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8 DE MARÇO DE 2021

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do total) e neoplasias (41 700 DALYs; 1,3% do total). Em Portugal, cerca de 300 000 anos de vida saudável poderiam ser poupados se os portugueses melhorassem os seus hábitos alimentares.»

No que respeita à mortalidade, os hábitos alimentares inadequados, que são modificáveis, foram o quarto fator de risco que mais contribuiu para o número total de mortes (11,4%).

Dados do último Inquérito Nacional de Saúde (2019), divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, demonstram que 53,6% da população adulta portuguesa apresentava excesso de peso (pré-obesidade ou obesidade), sendo que a obesidade afetava já 1,5 milhões de pessoas (16,9%).

O Relatório do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável Portugal (2020), alerta também para a «tendência crescente da proporção de utentes com registos de pré-obesidade e obesidade nos cuidados de saúde primários, atingindo os 16,7% e os 11,9% a nível nacional em 2019, respetivamente.»

Paralelamente, e segundo o mesmo relatório, «A COVID-19 parece ter contribuído para uma alteração nos hábitos alimentares de uma parte significativa da população nacional» em que «quase metade da população inquirida (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante este período e 41,8% tem a perceção de que mudou para pior.» Esta situação é particularmente gravosa num contexto sanitário que já identificou o excesso de peso como um dos fatores de maior risco no internamento de doentes COVID em unidades de cuidados intensivos.

De facto, os padrões alimentares inadequados, e a obesidade em particular, têm sido responsáveis por custos humanos, sociais e económicos muitíssimo elevados e na perspetiva do PAN, não obstante a necessidade de medidas de carácter cirúrgico e/ou farmacológico de tratamento dos utentes, é prioritário combater o problema de raiz, isto é, na prevenção da obesidade desde a gravidez e ao longo de todo o ciclo de vida. Só assim se pode de facto reduzir este problema de saúde em larga escala.

Os dados relativos à obesidade infantil revestem-se de especial preocupação para a saúde humana. Segundo os dados preliminares da 5.ª fase do COSI Portugal (Sistema de Vigilância Nutricional Infantil) do Ministério da Saúde em coordenação com o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), apesar de ter havido uma redução do excesso de peso nas crianças de 2008 para 2019, respetivamente de 37,9% para 29,6%, a prevalência da obesidade infantil aumentou com a idade, com 15,3% das crianças de oito anos de idade já consideradas obesas, (destas 5,4% com obesidade severa). Ainda que em menor percentagem, mas igualmente preocupante, a percentagem de crianças obesas aos 6 anos de idade é de 10,8%, com 2,7% delas com obesidade severa.

É premente que se perspetivem num curto e médio prazo, políticas e mudanças estruturais na forma como escolhemos os nossos padrões e comportamentos alimentares e como educamos as futuras gerações para estilos alimentares mais saudáveis.

Recentemente, têm sido dados alguns passos importantes nesse sentido, exemplo disso é o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), da DGS, tendo como missão «melhorar o estado nutricional da população, incentivando a disponibilidade física e económica de alimentos constituintes de um padrão alimentar saudável e criar as condições para que a população os valorize, aprecie e consuma, integrando-os nas suas rotinas diárias».

Cumprindo uma importante função de aconselhamento e orientação técnicas, lançou em 2015, um guia com as «Linhas de Orientação para uma Alimentação Vegetariana Saudável», valorizando e dando a conhecer, um modelo de consumo alimentar saudável junto da população, ao mesmo tempo que permite que os profissionais de saúde possam aceder a informação científica capaz de os dotar de maior conhecimento, competência e segurança nesta área de educação alimentar.

De facto, nos últimos anos, tem vindo a ser desenvolvida muita evidência científica a favor do aumento de produtos de origem vegetal na nossa alimentação, dados os benefícios do consumo de produtos de origem vegetal e o seu papel na prevenção de doença, nomeadamente na prevenção de doenças muito prevalentes na nossa sociedade, como a doença cardiovascular, a doença oncológica, a obesidade e a diabetes, que tem como se sabe enorme impacto na qualidade de vida das pessoas e na sustentabilidade do SNS. Para além destes benefícios comprovados, a alimentação vegetariana tem ainda impacto no aumento da longevidade de vida da pessoa humana.

Como refere o guia da DGS, «a evidência aponta não só para a importância do consumo regular de produtos de origem vegetal, como para o facto de uma alimentação exclusivamente baseada nestes produtos ser igualmente ou até mais protetora da saúde humana».

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