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23 DE MAIO DE 2017 29

e a longo prazo podem incluir rendimento escolar fraco, depressão, comportamento antissocial, exclusão social,

delinquência e consumo de substâncias.

De acordo com dados do Infarmed, a Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA) é uma

condição caracterizada por sintomas persistentes de hiperatividade, impulsividade e falta de atenção, com uma

prevalência estimada entre 5% e 7%.

Este diagnóstico encontra-se recorrentemente associado à prescrição de medicação como o “Concerta”, a

“Ritalina” e o “Rubifen”, medicamentos que têm em comum o cloridrato de metilfenidato, que é uma substância

química utilizada como fármaco estimulante leve do sistema nervoso central, mecanismo de ação ainda

insuficientemente explicado, principalmente no que diz respeito aos efeitos de longo prazo. O “Strattera” é um

medicamento não estimulante utilizado para tratar o défice de atenção e perturbações de hiperatividade em

crianças com mais de 6 anos de idade e em adolescentes, como parte de um programa de tratamento integrado,

o qual pode incluir medidas psicológicas, educacionais e sociais. Este medicamento contém atomoxetina, uma

substância responsável pelo aumento da quantidade de noradrenalina no cérebro.

O relatório da Direção Geral de Saúde “Saúde Mental 2015” refere que as crianças portuguesas até aos 14

anos estão a consumir mais de 5 milhões de doses por ano de metilfenidato, sendo que o grupo etário dos 10

aos 14 anos foi o responsável pelo maior consumo desta substância, cerca de 3.873.751 doses.

Infelizmente, nos últimos anos estes medicamentos têm sido prescritos e administrados com maior frequência

a crianças com idade igual ou inferior a 6 anos, sem que os efeitos secundários destes fármacos, a longo prazo,

estejam totalmente esclarecidos. Todavia, de acordo com a bula do “Rubifen”, “o metilfenidato não deve ser

usado em crianças com menos de 6 anos de idade” porque “a segurança e a eficácia não foram estabelecidas

neste grupo etário”. Segundo dados do relatório da Direção Geral de Saúde “Saúde Mental 2015”, em 2014, ao

grupo etário entre os 0 e os 4 anos de idade foram administradas 2900 doses de metilfenidato, tendo sido no

grupo etário dos 5 aos 9 anos administradas 1.261.933 doses.

Atualmente, na fase do diagnóstico, procede-se à aplicação de uma escala de avaliação de sintomas de

PHDA, a escala de Conners.

As escalas de Conners surgiram em 1969, tendo como objetivo avaliar a melhoria no comportamento da

criança hiperactiva, como consequência do tratamento farmacológico. Actualmente fazem parte da bateria

normalizada do Instituto Nacional de Saúde Mental de Washington (Polaino-Lorente & Ávila, 2004). Segundo

Domínguez (2008), as escalas de avaliação de Conners converteram-se nos instrumentos utilizados com mais

frequência para a avaliação de sintomas de hiperatividade, falta de atenção e problemas de comportamento.

Existe uma grande variedade de escalas derivadas da original escala de Conners. A escala de Conners é

uma escala que foi alvo de tradução, em 2002, pela Drª Ana Rodrigues, do Departamento de Educação Especial

e Reabilitação da Faculdade de Motricidade Humana, embora a mesma não tenha ainda sido alvo de um estudo

na versão portuguesa.

A escala de Conners é composta por um conjunto de itens que descrevem comportamentos avaliados por

pais e professores segundo uma escala de Likert em 4 pontos: 0 = se o problema não existe (nunca); 1 = se o

problema é ligeiramente verdadeiro (um pouco); 2 = se o problema é frequentemente verdadeiro

(frequentemente); 3 = se o problema é totalmente verdadeiro (muito frequentemente).

A título de exemplo são apresentados itens como: “Desatento, distrai-se facilmente”; “Está sempre a

movimentar-se ou age como “tendo as pilhas carregadas” ou como se “estivesse ligado(a) a um motor””; “Mexe

muito os pés e as mãos e mexe-se ainda que sentado(a) no lugar”; “Só presta atenção quando é uma coisa que

lhe interessa”; “Irrequieto(a), “tem bichos carpinteiros” (mexe o corpo sem sair do lugar)”.

Os itens referidos anteriormente demonstram a subjetividade na avaliação das crianças e jovens, visto que

assentam nas perceções que os pais e professores têm em relação ao comportamento dos mesmos, e não

numa avaliação real destes comportamentos. Daqui resulta outro efeito negativo da aplicação da escala que se

prende com a inexistência da audição da criança em avaliação, não havendo lugar ao autorrelato.

As escalas de Conners são os instrumentos de avaliação mais utilizados no diagnóstico clínico da PHDA.

Tendo em conta a subjetividade do mesmo, poderá ser pertinente a aplicação em conjunto com outros testes de

diagnóstico, tais como: avaliação neuropsicológica, D2 (teste de atenção) e avaliação de personalidade. Todos

eles, e em conjunto com a observação clínica do técnico responsável pelo diagnóstico, permitirão uma melhor

eficácia na conclusão da presença ou ausência do quadro sintomático descrito pelo DSM-V (Manual de

Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), aferindo-se assim a pertinência ou não do estabelecimento

do diagnóstico.

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