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17 DE JUNHO DE 2013

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O PEV não acredita que alguém, com verticalidade e sentido de responsabilidade, consiga ficar indiferente

perante este drama. O problema é que existem aqueles que consideram que esta situação é uma

consequência natural dos objetivos políticos que tomaram como prioritários: a obsessão pela diminuição do

défice e da dívida, salvaguardada a segurança do sistema financeiro. Ora, assumindo-a como uma

consequência natural, entendem que pouco ou nada há a fazer!

É neste quadro que já foram proferidas declarações por parte de membros do Governo, diretamente

responsáveis pela área da juventude, que demonstraram justamente que o Governo decidiu manter-se passivo

no combate ao desemprego jovem, aconselhando mesmo os jovens a emigrar, quando não encontrassem

trabalho em Portugal. Relembramos algumas dessas declarações, que levantaram, compreensivelmente, uma

onda de revolta pelo profundo desrespeito manifestado pelos jovens e pelas suas famílias: «se estamos no

desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir além fronteira»; « quem entende que tem condições para

encontrar (oportunidades) fora do seu país, num prazo mais ou menos curto, sempre com a perspetiva de

poder voltar, mas que pode fortalecer a sua formação, pode conhecer outras realidades culturais, é

extraordinariamente positivo»; «nós temos hoje uma geração extraordinariamente bem preparada, na qual

Portugal investiu muito. A nossa economia e a situação em que estamos não permite a esses ativos

fantásticos terem em Portugal hoje solução para a sua vida ativa». O Primeiro Ministro chegou mesmo a

afirmar, para os desempregados em geral, que «estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é

ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem que ser um estigma, tem de

representar também uma oportunidade para mudar de vida»! «Uma oportunidade»!!

É talvez difícil imaginar maior forma de desrespeito pelas pessoas que duramente caem no desemprego, e

pelos jovens em particular que não conseguem a sua autonomia e iniciar a realização dos seus projetos de

vida.

Trata-se do mesmo Governo cujo Primeiro Ministro afirmou que «a seleção natural das empresas que

podem sobreviver» está a ser feita, na mesma altura em que se soube que, no ano passado, só no setor da

restauração encerraram mais de 10 mil empresas, tendo o aumento do IVA na restauração (de 13% para 23%)

contribuído em muito para esta situação. É assim como se numa floresta um Governo retirasse abrigo e

condições de sobrevivência a determinadas espécies e ficasse depois impávido e sereno a assistir à lei natural

das coisas, vendo como os mais fortes predadores tinham melhores condições para se alimentar dos mais

fracos. Mas uma sociedade quer-se uma lei da selva? O neo-liberalismo que grassa pelos governantes em

Portugal e na Europa, e bem determinado pela Troika, está a levar à construção de uma sociedade esvaziada

de respeito pelas pessoas, onde as condições económicas familiares de partida fazem a diferença de

oportunidades de vida, designadamente entre os jovens, onde se suga a responsabilidade do Estado, e se

retiram direitos que promovem a igualdade de oportunidades. Este é um modelo de sociedade sonhado pela

direita, o modelo onde as condições económicas e sociais ditam a «ordem natural» do destino das pessoas!

Este modelo sonhado nunca é assumido em campanhas eleitorais, porque é profundamente injusto, porque é

o que mais fragiliza o povo, mas o que mais rentabiliza os mais ricos. É o modelo da selva social que, agora, a

pretexto da crise, se procura implementar a todo o vapor, procurando-se convencer que é uma inevitabilidade

para responder à crise, quando estamos em crer que a crise é prolongada para dar tempo à implementação de

um modelo impossível de justificar, por comportar tanta, tanta injustiça!

O que mais tem embaraçado o Governo em toda esta encenação é a nítida correlação entre a destruição

da economia (e consequentemente do emprego), para a qual contribuiu diretamente por via de um sem

número de medidas, e o falhanço rotundo dos objetivos a que se tinha proposto no que concerne aos níveis de

défice e da dívida. Em relação ao défice o memorando da Troika previa 5,9% para 2011. Com as políticas

recessivas atualmente está previsto que o défice em 2013 seja de 5,5%, e poderá ser superior segundo o

próprio FMI. O que é que se ganhou, portanto, nesta matéria nestes 3 anos de martírio económico e social?

Quanto à dívida pública, essa, não pára de crescer e prevê-se que em 2014 atinja quase os 124% do PIB,

sendo que a OCDE prevê, mesmo, que chegue aos 132%. E o pior é que sabemos que quanto mais

estrangulamento económico, mais nos endividamos! Pagamos um preço muito alto... demasiado alto! O

Estado gasta anualmente com juros cerca de 7 mil milhões de euros e, só do final de 2012 até ao primeiro

trimestre de 2013, perderam-se mais de 100 mil empregos.

Relançar a economia, com medidas eficazes, criar postos de trabalho e diminuir urgentemente a taxa de

desemprego é o imperativo nacional! De realçar que o economista Eugénio Rosa já deu conta que o fator

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