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II SÉRIE-A — NÚMERO 72

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a medicamentos, ou a uma simples palavra amiga à janela para combater a solidão, a verdade é que com o

primeiro desconfinamento muito do voluntarismo e das respostas das autarquias foram-se diluindo.

Atualmente, milhares de idosos, muitos confinados desde março de 2020, encontram-se sem quaisquer

apoios quando, face às circunstâncias em que vivemos. tal auxílio se torna cada vez mais necessário. A situação

grave em que alguns idosos se encontram não deriva meramente da pandemia, mas esta veio agravar a

resposta às necessidades dos idosos, muitos dos quais a viver sozinhos e/ou isolados.

No passado mês de outubro, no âmbito da operação «Censos Sénior» levado a cabo pela Guarda Nacional

Republicana (GNR), operação que ocorre anualmente deste 2011, foram identificados 42 439 idosos que vivem

sozinhos e/ou isolados, a larga maioria nos distritos do interior do País.

O distanciamento físico levou ao distanciamento social, situação que se torna inquietante na população de

idade mais avançada, com o encerramento dos centros de dia, das associações, esta população ficou privada

de conviver, de terapias, de fisioterapia e de acompanhamento mais próximo das doenças e mesmo de uma

alimentação mais equilibrada.

As medidas de isolamento provocadas pela pandemia de COVID-19 diminuíram de forma muito mais

acelerada a autonomia, mas também as capacidades cognitivas e funcionais dos idosos que não vivem em

lares, com aumentos drásticos das queixas de perda de memória, segundo um estudo da Universidade de

Coimbra.

O distanciamento físico tem sido uma medida importante para diminuir o contágio, todavia não pode ser

transformado e potenciado em «gueto» social agravando a solidão e a falta de apoio. Embora já haja vacina

para o vírus, ainda não foi encontrada nenhuma vacina para a solidão, pelo que a medicação continua a ser a

mesma, ancestral, a da proximidade social.

Importa realçar que milhares de idosos são igualmente cuidadores de outros, especialmente conjugues, que

perante situações de doença e de outras adversidades deixam tais idosos dependentes desprovidos de qualquer

apoio, pelo que se torna igualmente necessário repensar e criar respostas céleres perante a gravidade das

situações que frequentemente ocorrem.

Por outro lado, derivado à falta de transportes, à redução e suspensão de horários nos centros de saúde e

encerramento de extensões de saúde, muitos idosos viram dificultado ou mesmo bloqueado acesso aos serviços

de saúde, em que a relação com as unidades dos cuidados de saúde primários passaram a ser,

preferencialmente, por telefone e por correio eletrónico o que constituiu igualmente um bloqueio não só porque

uma parte significativa da população idosa ser infoexcluída, mas também pelo facto das chamadas telefónicas

não serem regularmente atendidas devido à falta de meios tecnológicos e de recursos humanos.

Se na primeira vaga da pandemia, que coincidiu com a primavera as temperaturas tinham tendência para

aumentar, o que se veio a verificar, as atuais medidas de distanciamento físico em pleno inverno, onde as

temperaturas que se tem feito sentir têm sido extremamente baixas, faz com que muitos idosos estejam

confinados em casa, por vezes com condições muito débeis de habitabilidade, no que se refere, à falta de

aquecimento que não é alheio aos custos elevados da energia (eletricidade, gás e lenha), aumentando o número

de óbitos nos picos de baixas temperaturas.

Se enquanto os idosos que residem lares tem um acompanhamento permanente, muitos dos que vivem

sozinhos e isolados acabam por não ter um apoio constante e efetivo pelo que é necessário criar, reforçar e

direcionar medidas e apoios de forma a garantir uma boa qualidade de vida aos mais velhos, evitando que a

cura não se torne num outro vírus que degrade a sua saúde física e mental.

Desde logo, é necessário reforçar a resposta a dar aos idosos em termos saúde, pelas unidades dos cuidados

de saúde primários, com mais e melhor apoio domiciliário, aos idosos que se encontram em situações de maior

vulnerabilidade e por outro lado que estas unidades passem a efetuar um contacto permanente e regular,

bimensal, com os utentes de cada unidade.

Por outro lado, tendo em conta as situações de isolamento e a reduzida ou inexistente oferta de transportes

públicos, em particular no interior é necessário, de sobremaneira, garantir os bens básicos à população idosa

em particular a que vive isolada, seja em termos de alimentação, medicação, aquecimento, entre outros.

As autarquias têm um papel fundamental pela proximidade que mantêm com os cidadãos, em particular as

juntas de freguesia pelo que o governo deve criar mecanismos e apoios transversais para que estas assegurem

de forma equitativa o apoio necessário a esta população idosa.

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