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26 DE JANEIRO DE 2018

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No entanto, o Metro de Lisboa tem sofrido um forte desinvestimento e continua a aguardar respostas efetivas

aos problemas e os efeitos são bem visíveis: os trabalhadores necessários continuam a não ser contratados, os

materiais sobressalentes necessários à manutenção e reparação do material circulante e dos equipamentos

continuam sem ser adquiridos, dezenas de composições estão paradas à espera de reparação, várias portas

de embarque estão avariadas, há uma redução na oferta, as interrupções de serviço são recorrentes e várias

estações necessitam de obras.

A própria Administração do Metropolitano de Lisboa, que já não pode negar esta evidência, reconhece a

necessidade de mais trabalhadores, pois há carência em diversas áreas da empresa. Acresce a esta situação

o facto de os trabalhos serem feitos através de recurso à contratação externa ou recorrendo a trabalhadores

temporários, soluções que saem mais caras.

A não contratação dos trabalhadores necessários, além dos problemas imediatos que cria a nível da falta de

manutenção e de apoio aos utentes nas estações, destrói a capacidade de resposta da empresa e cria outros

problemas como a perda de conhecimento e experiência, pois muitos dos trabalhadores aproximam-se da idade

da reforma.

Relativamente à opção apresentada pelo Governo de criação de uma linha circular, a concretizar-se,

significaria a afetação dos parcos recursos disponíveis a uma obra que não acrescentaria nada de significativo

à rede de Metro. Iria antes exigir investimentos avultados, tendo em conta as especificidades dos locais a

intervencionar, como a inclinição acentuada entre a Estrela e Santos, a proximidade do Rio Tejo (convém

recordar que a obra da estação do Terreiro do Paço trouxe diversos problemas e uma derrapagem orçamental

por se estar a construir em zona alagada de aterro), além da necessidade de realização de uma grande obra na

estação do Campo Grande, para permitir acolher a linha circular, ligando as linhas Amarela e Verde e de uma

estação de ligação direta entre Telheiras e Odivelas.

Deste modo, a opção anunciada consubstancia uma visão errada pois iria esquecer zonas como Campolide,

Campo de Ourique e toda a zona ocidental: Alcântara, Ajuda e Belém, onde 100 mil habitantes continuam mal

servidos de transportes. Seria assim uma opção mais dispendiosa e menos útil à população e poria em causa o

equilíbrio da rede como uma malha estrutural de mobilidade na cidade, comprometendo o seu crescimento

futuro.

Importa ainda referir que a propósito do Plano de Desenvolvimento Operacional da Rede do Metropolitano

de Lisboa, a Assembleia Municipal de Lisboa debateu, logo em Maio, esta matéria e tanto técnicos, como

representantes dos trabalhadores e uma maioria expressiva das forças políticas defenderam a expansão para

o ocidente da cidade, em vez da proposta apresentada pelo Governo.

De facto, foi apresentado um conjunto de problemas relativamente à criação da linha circular como o facto

de potenciar o rápido desgaste do material circulante, obrigando a custos acrescidos de manutenção (não é por

acaso que muito poucas redes de Metro têm linhas circulares, sendo o caso mais relevante o do Metro de

Londres, que decidiu reconfigurar a sua antiga linha circular), apresentar vários inconvenientes para utentes e

maquinistas e não resolver o problema do constrangimento no Cais do Sodré, um dos pontos de interface de

maior tráfego da rede e que faz correspondência com a linha de Cascais e com os barcos da Transtejo, até o

agravaria, por manter concentrada num único ponto a correspondência entre esta linha ferroviária e o Metro.

Sublinhe-se que a linha de Cascais é um eixo de grande tráfego, pelo que interessaria diversificar os pontos

de correspondência para que os passageiros pudessem escolher o mais adequado, consoante o local de destino

- Alcântara ou Cais do Sodré. Convém destacar que após a desconexão da antiga estação Rotunda (atual

Marquês de Pombal) em 1995, a expansão prioritária então considerada era a ligação a Alcântara, o que nunca

chegou a acontecer.

Com esta opção de linha circular também os utentes de Odivelas e da zona norte de Lisboa deixariam de ter

ligação direta ao centro da cidade.

Logo, a expansão do Metro deverá acontecer para as zonas mais carenciadas de transportes, como a zona

ocidental da cidade, em alternativa à densificação da rede na zona central, uma vez que a rede atual se encontra

desequilibrada, abrangendo maioritariamente a metade central e oriental da cidade.

Mas a proposta anunciada pelo Governo adiaria igualmente a ligação de Loures à rede do Metropolitano.

Mais uma vez, não foi incluída a extensão do Metro a Loures, para além da já existente estação de Moscavide,

apesar de a população ansiar há muitos anos pelo acesso a este meio de transporte. Recorde-se que Loures é

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