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28 DE ABRIL DE 2016 9

atividades de tauromaquia”. Os eurodeputados consideraram, e bem, que é inaceitável que a criação destes

animais para serem usados em corridas de touros continue a receber subvenções comunitárias.

Também a proposta do português José Manuel Fernandes e de Gérard Deprez, que pedia que os fundos

não fossem “usados para financiar as atividades letais de tauromaquia” e que relembrava “que tal financiamento

era uma clara violação da Convenção Europeia para a Proteção dos Animais nas Explorações de Criação

(Diretiva 98/58/EC)”, foi aprovada pelo Parlamento Europeu por maioria absoluta. A proposta aceite contou com

438 votos a favor, 199 contra e 55 abstenções.

De facto, é incontornável que o touro é um animal senciente e como tal capaz de sentir dor. Importa referir

que, até hoje, não existe nenhum estudo, idóneo e cientificamente comprovado, que prove o contrário – que o

touro não sente dor ou que goza momentos de imunidade à mesma. A seleção genética destes bovinos não os

tornou imunes à dor simplesmente porque tal não seria sequer possível.

As atividades ligadas à tauromaquia provocam, para além da dor física, um elevado nível de stresse. Este

pode ser definido como um estímulo ambiental sobre um indivíduo que sobrecarrega os seus sistemas de

controlo e reduz a sua adaptação, ou parece ter potencial para tanto. Considerando-se que o bem-estar se refere

a uma gama de estados de um animal, sempre que existe stresse o bem-estar está em causa. O simples facto

de retirar um animal do seu meio natural constitui um fator de stresse de etiologia multifactorial. A lide, por sua

vez, constitui para o touro uma situação completamente nova envolvendo estímulos visuais, auditivos, dolorosos

e outros associados ao exercício a que o animal é submetido. Acredita-se assim, que os agentes causadores

de stresse que atuam antes da lide têm reflexos importantes no desempenho do touro durante a lide. Pode dizer-

se que o enjaulamento, o transporte, o desembarque nos curros e, finalmente, a lide, constituem estados de

stresse sucessivo para o touro. As manobras a que o touro é submetido no trajeto do campo até à arena

provocam um stresse emocional que se traduz pela libertação de adrenalina. De acordo com trabalhos de

investigação os touros apresentam, antes e durante a lide, uma depleção de glicogénio (substrato energético)

na ordem dos 75%. O metabolismo energético deste tipo de animais proporciona muito pouca glucose em

relação ao que se supõe necessário para que um organismo aguente uma lide comum.

Para além da lide em si, a embolação é um dos procedimentos de maneio que mais stresse causa aos

animais, pela imobilização e manipulação forçadas. Num estudo sobre o desempenho dos touros de lide, 2 dos

65 animais usados morreram antes da lide. Os animais morreram, após a embolação, dentro do veículo de

transporte já que a praça não possuía curros.

À medida que decorre a lide a visão do touro vai-se debilitando pois o estado de stresse e de lacrimejamento

produzidos durante a prova intervém no sentido de provocar uma visão menos nítida ao animal. Em stresse,

produz-se um estado de simpaticotonia que se acompanha de midríase, com provável defeito de acomodação

pupilar, que diminui a capacidade de visão ao perto.

A somar a todas estas experiências, extremamente negativas em termos do bem-estar do animal, há a

considerar a dor provocada pelas lesões dos tecidos em virtude da sua perfuração pelas bandarilhas. Os sinais

de sofrimento do touro durante a lide estão devidamente documentados e incluem, entre outros, a abertura da

boca e a queda dos animais.

O stresse e exaustão são uma causa de sofrimento. O esgotamento deve-se ao exercício físico e à perda de

sangue causado pelas bandarilhas. O touro tem muita dificuldade em curvar, devido à anatomia das suas

vértebras dorsais, e obrigá-lo a executar este movimento contribui para a sua exaustão. Contudo, o esgotamento

do animal é essencial para permitir a atuação de alguns dos intervenientes no espetáculo.

No fim da lide, as bandarilhas são arrancadas, causando mais dilaceração dos músculos, e a dor do animal

pode ser avaliada pelas suas vocalizações e agitação intensas.

Os touros de lide percorrem grandes viagens após as corridas, enjaulados, sem espaço para se deitarem

durante o trajeto, a libertarem calor resultante do esforço físico recente, até chegarem ao matadouro para abate.

Uma vez que as corridas de touros ocorrem maioritariamente durante o Verão, com temperaturas muito

elevadas, alguns animais chegam mortos ao matadouro.

Em suma, todo o procedimento é fonte de intensa dor e sofrimento para o touro.

Por todos estes motivos, “Os representantes do povo europeu têm bem claro que, em pleno século XXI,

torturar animais para diversão e entretenimento não se trata de cultura, muito menos digno de ser financiado

com dinheiro público”, conforme afirmou o porta-voz do Partido Equo no Parlamento Europeu, Florent Marcellesi,

após o resultado da votação ser conhecido.

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