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II SÉRIE-A — NÚMERO 7

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baixa escolaridade as que mais reportaram ter dificuldades em comprar máscaras, não ter tido consultas

médicas quando necessitaram e é também esta a população mais afetada pela perda de rendimento», sendo

que este estudo «mostrou claramente um agravamento das desigualdades, com uma em cada quatro pessoas

que ganham menos de 650 euros (agregado familiar) a reportar perder totalmente o seu rendimento». Mais,

conclui igualmente que, nas categorias de rendimentos superiores a 2500 euros, apenas 6% das pessoas

perderam o rendimento22.

No que diz respeito à automatização e consequente desemprego tecnológico, está em curso um processo a

que muitos autores chamam de 4.ª Revolução Industrial, assente numa «revolução tecnológica que transformará

fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos»23. Esta revolução tecnológica

corporizada na automatização do trabalho será cada vez mais abrangente, substituindo os trabalhadores em

várias atividades/profissões. E não nos referimos apenas aos trabalhos menos qualificados. Este processo de

automatização chegará às atividades que necessitam de maior qualificação, o que terá previsivelmente um

impacto significativo no mercado de trabalho.

Um exemplo conhecido com impacto direto do desenvolvimento tecnológico na esfera dos seres humanos

tem que ver com os carros autónomos24, sendo que na «escala de autonomia de 1 a 5, estão disponíveis, desde

2018, carros que alcançam o terceiro grau. Isto significa que os veículos travam, aceleram, estacionam sozinhos,

conseguem refazer caminhos em marcha atrás ou em autoestradas, fazem curvas e entendem placas de

sinalização, adaptando-se à velocidade do tráfego na via, mas ainda com a supervisão de um ser humano. Os

níveis 4 e 5, que devem ser alcançados apenas na próxima década de 2020, não vão exigir o acompanhamento

humano tão atento. Será possível dormir ou assistir à Netflix numa viagem entre Lisboa e Porto, enquanto se

degusta um vinho tinto»25. São várias as empresas a apostar nesta variante de mobilidade, como é o caso da

Uber, Google, nuTonomy, General Motors, Tesla ou Baidu, que desembocarão na reformulação de áreas de

actividade como os transportes públicos ou seguradoras.

A Foxconn substituiu 60 mil trabalhadores que desempenhavam tarefas assentes na repetição, por robots, o

que implicou a diminuição dos custos de produção dessa fábrica26. Em São Francisco (Estados Unidos da

América) e com a redução de custos operacionais em mente, a Creator (startup de robótica especializada na

área da restauração) abriu o seu primeiro restaurante de fast-food com uma cozinha totalmente automatizada27.

Também nos Estados Unidos da América, abriu a primeira cadeia de fastfood – chamada Eatsa – que não

apresenta qualquer interação humana, em que os clientes fazem os seus pedidos de forma digital num espaço

denominado «iPad kiosk», chegando os pedidos pouco depois a uns «cubículos» de vidro28.

Os casos descritos dão corpo às preocupações suscitadas num estudo denominado «The Future of Jobs»29

(2016), efetuado pelo Fórum Económico Mundial, centrado em 15 economias de países que detêm 65% do total

de força de trabalho global. Este estudo previu que estes países assistiriam a uma perda de 5 milhões de

empregos (destruição de 7,1 milhões compensados pela criação de 2,1 milhões) no período 2015-2020.

Por seu turno, um relatório elaborado Mckinsey Global Institute30, denominado «O futuro do mercado de

trabalho: impacto em empregos, habilidades e salários»31, concluiu que, «menos de 5% consistem em atividades

que podem ser totalmente automatizadas», pese embora, «em cerca de 60% das ocupações, pelo menos um

terço das atividades constitutivas podem ser automatizadas, o que implica transformações substanciais no local

de trabalho e mudanças para todos os trabalhadores». Refere ainda que «em todo o mundo, entre 400 e 800

milhões de indivíduos poderão perder seus empregos devido à automação e precisarão encontrar novos

empregos até 2030 (…)».

22Passível de verificação em https://www.publico.pt/2020/07/24/sociedade/noticia/pessoas-pobres-idade-activa-sao-afectadas-pandemia-1925808 . 23Schwab, Klaus, autor do livro A Quarta Revolução Industrial. 24Complementarmente, refira-se que a ideia de condução sem interferência dos humanos remonta a 1939, aquando da Feira Mundial de Nova Iorque, em que a General Motors apresentou um sistema automatizado de vias, por onde os automóveis circulariam conduzidos por automatismo. 25https://observador.pt/opiniao/os-carros-autonomos-ja-estao-entre-nos/ . 26https://pplware.sapo.pt/informacao/foxconn-substituiu-60-mil-trabalhadores-robots/ . 27https://supertoast.pt/2018/07/10/creator-restaurante-automatizado/ . 28https://www.hipersuper.pt/2016/03/21/eatsa-primeira-cadeia-de-fast-food-sem-interacao-humana/ . 29Passível de consulta no link http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs.pdf . 30De 2017 e escrito por James Manyika, Susan Lund, Michael Chui, Jacques Bughin, Jonathan Woetzel, Parul Batra, Ryan Ko e Saurabh Sanghvi. 31Resultados passíveis de verificação em https://www.mckinsey.com/featured-insights/future-of-work/jobs-lost-jobs-gained-what-the-future-of-work-will-mean-for-jobs-skills-and-wages/pt-br# .

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