualidades e Misericórdias por serem estas as organizações que, estando no terreno,

melhor compreendem a realidade.

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O PES tem inscrito um vasto conjunto de medidas que já se encontram em fase de

concretização. Entre as várias medidas encontra-se a revisão da legislação relativa ao

Fundo de Socorro Social (FSS), de forma a definir com clareza as finalidades do fundo,

identificar as suas receitas, bem como as situações passíveis de apoio e respetivo

enquadramento procedimental, numa ótica de consolidação legislativa, transparência,

certeza e segurança jurídicas. Neste contexto, não perdendo de vista os princípios que

presidiram ao Fundo, perspetiva-se a concessão de apoios em situações de emergência

social, alerta, contingência ou calamidade e de exclusão social, assim como o apoio às

instituições de solidariedade social que prossigam fins de ação social.

As medidas cuja execução foi iniciada em 2012 continuarão a ser executadas, com

destaque para a regulamentação da medida de promoção e proteção de acolhimento

institucional para crianças e jovens em risco (casas de acolhimento temporário, lares de

infância e juventude e apartamentos de autonomização), assim como para a

regulamentação do centro de atividades ocupacionais. Ainda, neste âmbito, merece

referência a revisão do licenciamento dos equipamentos sociais.

3.3.2. Combate à pobreza e reforço da inclusão e coesão sociais

As medidas de combate à pobreza e de reforço da inclusão e da coesão sociais

encontram-se fortemente articuladas entre si, e têm vindo a ser dinamizadas e

executadas no âmbito do PES.

Para além da atualização das pensões mínimas, sociais e rurais em 3,1%, a opção

governativa contemplou medidas tais como a atualização dos coeficientes de

revalorização das remunerações anuais que servem de base de cálculo das pensões.

Tendo como preocupação a desburocratização e a simplificação do respetivo

procedimento administrativo, com vista ao reforço da eficácia da proteção garantida por

esta prestação e ao combate ao abuso e à fraude, procedeu à revisão global do

rendimento social de inserção (RSI), e ao estabelecimento das regras referentes à

atribuição ao pedido de renovação da prestação do RSI e ao contrato de inserção.

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Foram ainda concretizadas as medidas de proteção social, de natureza contributiva,

garantida aos trabalhadores independentes economicamente dependentes na cessação de

atividade e a proteção social garantida aos administradores e gerentes e aos

trabalhadores independentes com atividade empresarial na cessação da atividade.

No plano do apoio às famílias de menores recursos, salientam-se o desenvolvimento do

mercado social de arrendamento – executado no âmbito de uma parceria entre o Estado,

as Câmaras Municipais e entidades bancárias - que promove a utilização de casas a

preços inferiores aos do mercado (rendas até 30% abaixo relativamente aos valores

normalmente praticados em mercado livre), bem como a criação de tarifas sociais no

setor dos transportes, e no preço dos serviços de fornecimento de eletricidade e gás

natural. Os descontos sociais de energia incluem um apoio social Extraordinário ao

consumidor de energia, uma tarifa social de, gás e uma tarifa social, de Eletricidade, que

são cumulativos.

No âmbito do combate à pobreza extrema e à exclusão, destaca-se a criação do

Programa de Emergência Alimentar, inserido na Rede Solidária de Cantinas Sociais,

que permite garantir às pessoas e/ou famílias que mais necessitem, o acesso a refeições

diárias gratuitas. Encontra-se em fase de finalização o Protocolo com vista à criação do

Banco de Medicamentos e o alargamento do Banco Farmacêutico e das farmácias com

responsabilidade social, o que permitirá o acesso a medicamentos em condições mais

favoráveis à população mais vulnerável.

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No que respeita à inclusão e participação social das pessoas com deficiências ou

incapacidades realça-se a execução das medidas inseridas na Estratégia Nacional para a

Deficiência (ENDEF). Tendo em atenção que a acessibilidade é uma componente

essencial para a inclusão e participação social das pessoas com deficiência e suas

famílias, procedeu-se à alteração do regime da propriedade horizontal no Código Civil,

possibilitando a estas pessoas a criação de condições de acessibilidade não dependentes

de maioria em assembleia de condomínio. Elaborou-se o relatório respeitante à 1ª fase

do Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade (PNPA) e foi apresentada a 2ª fase

de execução do PNPA. Foi, ainda, apresentado um projeto com alterações ao Decreto-

Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, que inclui as normas técnicas de acessibilidade

permitindo uma maior exequibilidade do diploma, bem como a fiscalização.

Procedeu-se, igualmente, à elaboração do relatório anual da lei que proíbe a

discriminação em razão da deficiência e no risco agravado de saúde e do 1.º Relatório

no âmbito da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Foi também reforçada a comparticipação financeira no Programa Paralímpico,

permitindo assim assegurar a integração da área da deficiência intelectual.

Em termos de prioridades de ação, são de salientar:

O combate à pobreza e o reforço da inclusão e da coesão, enquanto pilares fundamentais

da ação governativa, prosseguirão com o apoio às pessoas de menores recursos e que se

encontram mais expostas a situações de pobreza e exclusão.

O Governo continuará a analisar o quadro global das políticas de combate ao

desemprego, dando especial relevância aos novos desafios colocados aos sistemas de

proteção, e a contribuir para a estimação dos efeitos físicos e financeiros das alterações

no âmbito das prestações de desemprego.

As políticas de apoio aos grupos socialmente mais vulneráveis privilegiarão o

desenvolvimento de respostas integradas no domínio da formação e do emprego que

permitam uma estreita articulação entre o conteúdo dessas ações e as especificidades

desses grupos, em particular os desempregados de longa duração e os beneficiários do

RSI.

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A intervenção junto da população mais idosa centrar-se-á no prosseguimento do

alargamento dos serviços de apoio domiciliário, permitindo aos idosos a manutenção da

sua residência e do seu quotidiano diurno autónomo, mas precavendo e apoiando a sua

segurança no período noturno.

Também a inclusão e participação das pessoas com deficiência ou incapacidade

continuará a ser prioritária, prosseguindo o acompanhamento: i) da execução das

medidas previstas na Estratégia Nacional para a Deficiência; ii) das medidas previstas

para a 2.ª fase do Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade; e iii) da aplicação da

lei que proíbe a discriminação em razão da deficiência e no risco agravado de saúde.

Procurar-se-á envolver as universidades e os centros de investigação no

desenvolvimento de metodologias que permitam avaliar a utilização dos recursos

públicos no âmbito das políticas sociais.

3.3.3. Economia social

Ainda no sentido de promover a sustentabilidade financeira das instituições sociais, o

Orçamento de Estado (OE) para 2012 garantiu a salvaguarda da isenção de IRC para as

instituições sociais e foi, ainda, possível garantir a instituições sociais a devolução de

50% do IVA com as despesas em obras. Com o mesmo intuito de apoio a este setor, foi,

igualmente, reforçada a verba em ação social no OE de 2012, com vista a fortalecer as

instituições que dão resposta e o apoio às famílias e aos portugueses que passam

maiores dificuldades. Em junho foi assinado um Protocolo para a criação de uma linha

de crédito de apoio a instituições sociais, por sete anos, com juros bonificados.

De referir, igualmente, que se encontra em curso a modernização do sistema de registo

das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

Por seu turno, na assunção de que o voluntariado é uma atividade inerente ao exercício

de cidadania que se traduz numa relação solidária para com o próximo, está a ser

ultimado o Plano Nacional de Voluntariado, transversal a várias áreas com o objetivo de

estimular a coesão social.

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Dando continuidade ao trabalho em curso, prosseguirá o esforço de avaliação e

acompanhamento dos instrumentos e do suporte legal da cooperação entre o Estado e as

instituições sociais e serão exploradas medidas para resolução dos problemas

decorrentes da ação desenvolvida pelas instituições no âmbito da cooperação. Serão

ainda estudados e avaliados modelos das políticas de ação social para diferentes níveis

territoriais e grupos-alvo, nomeadamente no que concerne ao planeamento da Rede de

Serviços e Equipamentos Sociais, ao financiamento e provisão dos serviços, bem como

às adaptações necessárias para responder ao envelhecimento demográfico e às

migrações internas.

Continuará a desenvolver-se o trabalho de modernização do sistema de registo das

IPSS, informatizando e simplificando o processo de registo.

Por outro lado, será revisto o Estatuto do Mecenato e o Estatuto de Utilidade Pública,

através da concessão de maiores facilidades na atribuição de apoios a estas entidades,

desburocratizando o apoio do Estado, das empresas e da sociedade civil.

Proceder-se-á ao alargamento da rede de Serviços de Informação e Mediação para as

Pessoas com Deficiência com as autarquias locais, possibilitando uma informação e

encaminhamento mais próximo das pessoas com deficiência e das suas famílias.

3.3.4. Família e natalidade

As creches assumem um papel determinante para efetiva conciliação entre a vida

familiar e profissional das famílias. Importa, nesse sentido, fortalecer uma rede de

resposta que proporcione à criança um espaço de socialização e desenvolvimento

integral, que inicie e salvaguarde um percurso educativo, ao mesmo tempo que auxilia a

manutenção do sustento parental ou o reencontro destes com o mercado de trabalho.

Nesse sentido o Governo procedeu a uma otimização da capacidade de resposta de

creches. A medida, inscrita no PES, permitiu aumentar, sem pôr em causa parâmetros

de segurança e qualidade, de 8 para 10 o número de vagas para crianças nas salas de

berçário; de 10 para 14 nas crianças das salas entre o 1.º e o 2.º ano; e de 15 para 18 nas

crianças a partir dos 2 anos.

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Também ao nível das famílias com pessoas idosas se aprofundou a resposta prestada.

Possibilitou-se um aumento da capacidade instalada nos lares. O alargamento da

capacidade total das estruturas residenciais, sem abdicar da qualidade, foi também

potenciado pela extensão da sua capacidade máxima que poderá agora estender-se até

aos 120 residentes. Por outro lado, alargaram-se os serviços de apoio domiciliário.

Num contexto em que se torna premente uma maior proteção familiar, outras medidas

foram também acauteladas, nomeadamente, a isenção de IRS das prestações sociais, o

que poderá para famílias mais desprotegidas constituir uma salvaguarda importante; a

majoração em 10% do subsídio de desemprego para casais com filhos a cargo; a criação

dos descontos sociais de energia para agregados familiares com mais dificuldade; o

reforço das escolas TEIP; o alargamento do subsídio de desemprego para trabalhadores

independentes; a manutenção do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF);

e a criação do mercado de arrendamento social, que constitui uma nova resposta a

famílias que se viram confrontadas com o desemprego ou o endividamento.

As medidas sugeridas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Económico (OCDE) para inverter a tendência de queda da taxa de natalidade e para

potenciar a diminuição da pobreza infantil serão objeto de estudo aprofundado.

No âmbito da conciliação entre a vida privada e familiar e a atividade profissional,

prosseguirá a exploração de novos caminhos, com vista a reforçar o apoio aos agregados

com pessoas dependentes. Por outro lado, prosseguirá a possibilidade de potenciar as

respostas ao nível dos equipamentos de prestação de cuidados às crianças.

3.3.5. Promover a sustentabilidade da segurança social

Num quadro de uma abordagem de curto prazo, o estímulo ao envelhecimento ativo tem

estado patente ao longo do ano na programação e em medidas inseridas no âmbito do

Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. Neste

âmbito de estímulo ao prolongamento da vida ativa procedeu-se à suspensão das normas

do regime de flexibilização que regulam a matéria relativa à antecipação da idade de

acesso à pensão de velhice, mantendo-se, no entanto, a possibilidade de acesso

antecipado à pensão de velhice nas situações de desemprego involuntário de longa

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duração.

Neste domínio, procedeu-se igualmente à alteração do regime jurídico de proteção no

desemprego dos trabalhadores por conta de outrem, beneficiários do regime geral de

segurança social, de modo a adequá-lo à realidade económica e financeira do país, sem

esquecer a realidade social subjacente a esta eventualidade. Deste modo, para além da

majoração temporária de 10% do montante do subsídio de desemprego nas situações em

que ambos os membros do casal sejam titulares de subsídio de desemprego e tenham

filhos a cargo, abrangendo esta medida igualmente as famílias monoparentais, reduziu-

se de 450 para 360 dias o prazo de garantia para o subsídio de desemprego, de modo a

alargar a proteção aos beneficiários com menores carreiras contributivas.

O limite máximo do montante mensal do subsídio de desemprego foi objeto de uma

redução, mantendo-se os valores mínimos de forma a salvaguardar os beneficiários com

menores salários. Os períodos de concessão do subsídio de desemprego foram

reduzidos, passando o prazo máximo de concessão para 540 dias e mantendo-se o

direito aos acréscimos em função da idade do beneficiário e do número de meses com

registo de remunerações no período imediatamente anterior à data do desemprego. No

entanto, para trabalhadores com carreira contributiva mais longa encontra-se garantida a

possibilidade de ultrapassar esse limite, especialmente acima dos 50 anos.

Com vista à dinamização e inserção no mercado de trabalho da população

desempregada foi criada a possibilidade do pagamento parcial do montante único das

prestações de desemprego em acumulação com a continuação do pagamento das

prestações de desemprego. Procedeu-se, ainda, a alterações pontuais ao regime jurídico

de proteção no desemprego com vista a melhorar a eficácia e eficiência da proteção e a

reforçar as condições de atribuição e manutenção das prestações. Estas alterações ao

regime de proteção no desemprego pressupõem uma execução em estreita articulação

com o reforço das políticas ativas de emprego, com vista a um efetivo e real reforço de

empregabilidade dos desempregados.

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Ainda neste quadro, foi instituído um regime jurídico de proteção na eventualidade de

desemprego, de natureza contributiva, que tem como âmbito pessoal os trabalhadores

independentes que obtenham de uma única entidade contratante 80% ou mais do valor

total dos seus rendimentos anuais resultantes da atividade independente.

De forma a contribuir para a garantia da sustentabilidade do sistema de segurança

social, foram iniciados os estudos prévios que permitirão desencadear um processo de

reflexão sobre a alteração do modelo da segurança social no médio e longo prazo,

tornando-o atuarialmente equilibrado e incentivador da poupança.

Também no âmbito da melhoria da eficácia do sistema e da simplificação do

cumprimento e regularização das obrigações contributivas, foi aprovado um diploma

que autoriza o pagamento diferido à Segurança Social de contribuições a regularizar,

desde que estas não traduzam situações de incumprimento. Esta mudança no Código

Contributivo torna ainda mais definido o regime especial de celebração de acordos de

regularização voluntária de contribuições e quotizações devidas à Segurança Social.

Outra modificação feita nesta lei foi a regulamentação das alterações na base de

incidência contributiva dos trabalhadores independentes. Com este diploma torna-se

também possível a reavaliação do escalão aproximando os rendimentos efetivos dos

descontos para a Segurança Social.

O Governo prosseguirá o aprofundamento e a concretização das iniciativas e das

medidas concretas que possam garantir mínimos vitais de subsistência e de bem-estar,

particularmente aos mais vulneráveis, as crianças, os idosos, as pessoas com deficiência,

os desempregados e todas as pessoas que se encontrem em situação de carência e de

vulnerabilidade social.

Prosseguir-se-á, igualmente, o reforço da proteção e inclusão social, nomeadamente por

via do aumento da cobertura dos serviços e respostas sociais e do aumento da eficácia

dos programas e iniciativas de promoção do desenvolvimento social, bem como o

esforço de aperfeiçoamento do Regulamento de apoio a projetos das Organizações não

Governamentais (ONG), potenciando um maior leque de respostas de apoio social e

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mais ajustadas às necessidades das pessoas com deficiência e das suas famílias. Prevê-

se, igualmente, regulamentar a Lei das Associações de Pessoas Portadoras de

Deficiência.

Neste quadro, procurar-se-á aprofundar o conhecimento dos desafios económicos,

orçamentais e sociais colocados pela conjugação do envelhecimento demográfico com

as baixas taxas de natalidade, nomeadamente através do aprofundamento da análise dos

impactos no mercado de trabalho e a interação com a segurança social. Serão

sistematizados e discutidos os elementos que permitam a definição de uma estratégia de

envelhecimento ativo abrangente e integrada.

