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II SÉRIE-A — NÚMERO 100

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região.

As áreas geográficas de produção da «cereja do Fundão» e «cereja Cova da Beira» proporcionam

condições edafoclimáticas muito favoráveis ao desenvolvimento desta cultura. O elevado número de horas de

frio durante o inverno e as primaveras amenas, a proteção dos ventos, os solos graníticos e de xisto de

encosta, conjugados com o saber-fazer dos produtores locais, dão origem às características da cereja do

Fundão que estão na base da sua reputação e notoriedade, sendo que atualmente representa cerca de 20

milhões de euros na economia local, do concelho do Fundão, quer pela produção do fruto fresco, quer pelos

seus subprodutos, desde do licor, gin, chá, e ao turismo local que potencia, desde da sua floração até à sua

apanha, com diversos produtos associados, milhares de visitantes por ano na região. Fruto vermelho de

elevadas e comprovadas características, é o mote de prolongadas visitas turísticas e até da criação de

unidades hoteleiras na cidade do Fundão, muito recentemente.

A cereja da Cova da Beira IGP é um produto de origem portuguesa com Indicação Geográfica Protegida

pela União Europeia (UE) desde 21 de junho de 1996.

Mais recentemente e através do Despacho n.º 2337/2019, datado de 8 de fevereiro, foi determinado que

fosse conferida, a nível nacional, proteção à denominação «cereja do Fundão» como Indicação Geográfica,

com efeitos a partir de 9 de agosto de 2018, data de apresentação do pedido de registo à Comissão.

Em março de 2020, a Comissão Europeia certifica a cereja do Fundão como produto de Indicação

Geográfica Protegida, tendo salientado, em nota de imprensa, que a produção de cereja na região do Fundão

«impulsionou a economia local, criando sete mil empregos numa década».

A economia circular em torno deste fruto no concelho do Fundão, Covilhã, Belmonte e Castelo Branco é

inequívoco, sendo que em anos normais a produção de cereja está estimada, só no concelho do Fundão, em

sete mil toneladas.

Porém, as condições meteorológicas adversas e extremas, entre o final de março e início de abril deste

ano, nomeadamente neve, chuva intensa, queda de granizo e geada fora de tempo, causaram uma quebra de

produção que se estima em cerca de 70%, num prejuízo direto de oito milhões, sendo um impacto muito

significativo na economia local, na medida em que as perdas não se refletem apenas para os produtores, mas

têm também reflexo direto nos trabalhadores e no comércio local dos quatro concelhos.

Acrescem ainda os prejuízos decorrentes da crise sanitária provocada pela pandemia COVID-19 na região,

iniciada em março face às restrições e confinamento pedido pelo Governo e autoridades de saúde, impedindo

o fluxo de turistas, na época do florescimento, e o já anunciado cancelamento de certames, tais como a Festa

da Cereja, em Alcongosta, no concelho do Fundão, e a Feira da Cereja, na freguesia do Ferro, concelho da

Covilhã, que atraem milhares de pessoas à região, em tempos ditos normais. O flagelo, neste setor, está

instalado.

Para além da baixa produtividade, a qualidade do fruto também é inferior, pois apresenta-se fendilhado,

característica que deprecia o seu valor comercial ou que impede mesmo a sua comercialização.

A CerFundão, organização de produtores, começou a receber cereja dos produtores locais, sendo que nos

diversos mercados da cereja distribuídos pelos concelhos já sentem a quebra. A organização prevê já um

decréscimo na ordem dos 70%.

Igualmente nos concelhos do Fundão, Covilhã, Castelo Branco e Belmonte, junto com os seus produtores

de cereja, enfrentam a pandemia comunitária da COVID-19 com todas as suas limitações e constrangimentos,

sabendo articular e preparar, em parceria com a Universidade da Beira Interior, autarquias locais e Ministério

da Agricultura, uma nova campanha que garantisse aos consumidores a manutenção da confiança no produto,

a par da sua valorização, no entanto, a adversidade vivida pelas condições meteorológicas hostis determinou

perdas substanciais que importa acautelar.

A situação descrita e os seus impactos não se circunscrevem à realidade do Fundão e da Cova da Beira.

Em Resende, outro dos importantes centros de produção de cereja, a produção da cereja de Resende regista

quebras que chegam aos 50 por cento. A apanha, que arrancou no início de maio, foi afetada pelas

intempéries em altura de pandemia em que a neve, temperaturas negativas, geada e a chuva complicaram o

trabalho. De igual forma em Alfândega da Fé, a produção sofreu uma quebra superior a 50%.

O Ministério da Agricultura tem acompanhado atentamente a evolução da situação particular da produção

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