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II SÉRIE-A — NÚMERO 148

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PROJETO DE LEI N.º 865/XIV/2.ª

PELA PROTEÇÃO DO TUBARÃO-MAKO-ANEQUIM (ISURUS OXYRINCHUS E ISURUS PAUCUS).

Exposição de motivos

Portugal continua a liderar os rankings europeus e mundiais de pesca de tubarão, estimando-se que o nosso

País seja responsável pela captura de 1,5 milhões de exemplares de tubarão e raia por ano, que equivalem a

uma média estimada das últimas décadas (com base nos registos desde 1986) de 4340 toneladas/ano de

tubarões e raias capturadas pela frota portuguesa.

Significa que Portugal é o terceiro país europeu que mais captura tubarão e raia nos oceanos, espécies que

são consideradas «guardiões do oceano», o que contraria a imagem que pretendemos transmitir de um país

virado para os oceanos e para a sua proteção.

Apesar de se verificar uma redução do desembarque destas espécies nos últimos anos (a partir de 2012) os

cientistas consideram que esta redução não está relacionada com as medidas de gestão implementadas mas,

sim, com o declínio da abundância dos tubarões e raias no mar.

Estas conclusões estão presentes no relatório publicado em abril de 2021 pela Associação Natureza Portugal

(ANP), associada da internacional World Wide Fund for Nature (WWF), intitulado Tubarões e raias – Guardiões

do oceano em crise, onde se alerta para o declínio preocupante destas espécies, referindo que as principais

ameaças à conservação das diferentes espécies de tubarão em Portugal são a pesca excessiva, associada à

poluição, mineração, perda de habitat e alimento, alterações climáticas, entre outros fatores de ameaça. O

relatório identifica a sobrepesca como a principal ameaça à sobrevivência dos tubarões e raias nos oceanos e

a principal razão da redução acentuada de muitas destas populações e o seu mau estado de conservação.

Neste contexto, as espécies de tubarão-anequim, ou também designados mako (Isurus oxyrinchus e Isurus

paucus), são consideradas das duas espécies de tubarão mais ameaçadas do mundo, encontrando-se neste

momento em sério risco de extinção, sendo Portugal um dos principais países responsáveis pelo seu declínio,

tendo sido incluído em 2019 na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e

dos Recursos Naturais).

Nesse mesmo ano a associação internacional Greenpeace revelou que Portugal e Espanha são os principais

países responsáveis pelo declínio do tubarão-anequim, matando cerca de 25 000 tubarões desta espécie todos

os anos, colocando em causa a recuperação desta espécie que caminha a passos largos para a extinção.

No entanto, em 2021, a União Europeia decidiu adotar medidas mais restritivas para impedir o declínio da

espécie, proibindo o desembarque e comercialização do tubarão-anequim do Atlântico Norte, proveniente de

águas internacionais, de acordo com a convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de

Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção) que regula o comércio de espécies ameaçadas

de extinção.

Perante esta tomada de posição da União Europeia, Portugal e Espanha adotaram medidas de conservação

da espécie. No caso português, o ICNF anunciou que não emitirá documentos para introdução de espécimes de

Isurus oxyrinchus capturados em águas internacionais do Atlântico Norte após 31 de dezembro de 2020, ao

contrário de Espanha que estendeu esta medida a águas nacionais. Além disso, continua a ser permitida, em

certas circunstâncias, a retenção e venda de tubarão-anequim capturado morto pelos pescadores. Esta situação

torna quase impossível a fiscalização porque é muito difícil determinar se os tubarões são capturados vivos ou

mortos nas redes de pesca, assim como controlar o local onde efetivamente foram capturados e a pesca

acidental.

As organizações não governamentais saúdam as medidas recentes adotadas para a conservação desta

espécie, mas lembram que o Governo português deve urgentemente legislar no sentido de proibir a retenção de

tubarão-anequim e estender a proibição de captura a águas nacionais, uma vez que eles não podem ser

desembarcados ou comercializados, que avance com medidas para evitar as capturas acidentais desta espécie

que continuam a ocorrer e a desenvolver medidas de boas práticas a bordo que aumentem as taxas de

sobrevivência dos exemplares que são libertados no mar.

A União Europeia é atualmente responsável por dois terços do nível das capturas de tubarão-anequim em

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