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8 DE MAIO DE 2020

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desses países. No entanto, no período pós-crise financeira, ocorreu um rápido crescimento das emissões que

compensou em grande medida a redução anterior. Este exemplo mostra-nos que se mantivermos o modelo

económico inalterado, após o interregno de emissões durante as crises, continuam a persistir precisamente os

mesmos problemas que trouxeram a emergência climática.

Acresce que as reduções de emissões de GEE durante a crise financeira e a crise atual são o resultado do

crescimento do desemprego e do aumento das desigualdades sociais. É assim elucidativo que, para

solucionar a crise climática, é essencial mudar o modelo de economia para salvaguardar o ambiente ao

mesmo tempo que se garante justiça na economia. A saída da crise financeira já havia demostrado que as

políticas de empobrecimento do país através da austeridade foram não só erradas e injustas como também

contraproducentes para ultrapassar a crise. Só foi possível a saída da crise com a recuperação de

rendimentos do trabalho. A essa lição é preciso juntar agora a transformação ecológica.

O relançamento da economia deve ter como base a resposta à crise climática. Assim, os apoios públicos a

empresas devem estar condicionados a critérios de necessidade ambiental, de melhoria ambiental das

mesmas e de criação de empregos afetos à transição ecológica. Deve-se ainda ter em conta a especificidade

do território nacional, distribuído por uma parte continental e duas regiões autónomas, e das comunidades

emigrantes e imigrantes e a sua necessidade de conexão aérea, sendo a aviação um dos elementos de

coesão territorial, mas sendo igualmente necessária uma descarbonização progressiva dessa indústria.

No investimento em empregos ligados à proteção da natureza e à sua recuperação, uma maior porção do

investimento é direcionado para salários do que em casos da construção de grandes infraestruturas como

aeroportos. E uma resposta ecológica à crise concebe a natureza como uma infraestrutura essencial ao país,

ao planeta e ao seu desenvolvimento.

Este investimento no emprego tem retornos bastante importantes não só a nível económico, mas também

ao garantir a preservação de zonas húmidas, florestas nativas e outros ecossistemas que ao longo dos

séculos retiram carbono da atmosfera. É importante para a conservação da natureza e da biodiversidade e

contribui para um equilíbrio ecológico que permite áreas-tampão para a subida do nível do mar, o controlo de

pragas, a despoluição de cursos de água, a prevenção de incêndios e a redução dos riscos dos fenómenos

climáticos extremos.

O tipo de trabalho necessário a estas tarefas é, em regra, desenvolvido ao ar livre e pode estar sujeito a

regras de distanciamento físico pelo que, mais rapidamente, pode ser uma solução de relançamento do

emprego em condições de segurança sanitária.

Por outro lado, avançar neste momento com a construção do aeroporto do Montijo é não só nocivo do

ponto de vista ambiental por todos os motivos já aduzidos na discussão pública, como seria extemporâneo.

O Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social, a escola pública e os demais serviços públicos

mostram-se absolutamente essenciais na resposta às várias dimensões da crise COVID-19. Perante uma crise

com várias valências e ameaças, a sociedade é mais resiliente, mais segura e solidária com serviços públicos

mais capacitados. É assim essencial o seu reforço, nomeadamente a nível de recursos humanos e de

financiamento, de forma a aumentar a sua capacidade de resposta perante crises de várias tipologias,

nomeadamente as decorrentes da emergência climática.

O vírus SARS-CoV-2 – à semelhança de outros vírus que recentemente afetaram a humanidade como o

SARS, o MERS, a gripe das aves, a gripe suína – foi potenciado por problemas ambientais, nomeadamente a

destruição de habitats, a captura de vida selvagem e a produção pecuária industrial massificada. Urge

implementar um modelo económico que não dependa da extração e destruição contínua de ecossistemas e

habitats para trazer novos e mais recursos para a economia. Ainda que a produção pecuária tenha normas

que previnam o aparecimento de elementos nocivos, nomeadamente aos humanos, e que os contenham em

caso de aparecimento. Ou seja, é necessário alcançar a soberania alimentar, através de uma produção

agroalimentar mais localizada, menos massificada e com fontes mais diversificadas de proteína e que reduza

também por essas vias a sua pegada de carbono para além de a tornar mais segura.

A crise pandémica colocou em evidência que a divisão internacional do trabalho atribuiu a um país, com

uma vasta mão-de-obra, a produção de grande parte dos bens necessários de resposta à crise (materiais de

proteção individual, ventiladores e outros). Esta divisão de produção baseia-se em critérios de acumulação de

capital e não em servir as necessidades das populações desse país ou de outros. A suspensão da produção

nessa zona afetou todo o globo com a escassez desses bens. Em períodos normais esta divisão de produção

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