Será feito um esforço para garantir o cumprimento contributivo, tanto pelo reforço das

ações de prevenção de evasão contributiva, como pela redução dos erros verificados nas

declarações de remunerações.

Apostar-se-á na melhoria do desempenho na atribuição das prestações pelo reforço das

ações de prevenção de fraude dos beneficiários, pela redução das prestações

indevidamente atribuídas e pela recuperação das prestações indevidamente pagas.

3.4. Administração local e reforma administrativa

O Governo, em cumprimento da agenda reformista com a qual se comprometeu,

aprovou, no ano de 2012, um conjunto de alterações legislativas que visam a execução

das medidas assumidas.

Com efeito, o Governo apresentou à Assembleia da República uma Proposta de Lei,

referente ao regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica, a

qual foi aprovada.

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De acordo com este diploma, e em especial com os prazos nele incluídos, até ao final do

ano 2012 a Assembleia da República aprovará um novo mapa territorial autárquico, o

qual terá efeitos a partir das eleições gerais autárquicas de 2013.

Importa referir que, como foi assumido, esta reforma determinará a otimização e a

racionalização do número de órgãos autárquicos, reforçando a intervenção das

freguesias como estratégia de desenvolvimento.

O Governo assumirá, assim, no próximo ano, um papel fundamental no

acompanhamento da execução deste domínio da reforma administrativa, em articulação

com os autarcas e com a população.

O setor empresarial local (SEL) constitui um dos eixos estruturantes da reforma em

curso, assumindo vital importância ante a atual realidade económica, financeira e

orçamental. Com efeito, concluídos os trabalhos referentes ao Livro Branco do Setor

Empresarial Local, deu-se corpo legal às conclusões apresentadas, tendo como objetivo

a otimização da relação custo-benefício das estruturas empresariais, assegurando, do

mesmo passo, a sua adequação e tendencial autossustentabilidade. Encontra-se em

vigor, desde 1 de setembro, um novo regime jurídico da atividade empresarial local e

das participações locais.

Com o regime aprovado, estabelece-se uma delimitação mais adequada do perímetro

das entidades empresariais sujeitas à influência dominante dos municípios,

comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas, introduzindo-se, ainda,

mecanismos de reporte mais apurados e efetivos, a par do aperfeiçoamento dos

instrumentos de controlo dos fluxos financeiros mantidos entre as empresas locais e as

respetivas entidades públicas participantes, potenciando-se a redução dos custos de

funcionamento e de contexto que a atual conjuntura reclama.

Com este diploma estima-se uma redução de 40 a 50% do número de empresas locais,

mantendo-se aquelas que, cumprindo as regras e os critérios definidos,

comprovadamente têm condições para a prossecução das suas finalidades com

qualidade e sustentabilidade.

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Encontra-se também já em vigor a lei que estabelece o novo Estatuto do Pessoal

Dirigente da Administração Local. Com este diploma, introduziu-se racionalidade e

disciplina num domínio onde a ausência de critério era regra.

Ao invés da redução proporcional e universal dos dirigentes municipais em 15%,

conforme se previa no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira,

estabeleceram-se regras de maior racionalidade, levando a que, inclusivamente, muitos

municípios possam aumentar o número de dirigentes, sendo certo que em muitos outros

o número de dirigentes a reduzir suplanta de forma significativa os 15%, alcançando-se,

no cômputo global, uma redução não inferior a 18%.

Destaca-se, ainda, para o ano de 2013, o acompanhamento que será efetuado junto das

autarquias locais quer na aplicação da Lei dos Compromissos, quer ainda nas

candidaturas ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). Com efeito, a linha de

crédito disponibilizada no âmbito do PAEL visa permitir aos municípios a regularização

de parte das suas dívidas, constituindo este Programa um importantíssimo estímulo à

economia local.

Em 2013 entrará, ainda, em vigor o regime jurídico das autarquias locais, das entidades

intermunicipais e da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e

para as entidades intermunicipais, assim como da delegação de competências do Estado

nas autarquias locais e nas entidades intermunicipais.

Com esta reforma visa-se cumprir um desígnio fundamental na prestação do serviço às

populações: atribuir o exercício das competências às entidades que se encontrem em

melhores condições para as exercer. Adicionalmente, no que tange às Finanças Locais, a

revisão a operar terá como objetivo criar condições para a sustentabilidade financeira

das autarquias e para um novo paradigma de receita própria, reforçando os mecanismos

de disciplina, tanto a nível orçamental, como na gestão de recursos humanos.

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3.5. Comunicação Social

De acordo com o Programa do Governo, o Grupo RTP verá alterado o seu modelo

institucional de gestão em 2013 na sequência da aplicação do plano de sustentabilidade

económica e financeira da empresa, por um lado, e da sua inserção no perímetro

orçamental do Estado (Orçamento do Estado), por outro.

Este critério de exigência e de responsabilidade norteará igualmente a relação do

Governo, enquanto acionista maioritário, com a Agência Noticiosa LUSA através da

aplicação de um novo contrato de concessão.

O Estado manterá uma política de apoio financeiro à comunicação social, regional e

local, e acompanhará ativamente os grandes debates que se desenvolvem na esfera

internacional sobre a comunicação social. O Estado manterá um diálogo permanente

com o setor e promoverá as alterações legislativas que se mostrem necessárias para

fazer face aos permanentes e velozes desenvolvimentos tecnológicos e de mercado e

que permitam a diminuição dos encargos e burocracias para os operadores.

A concretização do objetivo de promover uma comunicação social pluralista e

responsável passa, fundamentalmente, pela garantia da liberdade de expressão e de

informação, do pluralismo e da independência dos órgãos de comunicação social, para o

que a existência de um serviço público de rádio e de televisão de qualidade constitui um

contributo incontornável. Neste contexto, as opções a prosseguir são: assegurar uma

comunicação social livre e plural; oferecer um serviço público de qualidade e incentivar

a comunicação social regional e local.

O Governo manterá uma política de apoio financeiro à comunicação social, regional e

local, e acompanhará ativamente os grandes debates que se desenvolvem na esfera

internacional sobre a comunicação social.

Irá também ser revisto o regime de incentivos à comunicação social regional,

restabelecendo as garantias de isenção na sua atribuição e valorizando os apoios que

visem a qualificação das empresas e a criação de novos serviços on-line trata-se de

medidas incontornáveis para a consolidação deste importante setor.

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3.6. Igualdade de género, violência doméstica e integração de populações imigrantes e

das comunidades ciganas

O Governo tem vindo a executar as medidas previstas nos três Planos Nacionais - IV

Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cidadania e Não Discriminação (IV PNI), IV

Plano Nacional contra a Violência Doméstica (IV PNCVD) e II Plano Nacional contra o

Tráfico de Seres Humanos 2011‐2013 (II PNCTSH).

No âmbito do IV PNI, procedeu-se, designadamente, à nomeação dos conselheiros e das

conselheiras para a igualdade, e à elaboração ou revisão dos respetivos planos

ministeriais. Destaca-se, igualmente, a conclusão da elaboração dos Guiões de

Educação, Género e Cidadania, o reforço do relacionamento com os municípios com

vista à elaboração de Planos Municipais para a Igualdade, a publicação da Portaria que

criou a medida “Estímulo 2012”, relativa, nomeadamente, ao incentivo à contratação de

mulheres com baixas qualificações, o início do processo de diálogo com a Comissão

Permanente de Concertação Social sobre as condições das mulheres no mercado de

trabalho e, ainda, a aprovação de uma Resolução do Conselho de Ministros com vista à

representação mais equilibrada de mulheres e homens em lugares de decisão, tanto no

setor público como no privado.

Reforçaram-se os programas de teleassistência a vítimas de violência doméstica e de

vigilância eletrónica de agressores, nomeadamente, através da duplicação dos aparelhos

disponíveis. Neste âmbito, foram ainda assinados protocolos com o Centro de Estudos

Judiciários (CEJ), ao abrigo do qual se estão a realizar ações de formação de

Magistrados/as e com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), com

vista a facilitar o acesso a habitações a baixo custo para vítimas de violência doméstica.

Desenvolveram-se campanhas de sensibilização e prevenção no âmbito do combate à

violência doméstica, ao tráfico de seres humanos (campanha das Nações Unidas

Coração Azul) e à Mutilação Genital Feminina (MGF).

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O Governo continuará a dar prioridade à coordenação, execução e avaliação dos três

Planos Nacionais. Dar-se-á um especial impulso às medidas destinadas à promoção da

igualdade no sistema educativo e à territorialização das políticas de igualdade de género

através da aprovação de planos municipais para a igualdade nas autarquias.

Será dada continuidade ao processo de diálogo com os parceiros sociais no que se refere

à situação das mulheres no mercado de trabalho, nomeadamente nas seguintes áreas de

intervenção específica: desemprego das mulheres; persistência de diferenças salariais;

mecanismos de conciliação entre a vida familiar e a vida profissional; acesso das

mulheres a cargos de direção; e prevenção e combate ao assédio sexual no trabalho.

O Governo procederá à monitorização semestral da execução da Resolução que visa

uma maior representação das mulheres em cargos de administração e de fiscalização das

empresas.

Serão igualmente reforçadas as medidas de proteção e do apoio às vítimas de violência

doméstica (transporte seguro das vítimas) e de tráfico de seres humanos, sendo dada

particular atenção à matéria da exploração laboral, designadamente através do reforço

das ações de formação dos agentes envolvidos e de ações de fiscalização.

3.7. Plano para a integração dos imigrantes e das comunidades ciganas

Na linha do reconhecimento internacional que Portugal tem tido em matéria de política

pública de integração dos imigrantes, o XIX Governo reafirma o seu compromisso de

dar continuidade à execução do II Plano para a Integração dos Imigrantes e das

respetivas áreas de intervenção, num trabalho coordenado pelo Alto-Comissariado para

a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), em estreita cooperação com a Rede de

Pontos Focais de Acompanhamento de 10 Ministérios e uma Secretaria de Estado, com

vista à concretização plena das suas medidas que refletem a estratégia nacional de

potenciar mais coesão social e igualdade de oportunidades na sociedade portuguesa

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No âmbito da política pública para a inclusão social dos jovens provenientes de

contextos socioeconómicos desfavoráveis, nomeadamente de imigrantes e minorias

étnicas, o Programa Escolhas terá a sua 5ª geração, para o período 2013-2015,

revelando-se um instrumento fundamental de integração social, através das suas cinco

áreas prioritárias, tais como a inclusão escolar e educação não formal, formação

profissional e empregabilidade, dinamização comunitária e cidadania, inclusão digital,

bem como empreendedorismo e capacitação, reforçando a filosofia de parceria em que

assenta a ação deste Programa.

No que respeita às comunidades ciganas, é intenção deste Governo executar a Estratégia

Nacional para a Inclusão das Comunidades Ciganas (2012-2020). A acrescer aos quatro

eixos de intervenção indicados pela União Europeia - Educação, Emprego, Saúde e

Habitação - o XIX Governo acrescentou um eixo transversal, que aborda questões de

Cidadania, Combate à Discriminação, Igualdade de Género, Justiça e Segurança, dada a

necessidade de consciencialização das comunidades ciganas e da sociedade envolvente

quanto aos seus direitos e deveres. A estratégia tem 105 medidas e será acompanhada e

monitorizada por um Grupo Consultivo para a Inserção das Comunidades Ciganas.

Deste modo, pretende-se ir ao encontro dos compromissos internacionais assumidos no

quadro da União Europeia e assegurar uma ação concertada dos diferentes ministérios

setoriais envolvidos, a coordenar pelo ACIDI, com a participação de representantes das

comunidades ciganas, autarquias, peritos e ONG’s. De destacar, nesta matéria, a

consolidação do projeto de Mediadores Municipais promovido pelo ACIDI, em parceria

com as autarquias para promover mais e melhor mediação de proximidade entre o poder

local e as comunidades ciganas, bem como a realização de um estudo sociodemográfico

de âmbito nacional para avaliar melhor as necessidades concretas.

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A sensibilização da sociedade portuguesa para a necessidade de mais e melhor diálogo

intercultural é uma premissa essencial de paz e da coesão social do país. Para isso, o

Governo continuará a desenvolver políticas públicas que promovam uma maior eficácia

na gestão da diversidade cultural através do modelo de mediação intercultural de que o

Projeto dos Mediadores Interculturais nos Serviços Públicos é uma referência, bem

como da Bolsa de Formadores nas áreas de cidadania e do diálogo intercultural.

3.8. Desporto e juventude

Em 2013 o Governo iniciará a execução de um “Plano Nacional do Desporto 2012-

2024”, instrumento estratégico fundamental de planeamento das políticas desportivas,

seja no plano do desporto de base seja ao nível do alto rendimento.

Veículo essencial do “Plano Nacional do Desporto 2012-2024” será o “Programa

Nacional de Desporto com Todos e para Todos”, iniciativa nacional que visará

mobilizar os cidadãos para a prática desportiva, generalizando-a e massificando-a.

Numa ação integrada e concertada com demais áreas do Governo, tal programa de

promoção desportiva terá como uma das matrizes a inclusão social, viabilizando a

prática desportiva designadamente a minorias, a cidadãos portadores de deficiência ou a

cidadãos privados de liberdade.

O espaço temporal do “Plano Nacional do Desporto 2012-2024”abrange três ciclos

olímpicos, sendo 2013 o primeiro ano de uma nova abordagem para o alto rendimento,

em particular nas preparações olímpica e paralímpica, processos para os quais

concorrerão as conclusões de estudos, auscultações e relatórios em curso e, bem assim,

o desenho, finalmente, de uma Política Nacional de Identificação e Desenvolvimento de

Talentos.

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No mais, o Governo apostará, essencialmente, no seguinte: (i) elaboração de uma Carta

Desportiva Nacional, em vista de identificar quais as infraestruturas públicas e privadas,

naturais e artificiais, existentes no País, e adoção de instrumentos para a sua utilização

com mais qualidade, quantidade e segurança; (ii) consolidação do PNED (Plano

Nacional de Ética no Desporto), criado em 2012; (iii) dinamização do Museu do

Desporto e da Biblioteca Nacional do Desporto, inaugurados em 2012; (iv) início do

processo de reorganização da Medicina Desportiva, quer ao nível dos equipamentos e

valências quer ao nível da distribuição geográfica das unidades estaduais; (v)

prossecução na aprovação de medidas tendentes à viabilização da Fundação do

Desporto, credibilizando a sua estrutura e funcionamento no sentido de devolver a

confiança dos seus membros fundadores e captar novos membros, atribuindo tarefas e

missões concretas a esta estrutura, como por exemplo o apoio à gestão e administração

dos Centros de Alto Rendimento, e maximizando o Mecenato no Desporto; (vi)

implementação do Tribunal Arbitral do Desporto, para uma justiça desportiva mais

célere, mais especializada e porventura mais barata; (vii) revisão do ordenamento

jurídico desportivo, nomeadamente: Regime Jurídico das Federações Desportivas;

Critérios de inclusão no registo de Agentes Desportivos de Alto Rendimento; Regime

Jurídico das Sociedades Desportivas; Medidas de proteção do jovem jogador nacional e

das seleções nacionais; Regulação da atividade dos Técnicos de Animação Turística

com incidência no Desporto.

