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II SÉRIE-A — NÚMERO 83

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sociedade dê respostas a esta questão, ao mesmo tempo que convida a que mulheres e homens dividam

responsabilidades em matéria de educação dos filhos, sendo da responsabilidade do Estado proporcionar

apoio e suporte às famílias, designadamente com uma rede de equipamentos de apoio à infância e com

regulação de horários de trabalho que permitam gerir saudavelmente cada situação.

A preocupação cada vez mais marcante com os primeiros anos de vida da criança e com a qualidade dos

contextos em que esta é enquadrada, é algo que está patente de forma crescente na sociedade devido,

essencialmente, ao reconhecimento da importância desta fase do desenvolvimento da criança.

É esse o momento em que as crianças apreendem o mundo que as rodeia e desenvolvem um conjunto de

capacidades para o descobrir e a ele se adaptarem, para saberem comunicar com os outros, para se

ajustarem às diferentes realidades com as quais vão estabelecendo interações.

As experiências das crianças nos seus primeiros anos de vida estão muito relacionadas com a qualidade

dos cuidados que recebem e estas experiências podem ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento

futuro. Os cuidados adequados durante a primeira infância trazem benefícios para a toda a vida.

II

O encerramento das creches foi uma das primeiras medidas a ser decretada para conter a propagação da

pandemia de COVID-19. Para muitas famílias torna-se impossível conciliar a atividade profissional e o cuidado

dos filhos. Muitas foram as famílias portuguesas que se viram obrigadas a acumular o teletrabalho com o

apoio exigente do cuidado a crianças tão pequenas que necessitam de constantes estímulos e atenção.

O momento de pandemia que atravessamos transportou já consigo uma efetiva crise económica que trouxe

para inúmeras famílias uma quebra considerável de rendimentos, provocada por situações de lay-off, e muitas

outras viram os seus rendimentos desaparecer, tendo muitas caído na dramática situação de desemprego.

Em qualquer dos casos, as famílias foram obrigadas a pagar mensalidades de creches mesmo não tendo

usufruído dos seus serviços. Ora, como sabemos, a inexistência de uma rede pública de creches (neste

momento cobre apenas 30% das necessidades) faz com que as respostas existentes sejam, sobretudo, da

responsabilidade dos privados e das instituições de solidariedade social.

Esta realidade leva a que muitas famílias tenham, com as mensalidades das creches, um encargo bastante

considerável e com um peso muito significativo na economia familiar. Quando o rendimento é vítima de uma

quebra, como nas situações a que se tem vindo a assistir, em muitas famílias, neste período de influência da

COVID-19, há uma incomportabilidade de pagamento que não pode ser ignorada.

Chegaram ao Partido Ecologista «Os Verdes» diversas denúncias e vários pedidos de ajuda, por parte de

famílias que têm medo de perder os lugares dos seus filhos nestes espaços, por falta de pagamento das

mensalidades que correspondem aos meses em que foi recomendado ou determinado o confinamento e em

que foi imposto o encerramento temporário de creches e escolas, para evitar a propagação da COVID-19.

No momento em que algumas medidas de contenção e de isolamento são aliviadas, as famílias são

chamadas a retomar alguma normalidade do seu dia-a-dia, percebendo que, em alguns estabelecimentos, se

estiverem em falta com as mensalidades, as crianças não poderão voltar. Muitas famílias veem-se obrigadas a

encontrar outras respostas para os seus filhos para que possam retomar o seu trabalho ou para que possam

procurar emprego.

Visto que o Estado não tem uma rede de apoio desenvolvida para chegar ao maior número de crianças, é

necessário que se encontrem soluções para que os pais possam retomar as suas rotinas, sem que os seus

filhos sejam excluídos das creches, porque aqueles se viram impedidos de pagar as mensalidades

correspondentes ao tempo de confinamento.

Existe um risco efetivo, se estas condições se mantiverem, de aumentar o fosso da desigualdade social. Os

custos das famílias com as creches são muitas vezes comparáveis a metade do salário médio, e é urgente

que se travem as desigualdades que a situação que se tem vivido com a pandemia veio alargar. As famílias

com rendimentos mais baixos e com um nível de precariedade superior são as mais afetadas pelas medidas

de restrição.

Muitas famílias não conseguem manter o pagamento das mensalidades e, por isso, é urgente encontrar

soluções que permitam que as crianças tenham todas as mesmas oportunidades de desenvolvimento, de

acolhimento e de segurança.

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