O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2 DE MARÇO DE 2013

17

Tempos de tentativa de substituição de direitos sociais e económicos numa perspetiva de progresso e de

justiça social, por políticas assistencialistas e de perpetuação da pobreza.

Tempos de profunda degradação das condições de vida e de trabalho das mulheres e de retrocessos nos

seus direitos fundamentais. É disto exemplo:

– Os milhares de jovens mulheres desempregadas, sem qualquer tipo de proteção social, obrigadas a

regressar com os filhos à casa dos pais, a adiar a maternidade ou a emigrar;

– Os muitos milhares de trabalhadoras que acumulam dois e três “trabalhos” para ao fim do mês somarem

o mínimo para as despesas primárias de sobrevivência, sem quase verem os filhos;

– As mulheres que após 12 horas por dia de trabalho recebem um salário de miséria, e quando chegam de

noite escura a casa têm mais trabalho à sua espera;

– A situação daquelas mulheres tantas vezes consideradas “velhas demais para este emprego” e “novas

demais” para se reformarem;

– As mulheres, tantas por esse país fora, que estando numa situação de desemprego, estão em escolas e

hospitais a dar resposta a necessidades permanentes dos serviços;

– Todas aquelas que esticam pensões de miséria para se alimentarem e cuidarem dos seus pais, filhos e

netos;

– A realidade de tantas mulheres e crianças que se encontram em situação de pobreza, passam fome e

pela vergonha de não ter dinheiro para pagar a luz, a renda, uma garrafa de gás;

Neste tempo de retrocesso germinam e recrudescem seculares formas de exploração e violência sobre as

mulheres.

São tempos de empobrecimento forçado de largas camadas da população e de agudização da pobreza e

exclusão social são tempos de retrocesso civilizacional em especial para as mulheres e crianças.

No nosso país, agudizam-se formas de exploração das capacidades produtivas e criativas das mulheres,

de desvalorização do valor do seu trabalho e dos seus salários, para servir os grupos económicos e

financeiros que instrumentalizam como mais uma “janela de novas oportunidades” de redução dos custos do

trabalho e de aumento dos seus lucros.

É esta a realidade da vida da esmagadora maioria das mulheres portuguesas.

Das operárias que depois de uma vida na fábrica, sempre a receber pouco mais de 400 euros, podem ser

despedidas a preço de saldo.

Dos milhares de professoras atiradas por este Governo PSD/CDS para o desemprego, apesar de tanta

falta fazerem nas escolas, cuja experiência e dedicação são consideradas “gorduras do Estado”.

Das centenas de enfermeiras cujo estatuto socioprofissional é todos os dias desvalorizado, depois de terem

custeado e investido na sua formação, agora atiradas para o desemprego ou empurradas para a emigração.

Das investigadoras e cientistas, a mão-de-obra mais qualificada do país, tratadas como peças descartáveis

a lecionar aulas e elaborar projetos não remunerados nas instituições do ensino superior público, a “saltar” de

estágio em estágio, muitas obrigadas a emigrar.

Das trabalhadoras do comércio e das grandes superfícies, que trabalham sábado, domingo e feriados,

como se a sua vida pessoal e familiar não tivesse qualquer valor, e no fim do mês receber o salário mínimo

nacional.

São tempos de retrocesso civilizacional, em que a dignidade da vida humana não vale nada se comparada

com a opção política de servir o poder dos grupos económicos e financeiros.

É urgente e necessário valorizar o trabalho das mulheres em igualdade, ao serviço do desenvolvimento

económico e social do País.

II

De acordo com o Relatório da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) referente ao

ano de 2011, “as mulheres parecem estar mais expostas às situações de desemprego, apresentando

sistematicamente taxas de desemprego8 superiores às dos homens (13,2 %, face a 12,7 % para os homens) ”.

Páginas Relacionadas
Página 0013:
2 DE MARÇO DE 2013 13 c) De isenção relativa a IVA para associações sem fins lucrat
Pág.Página 13
Página 0014:
II SÉRIE-A — NÚMERO 92 14 A política de direita nas últimas décadas –
Pág.Página 14
Página 0015:
2 DE MARÇO DE 2013 15 Quanto mais elevada é a qualificação, maior é a discriminação
Pág.Página 15
Página 0016:
II SÉRIE-A — NÚMERO 92 16 poderiam ser dados do sentido negativo dest
Pág.Página 16