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Tendo por base os resultados do processo nacional de auscultação que culminou na

conceção do Livro Branco da Juventude, o Governo pretende levar a cabo uma política

de juventude transversal, assente nas seguintes prioridades e medidas: (i) apoio direto

aos jovens, através dos serviços centrais e desconcentrados da Administração Pública na

área da Juventude; (ii) promoção da educação, formal e não formal; (iii) promoção da

inovação e criatividade; (iv) voluntariado jovem, com especial destaque para a temática

intergeracional; (v) políticas ativas de combate ao desemprego jovem, nomeadamente

através de incentivos ao emprego, empreendedorismo jovem e competitividade; (vi)

dinamização da mobilidade e do turismo juvenil, através da requalificação e

rentabilização da Rede Nacional de Pousadas da Juventude; (vii) dinamização da

igualdade de género, inclusão social e da participação cívicas dos jovens; (viii)

promoção da saúde juvenil, sexualidade e combate aos comportamentos de risco; (ix)

agilização de mecanismos, tendo em vista a fixação dos jovens no interior do País; (x)

agilização de procedimentos de financiamento ao associativismo juvenil e estudantil,

verdadeira escola de participação cívica e democrática dos jovens; (xi) agilização e

fomento dos mecanismos de emancipação jovem; (xii) promoção da informação aos

jovens; e (xiii) promoção da cooperação internacional no domínio da juventude.

4.ª Opção – Política Externa e de defesa nacional

4.1. Reforçar a diplomacia económica

No atual contexto, em que é necessário prosseguir o esforço nacional de impulsionar o

crescimento das nossas exportações, continuando também a apostar na captação de

investimento estrangeiro, a diplomacia económica assume uma importância suplementar

na nossa agenda de crescimento como país. Com efeito, a diplomacia económica é hoje

um eixo estruturante da política externa portuguesa, desempenhando um papel ímpar na

materialização do desígnio estratégico de abertura e de internacionalização da economia

nacional.

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O processo de integração da rede comercial e de turismo na rede diplomática e consular

portuguesa consubstanciou uma mudança de paradigma na atuação externa de Portugal

em matéria económica e comercial, traduzida num apoio mais próximo e imediato às

empresas nacionais. O desenvolvimento de planos estratégicos específicos para cada

mercado, estabelecendo diretrizes e objetivos a prosseguir, representou um salto

qualitativo em matéria de política externa e de diplomacia económica, pelo que este

esforço de planeamento irá ser prosseguido, estando previsto o aperfeiçoamento e

melhoria constantes dos referidos planos - em articulação com a iniciativa privada -

atendendo à conjuntura económica e financeira de cada mercado.

Dar-se-á continuidade à progressiva co-localização das redes comercial e turística nas

redes diplomática e consular. Este objetivo permitirá não só a otimização de custos e de

recursos, como contribuirá para um maior entrosamento e articulação das ações de

diplomacia económica desenvolvidas externamente.

A alocação de recursos para os países com maior potencial de incremento das

exportações, e de captação de investimento direto estrangeiro, é uma preocupação

constante, pelo que o Governo, tendo em conta os critérios de estabilidade nas

representações externas de Portugal, por um lado, e as dinâmicas da economia global,

por outro, irá em coordenação com a Agência para o Investimento e Comércio Externo

de Portugal (AICEP), continuar a proceder a uma análise cuidada e ponderada dos

movimentos de internacionalização da economia portuguesa.

A diversificação de mercados - aumentando o peso do comércio extracomunitário no

quadro das nossas exportações -, o alargamento da base exportadora e a atração de

investimento estruturante - que crie postos de trabalho qualificados, gere riqueza e

promova a transferência de tecnologia - são três pilares essenciais da atuação do

Governo em matéria de diplomacia económica.

Será desenvolvida uma política pró-ativa de maior cooperação entre empresas visando a

criação de sinergias, que potenciem a ativação de redes de exportação e de parcerias

entre Grandes Empresas e Pequenas e Médias empresas (PME), promovendo efeitos de

arrastamento destas no acesso a mercados externos.

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A atuação do Governo nesta matéria beneficia da coordenação de prioridades e de

iniciativas com o setor privado proporcionado pela atividade desenvolvida pelo

Conselho Estratégico de Internacionalização da Economia (CEIE), enquanto fórum

privilegiado e particularmente qualificado de discussão e debate.

Em matéria de diplomacia económica e tendo em vista promover o potencial exportador

das empresas portuguesas, o Governo através da AICEP, prosseguirá a realização de

estudos que permitam sinalizar à oferta privada a existência de oportunidades de

negócios em mercados externos.

O Governo irá apostar ainda de forma determinada na «Marca Portugal», tendo por

objetivo construir uma narrativa coerente e estável do posicionamento internacional de

Portugal – contribuindo para uma efetiva promoção da proposta de valor do nosso país e

das nossas empresas.

4.2. Evoluir nas Relações Bilaterais e Multilaterais

A participação de Portugal no processo de construção europeia tem sido marcada pela

adoção de medidas institucionais e políticas tendo em vista a resolução da crise

económica e financeira e o reforço da união económica e monetária. Portugal continuará

a assumir as responsabilidades que lhe cabem neste contexto, participando ativamente

na redefinição em curso da governação económica europeia, em particular no que diz

respeito à construção de um quadro orçamental, económico e financeiro integrado e à

reflexão sobre as alterações institucionais concomitantes.

Simultaneamente, e perspetivando-se a celebração de um acordo, no Conselho Europeu,

sobre o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2014-2020, será também dada prioridade

ao desenvolvimento do novo QFP, nomeadamente através da conclusão da negociação,

em 2013, dos atos legislativos relevantes.

Neste contexto, Portugal defende uma Política de Coesão que assegure a concentração

de recursos nas regiões e Estados membros de forma a reduzir eficazmente as

assimetrias.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 82

Em 2013, as questões na área da justiça e assuntos internos continuarão a assumir um

lugar destacado na agenda europeia, reclamando a intensificação do diálogo com países

terceiros, em particular os da vizinhança. Portugal continuará a participar de forma

empenhada nestas negociações.

Em todas estas políticas, Portugal orientar-se-á pelos princípios fundamentais da coesão

e solidariedade entre os Estados membros, bem como pelo reforço do método

comunitário.

Portugal continuará a contribuir para a execução da Política Europeia de Vizinhança

renovada, que pretende apoiar de forma sustentada o processo de reformas políticas,

económicas e sociais dos países vizinhos, quer a sul, quer a leste da União Europeia.

Neste quadro, será concedida particular atenção aos parceiros mediterrânicos, cujos

progressos em termos de transição democrática e de reformas económicas terão de

continuar a ser acompanhados.

Portugal empenhar-se-á na preparação e na participação na Cimeira com os países latino

americanos (Cimeira UE-ALC), por forma a reforçar os laços político-económicos

existentes com esta região.

Portugal manter-se-á estreitamente envolvido nos debates destinados a consolidar as

relações da União Europeia com os parceiros estratégicos e em fortalecer as relações da

União com atores emergentes globais. Terá, por isso, uma presença ativa na preparação

das cimeiras periódicas da União Europeia com parceiros como os Estados Unidos da

América (EUA), Canadá, Brasil, Rússia, Índia, China e Japão, entre outros.

No âmbito da Política Comercial Comum, Portugal continuará a envolver-se ativamente

na definição e defesa dos interesses nacionais, procurando uma efetiva abertura de

mercados e a eliminação das barreiras no acesso de produtos e serviços nacionais aos

mercados dos países terceiros, com base nos princípios da reciprocidade e do benefício

mútuo.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Página 83

Portugal continuará empenhado em responder aos desafios colocados pelo Tratado de

Lisboa nas áreas de Política Externa e de Segurança Comum e na Política Comum de

Segurança e Defesa, zelando para que a sua correta execução dote a ação da UE de uma

coerência acrescida e assegure uma maior visibilidade da União na cena internacional.

Portugal empenhar-se-á nas organizações internacionais multilaterais. Neste sentido, e

no quadro das Nações Unidas, Portugal continuará a contribuir, de forma construtiva,

para a tomada de decisões no quadro da manutenção da paz e da segurança

internacionais.

No âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Portugal continuará

a manter uma presença empenhada, tanto no quadro político como operacional, com

particular incidência na execução nacional da nova Estrutura de Comandos.

Portugal continuará a participar de forma ativa em diversas operações de paz e de

segurança internacional, nomeadamente no âmbito das Nações Unidas, NATO e em

missões civis e militares no âmbito da Política Comum de Segurança e Defesa da UE.

A promoção da proteção e da realização dos direitos humanos manter-se-á como

prioridade da política externa portuguesa. Neste sentido, manter-se-á a participação

ativa na definição e na execução da política de direitos humanos da União Europeia,

bem como, no quadro das Nações Unidas, nos trabalhos do Conselho de Direitos

Humanos e na 3.ª Comissão da Assembleia-Geral. Portugal é candidato a membro do

Conselho de Direitos Humanos, no triénio 2015-2017, devendo prosseguir em 2013 as

ações de promoção da nossa candidatura.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos continuará a desempenhar um papel

fulcral na coordenação e na definição das políticas nacionais em matéria de direitos

humanos, bem como na execução das recomendações e compromissos que resultam da

participação do nosso país nos órgãos internacionais de direitos humanos.

Portugal continuará a apoiar a Aliança das Civilizações, tanto ao nível do Grupo de

Amigos como nas reuniões regionais e desenvolverá o segundo Plano Nacional de

Implementação dos objetivos da Aliança.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Ao nível das relações bilaterais de Portugal com países terceiros, e no contexto da

relação privilegiada com os EUA, o Governo manterá o seu empenho como país euro-

atlântico e na relação bilateral, designadamente no quadro da Comissão Permanente e

da cooperação nas áreas da defesa, do comércio e investimento, da justiça e

administração interna e da ciência, tecnologia, energia e ambiente, bem como da

cooperação específica com a Região Autónoma dos Açores.

Continuará a dar-se prioridade às relações históricas de Portugal com a América Latina,

com destaque para o aprofundamento do vasto relacionamento bilateral com o Brasil –

de que é exemplo o “ano de Portugal no Brasil” - em diversas áreas e para o

desenvolvimento das relações políticas e económicas com o México, Peru, Colômbia e

Venezuela, tendo também presente a dimensão da comunidade portuguesa naqueles

países. Paralelamente, será ainda procurada uma diversificação das parcerias de

Portugal com o espaço ibero-americano.

Nesta legislatura, dar-se-á continuidade ao aprofundamento das relações bilaterais com

os países da região do Magrebe nas suas múltiplas vertentes, nomeadamente através dos

mecanismos das Cimeiras bilaterais já instituídas e do acompanhamento dos processos

de mudanças e reformas na região.

Portugal manterá o empenho no reforço do relacionamento com a Ásia e a Oceânia na

perspetiva bilateral e regional, que passará pela intensificação de visitas bilaterais, da

realização de consultas políticas e do acompanhamento das relações económicas.

Será prosseguida a relação com os países africanos, bem como com as organizações

regionais e sub-regionais de que fazem parte. Neste contexto, e atendendo ao especial

relacionamento existente com os Países Africanos de Língua Portuguesa, salienta-se a

realização de visitas bilaterais recíprocas, bem como a realização de Cimeiras com

Moçambique e Cabo-Verde. Merecerão também particular atenção a intensificação da

relação privilegiada mantida com Angola em todos os setores.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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A política externa portuguesa alicerça-se, também, na participação de Portugal na

Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Investir na consolidação e

aprofundamento da CPLP e promover uma política de cooperação estruturante são áreas

prioritárias a prosseguir.

No âmbito da CPLP, Portugal participará nas Cimeiras de Chefes de Estado e de

Governo da CPLP, dando continuidade à prossecução dos objetivos prioritários, em

particular a promoção e difusão da Língua portuguesa, a intensificação da concertação

político-diplomática e o reforço da cooperação sectorial.

Na área da cooperação para o desenvolvimento, serão desenvolvidas ações visando o

reforço do papel do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., enquanto

organismo responsável pela direção, coordenação e supervisão da Cooperação, assente

numa abordagem estratégica, centrada nos resultados.

No plano interno serão reforçados os instrumentos de diálogo e consulta entre o Estado,

a Administração Local e a sociedade civil, propiciando o surgimento de projetos

comuns e atuações em parceria, através da Comissão Interministerial para a Cooperação

e do Fórum da Cooperação para o Desenvolvimento, num formato mais alargado e

representativo.

Os Programas Indicativos de Cooperação (PIC), nos PALOP e Timor-Leste, assentes

em três pilares essenciais (3 C´s), serão prosseguidos:

- Coerência/coordenação→ reforçando a coerência das políticas para o

desenvolvimento, aumentando a coordenação, seguimento e o reforço do diálogo, entre

parceiros;

- Concentração→ geográfica e temática, privilegiando programas de maior dimensão

(“bandeira” – flagship projects), com o objetivo de evitar a fragmentação;

- Cofinanciamento→ diversificação de parcerias e em novas fontes de financiamento,

visando não apenas a alavancagem de fundos, mas maior responsabilização /

apropriação.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Em termos temáticos, terão início novos PPA´s em áreas inovadoras designadamente:

“Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial” e “Capacitação Científica e

Tecnológica”.

Relativamente aos atores da Cooperação Portuguesa serão desenvolvidos mecanismos

visando o alargamento e reforço das parcerias com atores “não-tradicionais”, sejam eles,

associações empresariais e setor privado, SOFID - Sociedade para o Financiamento do

Desenvolvimento, Instituição Financeira de Crédito, S.A., administração local,

universidades e centros de investigação, e a ligação destes com as organizações não-

governamentais para o desenvolvimento (ONGD), no âmbito de parcerias e consórcios,

numa abordagem de governo integrada.

Procurar-se-á aprofundar abordagens Bi e Multilateral, desenvolvendo parcerias com

organizações internacionais e países parceiros em linha com experiências anteriores,

canalizando os esforços para a “Cooperação Delegada” e a “Cooperação Triangular”.

4.3. Valorizar a Lusofonia e as Comunidades Portuguesas

A política do Governo para as comunidades portuguesas aponta para uma crescente

aproximação entre todos os Portugueses, independentemente do local em que vivam. O

potencial da nossa Diáspora é um ativo que Portugal não pode desperdiçar, apostando

assim em ações que fomentem as cumplicidades e o espírito de colaboração com os

milhões de portugueses que se encontram espalhados pelo Mundo.

Nesse sentido, a aposta na Língua Portuguesa será um vetor estratégico essencial na

relação com todos os que são Portugueses como nós, bem como com aqueles povos que

partilham connosco os valores culturais da Lusofonia.

Por outro lado, procurar-se-á aprofundar políticas específicas que garantam um apoio

consular mais moderno, desburocratizado e próximo dos cidadãos, o fomento da

participação cívica e política, o acompanhamento dos novos fluxos migratórios,

particularmente os mais desprotegidos, o incentivo ao associativismo empresarial e uma

maior intervenção dos jovens e das mulheres na vida cívica.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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A mobilização dos jovens luso-descendentes deverá ser uma das primeiras

preocupações dando-se sequência a programas que permitam a sua relação com a nossa

Cultura, a nossa Língua e a realidade do Portugal contemporâneo.

O aumento da participação cívica e política das nossas Comunidades na vida política

nacional e nos países de acolhimento deverá ser incentivado, com especial atenção à

intervenção pública das mulheres.

O Conselho das Comunidades Portuguesas e o movimento associativo da Diáspora

serão considerados parceiros privilegiados, sendo chamados a pronunciar-se ou a

acompanhar o desenvolvimento das principais medidas.

Será dada prioridade ao alargamento da participação eleitoral dos portugueses residentes

no estrangeiro, incentivando o recenseamento eleitoral.

Será feita uma grande aposta no desenvolvimento de mecanismos de captação de

poupanças e investimentos dos Portugueses residentes no estrangeiro.

Impõe-se que sejam incentivadas estratégias de organização empresarial no seio das

nossas Comunidades numa ótica de aproximação ao tecido industrial e comercial

nacional, tendo particularmente em conta o papel das câmaras de indústria e comércio.

A rede consular deverá ser um instrumento ativo de desenvolvimento da nossa política

externa, conjugando a sua função institucional de representação do Estado com ações

integradas de diplomacia económica e cultural, numa estreita ligação às comunidades

portuguesas.

A reforma e modernização da rede consular será permanente, devendo prever a adoção

de modelos organizacionais que envolvam o movimento associativo e a iniciativa

privada conjuntamente com os organismos públicos de representação externa,

reservando um papel especial para os cônsules honorários, normalmente

desaproveitados, e sendo capaz de concentrar e coordenar efetivamente as mais

diferentes vertentes da nossa ação externa. Neste sentido, será desenvolvida uma nova

experiência de criação de Gabinetes de Apoio às Comunidades Portuguesas em

instituições de natureza associativa.

