O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 DE MARÇO DE 2021

79

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1163/XIV/2.ª

IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS PARA A MONITORIZAÇÃO, DESPOLUIÇÃO E VALORIZAÇÃO DO

RIO DÃO E SEUS AFLUENTES

O rio Dão que corre no sentido nordeste-sudoeste nasce a mais de 700m de altitude, na Barranha, freguesia

de Eirado, concelho de Aguiar da Beira, na Guarda. Sendo o principal e estruturante curso de água do Planalto

Beirão, atravessa nos seus 92 quilómetros os municípios de Penalva do Castelo, Mangualde, Viseu, Nelas,

Carregal do Sal, Tondela e Santa Comba Dão e desagua na margem direita do rio Mondego em plena albufeira

da Barragem da Aguieira nos limites de Santa Comba Dão com o município de Mortágua.

Os principais afluentes deste rio: as ribeiras de Carapito, de Ludares, de Coja, de Sátão, de Beijós, de

Cabanas e os rios Pavia, Dinha e Criz, revelam-se de grande importância para a biodiversidade e para as

atividades e ocupação humana que ao longo dos tempos têm moldado a paisagem da região, com particular

relevo para a vitivinicultura, estando na origem da Região Demarcada do Dão, reconhecida pela produção de

excelentes vinhos de mesa.

Este curso de água de grande beleza natural tem sido ao longo dos anos sobrecarregado com cargas

poluentes difusas, de atividades agrícolas, industriais, mas sobretudo com descargas sem o devido tratamento

de efluentes domésticos que resultam por um lado da falta de saneamento e tratamento das águas residuais,

por outro das evidentes debilidades de inúmeras ETAR – Estações de Tratamento de Águas Residuais que

rejeitam na bacia hidrográfica deste rio efluentes sem o tratamento adequado.

Ao longo dos últimos anos têm sido várias as denúncias e intervenções do Partido Ecologista Os Verdes no

sentido de melhorar a qualidade das águas deste rio estruturante para o ecossistema e para as inúmeras

atividades económicas e de lazer. Denunciaram se, nomeadamente, mais de duas dezenas de pontos de

descargas e atentados ambientais na bacia hidrográfica do Dão, como por exemplo esgotos a céu aberto em

Penalva do Castelo, Nelas, Sátão e Carregal do Sal ou a debilidade de grande parte das ETAR’s existentes

nestes municípios que o Dão percorre.

Nos quase 100 quilómetros tem sido frequente as ocorrências de poluição, denunciadas sucessivamente

pelas populações e pelos Verdes que constatam em particular junto aos pontos de rejeição, águas com grandes

quantidades de matéria orgânica, opacas e escurecidas, muitas vezes espumosas emanando cheiros intensos

e nauseabundos, entre outras características facilmente constáveis a «olho nu».

Os impactos ambientais tornam-se ainda mais evidentes no período estival quando o caudal é mais reduzido.

No Verão de 2019, no âmbito das inúmeras visitas que Os Verdes têm realizado aos cursos de água desta bacia

hidrográfica, constataram e denunciaram o estado em que se encontrava o próprio rio Dão, nas proximidades

da Vila de Santa Comba Dão. Ao longo do leito, já em plena albufeira da Agueira, a água encontrava-se

literalmente «pintada» de verde, tingindo as pedras, raízes e demais vegetação das próprias margens, sendo

evidente um acentuado processo de eutrofização comprometendo toda a fauna fluvial, em particular piscícola.

A poluição no rio Dão tem reduzido o seu potencial natural em termos de flora e fauna, condicionando o

usufruto das suas águas por parte das populações que vivem nas suas margens, seja para as atividades

económicas como a agricultura e o turismo ou as atividades desportivas ou de lazer.

A má qualidade da água nesta bacia hidrográfica compromete também a própria saúde pública, uma vez que

direta ou indiretamente as águas do Dão abastecem centenas de milhares de pessoas dos distritos de Viseu e

de Coimbra.

No distrito de Viseu, este rio, através da Barragem de Fagilde, abastece água a mais de 130 000 pessoas

dos concelhos de Penalva do Castelo, Mangualde, Viseu e Nelas. Enquanto que no Mondego, que tem como

principal afluente o Dão, é captada água na barragem da Agueira que abastece a população de Coimbra.

A água sendo um elemento essencial e indispensável a qualquer forma de vida no planeta, que urge

preservar, torna-se um bem escasso a salvaguardar, é, portanto, essencial que sejam tomadas medidas nesse

sentido. Embora na última década tenham sido tomadas algumas medidas, como por exemplo, a construção de

novas ETAR, em resultado da constante denúncia e pressão que Os Verdes têm encetado junto das autarquias

e do Governo, a verdade é que estas medidas ficam muito aquém das necessidades face às constantes

descargas no rio Dão.

Páginas Relacionadas
Página 0076:
II SÉRIE-A — NÚMERO 106 76 PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1161/XIV/2
Pág.Página 76
Página 0077:
29 DE MARÇO DE 2021 77 Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais apli
Pág.Página 77