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Sexta-feira, 26 de abril de 2013 II Série-A — Número 124
XII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2012-2013)
S U M Á R I O
Resolução: Aprova o Protocolo sobre as preocupações do povo irlandês a respeito do Tratado de Lisboa, assinado em Bruxelas, em 13 de junho de 2012. Projetos de resolução [n.os 698 e 699/XII (2.ª)]: N.º 698/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo a manutenção dos hospitais cujo edificado é da propriedade das Misericórdias sob gestão pública do Serviço Nacional de Saúde (PCP). N.º 699/XII (2.ª) — Por uma política alternativa que resgate o País do declínio económico e social (PCP).
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RESOLUÇÃO
APROVA О PROTOCOLO SOBRE AS PREOCUPAÇÕES DO POVO IRLANDÊS A RESPEITO DO TRATADO DE LISBOA,
ASSINADO EM BRUXELAS EM 13 DE JUNHO DE 2012
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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 698/XII (2.ª)
RECOMENDA AO GOVERNO A MANUTENÇÃO DOS HOSPITAIS CUJO EDIFICADO É DA
PROPRIEDADE DAS MISERICÓRDIAS SOB GESTÃO PÚBLICA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE
O atual Governo anunciou como objetivo proceder à reorganização da rede hospitalar. Uma reorganização
da rede hospitalar não para melhorar a prestação de cuidados hospitalares aos utentes, mas assente numa
matriz economicista. A intenção é clara, pretende reduzir e concentrar serviços, para reduzir despesa. Estes
foram os pressupostos da criação do Grupo de Trabalho para a reorganização da rede hospitalar.
O relatório apresentado por este Grupo de Trabalho, datado de novembro de 2011, aponta como proposta,
e passa-se a citar: “Aprofundar uma parceria estratégica com o Sector Social da Saúde, em especial com a
União das Misericórdias com vista à devolução de unidades aos seus proprietários e contratualização de
serviços aos mesmos, libertando o SNS de custos fixos e assentando os novos acordos em produção
variável”. Justificam tal proposta pelo facto das Misericórdias portuguesas prestarem cuidados à população,
referindo que são “detentoras de um vasto parque onde funcionam várias unidades de saúde exploradas pelo
SNS. Da análise de várias unidades ao longo do País constata-se da possibilidade de se proceder à sua
transformação funcional em Centros de Alta Resolução ou Unidades de Cuidados Continuados”.
Apesar de afirmar que este relatório se tratava apenas de um estudo, o Governo já anunciou publicamente
a intenção de devolver às Misericórdias os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) cujo edificado é da
sua propriedade. Falou-se em 15 hospitais, de entre os quais, o Hospital de Santo António no Porto, do
Montijo, de Serpa, da Régua, da Póvoa de Varzim, da Vila do Conde, de Barcelos, de Vila Nova de Famalicão,
de Valongo, de Cantanhede, de Fafe e da Anadia.
O Governo não apresentou nenhuma argumentação válida para justificar esta decisão. Não há evidência
que as Misericórdias tenham um modelo de gestão mais eficaz, nem que tenham um nível de disponibilidade
financeira que permita garantir a elevada diferenciação dos hospitais e pelo menos manter os cuidados de
saúde que atualmente são prestados. A única motivação do Governo será eventualmente a redução de custos,
como vem enunciado no referido relatório, desresponsabilizando-se da prestação dos cuidados de saúde às
populações e a redução de cuidados hospitalares, transformando alguns hospitais em unidades de cuidados
continuados integrados. Defendemos a ampliação da rede de cuidados continuados integrados do setor
público, mas entendemos que o seu desenvolvimento não pode ser feito à conta da redução de cuidados
hospitalares. Deve-se sobretudo proceder a um planeamento sério, porque um nível de cuidados não substitui
o outro e ambos são igualmente importantes.
Não está esclarecido, nem há compromisso do Governo sobre a situação dos profissionais de saúde que
exercem funções nestes hospitais, nomeadamente quanto à salvaguarda dos seus postos de trabalho. A
manutenção do quadro de profissionais existentes é um fator de enorme importância para o funcionamento
destas unidades de saúde e para a prestação de cuidados de saúde de qualidade. Poderá estar também
presente a retirada de direitos, pela imposição de contratos individuais de trabalho e da mobilidade.
