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II SÉRIE-A — NÚMERO 44

112

As Deputadas e os Deputados do BE: Pedro Filipe Soares — Mariana Mortágua — Jorge Costa —

Alexandra Vieira — Beatriz Gomes Dias — Fabíola Cardoso — Isabel Pires — Joana Mortágua — João

Vasconcelos — José Manuel Pureza — José Maria Cardoso — José Moura Soeiro — Luís Monteiro — Maria

Manuel Rola — Moisés Ferreira — Nelson Peralta — Ricardo Vicente — Sandra Cunha — Catarina Martins.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 221/XIV/1.ª

PELO CANCELAMENTO DOS CONTRATOS DE PROSPEÇÃO E PRODUÇÃO DE

HIDROCARBONETOS

Em 2016 existiam 15 contratos de prospeção e produção de hidrocarbonetos ativos em território nacional,

em terra e no mar, do Algarve ao Porto. Desde então, muitas autarquias, associações e movimentos

ambientalistas contestaram a implementação da indústria petrolífera, apelando de diversas formas à

responsabilidade ambiental e socioeconómica da Agência Portuguesa do Ambiente e do Governo, no sentido

de travar este processo. Neste momento apenas as áreas denominadas Batalha e Pombal têm

simultaneamente contratos ativos e trabalhos a decorrer, numa faixa litoral que se estende das Caldas da

Rainha a Soure, a cargo da empresa Australis Oil&Gas.

A instalação desta indústria em território nacional vem em contraciclo com o delineamento de políticas

nacionais e internacionais para combater as alterações climáticas. Segundo o IPCC (Intergovernmental Panel

on Climate Changes), de forma a que se cumpra o acordo de Paris e o aquecimento global não ultrapasse 1,5º

C, o mundo tem uma década para reduzir metade das emissões de CO2. Para atingir este objetivo, cerca de

80% da energia fóssil atualmente conhecida deve manter-se no subsolo. A Península Ibérica é cientificamente

reconhecida como um dos locais europeus onde os impactos das alterações climáticas serão mais gravosos,

pelo que o Governo português deve preocupar-se em dar o exemplo, impedindo a progressão da indústria

petrolífera e promovendo a transição energética para energias renováveis. Além dos impactos no sistema

climático, do ponto de vista ambiental há ainda a considerar impactos diretos com incidência local, como o

elevado risco de derrame, com contaminação de solos e recursos hídricos e consequente destruição de

biodiversidade.

A atribuição de direitos de prospeção e produção de petróleo foi feita ao abrigo de legislação com mais de

20 anos, portanto, desatualizada, de forma obscura e não democrática. As concessões foram feitas por ajuste

direto e no caso das áreas designadas Batalha e Pombal, em vésperas de eleições, não tendo havido a

aplicação de qualquer metodologia participativa e consultiva à população e organizações locais.

Além das razões ambientais e sociais para o cancelamento dos contratos suprarreferidos, acresce que os

mesmos são irrisórios para Estado português do ponto de vista económico. As rendas de superfície oscilam

entre 15€ e 100€ por km2 e as contrapartidas pela comercialização de petróleo e gás entre 3% e 8% das

receitas líquidas. O Estado português só começará a receber contrapartidas depois de cobertos todos os

custos de investimento suportados pela Australis Oil & Gas. Não há nenhuma garantia de que os lucros

obtidos por esta empresa, de capitais estrangeiros, não sejam expatriados, nem que o petróleo ou gás a ser

produzido venha a ser consumido em Portugal ou tenha qualquer efeito sobre o preço dos combustíveis.

Trata-se, em todas as dimensões, de um mau negócio para o País.

A Australis Oil & Gas pretende iniciar as primeiras perfurações na freguesia de Bajouca, Leiria, referente à

área designada Pombal, e na freguesia de Aljubarrota, Alcobaça, na área designada Batalha. Nesta região, já

várias associações locais, assim como muitos órgãos autárquicos, se opuseram a este plano, apelando à

preservação de recursos naturais.

Atendendo ao compromisso internacional para o combate às alterações climáticas e sustentabilidade

social, económica e ambiental da região centro e das suas populações, o Bloco de Esquerda apresenta o

presente projeto de resolução no sentido de suspender imediatamente os processos para a prospeção e

extração de hidrocarbonetos.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco

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