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A reforma do ensino do Português no estrangeiro será prioritária, apostando-se num

modelo que permita alargar a rede aos países fora da Europa, o desenvolvimento de uma

nova plataforma de ensino à distância para apoio direto à ação dos professores, a

certificação das aprendizagens obtidas, a articulação estratégica com instituições

formadoras existentes em cada país ou cidade de acolhimento e a contratação local de

professores.

Será privilegiada a cooperação com a CPLP nos diferentes domínios, em particular a

promoção e difusão do português como língua global, nos termos do Plano de Ação de

Brasília e promovido o reforço da cooperação com países cuja planificação linguística

integra ou prevê integrar o português como língua curricular.

Procurar-se-á reforçar a introdução das tecnologias de informação e comunicação (TIC)

nos processos de formação e aprendizagem do português no estrangeiro e reestruturar e

qualificar a rede de Centros Culturais Portugueses no mundo como plataformas de

intervenção regional.

4.4. Política de Defesa Nacional

Entre 2012 e 2015, o Ministério da Defesa Nacional (MDN) orientará a sua atividade

tendo presentes os objetivos permanentes da política de defesa nacional e as missões

atribuídas às Forças Armadas, e que se encontram constitucionalmente definidas, bem

como o facto de a incerteza que vem caracterizando o contexto internacional exigir

respostas flexíveis, eficazes e eficientes, num quadro cooperativo alargado.

Nesse sentido o MDN continuará a executar medidas e ações que garantam maior

eficiência e eficácia, que permitam encontrar o equilíbrio entre os recursos disponíveis e

as necessidades das Forças Armadas, libertando recursos onde eles são menos

necessários, para os alocar onde realmente fazem falta.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Concluído o Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado

(PREMAC) no MDN, com a consequente racionalização das estruturas e melhor

utilização dos recursos, 2013 assistirá ao desenvolvimento do processo de reorganização

da Estrutura Superior da Defesa Nacional e das Forças Armadas, orientada para o

incremento, coordenação e exploração de sinergias entre as diferentes estruturas.

Neste quadro, é intenção do MDN prosseguir o caminho decorrente da revisão e

aprovação do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, iniciando, de forma sequente,

coerente e célere, a revisão do Conceito Estratégico Militar, das Missões das Forças

Armadas, do Sistema de Forças Nacional e do Dispositivo de Forças.

No âmbito do relacionamento com a União Europeia, Portugal apoiará a Política

Comum de Segurança e Defesa, incluindo as vertentes de Investigação e

Desenvolvimento e da Indústria.

No contexto da NATO, prosseguirá o apoio à STRIKEFORNATO, que atingiu já a sua

plena capacidade operacional, e continuar o desenvolvimento do processo de

transferência da Escola de Comunicações e de Sistemas de Informação da NATO para

Portugal, assegurando a plena participação nacional no processo de transformação da

Aliança.

O esforço nacional em missões humanitárias e de paz, sob a égide de organizações

internacionais, através do empenhamento das Forças Armadas Portuguesas, manter-se-á

em 2013, dando continuidade ao compromisso com a segurança e a estabilidade

internacionais.

As relações, bilaterais e multilaterais, com os Países de Língua Oficial Portuguesa serão

reforçados, seja no domínio da Cooperação Técnico-Militar, seja no apoio à Reforma do

Setor da Segurança, havendo abertura para dar continuidade à integração de

contingentes militares de Países de Língua Portuguesa nas Forças Nacionais

Destacadas, tal como sucedido com Timor-Leste (na UNIFIL, no Líbano), e com

Moçambique (na operação ATALANTA, no Índico).

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Portugal intensificará ainda as relações externas de Defesa e o relacionamento: com os

nossos aliados e parceiros, destacando-se a relação estratégica privilegiada com os

EUA; com a região do Mediterrâneo e do Magreb; bem como com parceiros atuais e

potenciais na área da Economia de Defesa.

Por outro lado, no ano letivo 2013/2014, realizar-se-ão ajustamentos nos

estabelecimentos militares de ensino não superior, desenvolvendo e consolidando

medidas de integração e otimização de recursos iniciadas em 2012, tendo em vista a

coerência do projeto educativo assente nas características próprias da instituição militar

e a sua eficiência.

Por sua vez, prosseguirá a restruturação dos Estabelecimentos Fabris do Exército,

dotando-os de novos modelos organizacional e jurídico e racionalizando estruturas e

recursos, dando continuidade ao processo iniciado em 2012.

Em 2013 continuarão os trabalhos com vista ao início da atividade do Polo de Lisboa do

Hospital das Forças Armadas, resultante da fusão dos Hospitais Militares dos Ramos

das Forças Armadas. Paralelamente continuará a avaliação da reforma do sistema de

Saúde Militar, tendo como objetivo a prestação de melhores serviços, suportada por

recursos humanos, financeiros e materiais adequados às necessidades e financeiramente

sustentados.

No decurso de 2013, serão também promovidas medidas que permitam a redução do

custo anualmente suportado pela Assistência na Doença aos Militares, em linha com o

estabelecido nos acordos internacionais celebrados.

O processo de criação do “balcão único” de apoio aos Antigos Combatentes e aos

Deficientes das Forças Armadas, iniciado em 2012, e que pretende garantir, a este

universo de ex-militares, um acesso mais fácil e procedimentos mais ágeis, continuará a

ser desenvolvido, por forma a poder ser executado até final do ano.

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As Leis de Programação Militar (LPM) e de Programação de Infraestruturas Militares

(LPIM) serão revistas, equilibrando as necessidades de reequipamento das Forças

Armadas e a manutenção do património da Defesa Nacional com as disponibilidades

económico-financeiras atuais. Para 2013 o MDN irá reduzir em 45,7% os valores

previstos pela Lei de Programação Militar - redução significativa que implica a

manutenção do esforço de revisão e renegociação de contratos atualmente em vigor.

Será dada continuidade à reestruturação do setor empresarial da Defesa, em curso desde

2012, dinamizando a atividade da EMPORDEF – Empresa Portuguesa de Defesa,

SGPS, S.A., e das suas participadas na procura de novos parceiros e parcerias

internacionais que tragam valor acrescentado para a economia nacional, para o tecido

empresarial e para as áreas da inovação científica e tecnológica.

O MDN prosseguirá os esforços de coordenação com outros Ministérios em áreas onde

o aproveitamento de capacidades e de sinergias pode potenciar e reforçar a capacidade

de resposta nacional perante diversas situações de interesse público e das populações.

A atividade do MDN terá em atenção os compromissos a que Portugal está obrigado no

quadro do apoio económico-financeiro prestado pelas instituições internacionais, sendo

o MDN parte ativa do esforço nacional de contenção da despesa pública.

A racionalização de estruturas e de recursos, tendo em vista maior eficácia e eficiência

das Forças Armadas, pretende igualmente aprofundar o conceito de umas forças

armadas ao serviço das pessoas.

5.ª Opção – O desafio do futuro: medidas setoriais prioritárias

5.1. Programação estratégica plurianual dos fundos comunitários

O Quadro de Referência Estratégica Nacional, QREN 2007-2013, constitui o

enquadramento para a aplicação em Portugal, no período 2007-2013, dos fundos

oriundos da política de coesão da União Europeia, traduzindo-se num investimento

comunitário de cerca de 21,5 mil milhões de euros, a que corresponde um investimento

total de cerca de 28,8 mil milhões de euros e um financiamento público nacional de 4,5

mil milhões de euros.

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O QREN assume cinco grandes prioridades estratégicas nacionais: (i) a qualificação dos

cidadãos; (ii) a dinamização do crescimento sustentado; (iii) a promoção da coesão

social; (iv) a qualificação dos territórios e das cidades; (v) e o aumento da eficiência e

qualidade dos serviços públicos. Face a anteriores períodos de programação dos fundos

estruturais, o QREN reforçou a prioridade atribuída ao investimento (em particular, ao

investimento privado) em competitividade, inovação e conhecimento e na melhoria do

capital humano (qualificação de jovens e adultos e formação avançada).

Gráfico 5.1 - Investimentos programados no QREN

por domínio de investimento

Fontes: Sistema de Monitorização QREN

No final de julho de 2012, o QREN verificava uma taxa de execução de 48%,

correspondendo a 10,2 mil milhões de euros de fundos comunitários, 3 mil milhões de

euros de financiamento público nacional e 2,2 mil milhões de euros de financiamento

privado. As taxas de execução (fundo programado/fundo executado) variavam nos

diferentes domínios de investimento, refletindo aspetos tão diversos como a

disponibilidade financeira dos promotores (públicos e privados), o volume e a natureza

mais ou menos pontual dos investimentos, ou as dinâmicas de execução e de gestão dos

programas. De uma forma geral, os programas financiados pelo Fundo Social Europeu

(onde se destacam os investimentos na qualificação inicial, na qualificação de adultos e

na formação avançada) registavam níveis de execução superiores à média, o que reflete,

em larga medida, o facto de se tratarem de programas financiadores de sistemas

públicos, com maior previsibilidade em termos institucionais de procura e de

financiamento.

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Gráfico 5.2 - Execução do QREN (a 31 de julho de 2012)

por domínio de investimento

Fontes: Sistema de Monitorização QREN

Tendo em consideração os ritmos de execução do QREN verificados até meados de

2012, bem como as alterações decorrentes da recente reprogramação do QREN e a meta

prevista para a taxa de execução no final deste ano (60%), estima-se que se encontrem

por executar cerca de 8,6 mil milhões de euros de fundos comunitários nos anos

subsequentes, com um investimento público nacional correspondente de cerca de 1,3

mil milhões de euros.

A reprogramação do QREN de 2012 procurou contribuir para a consolidação das contas

públicas, por via da maximização da componente comunitária de financiamento das

operações do QREN, tendo em consideração os montantes financeiros não

comprometidos e os montantes financeiros descomprometidos. Desta forma, pretende-

se reduzir substancialmente o esforço requerido ao nível do financiamento nacional

público na fase final de execução do QREN (menos cerca de 300 milhões de euros, face

ao valor ainda previsto).

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A reprogramação de 2012 visa ainda: (i) estimular a produção de bens e serviços

transacionáveis e as condições gerais de financiamento das empresas, nomeadamente

das que contribuam para a melhoria da balança externa; (ii) reforçar os apoios à

formação de capital humano, designadamente nas áreas da educação, ciência e da

formação profissional certificada; (iii) promover ações de apoio e valorização de jovens

à procura de emprego e de desempregados, no quadro do financiamento da iniciativa

Impulso Jovem.

A distribuição por domínio de investimento dos montantes de fundos estruturais e de

contrapartida pública nacional (CPN) a executar no âmbito do QREN após 2012

refletem a reafectação de verbas proposta no quadro da reprogramação de 2012, a

alteração nas taxas de cofinanciamento comunitários dos investimentos previstos e as

dinâmicas de execução verificadas até ao momento.

Destacam-se, a este nível, os investimentos previstos no domínio da competitividade,

inovação e conhecimento (com valores estimados de cerca de 3 mil milhões de euros de

fundos e 340 milhões de euros de CPN), sendo o esforço estimado em termos de

orçamento nacional aproximadamente equivalente nos domínios da qualificação inicial

e formação avançada (188 milhões de euros de CPN), do emprego, formação e

qualificação de adultos (178 milhões de euros de CPN), da inclusão e equipamentos

sociais (151 milhões de euros de CPN), do ambiente e prevenção de riscos (135 milhões

de euros de CPN), e do desenvolvimento territorial (123 milhões de euros de CPN). Por

contraste, as verbas do Orçamento do Estado destinadas a cofinanciar os investimentos

previstos no QREN após 2012 nos domínios das acessibilidades e mobilidade e da

Administração Pública e assistência técnica assumem valores mais reduzidos (7 milhões

de euros e 26 milhões de euros, respetivamente).

Não sendo possível estimar com rigor o perfil temporal de execução do QREN após

2012, prevê-se que os valores referidos sejam distribuídos equitativamente entre 2013 e

2014, tendo em conta os valores previstos na programação anual dos Programas

Operacionais do QREN, na sequência das propostas de reprogramação do corrente ano

apresentadas à Comissão Europeia.

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Figura 5.3 - Previsão da execução do QREN após 2012

por domínio de investimento

Fontes: Sistema de Monitorização QREN

5.2. Economia e emprego

O Governo está fortemente empenhado em estimular o crescimento económico, o

emprego e a atividade do setor privado, apostando na regulação do funcionamento dos

mercados. No sentido de promover o crescimento económico e a competitividade, serão

promovidas políticas ao nível do emprego, da internacionalização, do investimento, do

apoio às empresas, do empreendedorismo e inovação, do desenvolvimento regional, da

defesa do consumidor e dos diversos setores de atividade.

5.2.1. Emprego e mercado de trabalho

Foi assinado o Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego entre o

Governo e a maioria dos Parceiros Sociais da Comissão Permanente de Concertação

Social. A participação ativa dos Parceiros Sociais mostrou-se decisiva para a procura de

soluções adequadas para as relações de trabalho, permitindo um amplo consenso que

beneficia a dinamização do mercado laboral e a competitividade das empresas. As

principais alterações verificadas na terceira alteração ao Código do Trabalho são as

seguintes:

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a) Flexibilização da organização do tempo de trabalho (e.g. criação do banco de

horas, alteração dos valores de acréscimo de retribuição por trabalho

suplementar, redução de 4 dias feriados e da majoração de férias de até 3 dias,

revisão do regime de redução da laboração por crise empresarial);

b) Alterações ao regime de cessação do contrato de trabalho por motivos

objetivos (despedimento por inadaptação e por extinção do posto de trabalho, e

definição das condições de alinhamento das compensações entre os contratos

de trabalho anteriores a 1 de novembro de 2011 e os novos contratos de

trabalho);

c) Alterações ao regime aplicável aos instrumentos de regulamentação coletiva de

trabalho, designadamente pela possibilidade dos contratos coletivos

estabelecerem que determinadas matérias podem ser reguladas por outra

convenção coletiva e que nas empresas com pelo menos 150 trabalhadores as

associações sindicais possam conferir às estruturas de representação coletiva

dos trabalhadores os poderes para a celebração de convenções coletivas;

d) Alargamento do prazo de duração do contrato a termo de muito curta duração,

combatendo o trabalho informal;

e) Alargamento do regime do contrato de trabalho em comissão de serviço,

mediante instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, a funções de

chefia:

- Estabelecimento de um regime de renovação extraordinária dos contratos de trabalho a

termo certo, bem como o regime e o modo de cálculo da respetiva compensação.

- Promoção de uma nova geração de políticas ativas de emprego:

Medida Estímulo 2012, que prevê um apoio financeiro às empresas na

contratação e formação de desempregados inscritos nos centros de emprego há pelo

menos seis meses;

Plano Estratégico Impulso Jovem, que prevê a criação de medidas de apoio a

jovens desempregados;

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Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego, através do qual se

pretende reforçar a empregabilidade dos desempregados e aperfeiçoar o ajustamento

entre a procura e a oferta de emprego. Entre as medidas deste Programa destacam-se:

Vida Ativa, que visa encaminhar os desempregados para ações de formação de

curta duração, para a aquisição de competências relevantes para o mercado de trabalho;

Incentivo à Aceitação de Ofertas de Emprego, que permite que determinados

desempregados possam acumular parte do subsídio de desemprego com um salário cuja

remuneração ilíquida seja inferior ao valor do subsídio de desemprego.

Para o ano de 2013, o Governo pretende continuar a sua aposta na formação

profissional, através do alargamento da medida Vida Ativa, da formação profissional de

ativos empregados em maior risco de desemprego e do reforço do sistema de

aprendizagem dual. Com o objetivo de melhorar a orientação profissional de jovens e o

reconhecimento e validação de competências, serão criados os Centros para a

Qualificação e Ensino Profissional. O Governo irá também lançar o cheque-formação,

bem como promover a atualização do Catálogo Nacional de Qualificações e a

sistematização da oferta no âmbito do ensino profissional.

