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II SÉRIE-A — NÚMERO 108

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afastado cada vez mais das necessidades regionais de transporte de passageiros e de carga, perdendo

importância relativamente a outros modos de transporte, nomeadamente o rodoviário.

Outros fatores contribuíram para que muitos residentes e visitantes do Algarve, ao longo dos anos, não

tenham optado pelo comboio nas suas deslocações regionais: um traçado que não acompanhou a evolução

demográfica regional, deficiente articulação com os transportes rodoviários, material circulante antiquado sem

os padrões de conforto e segurança exigidos, degradação de estações e apeadeiros, horários desajustados das

necessidades dos utentes, ausência de ligações diretas regionais entre Lagos e Vila Real de Santo António, e

atrasos e supressões de comboios.

Relativamente a este último aspeto, assinala-se que, o PCP tem questionado os sucessivos governos por

esta situação, como aconteceu há um ano, quando no último mês de 2019, em apenas três semanas, foram

suprimidos 31 comboios regionais entre Faro e Vila Real de Santo António e entre Faro e Lagos. Estas situações,

recorrentes, além de se traduzirem em óbvios prejuízos para os utentes, contribuem para degradar a atratividade

e a imagem do transporte ferroviário, afastando ainda mais os utentes deste modo de transporte.

Atravessar o Algarve em transporte ferroviário pode chegar a demorar mais de 3 horas, fazendo o percurso

de 140 km entre Lagos e VRSA a velocidade comercial inferior a 50 km/h, se não existirem atrasos ou outro tipo

de problemas. Em pleno século XXI a linha do Algarve apresenta valores de tempo de deslocação mais próximos

do século XIX. Uma viagem realizada, com horários desfasados das necessidades dos trabalhadores e das

populações e que desincentivam a sua utilização.

O ano de 2020, marcado pelos impactos da epidemia, não serve de referência para uma aferição do potencial

no transporte ferroviário, mas em 2019, a Linha do Algarve registou, no tráfego regional, apenas dois milhões

de passageiros. Este número poderia ser significativamente superior caso aos potenciais utilizadores fossem

oferecidas melhores condições de transporte, designadamente no que diz respeito ao número e frequência de

ligações regionais, duração das viagens e conforto do material circulante.

Tal melhoria no serviço de transporte ferroviário regional exige, em primeiro lugar, a conclusão da

eletrificação da Linha do Algarve, designadamente nos troços Lagos-Tunes e Faro-Vila Real de Santo António,

obra muitas vezes prometida nas últimas décadas. Agora, com dois anos de atraso face ao anunciado no Plano

Ferrovia2020 de fevereiro de 2016, que previa a conclusão da eletrificação no terceiro trimestre de 2021, a obra

ainda não se iniciou, atirando a sua conclusão para o fim de 2023.

A eletrificação da Linha da Algarve deve ser acompanhada de outras intervenções, algumas com

investimentos modestos como o aumento da velocidade comercial com melhorias no sistema de sinalização, a

otimização de horários, a melhoria da articulação com o transporte público rodoviário e a melhoria das condições

em apeadeiros e estações como a criação de zonas de estacionamento gratuito, e intervenções de maior

expressão como a aquisição de novos comboios, renovando a frota existente que já atingiu o fim de vida útil,

para a transição da tração diesel para elétrica e com projeção para as próximas décadas, a criação de novas

estações/apeadeiros e também a ligação ao aeroporto de Faro e à universidade (Polo de Gambelas) e noutro

âmbito a ligação transfronteiriça com a Andaluzia.

Estas novas ligações revestem-se de indubitável importância para a dinamização da economia regional, em

particular, no setor do turismo. Se em relação à primeira verificamos a sua introdução nos instrumentos de

planificação do Governo, em relação à ligação internacional com o sul de Espanha, que poderia potenciar a

mobilidade transfronteiriça de pessoas e mercadorias, justificam-se adequadas diligências junto do Governo

Espanhol.

Com a eletrificação da Linha do Algarve, entende o PCP que as oficinas da CP em Vila Real de Santo António

devem ser reconvertidas para a manutenção e reparação de material circulante de tração elétrica, preservando

os postos de trabalho atualmente existentes.

O estabelecimento de ligações sem transbordo entre Lagos e Vila Real de Santo António e a constituição do

passe intermodal que não ultrapasse os 40€ para os transportes públicos ferroviário e rodoviário são medidas

de forte atração de mais utentes.

Na Linha do Algarve verifica-se também carência de maquinistas e revisores. Tal situação tem levado a uma

indesejável sobrecarga dos trabalhadores e, muitas vezes, ao atraso e supressão de comboios. Assim, afigura-

se imprescindível um reforço de pessoal operacional para a Linha do Algarve, designadamente maquinistas,

operadores de revisão e venda, e assistentes comerciais.

Para além disso, e tal como o PCP tem denunciado, desde dezembro de 2011 que os comboios da CP que

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