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II SÉRIE-A — NÚMERO 118

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urbana, com particular significado no alinhamento axial da imponente chaminé da central termoeléctrica com a

principal artéria de Rio Maior à época da construção, a atual Rua Dr. Francisco Barbosa.

O projeto arquitetónico e estrutural da fábrica foi desenvolvido pelo escritório de engenharia de Eduardo

Evangelista do Carvalhal (1885-1972), engenheiro civil, membro da Comissão Administrativa dos Novos

Edifícios Universitários responsável pela construção dos Hospitais Escolares de Santa Maria (Lisboa) e S. João

(Porto), e dos edifícios da Reitoria, Faculdade de Direito e Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Eduardo Carvalhal foi o autor do estudo e cálculo do projeto de engenharia e empreitada de construção do

Hospital de Santa Maria, entre 1933 e 1954. Entre 1951 e 1954 acumulou estas funções com a elaboração do

projeto da fábrica de briquetes.

Uma análise do edifício no quadro da produção arquitetónica coeva permite referenciar uma influência da

arquitetura de Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), um dos mais importantes arquitetos do primeiro Modernismo

em Portugal, com quem Eduardo Carvalhal estabeleceu contacto profissional nos projetos da Cidade

Universitária de Lisboa. O desenho de volumetrias e alçados do corpo principal da fábrica de briquetes apresenta

uma abordagem semelhante à adotada por Pardal Monteiro no projeto da Fábrica A Nacional, em Lisboa,

construída quase em simultâneo (1948-1952).

O valor da conceção arquitetónica da fábrica de briquetes foi reconhecido pela Ordem dos Arquitetos ao

inventariá-la no Inquérito à Arquitetura em Portugal no Século XX, realizado em 2006. Num universo de 6112

obras inventariadas a nível nacional, a Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal foi uma das 12 edificações

selecionadas no concelho de Rio Maior.

8. A extensão do bem e o que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva

A fábrica de briquetes da Mina do Espadanal é, ainda hoje, o mais imponente e monumental edifício da

cidade de Rio Maior, constituindo a face visível de um extenso complexo industrial que deixou evidências

materiais dispersas por um vasto território, desde os milhares de metros de galerias subterrâneas, atualmente

inacessíveis, aos trinta quilómetros da antiga via-férrea mineira.

A exploração dos minérios nacionais durante a II Guerra Mundial inscreveu-se de forma indelével na memória

coletiva das comunidades cuja vida transformou. As consequências do conflito internacional para as condições

de vida dos portugueses foram dramáticas. O Secretário de Estado da Indústria, José Nascimento Ferreira Dias

Júnior, reconhece, no seu livro «Linha de Rumo», que se deveu à Mina do Espadanal o facto de os distritos de

Setúbal e Lisboa não terem ficado privados de eletricidade durante a Guerra. Em resultado do projeto

governamental de utilização dos carvões de Rio Maior como reserva de combustível num momento de

emergência internacional, confluíram para a antiga Mina do Espadanal centenas de operários, técnicos

especializados e seus familiares, oriundos de várias partes do país, em particular de outras regiões mineiras

como S. Pedro da Cova, Santa Susana, Aljustrel, S. Domingos ou Porto de Mós, na maior migração laboral

registada na história da região.

Devido à manutenção da mina em funcionamento no pós-guerra enquanto reserva estratégica de

combustível, por decisão governamental e com capital maioritário do Estado, e após a construção da fábrica de

briquetes, foi retomado até à década de sessenta o afluxo de operários à região. Nos cinquenta e três anos de

lavra mineira dos carvões de Rio Maior, passaram mais de mil operários pela Mina do Espadanal,

acompanhados dos seus respetivos familiares.

Com efeito, o antigo IPPAR sublinhou, em Parecer emitido em 5 de julho de 2006, que a fábrica de briquetes

simboliza ainda para Rio Maior um momento maior da sua identidade mais recente, assente nos trabalhos da

mina que decorreram ao longo de grande parte do Século XX e que criaram uma fenomenologia social intrínseca

à própria cidade.

A importância deste complexo industrial para a memória coletiva das comunidades mineiras nacionais, e em

particular para a cidade de Rio Maior, está documentada. Uma memória viva, com a mobilização da sociedade

civil em defesa deste património e em particular da salvaguarda da fábrica de briquetes da Mina do Espadanal,

procurando dar-lhe uma segunda vida, quando estão passados cinquenta anos desde o seu encerramento.

9. A importância do bem do ponto de vista da investigação histórica ou científica

O conjunto edificado composto pela antiga fábrica de briquetes e plano inclinado da Mina do Espadanal é um

importante documento material da história da técnica, da engenharia portuguesa e da arquitetura moderna em

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