Por outro lado, será prosseguida a execução do Programa de Relançamento do Serviço

Público de Emprego e do Plano Estratégico Impulso Jovem, assim como o lançamento

de novas medidas destinadas aos desempregados com mais de 30 anos.

Serão ainda prosseguidas as reformas no âmbito da legislação laboral, nomeadamente a

conclusão da terceira fase do ajustamento das compensações por cessação de contrato

de trabalho, da criação do fundo de compensação do trabalho, da definição de critérios

para a emissão das portarias de extensão e da consolidação de um sistema de arbitragem

laboral. Com a aprovação do novo regime jurídico das associações públicas

profissionais, serão revistos os regimes de acesso e exercício de profissões reguladas

por associações públicas profissionais com vista à eliminação de restrições

injustificadas

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5.2.2. Estímulo às exportações e internacionalização

O crescimento das exportações é um pilar fundamental para o início de um novo ciclo

de crescimento, assente na competitividade da produção. Pretende-se um aumento da

capacidade exportadora e uma progressiva diversificação de mercados alvo,

nomeadamente através do aprofundamento das relações comerciais com países de

língua portuguesa, que constituem um mercado com elevado potencial de crescimento.

No que respeita às iniciativas já executadas realçam-se as seguintes:

Reforço dos instrumentos de suporte à internacionalização das empresas e à

promoção das exportações. Neste âmbito, a reprogramação do QREN prevê o

reforço dos fundos destinados aos setores de bens e serviços transacionáveis;

Prorrogação da disponibilidade de linhas de seguros de crédito à exportação, com

garantia do Estado e reforço em 400 milhões de euros: «OCDE I Top-up», «OCDE

II 2012» e «Facilidades fora da OCDE»;

Dinamização de uma política ativa de apoio à internacionalização das empresas,

nomeadamente ao nível do desenvolvimento dos seus projetos no exterior;

As principais medidas para o triénio 2013-2015 são as seguintes:

Continuidade do apoio às linhas de seguros de crédito, pelo seu papel vital no apoio

às exportações;

Fomento da internacionalização da indústria nacional, em particular através da

participação das empresas portuguesas em ações de promoção internacionais, como

forma de encontrar novos mercados e reforçar mercados existentes, nomeadamente

através do reforço das taxas de incentivo à participação em certames internacionais;

Solicitação e orientação da 3.ª e última tranche do Empréstimo Quadro do Estado

Português com o Banco Europeu de Investimento (BEI) no valor de 450 milhões de

euros, tendo como objetivo o apoio ao funcionamento das empresas e às atividades

exportadoras;

Desenvolvimento de um programa que potencie o aparecimento de novas

empresas exportadoras, através da capacitação e reconhecimento, que apoie a melhoria

de competências nas pequenas e médias empresas (PME);

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

98

Página 99

Reestruturação do sistema de acompanhamento da internacionalização das

empresas portuguesas, no sentido de potenciar a eficácia das suas estratégias;

Identificação das possibilidades de revisão da lei fiscal, aplicável a empresas

exportadoras dentro do quadro de limitações atualmente existentes.

5.2.3. Fundos europeus e medidas de incentivo ao investimento

O ajustamento económico em curso e o esforço feito pelo País no equilíbrio das contas

públicas tem de ser acompanhado por medidas que fomentem o crescimento económico,

aproveitando os fundos QREN para a dinamização de políticas de incentivo ao

investimento, principalmente em setores com capacidade exportadora e com alto nível

de inovação.

Relativamente ao QREN, em 2011-2012, incrementou-se a sua importância na

economia real, garantindo-se o cumprimento da meta de execução acumulada de 40%

do QREN em 2011. Promoveu-se, igualmente, uma “Operação Limpeza” do QREN que

recuperou 700 milhões de euros de investimentos sem execução ou baixa execução.

Quanto ao Empréstimo Quadro BEI, alocou-se a primeira tranche de 450 milhões de

euros com significativo impacto nos investimentos municipais, setor social e proteção

civil. Acionou-se e reorientou-se a segunda tranche do referido empréstimo para o apoio

ao investimento produtivo (projetos empresariais), alocando 500 milhões de euros à

criação da linha “INVESTE QREN”. Foi estabelecido um protocolo com a Banca para

assegurar o financiamento e funcionamento desta linha, com 1000 MILHÕES DE

EUROS de fundos (500 milhões de euros provenientes do BEI e 500 milhões de euros

provenientes dos bancos portugueses) destinados a projetos QREN de investimento

empresarial com uma execução abaixo de 90%.

As principais medidas neste âmbito para o triénio 2013-2015 são:

Assegurar a execução na plenitude e qualificada dos fundos estruturais dos

programas operacionais do QREN;

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

99

Página 100

Acelerar a execução dos fundos do QREN e canalização do dinheiro disponível

para o apoio ao investimento em projetos de cariz inovador e com perfil exportador;

Dinamizar a gestão da linha “INVESTE QREN”, em associação com os Bancos;

Reforçar a captação de novos investimentos que contribuam para a

reestruturação do tecido industrial através da promoção de um ambiente favorável ao

investimento;

Rever a legislação aplicável ao investimento tendo em vista a sua simplificação

e à transparência dos processos;

Avaliar a possibilidade de implementação de benefícios fiscais ao

empreendedorismo e à inovação dentro do quadro das limitações impostas pelo

Memorando de Entendimento, nomeadamente ao nível de investidores em start-up

(Business Angels);

Incentivar o investimento e a consolidação empresariais através de benefícios

fiscais que se traduzam tendencialmente em aumento de receita fiscal no médio prazo.

5.2.4. Apoio às empresas e estímulo ao seu financiamento e capitalização

Entre as iniciativas promovidas durante 2012 realçam-se as seguintes:

Arranque do novo instrumento de apoio à recuperação e revitalização de

empresas economicamente viáveis - o Programa REVITALIZAR. Este programa visa a

otimização do contexto legal, tributário e financeiro, no qual as empresas atuam;

Enquadramento do REVITALIZAR na reprogramação estratégica do QREN e

celebração de protocolo com 7 instituições bancárias para a constituição e

financiamento dos “Fundos REVITALIZAR”.

Alargamento do prazo de carência de capital nas linhas PME Investe permitindo

a muitas empresas criar margem para financiar operações ligadas à internacionalização.

Até 31 de agosto de 2012 foram submetidas e aprovadas 9.215 operações, representando

cerca de 433 milhões de euros;

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

100

Página 101

Lançamento de uma nova linha PME Crescimento, no valor de 1.500 milhões de

euros, com uma parcela destinada especificamente a exportações. A elevada taxa de

execução resultou no aumento da concessão de crédito em 4 vezes a média mensal da

linha PME Investe de 2011 e levou ao seu reforço em mais 1.000 milhões de euros.

No período 2013-2015 o Governo pretende continuar a assegurar mecanismos

alternativos de financiamento por dívida e a dinamizar o aparecimento de veículos de

financiamento por capital, de modo a promover a recapitalização e o reforço dos

capitais próprios das empresas. Em 2013 será lançado o pacote PME 2013,

consolidando um vasto conjunto de medidas destinadas à criação de um ambiente

favorável ao aumento da competitividade, condição essencial para o crescimento das

empresas e do emprego. As principais medidas previstas são:

Desenvolvimento de uma atividade contínua de acompanhamento e dinamização

do tecido empresarial português, nomeadamente na componente de internacionalização;

Continuação da execução e monitorização do Programa REVITALIZAR,

incluindo os «Fundos de Revitalização e Expansão Empresarial» e o desenvolvimento

de uma área de transmissão de propriedade industrial;

Concretização plena da «Agenda para a Construção e o Imobiliário», tendo em

vista promover a competitividade, a internacionalização e a modernização deste setor

particularmente afetado pela crise;

Dinamização do recurso a fontes de financiamento e criação de programas

específicos para responder às dificuldades de liquidez. Neste âmbito, prevê-se a

extensão da linha PME Crescimento em 2013 e a articulação com a Caixa Geral de

Depósitos e restante setor financeiro na execução de mecanismos de financiamento por

dívida e capital;

Dinamização do mercado de capitais para PME;

Incentivo ao desenvolvimento de ferramentas de capitalização cofinanciadas por

privados, nomeadamente na recapitalização e reestruturação de empresas;

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 102

Aprofundamento do mercado de capital de risco através da atração de

investidores privados nacionais e internacionais e da dinamização de novos fundos de

capital de risco cofinanciados por privados e por fundos comunitários;

Introdução de medidas tendentes a desburocratizar e simplificar os processos de

candidatura no âmbito do QREN.

5.2.5. Empreendedorismo e inovação

Ao nível do empreendedorismo e da inovação, é prioridade do Governo o reforço da

capacidade de transformar o conhecimento em valor económico, promovendo uma

cultura de empreendedorismo na sociedade portuguesa e a ligação entre o tecido

empresarial, as entidades do sistema científico e tecnológico e o Estado. Neste âmbito,

foram concretizadas as seguintes medidas:

Desenvolvimento do Programa Estratégico para o Empreendedorismo e

Inovação (+e+i), que tem como pilares fundamentais, o alargamento de conhecimentos

e competências da população, a dinamização da inovação, o estímulo ao

empreendedorismo, e a sua promoção por adequados instrumentos de financiamento;

Lançamento de 10 Concursos ao abrigo do QREN (incentivos à inovação e

empreendedorismo).

As principais medidas para o triénio 2013-2015 são as seguintes:

Criação da Rede GAIN – Global Acceleration Innovation Network, que assenta

na dinamização da rede de valorização do conhecimento e tecnologia, promovendo a

articulação entre as entidades do SNCT e as empresas;

PME Digital - Iniciativa que visa capacitar micro, pequenas e médias empresas

com os instrumentos necessários à sua integração na Economia Digital;

Nova Agenda Digital Nacional, dando resposta às prioridades e objetivos da

Agenda Digital europeia - Iniciativa que pretende rentabilizar as infraestruturas de

banda larga de nova geração com o desenvolvimento de conteúdos e serviços em

diversas áreas;

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

102

Página 103

Portugal Empreendedor, promovendo o empreendedorismo de base local pelo

acompanhamento dos projetos desde a sua conceção;

Passaporte para o Empreendedorismo, medida de fomento ao empreendedorismo

qualificado, procurando assegurar o aumento da criação de novas empresas.

5.2.6. Desenvolvimento regional e valorização económica

No âmbito regional é objetivo do Governo promover um desenvolvimento harmonioso

do território nacional, atingindo níveis sustentados de desenvolvimento económico e

sócio-cultural e de qualificação territorial, bem como uma política de valorização do

território e das suas potencialidades.

Em 2011-2012 definiram-se as prioridades e linhas de ação do “Valorizar – Criar Valor

com o Território” (Valorizar), articulado com o Ministro Adjunto dos Assuntos

Parlamentares e a Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do

Território e que visa a atração de investimento, a promoção da criação de

microempresas e de autoemprego, o marketing de produtos e dos territórios, e a

execução de estratégias coletivas de desenvolvimento. Assegurou-se a articulação do

Valorizar com as prioridades da Reprogramação Estratégica do QREN e da reorientação

do Empréstimo Quadro BEI QREN.

Em relação à Iniciativa Jessica, o processo de desenvolvimento dos 3 Fundos de

Desenvolvimento Urbano junto das entidade gestoras selecionadas (BPI, CGD/IHRU e

Turismo de Portugal) encontra-se em curso, sendo que se encontram em análise 113

projetos de investimento.

No que respeita à preparação dos instrumentos para o período 2014-2020, assegurou-se

a participação na discussão das propostas de quadro financeiro e foi elaborada uma

proposta sobre a preparação e o estabelecimento dos instrumentos nacionais de

programação das intervenções cofinanciadas pelos Fundos Comunitários com caráter

estrutural.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

103

Página 104

Em 2013, o Governo pretende executar, ou ter em curso, todas as medidas previstas no

Programa Valorizar. Em matéria de cooperação territorial, importa assegurar a execução

do Programa Cooperar, em particular as iniciativas de preparação dos diferentes POCTE

para o período 2014-2020, bem como a dinamização da rede de cooperação territorial de

proximidade de natureza empresarial e económica. A execução de Estratégias Regionais

de Especialização Inteligente é também objetivo prioritário para 2013.

O impulso na aplicação dos Fundos JESSICA e a preparação e negociação do próximo

período de programação da Política de Coesão 2014-2020, do ponto de vista financeiro

e das prioridades estratégicas nacionais, são também duas das principais prioridades.

5.2.7. Defesa do consumidor

No domínio da Defesa do Consumidor, o Governo manterá o objetivo de assegurar um

nível elevado de proteção dos consumidores, para que estes possam também contribuir

para a criação de um mercado mais competitivo e dinâmico, conduzindo a um aumento

do bem-estar geral.

No referente às iniciativas já executadas, promoveu-se a regulamentação e o lançamento

em concurso (1ª fase) do “Fundo do Consumidor” e foi atribuído o 1º pacote de apoios.

Dinamizou-se o Conselho Nacional do Consumo, nomeadamente através da recente

apresentação dos projetos de lei relativos aos contratos de crédito bancários dos

consumidores e da apresentação de um pacote legislativo sobre a gestão do

incumprimento de contratos de crédito.

O contexto de crise criou novas exigências às políticas de defesa do consumidor. A

aprovação do pacote legislativo, na ótica da prevenção de risco de incumprimentos de

crédito e de recuperação de endividamento excessivo, e a promoção da literacia

financeira constituem prioridades, assim como a dinamização da recém criada rede de

entidades de proximidade que prestam apoio gratuito. A aplicação do “Fundo do

Consumidor” será prosseguida em 2013.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

104

Página 105

5.2.8. Competitividade da indústria, comércio e serviços

A competitividade do País depende em larga medida do ambiente de negócios e da

eliminação de barreiras à capacidade de investimento. O Governo tem como objetivo

reduzir os constrangimentos de contexto de modo a criar uma economia

verdadeiramente amiga do investimento. Entre as iniciativas concretizadas, destaca-se:

O desenvolvimento e aprovação do Programa da Indústria Responsável (PIR) e do

Sistema da Indústria Responsável (SIR) com vista à melhoria do ambiente de

negócios, e à otimização do enquadramento legal para a exploração da atividade

industrial;

A execução do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial

(SIREVE) enquanto facilitador da recuperação de empresas por via extrajudicial

limitando as insolvências de empresas viáveis.

As principais medidas neste âmbito, para o triénio 2013-2015 são:

O aprofundamento da execução do PIR e do SIR enquanto ferramentas de redução

de custos de contexto e na padronização de zonas industriais em Portugal;

A execução do Programa de Competitividade para o Comércio e Serviços em apoio

ao reforço da competitividade das empresas e à redução dos custos de contexto;

O aprofundamento do programa “Portugal Sou Eu” com o objetivo de sensibilizar

empresas e particulares para a importância de consumir produção nacional;

O aprofundamento de políticas no âmbito das estratégias de eficiência coletiva

nomeadamente através da otimização dos polos de competitividade nacionais;

A concretização de alterações fiscais pontuais com impacto no ambiente de

negócios e no fomento da liquidez das PMEs.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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5.2.9. Turismo

O ano de 2012 foi um ano de lançamento de um conjunto ambicioso de reformas da

atuação pública no setor do turismo. As principais ações executadas incluíram a

redefinição da estratégia nacional para o turismo, a reestruturação da orgânica regional

do turismo, o desenvolvimento de uma plataforma que desenvolve canais de promoção

em portais e outros canais tecnológicos, uma abordagem coordenada a novos mercados

e segmentos, o Plano de Dinamização do Turismo Residencial e a adequação dos

instrumentos financeiros de apoio às empresas.

Para 2013, será concretizado um modelo de cooperação estreita entre os agentes

públicos e privados, onde a administração pública, no plano nacional e regional, terá um

papel fulcral.

