O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 152

50

desemprego (portanto, de pessoas disponíveis que não produzem), aos níveis a que se encontra, foi

responsável pela perda de produção de riqueza nacional em mais de 90 mil milhões de euros, desde 2011 até

à data. Se nos lembrarmos de que foram 78 mil milhões de euros que a Troika emprestou a Portugal (dos

quais pagamos juros exorbitantes), verificamos que o país está completamente desgovernado por gente que

tem objetivos muito pouco sérios para a promoção do desenvolvimento nacional!

Os níveis de desemprego, nomeadamente, do desemprego jovem têm repercussões gravosas não apenas

a curto prazo, mas também a médio e longo prazos. Num relatório recente a OIT refere a existência de uma

relação direta entre o aumento da taxa de desemprego jovem e a diminuição subsequente da taxa de

frequência do ensino superior, demonstrando que a dificuldade de encontrar trabalho, designadamente entre

pessoas qualificadas, desmotiva a frequência de níveis de ensino mais elevados. Ou seja, muitos jovens

acabam por pensar para quê os encargos com o ensino (sendo que Portugal é dos países onde as famílias

mais pagam pela educação escolar dos seus filhos) e qual a vantagem real que retirarão de uma formação de

grau superior, se depois não conseguem encontrar trabalho. Conclui-se, assim, que o desemprego jovem,

designadamente dos mais qualificados, pode constituir um motor de desvalorização do ensino. Se

conjugarmos isto com o acentuado desemprego de jovens qualificados existente em Portugal e com o

desinvestimento brutal que o Governo está a fazer na educação em Portugal, percebe-se qual o futuro que o

Governo determina a este nível para o País!

Para além disso, não podemos ignorar a profunda precarização do trabalho que é hoje oferecida aos

jovens, que vislumbram um futuro a saltitar entre uma situação de emprego a curto prazo e de desemprego,

sabendo o que tudo isso comporta ao nível da insegurança na vida, da não obtenção de autonomia, de grande

vulnerabilidade e de adiamento de projetos de vida, ou até de constituição de família, fatores muito

determinados também pelos baixos salários que um mercado de trabalho desregulado pelo Governo

(designadamente pela alteração da lei laboral) impõe!

Verifica-se, ainda, que o período médio de procura de emprego sobe, que as situações de desemprego são

mais prolongadas, que a transição do ensino para o trabalho é mais longa e que a insegurança é o que se

oferece aos jovens!

Foi a grande pressão e a indignação da sociedade face ao descalabro dos números do desemprego juvenil

e à simultânea inação do Executivo para fazer face à situação calamitosa, que levou o Governo a criar, em

Junho de 2012, quando o desemprego jovem oficial se situava nos 36%, um programa, anunciado com toda a

pompa e circunstância, que visava, segundo o mesmo, combater o desemprego dos jovens. Ou seja, ao

mesmo tempo que o Governo continuou a gerar uma política económica de destruição de postos de trabalho,

de falência de empresas e de liquidação de emprego na função pública, procurou escamotear a sua política

com o programa «Impulso jovem», que visava sobretudo criar estágios com a duração de 6 meses, com uma

remuneração baixíssima suportada por fundos públicos e sem qualquer garantia de empregabilidade ao final

dos 6 meses. O programa não visava criação de emprego, permitindo a uma empresa despedir um trabalhador

para no seu lugar colocar um jovem ao abrigo deste programa, com um salário baixo e subsidiado. Quando

aprovado em Conselho de Ministros, o Governo anunciou que afetaria cerca de 344 milhões de euros a este

Programa e que visava que abrangesse cerca de 90 mil jovens.

O «Impulso jovem» revelou-se um fracasso. Por isso mesmo o Governo, em Fevereiro de 2013 alterou

alguns dos pressupostos do programa, alargando-o nomeadamente a estágios de acesso a títulos

profissionais e à região de Lisboa e Vale do Tejo, para além da duração ter passado para 12 meses. Em Maio

de 2013, contudo, eram cerca de 8 mil as candidaturas aprovadas, número profundamente afastado dos 90 mil

pretendidos. E o programa manifesta-se um logro porque é um passaporte para a precariedade e para os

baixos salários e não é esse o passaporte que os jovens procuram para formar a sua vida! Em Maio deste ano

o Governo anunciou para breve nova reformulação do programa «Impulso jovem»!!! O Governo vai entretendo

o país com esta medida ineficaz, que visa retirar jovens das estatísticas do desemprego durante uns meses, e,

entretanto, o número de jovens desempregados continua a galopar assustadoramente!

Para gerar ilusões quanto às suas intenções, o Governo vai afirmando que «a segurança no emprego é um

princípio fundamental de importância inquestionável», como referiu em recente entrevista o sr Secretário de

Estado do Emprego. Porém, na prática, vai tomando todas as medidas legislativas e de incentivo à

precariedade e à instabilidade laboral. Esta diferença entre um discurso de intenções e as opções políticas

tomadas, que, com efeito, são as que se repercutem direta e gravosamente na vida concreta dos portugueses

Páginas Relacionadas
Página 0010:
II SÉRIE-A — NÚMERO 152 10 PROJETO DE LEI N.º 427/XII (2.ª) AL
Pág.Página 10
Página 0011:
17 DE JUNHO DE 2013 11 Ao nível da investigação criminal, a inserção do crime de tr
Pág.Página 11
Página 0012:
II SÉRIE-A — NÚMERO 152 12 7 – [Anterior n.º 6]. 8 – O consent
Pág.Página 12
Página 0013:
17 DE JUNHO DE 2013 13 b) (…); c) (…); d) (…); e) Tráfico de p
Pág.Página 13