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28 DE JUNHO DE 2017 11

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 942/XIII (2.ª)

PELA PRESERVAÇÃO DAS RUÍNAS DA ANTIGA CIDADE ROMANA DE BALSA

1. Enquadramento histórico-arqueológico

As primeiras referências a Balsa advêm de André de Resende, ainda no séc. XVI, identificando a cidade

romana de Balsa com Tavira quando alude às povoações romanas do sul da Lusitânia mencionadas nas fontes

clássicas. Apesar do conhecimento de vários vestígios romanos localizados na região da Luz de Tavira, cuja

referência constava do Dicionário Geográfico mencionado por Abel Viana, só bastante mais tarde se procedeu

à identificação desta área por Estácio da Veiga, mais particularmente as Quintas das Antas e da Torre d’Aires,

como a cidade de Balsa.

Nos seus percursos, que culminaram com a identificação de Balsa na zona da Quinta das Antas e da Torre

d’Aires, Estácio da Veiga recolheu inúmeras epígrafes e sobre os achados vem a escrever o seguinte: “A

primeira destas quintas está em grande parte como tomada de robustos alicerces: alli se tem descoberto casas

soterradas, bellos mármores polidos, tijolos de não vulgar espessura e de diversas fórmas, fragmentos de

aqueductos, grossos telhões de argila, sepulturas com objectos proprios dos usos gentilicios, dispersos pedaços

de armaduras militares, e abundantes moedas, chegando a encontrar‑se perto de cinco mil, quasi todas do

baixo imperio, ha pouco mais de tres annos; e no dia 24 de janeiro ultimo, tendo o sr. Sebastião Fernandes

Estacio da Veiga [familiar de Estácio da Veiga] mandado fazer uma escavação nas proximidades da bella casa

desta sua quinta, descobriram‑se à nossa vista cinco pedras quasi iguaes, de forma rectangular, e outras da

mesma largura e grossura, mas de metade do comprimento daquellas, contendo duas das maiores inscripções,

que vieram sobretudo confirmar, como documentos de toda a authenticidade, que naquelas paragens, distantes

uns seis kilometros da cidade de Tavira, hoje cultivadas e povoadas de arvoredo, existiram os famigerados

balsenses”.

Apesar da dificuldade em localizar hoje todos os vestígios e estruturas que Estácio da Veiga assinalou, em

carta dirigida ao Conselheiro Amorim em 1877, o arqueólogo descreve que “Os monumentos de Balsa, de que

tenho conhecimentos, são 15: eu já conto com sete, e tenho outro há muitos annos em minha casa: alcançando

‑se os três das Antas, teremos onze; e quanto aos outros quatro, indicarei a maneira se se obterem sem grande

difficuldade”. São identificados mosaicos, tanques de diversos usos, ruínas de casas de habitação, balneários,

canalizações, sepulturas, espólio diverso que passa por cerâmica comum, alguma terra sigilatta, vidro, moedas,

ânforas, espólio funerário, entre outros.

Depois dos trabalhos de Estácio da Veiga e das escavações de Abel Viana em Pedras d’el Rei, só voltaram

a realizar-se trabalhos arqueológicos em Balsa na década de 70 do século passado. Na sequência das

prospeções de campo efetuadas no âmbito da realização da Carta Arqueológica do Algarve foram identificadas

áreas com grande concentração de vestígios arqueológicos que motivaram a execução de escavações.

Posteriormente, em inícios dos anos 90, a análise de fotografias aéreas forneceu novos dados sobre a

localização de alguns equipamentos da cidade antiga, designadamente, a área portuária e o circo, fornecendo

importantes pistas sobre a orientação do cadastro de época romana no território a oeste de Balsa.

O estudo do espólio existente aponta para que os sectores da cidade mais ribeirinhos e a necrópole norte

tenham começado a ser ocupados na primeira metade do séc. I d.C. Os dados sistematizados atualmente

parecem indiciar um maior desenvolvimento da cidade durante os primeiros séculos do período imperial romano.

Segundo alguns estudos relativamente recentes, o términus da ocupação de Balsa situar-se-á no final do séc.

VI/início do séc. VII.

2. Ameaças e atentados ao Património Cultural

Há vários anos que se sucedem denúncias sobre ameaças e atentados ao património de Balsa. Parte

considerável dos vestígios arqueológicos foi obliterada pela exploração agrícola sistemática e intensiva na

Quinta da Torre d’Aires, pelas terraplanagens e pela ocupação urbanística do solo, apesar das medidas de

proteção previstas.

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