Ao nível da dinamização da procura de turismo, será desenvolvida uma política de

segmentação de mercado que proporcione uma relação mais personalizada e permanente

com o consumidor. Esta estratégia vai permitir vender mais e melhor, fidelizando e

multiplicando o mercado, e aproveitar as oportunidades de novos mercados detetadas no

ano de 2012, designadamente em economias emergentes como as do Leste, da América

do Sul e da Ásia ou ainda em mercados antes pouco acessíveis como os Emiratos

Árabes Unidos. Deste modo, pretende-se uma abordagem dos mercados mais flexível e

muito orientada para as vendas, onde a diversificação dos canais de distribuição e as

práticas de trade marketing vão pautar a atuação.

Serão lançadas uma série de iniciativas que visam promover a qualificação de destinos e

de produtos turísticos, com vista a proporcionar uma oferta mais rica e mais integrada, e

que responda às necessidades dos consumidores. Com vista à diversificação da oferta e

de forma a promover a entrada em novos mercados e perfis de consumo, vão ser levados

a cabo trabalhos de cooperação com outros setores, nomeadamente com o setor da

saúde, o setor do mar e o setor agroalimentar.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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5.2.10 Mercado de energia e política energética

O objetivo principal do Governo centra-se no cumprimento dos objetivos previstos para

a revisão da Estratégia Nacional de Energia no período 2012-2015 de forma a que

possam ser atingidas as seguintes metas:

Assegurar a continuidade das medidas para garantir o desenvolvimento de um

modelo energético com racionalidade económica que assegure custos de energia

sustentáveis, que não comprometam a competitividade das empresas nem a qualidade

de vida dos cidadãos;

Promover a competitividade, a transparência dos preços, o bom funcionamento e a

efetiva liberalização dos mercados da eletricidade e do gás natural, nomeadamente a

adaptação do enquadramento legal do setor ao processo de liberalização iniciado,

consolidando o reforço dos poderes sancionatórios e a autonomia do regulador;

Assegurar a melhoria substancial na eficiência energética do País, iniciada em 2012

através da execução do Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética

(PNAEE) e do Programa Nacional de Ação para as Energias Renováveis (PNAER),

após a conclusão da respetiva revisão, do reforço da coordenação dos atuais

programas de Eficiência Energética (PPEC, FAI, Fundo de Eficiência Energética,

fundos QREN), reforçando-se a sua dotação, da conclusão da execução do programa

Eco.AP;

Manter o reforço da diversificação das fontes primárias de energia, sendo que os

investimentos em renováveis serão reavaliados e será apresentado um novo modelo

de remuneração para que as tecnologias mais eficientes mantenham um papel

relevante;

Assegurar a continuidade da política de garantia de fontes de energia final a preços

relativamente competitivos, contribuindo para reduzir os custos intermédios e

aumentar a competitividade das empresas, nomeadamente através da conclusão das

medidas iniciadas em 2012 para reduzir os custos com o Sistema Elétrico Nacional;

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 108

Executar os objetivos definidos em 2012 tendo em vista o desenvolvimento de um

código da energia que reforce a segurança jurídica e a transparência no setor,

consolidando e sistematizando a legislação aprovada;

Promover, no setor dos combustíveis, a conclusão da revisão da Lei de Bases do

Setor Petrolífero por forma a incrementar a concorrência e transparência,

designadamente no segmento de revenda de combustíveis;

Reforçar a política de dinamização da prospeção e exploração de recursos geológicos

e de hidrocarbonetos iniciada para o período 2012-2015, através da execução da

Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos apresentada em 2012, dando-se

enfâse a ações de captação de novos investidores e de novos projetos que aumentem

o conhecimento geológico do território nacional.

5.2.11. Transporte, infraestruturas e comunicações

No âmbito do Plano Estratégico dos Transportes (PET) foi estabelecido um ambicioso

plano de reestruturação das empresas públicas de transporte com vista ao equilíbrio

operacional do setor, o qual já foi atingido no 1º semestre de 2012.

Para o período 2013-2015, e mais concretamente para o ano de 2013, pretende-se iniciar

o processo de concessão através da transferência para a iniciativa privada da prestação

dos serviços de transportes em que aquela se revele mais competente para a assegurar,

contribuindo para a melhoria da operação destas empresas, com claros benefícios para

os passageiros, e para o eficiente funcionamento do setor e da economia nacional.

Ao nível do setor ferroviário será elaborado um plano estratégico para o setor, onde

ficarão estabelecidas as prioridades futuras de investimento, num horizonte de 20 anos,

tendo em conta o quadro de restrição financeira do País. Este plano será desenvolvido

em consulta com os stakeholders de forma a contribuir para uma melhoria da

competitividade das exportações nacionais, diminuindo custos de contexto e

promovendo a efetiva integração de Portugal na Rede Transeuropeia de Transportes.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

108

Página 109

Neste âmbito pretende-se ainda avaliar o reforço das ligações aos portos e centros de

produção orientados para o comércio externo, desenvolvendo-se infraestruturas

ferroviárias de modo a privilegiar a competitividade externa do País. Os investimentos

neste setor considerarão os apoios financeiros no âmbito do QREN de modo a

minimizar o esforço financeiro do Estado. Ainda no setor ferroviário, e dando

seguimento às medidas emanadas pelo PET, será definido o modelo de privatização do

operador ferroviário de transporte de mercadorias, CP Carga, e as futuras concessões de

transporte de passageiros.

No setor do transporte aéreo, e na sequência da sua liberação através das privatizações

da companhia aérea de bandeira, TAP, e do gestor das infraestruturas aeronáuticas,

ANA, o atual Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) dará origem a um novo

regulador com um conjunto de poderes bastante reforçado ao nível da regulação e da

supervisão do setor.

No que respeita ao setor rodoviário, o Governo encetou um conjunto de medidas

estruturantes, como sejam a revisão do objeto das subconcessões, a introdução de

portagens nas ex-SCUT e a atualização da Contribuição do Serviço Rodoviário pela

inflação.

Para o ano de 2013, as prioridades do Governo centram-se: (i) na revisão dos contratos

das concessões ex-SCUT e das concessões com pagamentos do Estado com vista à

obtenção de poupanças ao longo da vida dos contratos; (ii) na alteração do modelo

regulatório do setor, através da clarificação do papel do ex-InIR (Instituto de

Infraestruturas Rodoviárias, I.P.) e da EP-Estradas de Portugal, S.A. no contexto da

reestruturação das Parcerias Público-Privadas; (iii) na revisão do contrato de concessão

de serviço público e dos requisitos de serviço e qualidade do setor; e (iv) no lançamento

de programa de requalificação de estradas secundárias.

Nos portos, e de forma a diminuir o custo da movimentação das cargas e fortalecer a

captação dos fluxos turísticos internacionais, será aperfeiçoado o modelo de governação

do sistema portuário e a sua efetiva integração no sistema global de logística e dos

transportes.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 110

Nas telecomunicações, continuarão os esforços que permitam melhorar o

funcionamento do mercado, designadamente aumentando a concorrência e criando

condições para uma regulação mais eficaz. Adicionalmente, em 2013 ficará concluído o

processo de designação do novo prestador do serviço universal. O Governo pretende,

ainda, continuar a fomentar o desenvolvimento e a utilização das redes de banda larga

no âmbito da Agenda Digital Nacional.

Nos serviços postais, será dada continuidade à liberalização do setor e à execução do

novo contrato de concessão do serviço universal postal com os CTT. Será ainda

determinado o modelo de privatização dos CTT, tendo como objetivo a conclusão do

processo até ao final de 2013.

5.3. Mercado de arrendamento

O Governo apresentou à Assembleia da República um conjunto de reformas em matéria

de arrendamento urbano e de reabilitação urbana. Em consequência, foram publicadas,

em 14 de agosto, as Leis n.ºs 30/2012, 31/2012 e 32/2012.

O objetivo destas reformas é claro: criar um mercado de arrendamento mais dinâmico

que, em conjunto com o impulso à reabilitação urbana, possa oferecer soluções de

habitação mais ajustadas às necessidades e a preços mais acessíveis.

Visa-se atingir uma maior mobilidade das pessoas, a redução do endividamento das

famílias e do desemprego, a requalificação e revitalização das cidades e a dinamização

das atividades económicas associadas ao setor da construção.

A reforma do regime do arrendamento urbano estabelece, entre outras, medidas de

flexibilização do regime aplicável aos contratos novos, de agilização do procedimento

de desocupação do imóvel e de transição dos contratos antigos para o novo regime e

atualização das correspondentes rendas. Razões de justiça social justificaram a previsão,

no novo regime, de medidas de exceção para os arrendatários que, pela sua situação

económica, idade ou condição física, carecem de proteção social.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Página 111

Para o período 2013-2015, o Governo propõe-se monitorizar a aplicação das novas

reformas e a promover o esclarecimento dos cidadãos e das empresas quanto às suas

novidades.

5.4 Agricultura e desenvolvimento rural

Em coerência com as linhas definidas para o período 2012-2015, reafirmam-se as

prioridades centradas na consolidação da importância do desenvolvimento do setor

agroalimentar e sustentabilidade do território, assumindo-se a necessária racionalização

e priorização de medidas de política e concentração dos apoios e na produção de bens

transacionáveis visando a criação de valor.

Deverá prosseguir a execução de medidas que contribuam de forma determinante para o

apoio ao investimento, promovendo a competitividade, a sustentabilidade do setor

agroalimentar e a dinamização do meio rural. Prosseguir-se-á a política de

desenvolvimento sustentável do regadio, alargando-se as áreas regadas a par com um

uso da água crescentemente eficiente.

A execução do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) e do Programa da

Rede Rural Nacional (PRRN) constitui um objetivo central, assumindo particular relevo

a opção de aumento das taxas de cofinanciamento comunitário, que permitirá assegurar

o cumprimento dos programas com uma redução de esforço de despesa nacional.

É determinante a utilização eficaz dos recursos obtidos ao nível da Política Agrícola

Comum (PAC) da União Europeia, sendo decisiva a negociação política ao nível do

Quadro Financeiro Plurianual e da futura PAC para o período 2014-2020. Serão

adotadas soluções equilibradas na repartição dos meios financeiros, promovendo a

dinamização da terra e do espaço rural, evitando ruturas com o quadro atual e

permitindo períodos de adaptação apropriados à sustentabilidade das explorações

agrícolas.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 112

As opções para a Estratégia Nacional no âmbito da Agricultura e Desenvolvimento

Rural serão consolidadas no Programa de Desenvolvimento Rural com vista ao aumento

da concentração da produção e da oferta e na criação e distribuição equitativa ao longo

da cadeia de valor.

Será continuada a prioridade do reforço da organização da produção, pelo efeito

estruturante na concentração da oferta, ganhos de escala e poder negocial da produção,

com claros benefícios na criação de valor e melhoria da competitividade. Será

privilegiado o incentivo ao aumento da dimensão das organizações. Ao nível da

Plataforma para o Acompanhamento das Relações da Cadeia Alimentar (PARCA), será

continuado o trabalho no sentido de garantir uma melhor distribuição do valor ao longo

de toda a cadeia alimentar.

No contexto dos diversos instrumentos políticos, nomeadamente fundos comunitários e

mecanismos de acesso à terra, continuará a ser dada particular atenção aos jovens

agricultores.

Será privilegiada a melhoria da eficácia dos sistemas de gestão de risco no âmbito das

atividades agrícolas, nomeadamente através dos novos mecanismos da política agrícola

comum.

No contexto da investigação, será redesenhado o modelo institucional, no sentido de

haver uma integração progressiva entre objetivos nacionais, regionais e sectoriais. Será

promovida a integração com as universidades e as empresas de forma a desenvolver

uma investigação mais útil e integrada.

Também em conjunto com todos os setores será executada uma estratégia integrada para

a internacionalização do setor agroalimentar, que defina as prioridades sectoriais e o

modelo de execução ajustado às envolventes interna e externa tendo em vista o

equilíbrio da balança comercial dos bens agroalimentares.

Deverá prosseguir igualmente a execução das medidas de segurança alimentar e do

novo modelo de financiamento das medidas veterinárias, determinantes em matéria de

saúde pública. Revisto o Regime do Exercício da Atividade Pecuária – REAP, será

promovida a sua execução.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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5.5 Florestas e Conservação da Natureza

No âmbito do setor florestal, para além do esforço de melhoria da sua competitividade,

em particular através da Estratégia Nacional para as Florestas, da realização do

Inventário Florestal Nacional e dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, será

dada prioridade pelo Governo ao estabelecimento de um programa de prevenção

fitossanitária da floresta e combate às suas doenças, englobando ações de prevenção

estrutural e de beneficiação de áreas ardidas.

A concretização da bolsa de terras contribuirá para uma gestão eficiente da

disponibilidade das terras para fins agrícolas, florestais e silvo-pastoris, valorizando a

multifuncionalidade do território.

Será dado cumprimento à Resolução de Conselho de Ministros n.º 56/2012, de 5 de

julho, no sentido de concretizar uma política de floresta que potencie os nossos recursos

endógenos, a começar pelo nosso território, e permita gerar valor para toda a fileira

florestal condizente com um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

No âmbito da conservação da natureza, é prioritária a definição de uma nova Estratégia

Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade para o horizonte 2020, no

âmbito dos compromissos assumidos nesta matéria, associado a um quadro estratégico

de criação de oportunidades para promoção de uma economia sustentada.

Enquanto mecanismo de desenvolvimento sustentável, no âmbito da conservação da

biodiversidade é importante promover o reconhecimento público dos valores naturais

subjacentes à criação das áreas classificadas, promovendo nomeadamente atividades

locais relacionadas com a utilização sustentável dos recursos endógenos.

Prosseguirá o desenvolvimento de ações específicas de conservação no âmbito dos

Planos de Ação e de Gestão de espécies e habitats e a revisão e alteração dos Planos de

Ordenamento de Áreas Protegidas, visando a melhoria da sua adequação.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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5.6 Mar

Depois da construção institucional do setor do mar em 2012, a reestruturação do setor

empresarial do Estado no que diz respeito à gestão dos portos de pesca e das marinas de

recreio é um elemento fundamental para garantir maior eficiência na gestão e melhores

resultados.

Para a prossecução das linhas definidas, o Governo desenvolverá ações assentes num

pensamento estratégico sobre a dimensão marítima de Portugal que permitam dinamizar

as atividades ligadas ao Mar, fortalecendo a «economia azul».

Deverá prosseguir a execução da Estratégia Nacional para o Mar, destacando-se a

elaboração de uma lei de bases do ordenamento do Espaço Marítimo como um domínio

estruturante da política para o mar que dará um contributo decisivo para a

racionalização dos respetivos usos e promoverá o melhor aproveitamento de todas as

suas potencialidades. Este instrumento será a base para processos de licenciamento

simples e ágeis.

Acompanhar-se-á a execução da Política Marítima Integrada da União Europeia e

promover-se-ão as medidas e políticas transversais relacionadas com os assuntos do

mar.

Ainda no âmbito do ordenamento do espaço marítimo, é importante desenvolver

ferramentas direcionadas para a cooperação transfronteiriça. Prosseguir-se-ão os

trabalhos relativos ao processo de extensão da plataforma continental, tendo em vista a

respetiva conclusão.

No âmbito da informação sobre a biodiversidade marinha, o Governo promoverá o

desenvolvimento e a execução do Sistema de Informação para a Biodiversidade

Marinha (projeto «M@rbis»), em cooperação com a comunidade científica, de forma a

garantir a partilha e o acesso à informação e à promoção da gestão integrada do oceano.

Promover-se-ão ações de pesquisa e prospeção de recursos naturais marinhos.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Página 115

Prosseguirá o reforço da competitividade e desenvolvimento sustentável do setor da

pesca, objetivo para o qual contribuem de forma importante os resultados do processo

de negociação da reforma da Política Comum das Pescas (PCP) e da Organização

Comum de Mercado (OCM), assim como da negociação do futuro fundo financeiro

destinado a apoiar a Política Marítima Integrada e a Política Comum das Pescas no

período 2014-2020.

