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II SÉRIE-A — NÚMERO 144 56

que se criasse um topónimo de Trafaria. Já a segunda hipótese propõe que a origem de “Trafaria” pode ser

encontrada na junção do elemento árabe “traf” (significando ponta ou cabo) com o vocábulo latino “arena”

(significando areia), que pode ter dado origem à palavra “trafarena”, palavra essa que foi evoluindo, ao longo

dos tempos, até à nossa “Trafaria”. A terceira hipótese apresenta a origem da palavra Trafaria, no vocábulo

árabe “tarifa” (significando “cousa extrema, final ou última). Na verdade não podemos dizer qual das três

conjeturas será a verdadeira ou a mais fiável, o que sabemos é que a nossa freguesia se chama de Trafaria.

4. Trafaria — A História

Os primórdios da Trafaria podem ter origem, ainda, num período anterior ao da ocupação árabe do território

português, provavelmente, sendo sempre uma povoação ligada à atividade piscatória. Entre esses tempos

mais antigos e o século XVI pouco se sabe da Trafaria, exceto que no dia 7 de agosto de 1565, o Cardeal D.

Henrique (durante o reinado de D. Sebastião) mandava erigir na Trafaria um lazareto, mas sabe-se que foi

apenas em 20 de dezembro do ano de 1695, já com Portugal livre da tutela castelhana (1580-1640), que se

estabeleceu, na Trafaria, um lazareto destinado às quarentenas.

A história da Trafaria está ligada de forma indelével ao Marquês do Pombal, em primeiro lugar pelas

referências ao tremor de terra que em conjunto com o tsunami ou maremoto associado, arrasou Lisboa e que

se pressupõe, se fez sentir, também, na Trafaria, que à época teria as suas habitações constituídas por

palhoças, que eram construídas à base de madeira e cobertas por elementos vegetais.

Após o fatídico dia de 1 de novembro de 1775, o governo da coroa portuguesa, apesar de seriamente

envolvido na reconstrução da cidade de Lisboa, fazia, simultaneamente, um grande esforço para que o País e

o exército estivessem aptos para a eventualidade de uma guerra com a Espanha. O governo de D. José I, na

altura chefiado por Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, sabia que na Trafaria se

escondiam, muitas pessoas fugidas à lei, entre as quais ladrões, muitos soldados desertores e centenas de

jovens refratários do serviço militar. Conhecedor desses factos o Marquês de Pombal deu ordem ao

Intendente Pina Manique para que resolvesse a situação. Pina Manique decidiu levar, de Lisboa, ao cair da

noite, 300 soldados em faluas e proceder ao cerco e ataque à Trafaria, pegando fogo às suas habitações,

prendendo todos os que fugiam com vida e obrigando todos os do género masculino, que possuíssem as

condições para tal, a incorporarem as fileiras do exército. Este acontecimento marcante ter-se-á dado na noite

de 23 ou 24 de janeiro de 1777 e perdura até hoje na memória popular. Camilo Castelo Branco decidiu por

causa destes acontecimentos, dar ao Marquês de Pombal, o título de “Nero da Trafaria”. A povoação da

Trafaria foi entretanto reconstruída, provavelmente já com as características que ainda hoje a distinguem das

outras povoações do concelho de Almada.

Durante o século XIX, verificou-se na Trafaria, um maior desenvolvimento industrial, com a instalação de

diversas indústrias, como as de conserva de peixe, ou as de produção de guano de peixe e uma fábrica de

dinamite do engenheiro francês Combemale. Estas indústrias trouxeram para a Trafaria mais população e uma

melhoria das condições de vida dos Trafarienses. Já para os finais do século XIX, a Trafaria torna-se um local

que, de forma assídua, a burguesia vinda de Lisboa começa a frequentar e a instalar-se durante o verão, para

aproveitar a praia que, conforme o que se acreditava à época, era considerada como uma virtude para a alma

e o corpo. Este aumento da população essencialmente sazonal, devido à utilização balnear, desenvolveu um

plano urbano da povoação onde começaram a surgir prédios destinados, apenas, a alojar os veraneantes e

até um casino. Esta mudança na constituição da população da Trafaria, também teve reflexos no panorama

cultural da localidade, conhecendo-se a existência de um conjunto musical, o “Sol e Dó” que curiosamente

tanto tratava de alegrar as festas, como de acompanhar os funerais. Este conjunto musical é mesmo anterior à

criação da Sociedade Recreativa e Musical Trafariense, sendo ela própria uma ideia que germinou após a

atuação, na Trafaria, da banda da Sociedade Filarmónica 1º de julho de 1890, da Fonte Santa, nos finais do

século XIX.

As mudanças no tecido social da população da Trafaria levaram a que a Rainha D. Amélia, esposa de D.

Carlos I, viesse à Trafaria, tendo como objetivo inaugurar uma colónia balnear, que por sinal, foi, apenas, a

primeira a existir em todo o Portugal. Em 1902, o Ginásio Clube Português fundou uma escola de natação na

Trafaria e em 1909 já existem registos de apoio aos banhistas, que para evitar acidentes com estes, é

proposto manter um sistema de vigilância com uma embarcação a percorrer as praias durante os banhos. Este

sistema é em primeiro lugar implementado na Trafaria e em Albufeira, simultaneamente. Estas situações

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