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29 DE MARÇO DE 2022

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Os trabalhadores da Administração Pública continuam, hoje, a lutar pela reposição e pela criação de novas

carreiras.

A desvalorização das carreiras dos trabalhadores da Administração Pública não está desligada de uma tabela

remuneratória única que não tem sido revista nem revalorizada nem de um sistema de avaliação que não

promove o desenvolvimento profissional e coloca severas limitações à progressão nas carreiras. Desde a sua

criação que o PCP se opôs ao SIADAP, afirmando que «a avaliação do desempenho tem que ser justa e deve

ter como objetivo melhorar cada vez mais os serviços» que são prestados pelos trabalhadores da Administração

Pública às populações. Mais afirmámos, então, que esta «não pode nem deve servir para condicionar, dificultar,

impedir ou instrumentalizar a promoção e a progressão da carreira dos trabalhadores da Administração Pública».

Mas é exatamente isso que o SIADAP significa – travão nas progressões e desvalorização dos trabalhadores

e dos serviços públicos.

O SIADAP tem, desde a sua primeira versão, um claro objetivo economicista posto em prática através do

sistema de quotas que apenas serve para impedir a progressão dos trabalhadores, conduzindo a que mais de

75% dos trabalhadores que ingressem agora na Administração Pública apenas têm a possibilidade de atingir o

primeiro terço dos níveis de vencimento propostos, mantendo o absurdo sistema de quotas para as

classificações mais elevadas, com o objetivo de limitar a progressão na carreira dos trabalhadores.

A progressão na carreira só é obrigatória após a obtenção de dez pontos na avaliação, mas ao serem

limitadas (com as quotas) as classificações mais elevadas, mesmo que haja mais trabalhadores a merecerem

esta classificação, ela não se verifica, ficando a grande maioria dos trabalhadores estagnados, com legítimas

pretensões de progressão na carreira goradas e criando-se inaceitáveis injustiças na Administração Pública.

O sistema de quotas não permite uma verdadeira avaliação porque impõe artificialmente um limite à avaliação

e apenas visa condicionar a promoção e progressão nas carreiras.

Também este é um elemento que afasta trabalhadores, nomeadamente jovens e trabalhadores mais

qualificados, da Administração Pública – uma vez que não têm perspetiva de construção de uma carreira que

os valorize.

Este Sistema de Avaliação do Desempenho dos Trabalhadores da Administração Pública apareceu, em

2007, pelas mãos de um Governo do PS de maioria absoluta. E apareceu não para, de uma forma construtiva,

melhorar os serviços e a qualificação dos trabalhadores. O seu verdadeiro objetivo foi (e ainda é) através da

avaliação, impedir a progressão na carreira, facilitar despedimentos e até mesmo fundamentar o encerramento

de serviços.

A reposição, alteração e criação de novas carreiras na Administração Pública, bem como a construção de

um sistema de avaliação justo, transparente, formativo e potenciador das progressões nas carreiras é matéria

de âmbito da negociação coletiva entre as organizações representativas dos trabalhadores e o governo. Esta

matéria deve envolver profundamente os trabalhadores e as suas organizações representativas, num processo

sério e eficaz e que tenha como objetivo valorizar os trabalhadores e os serviços públicos, e não o contrário.

Pelo exposto, nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do

Regimento, os Deputados do Grupo Parlamentar do PCP propõem que a Assembleia da República adote a

seguinte:

Resolução

A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da República,

recomendar ao Governo que durante o ano de 2022:

1. Desenvolva e concretize os processos de negociação coletiva com as organizações representativas dos

trabalhadores, com vista à reposição, valorização e criação de novas carreiras profissionais, tendo em

consideração, em cada uma das carreiras, o seu enquadramento e as especificidades das funções

desempenhadas, definindo concretos descritivos funcionais e as concretas funções exercidas, assegurando a

valorização das carreiras, a progressão e a consequente tradução remuneratória.

2. Revogue o atual sistema de avaliação de desempenho (SIADAP), incluindo os sistemas específicos nele

baseados, substituindo-o por um sistema de avaliação sem quotas, formativo, transparente, equitativo e justo,

que valorize realmente os trabalhadores, potenciando a progressão profissional nas suas carreiras, negociando-

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