No âmbito do Programa Operacional Pesca 2007-2013 (PROMAR), o Governo

pretende concretizar novas modalidades de financiamento, mais ajustadas ao atual

contexto económico e, em paralelo, continuar a beneficiar de outros apoios

comunitários destinados ao setor da pesca e ao mar.

No âmbito do ambiente marinho realça-se a continuidade da execução da Diretiva

Quadro Estratégia Marinha através da participação ativa de Portugal nos trabalhos junto

da União Europeia e nos termos da Convenção para a Proteção do Meio Marinho do

Atlântico Nordeste (OSPAR).

No que diz respeito à formação e investigação nas áreas do Mar, será colocada em curso

uma reforma que contribua para a sua simplificação e para melhoria das competências

marítimas e da certificação das profissões relacionadas com o Mar. Será também revisto

o Regulamento da Náutica de Recreio.

Em termos de modelação e previsão meteorológica e oceanográfica, deverão ser

incrementadas as capacidades nacionais de deteção, modelação e previsão de muito

curto prazo, aumentando o valor das capacidades nacionais enquanto elemento das redes

europeias e mundiais de observação e de alerta.

5.7 Ambiente

No domínio da gestão estratégica do ambiente, inicia-se a concretização da política

climática “pós-2012”, da Diretiva Europeia de Emissões Industriais, a revisão do

Regime Jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental e o novo ciclo de planeamento de

recursos hídricos.

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Será melhorado o licenciamento ambiental on-line (SILIAMB) e o potencial da

economia verde, com especial vocação para as oportunidades de exportação.

No âmbito da Gestão Estratégica do Ar e do Clima, assume relevância a aprovação do

Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2020) e a avaliação do

progresso da execução da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas

(ENAAC). Deverá ainda adaptar-se o Plano de Ação da qualidade do Ar às normas

europeias. Será ainda dada continuidade à execução do Roteiro Nacional de Baixo

Carbono, documento estratégico para a promoção de um país mais eficiente e em linha

com as tendências europeias mais avançadas.

Em matéria de política de água deverão ser desenvolvidas em 2013 ações para a redução

da vulnerabilidade e do risco nas zonas costeiras, através da execução do Plano de Ação

de Proteção e Valorização do Litoral (PAPVL 2012-2015). Prosseguirá a execução do

Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA) e concebidos planos de

Gestão de Risco de Cheias no âmbito da Diretiva relativa à Avaliação e Gestão dos

Riscos de Inundações.

No âmbito da prioridade associada à Gestão Estratégica de Resíduos, deverão ser

introduzidas melhorias na gestão de resíduos e fomento da competitividade dos

operadores económicos através da consolidação das políticas, clarificação de quadros

normativos, criação de instrumentos para a regulação das atividades e desenvolvimento

de ferramentas de apoio. Deverá ser promovida a valorização material e energética de

resíduos. No que respeita ao setor público dos resíduos será concretizada a alienação do

capital da holding pública de resíduos (EGF).

No domínio do abastecimento de água, saneamento de águas residuais e gestão de

resíduos, proceder-se-á à avaliação do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e

de Saneamento de Águas Residuais (2007-2013) - PEAASAR II, e à preparação do

próximo período de intervenção, bem como à avaliação intercalar e à revisão do Plano

Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (2007-2016) - PERSU II.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

116

Página 117

Será concretizada uma profunda reestruturação do setor das águas, promovendo a fusão

e a verticalização dos sistemas, de maneira a garantir a sustentabilidade económica e

financeira dos sistemas bem como uma maior equidade na repartição dos custos.

Concluída a reestruturação, será promovida a abertura do setor à gestão privada.

5.8 Ordenamento do Território

No âmbito do Ordenamento do Território, será proposta uma nova Lei de Bases de

Ordenamento do Território e Solos, que deverá contribuir para o desenvolvimento de

um território mais sustentável, mais inteligente e mais coeso, promovendo um combate

ao crescimento assimétrico das cidades e aos graves desequilíbrios do território. Serão

também revistos os diplomas relativos aos instrumentos de gestão territorial, criando-se

um ambiente de segurança jurídica e transparência promotor do investimento e do

desenvolvimento equilibrado.

No seguimento da Resolução de Conselho de Ministros n.º 56/2012, de 5 de julho, será

dada prioridade à prossecução da execução do cadastro predial geométrico de acordo

com uma abordagem mais expedita e menos onerosa, baseada num princípio de total

aproveitamento de toda a informação disponível em organismos públicos e privados,

permitindo maior celeridade e menores encargos no processo e levantamento cadastral

do território nacional.

Será criada nesses sentido uma plataforma aplicacional de armazenamento, exploração,

processamento, comunicação, atualização e disponibilização do conjunto de dados e

informação geoespacial relativos à estrutura predial nacional. Será assegurada a

interoperabilidade com os sistemas de informação de todas as entidades com

competências em matéria de cadastro predial e a respetiva disponibilização da

informação de natureza cadastral. Tal representará um valor acrescentado para a

definição e adoção de políticas de ordenamento do território e, em particular, em

matéria de prevenção e combate a incêndios florestais.

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5.9. Saúde

Os portugueses têm acesso a um Sistema de Saúde que tem vindo a possibilitar a

melhoria dos diferentes indicadores de saúde, que comparam positivamente em termos

internacionais. No entanto, a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS),

enquanto estrutura base do Sistema de Saúde, ainda tem de ser assegurada, uma vez

que, numa lógica de sustentabilidade deste sistema, a trajetória de evolução da despesa

ainda não está alinhada com o nível de receitas disponível.

Por esta razão, torna-se necessário prosseguir com o esforço que tem vindo a ser

realizado, designadamente de melhoria na gestão dos recursos, sem perda de qualidade e

salvaguardando os níveis de acesso e qualidade. Só assim será possível continuar a

garantir o direito à proteção da saúde.

É neste contexto de exigência que importa ter presente os seguintes objetivos

estratégicos:

Aproximar os cuidados de saúde dos cidadãos, reforçando os cuidados primários e

os cuidados continuados;

Fomentar um maior protagonismo dos cidadãos na utilização e na gestão ativa do

Sistema;

Continuar a melhorar a qualidade, a segurança e o acesso dos cidadãos aos cuidados

de saúde, quer ao nível da organização, quer ao nível da prestação, consolidando a

reforma hospitalar;

Reformar a política do medicamento para aumentar o acesso e a qualidade das

terapêuticas;

Internacionalizar o setor da saúde contribuindo para o desenvolvimento da

economia nacional.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Qualidade e acesso efetivo aos cuidados de saúde:

Executar o Plano Nacional de Saúde 2012-2016, como pilar fundamental da reforma

do Sistema de Saúde, organizando a sua articulação com as políticas transversais,

planos regionais de saúde, planos institucionais, bem como a sua função de

observação, monitorização e avaliação, com vista à melhoria dos indicadores de

saúde, em especial aumentando a esperança de vida e diminuindo os anos de vida

potenciais perdidos, a mortalidade infantil e por VIH;

Alargar progressivamente a cobertura dos cuidados de saúde primários (CSP),

assegurando a resolução qualificada dos problemas de saúde por uma rede de

cuidados de proximidade, minimizando as atuais assimetrias de acesso e cobertura de

natureza regional ou social, garantindo, desta forma, um médico de família para cada

português, para que todos os utentes tenham acesso a CSP de qualidade;

Transferir, de forma gradual, alguns cuidados atualmente prestados em meio

hospitalar para estruturas de proximidade, apostando na prevenção e na criação do

enfermeiro de família no SNS;

Aproveitar e desenvolver os meios já existentes, com o reforço dos Cuidados

Continuados Integrados para instituir, por metas faseadas, uma rede de âmbito

nacional de Cuidados Paliativos;

Concretizar a reforma hospitalar, através de uma visão integrada e mais racional do

sistema de prestação, e concretizar o processo de racionalização e concentração

definido;

Estimular a utilização de medicamentos genéricos, nomeadamente através de

prescrição e dispensa de medicamentos por Denominação Comum Internacional,

sustentando a redução de encargos públicos e privados através de concorrência entre

produtores;

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Prosseguir a política de gestão de recursos humanos em saúde, com análise

ponderada das necessidades, gestão previsional proactiva incluindo desenvolvimento

profissional, orientada para a valorização das carreiras da saúde e visando promover

a contratação dos diferentes profissionais de saúde através de contratos de trabalho,

designadamente mediante a abertura de novos concursos.

Regulação do setor:

Regulamentação e desenvolvimento do setor da saúde pública, com especial enfoque

na atuação das Autoridades de Saúde e na aplicação de sistemas de vigilância

epidemiológica;

Promover condições que possibilitem e maximizem a investigação e inovação em

saúde em Portugal, com especial enfoque para a investigação clínica.

Normas de orientação clínica:

orientações clínicas atualizadas, visando assegurar critérios de qualidade,

mensuráveis e comparáveis com padrões conhecidos e aceites pela comunidade

científica;

orientação clínica e protocolos clínicos, sustentada pelo custo-efetividade.

Acreditação dos serviços do SNS:

e o reconhecimento público do nível de qualidade atingida pelos prestadores de

cuidados de saúde, fortalecendo a confiança dos cidadãos e dos profissionais nas

instituições e fomentando uma cultura de melhoria da qualidade e de segurança.

Um maior protagonismo dos cidadãos na utilização e gestão ativa do Sistema de Saúde:

Intensificar programas integrados de promoção da saúde e de prevenção da doença,

aumentando o potencial de saúde de cada cidadão, família e comunidade, mediante

iniciativas de base intersectorial, designadamente com a Educação, Segurança Social,

Ambiente, Autarquias e terceiro setor, com maior proximidade à população;

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

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Definir políticas nacionais abrangentes, eficazes e sustentadas em matéria das

substâncias aditivas com o objetivo de reduzir os efeitos nocivos destas substâncias

nos planos social e da saúde e estabelecer prioridades, nomeadamente na adoção de

medidas que visem proteger as crianças, os adolescentes e os jovens, e em particular

condicionar o consumo nos menores, o consumo episódico intenso de bebidas e os

danos causados às crianças que crescem em famílias com problemas de álcool;

Insistir na redução dos tempos médios de espera para consultas de especialidade e

cirurgias;

Intensificar e promover a cirurgia ambulatória através de incentivos adequados que

estimulem a sua execução;

Promover a convergência na política de contratualização de convenções do Estado.

Melhorar a informação e o conhecimento do Sistema de Saúde:

Assegurar uma política coerente de investimento em sistemas de informação que

permita a otimização das fontes de dados existentes e a sua transformação em

informação útil, para os cidadãos e profissionais de saúde, e em conhecimento e

melhoria contínua da eficiência e da qualidade do Sistema de Saúde;

Desmaterialização crescente de todos os processos administrativos e clínicos das

entidades prestadoras de cuidados, promovendo a eficácia e a rapidez de resposta;

Desenvolvimento da Plataforma de Dados de Saúde, que interconecta diferentes

tipologias de unidades prestadoras de cuidados permitindo a partilha entre estas e

entre estas e o próprio utente, recolhendo em simultâneo dados de saúde de utilidade

epidemiológica e de investigação clinica;

Reforçar a qualidade e quantidade da informação pública mensal sobre o

desempenho das instituições (hospitais, centros de saúde e serviços), tornando-a, ao

mesmo tempo, de mais fácil acesso ao cidadão.

Melhorar a transparência da informação em saúde:

A transparência na saúde enquadra-se no dever que o Estado assume de informar os

cidadãos acerca dos serviços que prestam cuidados de saúde com qualidade e

segurança, incluindo a prestação pública de contas.

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Internacionalizar a saúde e aprofundar a cooperação no domínio da saúde com a

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia:

Execução do Programa de Internacionalização da Saúde, dinamizando o setor da

saúde como motor de desenvolvimento da economia portuguesa;

Intensificar a cooperação com a CPLP, facilitando a transferência de conhecimento e

o desenvolvimento de uma agenda comum de cooperação em saúde, nos domínios

técnico e científico, bem como promover o intercâmbio de profissionais do SNS com

os serviços de saúde da CPLP;

Manter e aprofundar a cooperação na área da saúde com a União Europeia, a fim de

criar as condições para a aplicação da Diretiva relativa ao exercício dos direitos dos

doentes em matéria de cuidados de saúde transfronteiriços em Portugal;

5.10. Educação e ciência

Em matéria de educação e formação não superior mantém-se inabalável o empenho do

Governo em melhorar a qualidade do ensino em todos os cursos e níveis de educação

(desde o pré-escolar ao secundário), de elevar os níveis de qualificação dos jovens e

adultos e de combater o abandono escolar precoce. Já no Ensino Superior e na Ciência,

o compromisso do Governo centra-se em melhorar os índices de formação da população

jovem adulta portuguesa e de toda a população ativa, em estimular a competitividade

internacional da comunidade científica e em garantir melhores resultados no âmbito da

transferência de conhecimento científico e tecnologia entre os centros de investigação e

desenvolvimento e o tecido empresarial.

A prossecução destes objetivos, estratégicos para o nosso futuro coletivo, na atual

conjuntura socioeconómica, implica uma maior eficiência do Sistema de Ensino Público

e do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) em Portugal.

5.10.1. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar

Na área do Ensino Básico e Secundário, em matérias relacionadas com questões

curriculares, pedagógicas e de qualificação, mantêm-se como objetivos estratégicos e

em linha com as melhores práticas internacionais:

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- Elevar os níveis de qualificação e melhorar significativamente a aprendizagem, em

todos os cursos e níveis de ensino, atendendo à sua comparabilidade no espaço europeu;

- Garantir o acesso à educação especial e adequar a intervenção educativa e a resposta

terapêutica às necessidades dos alunos e das suas famílias;

- Reforçar a aposta no ensino profissionalizante de jovens;

- Manter as respostas de qualificação de adultos, com especial incidência na elevação

dos níveis de certificação profissional e na reconversão e integração laboral das pessoas

em situação de desemprego;

- Desenvolver e consolidar uma cultura de monitorização e avaliação a todos os níveis

do sistema de ensino, assente no rigor, na responsabilização, na promoção e valorização

do mérito e na deteção precoce de dificuldades de aprendizagem;

- Iniciar um processo sistemático de melhoria da formação inicial de docentes e a

avaliação prévia à sua entrada na carreira.

De modo a garantir a concretização destes objetivos estratégicos, o Governo pretende

executar as seguintes medidas:

- Criação de um sistema integrado de informação de indicadores da Educação,

garantindo o acesso à sua consulta aos cidadãos e apoiando as famílias a tomarem

decisões mais informadas no exercício da sua liberdade de escolha, que se pretende

continuar a ampliar;

- Melhoria da educação pré-escolar e reforço da sua articulação com o ensino básico,

enquanto fator de equidade no progresso educativo dos alunos;

- Introdução de novas metas curriculares, em articulação com os conteúdos

programáticos, nas disciplinas ainda não abrangidas;

- Continuação do desenvolvimento de uma cultura de avaliação com maior nível de

clareza, exigência e rigor, com a introdução e consolidação de um sistema de avaliação

por exames externos em final de cada ciclo;

- Melhoria do sucesso escolar no 1.º ciclo através do reforço qualitativo das áreas

estruturantes, Português e Matemática;

- Avaliação das atividades de enriquecimento curricular;

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- Racionalização, harmonização e simplificação dos cursos profissionalizantes com vista

à eliminação de sobreposições e a uma maior flexibilidade dos currículos;

- Melhoria da qualidade do ensino e da formação técnica especializada dos cursos

profissionalizantes, através da revisão curricular das componentes sociocultural e

científica e da referenciação da componente técnica ao Catálogo Nacional de

Qualificações;

- Redimensionamento da atual rede de Centros Novas Oportunidades (CNO), alargando

o seu foco à orientação e ao aconselhamento de jovens e de adultos no que respeita às

ofertas escolares e profissionalizantes e ao apoio e articulação entre os promotores dos

cursos profissionalizantes e as entidades empregadoras;

- Direcionamento dos cursos profissionalizantes para áreas técnicas e tecnológicas

ligadas aos setores económicos mais aptos à criação de emprego;

- Desenvolvimento e execução de novos contratos de autonomia, incentivando as

escolas a desenvolverem projetos educativos diferenciados e credíveis;

- Valorização dos recursos humanos utilizando critérios exigentes de gestão e

racionalização, promovendo a estabilidade e dignificação da profissão docente;

- Conversão do Gabinete de Avaliação Educacional numa unidade autónoma e

independente capaz de se relacionar com entidades internas e externas ao Ministério,

com competências científicas na avaliação externa da aprendizagem dos alunos;

- Contratualização da integração das escolas nas comunidades locais, com a Associação

Nacional dos Municípios Portugueses, reforçando a atribuição de competências no

âmbito dos novos contratos de autonomia, prosseguindo a racionalização e a gestão

descentralizada da rede de ensino.