Também não há informação quanto aos equipamentos e mobiliário existente em cada uma das unidades
hospitalares, da propriedade do Estado.
Importa referir que estes hospitais passaram para a gestão pública, por um processo de “nacionalização”
após o 25 de abril, sob o primado da criação de um serviço público de saúde universal e com cobertura
nacional, ficando o Estado a pagar rendas para as respetivas Misericórdias. Muitas das instalações
encontravam-se num elevado estado de degradação e os equipamentos obsoletos, o que obrigou o Estado a
proceder a requalificações, a ampliações e a adquirir equipamentos tecnologicamente mais avançados, num
investimento público de largos milhões, suportado por dinheiros públicos, para benefício da saúde dos utentes.
Na prática, o que se pretende é avançar com um processo de privatização encapotado destes hospitais, ao
serem entregues a instituições de solidariedade social, como as Misericórdias. Deixam de ser geridos por uma
entidade exclusivamente pública, para serem geridos por entidades privadas, pese embora, sejam de
solidariedade social.
O direito à saúde só é garantido na íntegra a todos os utentes, quando é assumido diretamente por
estabelecimentos públicos de saúde integrados no SNS.
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No nosso entendimento só a gestão pública dos hospitais integrados no SNS cumpre os princípios
constitucionais, nomeadamente, a universalidade e a qualidade dos cuidados de saúde, independentemente
das condições sociais e económicas dos utentes. Neste sentido o PCP propõe que estes hospitais se
mantenham sob gestão pública, integrados no SNS, para assegurar o direito à saúde para todos os utentes.
Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República recomenda ao
Governo que:
1. Mantenha sob gestão pública e integrados no SNS os hospitais, cujo edificado é da propriedade das
Misericórdias.
2. Que os hospitais mantenham todas as valências que atualmente asseguram e eventualmente possam
vir a ser reforçadas face às necessidades da prestação de cuidados de saúde às populações.
Palácio de São Bento, 26 de abril de 2013.
Os Deputados do PCP, Paula Santos — Bernardino Soares — Carla Cruz — António Filipe — Honório
Novo — Paulo Sá — Jorge Machado — Rita Rato.
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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 699/XII (2.ª)
POR UMA POLÍTICA ALTERNATIVA QUE RESGATE O PAÍS DO DECLÍNIO ECONÓMICO E SOCIAL
Dois anos depois do início da aplicação do Pacto de Agressão, está claro para todos que as suas medidas
se traduzem num profundo retrocesso e que o verdadeiro programa do memorando não foi nunca o equilíbrio
das contas públicas ou a redução da dívida pública e sim a concentração da riqueza por via da redução de
salários, reformas e pensões, da negação do acesso a direitos essenciais, na transferência de dinheiros
públicos e de recursos nacionais para os grandes grupos económicos, seja através de recapitalizações, PPP,
swaps, privatizações, privilégios fiscais ou outros mecanismos. Trata-se afinal de uma tentativa de golpear e
rever de facto a Constituição sob o falso argumento dos condicionalismos e da realidade económica, criados
pelo próprio Pacto.
Por isso nenhum dos problemas estruturais do País foi resolvido e todos se agravaram. O desemprego
galopante - instrumento para a quebra de salários a precariedade e a retirada de direitos aos trabalhadores -, a
recessão económica continuada, a crescente dependência externa, a falta de investimento, a degradação dos
serviços públicos, o recuo da proteção social, a falta de aposta na produção nacional e também a manutenção
do desequilíbrio orçamental e o sistemático aumento da dívida pública, são a prova de que este programa de
ataque aos portugueses e ao País nunca foi feito para ter qualquer resultado positivo. É certo também que o
Governo e a troica há muito se preparam para aplicar um segundo resgate procurando continuar o pacto de
agressão em curso.
Os factos têm vindo a provar insistentemente que os problemas do País não têm solução com esta política
e que outra política é não só possível como indispensável. Uma política que rompa com o memorando da
troica, verdadeiro Pacto de Agressão ao desenvolvimento do País e aos direitos dos portugueses, e que
aposte na recuperação do emprego e da economia, na defesa dos serviços públicos e dos direitos, garantindo
uma vida melhor para todos os portugueses.
Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República defende uma
política alternativa que inclua:
a) A rejeição da aplicação do memorando da troica e da sua política de destruição económica e social;
b) A renegociação imediata da dívida pública, nos seus prazos, montantes e juros, com a determinação
rigorosa da sua dimensão e características, a identificação da sua parte ilegítima e a definição de
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condições de pagamento compatíveis com o crescimento económico, designadamente indexando o
serviço da dívida a uma percentagem das exportações;
c) Uma forte ofensiva diplomática, quer convergindo com países da União Europeia com situações
semelhantes à de Portugal, quer procurando a diversificação de relações internacionais no plano
financeiro e no plano económico, bem como através de uma forte aposta no aforro interno;
d) O fim das políticas de benefício aos grandes grupos económicos e de prejuízo do interesse público,
designadamente
A reavaliação urgente de todas as PPP visando a sua renegociação e a redução muito
substancial dos respetivos encargos e a cessação – mesmo que unilateral - de todos os contratos
que se mostrem ruinosos;
A eliminação das rendas excessivas do setor electroprodutor e noutros sectores como nas
telecomunicações, gás natural e combustíveis, com reflexo imediato nas tarifas dos consumidores
domésticos e das empresas;
O resgate das operações de contratos swap e a consequente redução drástica dos encargos para
as empresas públicas;
O fim do programa de privatizações;
A não renovação dos contratos de serviços externos de estudos e consultadorias em curso, e a
proibição total do seu futuro estabelecimento, salvo em casos excecionais e devidamente
fundamentados;
A extinção imediata do conjunto de entidades ditas reguladoras, designadamente na área
económica, e a inclusão das suas missões como responsabilidade de departamentos da
Administração Central;
e) O aumento da produção nacional designadamente
Com uma política de desenvolvimento e promoção industrial que garanta a recuperação de
indústrias básicas estratégicas (siderúrgica; metalurgia associada à valorização de metais
básicos; metalomecânicas, eletromecânicas, elétricas e eletrónicas; química pesada; reparação e
construção naval), o fortalecimento de indústrias de alta tecnologia (química fina, farmacêutica,
aeronáutica e espacial, TIC e automação, novos materiais e biotecnologia);
Uma política de apoio à agricultura e às pescas, em particular no apoio aos pequenos produtores
e defendendo as fileiras existentes;
A reanimação e reforço do objeto estatutário da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, com vista
à retoma da prospeção, desenvolvimento, exploração e transformação de minérios;
O reforço do investimento público virado para o crescimento económico;
A valorização do mercado interno, com o aumento dos salários, incluindo do salário mínimo, e dos
rendimentos e prestações sociais da população, a par do combate à precariedade e ao
desemprego;
A afetação da parte do empréstimo reservado pela troica para a recapitalização da banca privada
à recapitalização da CGD visando o financiamento direto da economia;
O apoio às micro, pequenas e médias empresas com imposição de preços máximos dos fatores
de produção (crédito, seguros, energia, telecomunicações, portagens, etc.) e a alteração das
regras fiscais mais gravosas;
A defesa e reforço do sector empresarial do Estado nos sectores básicos e estratégicos da
economia e a adoção de uma política onde as empresas e instituições públicas – no plano dos
seus investimentos, consumos, parcerias, etc. – privilegiem o aparelho produtivo nacional;
f) A valorização do trabalho e dos trabalhadores, dos salários – incluindo o salário mínimo –, reformas e
pensões, garantindo o aumento do poder de compra da população, indispensável por razões sociais e
por razões económicas;
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g) A defesa e garantia das funções sociais do Estado, dos direitos sociais e de serviços públicos de
qualidade, pondo fim à destruição da administração pública e ao despedimento e retirada dos direitos
aos seus trabalhadores;
h) A defesa da soberania política, económica e orçamental, designadamente nas relações com a União
Europeia e no plano da União Económica e Monetária, afirmando o primado dos interesses nacionais,
diversificando as relações económicas e financeiras.
Palácio de São Bento, 26 de abril de 2013.
Os Deputados, Bernardino Soares — João Oliveira — Rita Rato — Jorge Machado — Paula Santos —
Jerónimo de Sousa — Francisco Lopes — Miguel Tiago — Honório Novo — Bruno Dias — João Ramos —
Paulo Sá — Paula Santos — Carla Cruz.
A Divisão de Redação e Apoio Audiovisual.
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