5.10.2. Ensino superior

O ensino superior é essencial para o desenvolvimento do País, através da qualidade dos

diplomados, da investigação feita nas instituições e de mecanismos de transferência

direta do saber com vista à criação de riqueza cultural e económica.

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As últimas décadas foram de crescimento rápido da população com acesso a instituições

de ensino superior em Portugal. Essa população aproxima-se de 400000, sendo cerca de

63% do subsistema universitário e 37% do subsistema politécnico (com

aproximadamente um quinto em instituições privadas), e constitui mais de 35% dos

correspondentes grupos etários.

A rede de instituições e formações apresenta-se heterogénea e desequilibrada,

coexistindo situações de elevada qualidade com casos problemáticos nos planos

pedagógico, científico e de sustentabilidade.

Face ao panorama atual, foram definidos os seguintes objetivos estratégicos:

- Melhorar a qualidade do sistema de ensino superior em Portugal (está em curso a

revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e de algumas normas

relativas ao funcionamento dos cursos do Ensino Superior. Após solicitação do

Governo, foi iniciado pela European Association for Quality Assurance in Higher

Education um processo de avaliação externa da atividade da Agência de Avaliação e

Acreditação do Ensino Superior);

- Racionalizar a rede de instituições de ensino superior com vista a otimizar o uso dos

recursos disponíveis e melhorar o ajustamento da oferta formativa às necessidades do

País foram fixadas novas orientações para a fixação das vagas dos ciclos de estudo, um

dos instrumentos de regulação da oferta formativa da rede pública;

- Melhorar as políticas de apoio social com vista a maior eficiência dos serviços e

otimização no uso dos recursos públicos foi revisto o Regulamento de Bolsas de forma

a torná-lo mais justo e exigente e de aplicação mais célere. Foi mantido, após

renegociação com a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, o sistema de

empréstimos aos estudantes do Ensino Superior.

5.10.3. Ciência

Em 2012 foi atingido um elevado grau de execução nas áreas de intervenção definidas

como prioritárias para a área de Ciência e apresentadas e aprovadas no respetivo

relatório de Orçamento do Estado. Em síntese, importa destacar:

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- O lançamento do Programa “Investigador FCT” que visa criar um corpo estável de

investigadores de excelência no País, com o recrutamento dos melhores cientistas

nacionais e estrangeiros que queiram integrar o sistema científico nacional;

- A criação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, estrutura de aconselhamento

do Governo em matérias transversais de ciência e tecnologia, numa perspetiva de

definição de políticas e estratégias nacionais, funcionando de forma articulada com o

Conselho Nacional para o Empreendedorismo e Inovação;

- A avaliação das Parcerias entre Portugal e as Universidades MIT, Carnegie-Mellon

(CMU) e Universidade do Texas em Austin (UTA) elaborado pela Academia da

Finlândia.

Nas áreas de intervenção prioritárias para 2013, e em linha com o definido na Grandes

Opções do Plano para esta área, podemos identificar:

- Abertura de novos concursos:

i) Bolsas de Doutoramento e Pós-Doutoramento em todas as áreas científicas e

tecnológicas;

ii) Programas de Doutoramento conjuntos entre instituições públicas e privadas do

Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN )e Empresas;

iii) Recrutamento de investigadores doutorados. Este programa, iniciado em 2012, e em

execução nos próximos anos, tem por objetivo dotar as instituições do SCTN de uma

bolsa de recursos humanos altamente qualificados e internacionalmente competitivos;

iv) Projetos de investigação e desenvolvimento com tipologias diversificadas e

envelopes financeiros diferenciados, para financiamento de projetos internacionalmente

competitivos;

- Avaliação do novo concurso para programas doutorais aberto em 2012, que tem como

objetivo o financiamento de programas que garantam mecanismos de seleção exigente

dos candidatos, atividades formativas de grande qualidade e modelos de governação

eficientes;-

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- Avaliação do concurso nacional, aberto em 2012, para financiamento das Instituições

do SCTN;

- Criação da Global Acceleration Innovation Network (GAIN) - uma nova organização

nacional orientada para a ligação entre as instituições de ensino superior e centros de

investigação e a indústria. Esta organização resulta de uma redefinição do plano UTEN

(University Technology Enterprise Network) com expansão a mais universidades

portuguesas.

5.11. Cultura

A cultura é um fator de coesão e de identidade nacional. Ao Governo compete

promover a criação artística e favorecer o acesso dos cidadãos à Cultura e ao Património

Cultural.

O Governo reconhece o valor económico do setor criativo e cultural, bem como o

trabalho dos criadores, como fatores fundamentais para a definição da identidade

contemporânea de Portugal, competindo à Secretaria de Estado da Cultura promover a

ligação entre o setor criativo e cultural, entre parceiros institucionais e privados,

apoiando a criação de outras soluções de financiamento para projetos de natureza

artística e cultural e promovendo a profissionalização de agentes culturais, ajudando a

desenvolver uma cultura de empreendedorismo no setor.

Cabe também ao Governo fomentar a criação de dispositivos de internacionalização,

sendo crucial, na atual situação económica, o alargamento de mercados no setor

artístico.

É ainda da sua competência a aposta na formação de públicos. A educação para a

cultura é fundamental para a criação de públicos. Trata-se de uma meta de horizonte

temporal alargado que só poderá ser alcançada com políticas de longo prazo. A

formação de público é o principal garante da valorização da cultura entre os

portugueses.

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Cabe ainda à Secretaria de Estado da Cultura a manutenção responsável do património

(o tangível e o intangível) e a valorização dos museus e monumentos nacionais, a

promover com as Autarquias, o Turismo, as Escolas e a Sociedade Civil.

Assim, os principais objetivos e medidas estratégicas da Secretaria de Estado da Cultura

são:

1) Património

A valorização e a requalificação do património cultural é um desígnio nacional. O atual

Governo reconhece a importância do património como fator multiplicador de riqueza e

coloca o património cultural como uma das grandes apostas do próximo Quadro

Comunitário de Apoio 2014-2020. É urgente uma estratégia integrada de manutenção

responsável e de valorização do património, geradora de riqueza, emprego, qualidade de

vida e também de afirmação de Portugal internamente e no exterior;

. Parceria Turismo/Património Cultural e execução das Rotas do Património

No âmbito deste grande desígnio nacional que é a valorização e requalificação do

património será estabelecida uma parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura e a

Secretaria de Estado do Turismo com vista à criação de uma rede nacional de Rotas do

Património, devidamente mapeadas e identificadas nas diferentes plataformas digitais,

com sinalética local e disponibilização de conteúdos informativos;

. Taxa turística para o património

Feito o diagnóstico dos problemas e limitações do nosso património e hierarquizadas as

necessidades prementes é a altura de formalizar a relação que existe entre património e

turismo. Assim, será estudada a aplicação de uma taxa turística nas dormidas da

hotelaria nacional cujo valor irá reverter na totalidade e diretamente para a

requalificação e valorização do património nacional e será gerido pela Secretaria de

Estado da Cultura;

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. Melhoramentos na gestão do património

O melhoramento da gestão do património de forma a potenciar as receitas próprias da

vasta e valiosa oferta nacional com assinalável benefício para o Estado e para os

contribuintes tem sido um dos objetivos principais da Secretaria de Estado da Cultura.

A exploração deste património por entidades exteriores à Secretaria de Estado da

Cultura é feita sem transmissão dos correspondentes direitos de propriedade. Este

modelo de gestão assegura que o Estado não só deixa de ter encargos com o património

concessionado, como mantém as receitas que deste retirava e partilhará futuramente a

subida de receitas que a nova gestão alcançar.

2) Indústrias Criativas

A carência de uma gestão profissional nas áreas da cultura é talvez dos maiores desafios

do nosso tecido cultural, a par da fragmentação do mercado cultural e de um problema

crónico de acesso ao financiamento por parte das estruturas culturais. Estes três pontos

fazem com que o nosso tecido cultural esteja muito exposto a cortes nos apoios

públicos. Assim, é preciso encontrar formas alternativas de financiamento da Cultura e

promover a profissionalização dos agentes;

. Balcão +Cultura

O Balcão +Cultura será o contributo da Secretaria de Estado da Cultura para uma maior

profissionalização do setor cultural. Serão criados balcões em zonas geográficas do país

com o objetivo de acompanhar os projetos culturais desde a sua conceção, fornecendo

espaço para a sua localização, apoio técnico, jurídico, financeiro, auxiliando na captação

de financiamentos, na internacionalização das iniciativas e na profissionalização dos

projetos para que estes possam vencer no âmbito internacional;

. Formação para o empreendedorismo nas escolas artísticas

No segmento jovem ligado às áreas das indústrias criativas verificam-se fragilidades e

necessidades específicas de aprendizagem na área da educação para o

empreendedorismo.

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Assim, numa parceira entre a Secretaria de Estado da Cultura, a Secretaria de Estado do

Ensino Básico e Secundário e o IPAMEI, pretende-se arrancar com um projeto-piloto

no ano letivo 2012-2013 no qual serão testadas diferentes metodologias de

aprendizagem utilizadas transversalmente na educação para o empreendedorismo.

3) Livro, leitura e uma política para a língua

Os novos desafios no setor não serão descorados, estando previsto o apoio à

digitalização de fontes e de conteúdos de natureza literária. Assim, torna-se necessário

preparar a indústria do livro para o fim da discriminação fiscal do livro eletrónico.

4) Educação para a Cultura e para a Arte

A formação de públicos para a cultura e para as artes, especialmente do público escolar,

é condição obrigatória para o sucesso de qualquer política cultural pública.

. Plano Nacional de Cinema

Irá ser consolidado a partir do ano letivo 2012-2013 um plano para a literacia

cinematográfica. Foi elaborada, em coordenação com o Ministério da Educação e

Ciência, uma lista de filmes que proporcionará uma visão diacrónica da história do

cinema, facilitando o contacto dos alunos do ensino básico e secundário com os

principais realizadores, os filmes do cânone ocidental, a história do cinema português e

as principais correntes da cinematografia dos últimos cem anos.

O objetivo final passa por abarcar paulatinamente todos os anos do ensino obrigatório e

a totalidade das escolas do país;

. Música na Escola

Em colaboração com a Orquestra Sinfónica Juvenil, com as orquestras do Norte, das

Beiras, do Algarve, e Orquestra Metropolitana, está a ser elaborado um ciclo de

pequenos «concertos promenade» para as escolas, com início no ano letivo 2012-2013.

. Grande Orquestra de verão (parceria Secretaria de Estado da Cultura / Secretaria de

Estado do Ensino Básico e Secundário)

A garantia da acessibilidade à Cultura, nas suas diferentes formas e manifestações, é

uma prioridade manifestada desde logo no Programa do XIX Governo.

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É com este propósito iniciativa ‘Grande Orquestra de verão’, lançada pela Secretaria de

Estado da Cultura no verão de 2012 e com periodicidade anual. Durante o período

estival, várias das principais orquestras do país irão percorrer os diferentes distritos de

Portugal, levando até às populações um conjunto de músicas clássicas, nacionais e

universais, ao estilo dos “concertos promenade”.

5) Papel do Estado nas artes

. Registo Nacional de Profissionais do Setor das Atividades Artísticas, Culturais e de

Espetáculo

Os profissionais do setor das atividades artísticas, culturais e de espetáculo vão passar a

ter um registo nacional. A inscrição no registo não é obrigatória, sendo contudo

condição para o acesso a ações de valorização profissional e técnica, direta ou

indiretamente promovidas pelo Estado, e para a emissão de certificados comprovativos

do exercício da profissão;

. Regulamentação do Subsidio de Reconversão Profissionais

É ainda intenção da Secretaria de Estado da Cultura regulamentar a atribuição do

subsídio de reconversão dos profissionais do setor das atividades artísticas, culturais e

de espetáculo. Este subsídio é destinado a profissionais que tenham cessado o exercício

da sua atividade antes de poderem beneficiar de uma pensão de velhice.

.Política de atribuição de apoios às artes performativas

A Secretaria de Estado da Cultura através da Direção-Geral das Artes inaugurou uma

nova forma de diálogo com os agentes culturais. Assim, num ato de total transparência,

fez publicar on-line a calendarização de todos os concursos a apoios. O calendário de

execução dos programas de apoio financeiro às artes, nas diversas modalidades, visa

garantir a regularidade da produção e da oferta cultural no país.

. Apoio à Internacionalização

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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Página 132

O apoio à internacionalização dos agentes culturais é uma das apostas da Secretaria de

Estado da Cultura, que vê nos mercados externos e em parcerias com a Agência para o

Investimento e Comércio Externo de Portugal uma resposta ao momento atual de

contenção orçamental. Assim, em 2012, a Direção-Geral das Artes (DGArtes) apoiou 61

entidades culturais para levar 74 projetos a 25 países. Há ainda a intenção de realizar

anualmente dois concursos semestrais para a internacionalização das artes.

6) Pacote Legislativo de Apoio Privado à Cultura

. Revisão do enquadramento legal do mecenato cultural

O presente momento apela à revisão de estratégias e ao reajustamento de mecanismos,

criando espaço para a revisão de respostas pensadas em momentos anteriores e distintos

do presente, designadamente no que respeita às fórmulas de incentivo ao setor cultural.

Com efeito, o fomento das atividades culturais, embora podendo beneficiar de

incentivos dinamizados pelo poder público, passa sobretudo pela criação de soluções

que coloquem ao alcance dos agentes privados os instrumentos necessários à

canalização dos seus apoios para atividades e iniciativas de caráter cultural. É

precisamente neste espírito que se enquadram as alterações ao Estatuto dos Benefícios

Fiscais e ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares que a

Secretaria de Estado da Cultura pretende desenvolver.

Esta proposta abarca alterações ao Estatuto dos Benefícios Fiscais, ao Código do

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares e ao Regime Fiscal de Apoio ao

Investimento.

7) Cinema e audiovisual

. Nova Lei do Cinema e do Audiovisual – uma nova política para o setor

A nova Lei do Cinema e do Audiovisual é uma resposta à quebra acentuada das receitas

da taxa de exibição, única fonte de receitas do Instituto do Cinema e do Audiovisual. A

construção da nova lei, que resulta de um processo longo de conversação com todos os

parceiros relevantes nas diferentes áreas envolvidas, passa por um modelo de

financiamento misto que conta com o investimento das operadoras de televisão, dos

distribuidores de cinemas e das salas de exibição. Os apoios ao cinema e ao audiovisual

passam, com esta proposta, a ter seis canais distintos de financiamento.

II SÉRIE-A — NÚMERO 45________________________________________________________________________________________________________________

132

Página 133

8) Combate à pirataria e defesa dos direitos dos autores e criadores

É necessário legislar na área da pirataria de música, de cinema e de livros, defendendo

os criadores, os direitos de autores, as empresas e a qualidade das plataformas em que

circulam os seus trabalhos e produtos, sem que para isso se coloque em causa os direitos

do consumidor de cultura e o acesso à cultura. Assim, a SEC proporá um pacote

legislativo que abarca o código e o direito de autor, o combate à pirataria, a lei das

sociedades de gestão e a cópia privada e que terá efeitos práticos já em 2013.

5 DE DEZEMBRO DE 2012________________________________________________________________________________________________________________

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A Divisão de Redacção e Apoio Audiovisual.

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