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II SÉRIE-A — NÚMERO 41

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PSD/CDS, passou a ser uma estrutura de anormal dimensão e de difícil e complexa gestão, com uma área de

influência que ultrapassa os dois milhões de habitantes. Não serve os interesses da cidade, do concelho, do

distrito, da região e nem do país. Esta situação conduziu à redução de serviços e valências hospitalares e

apenas beneficia as entidades privadas prestadoras de cuidados de saúde. É extremamente revelador o facto

de a multiplicação de oferta de serviços privados na região promovidos por grandes grupos económicos

ocorrer em paralelo e em consequência da degradação dos cuidados de saúde prestados nos hospitais

públicos.

A estratégia levada a cabo por sucessivos governos passou pelo crónico subfinanciamento do Serviço

Nacional de Saúde, pela despudorada e intencional governamentalização ou partidarização das

administrações e chefias clínicas, pela transferência massiva de doentes do SNS para os cuidados privados e

pela desestruturação das carreiras dos profissionais de saúde. Passa ainda pela introdução no serviço público

da lógica desviante dos serviços privados, centrada na «corrida ao lucro», sacrificando as prioridades clínicas

e assistenciais, assentando também no encerramento e fusões de serviços e unidades hospitalares,

amputando a capacidade de resposta do SNS às necessidades das populações.

Esta fusão não obedeceu a qualquer estudo técnico prévio ou à auscultação dos seus profissionais e

serviços envolvidos, nem passou pela constituição de qualquer Comissão Instaladora com representação das

diversas instituições, serviços ou valências, que pudesse avaliar tecnicamente o processo, ultrapassando

meras enunciações de fachada sem verdadeiro conteúdo.

Foram retirados do Hospital dos Covões, que abrangia cerca de 800 000 utentes, serviços tão nucleares

como os de Gastroenterologia, Neurologia, Neurocirurgia, Urologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia,

Oncologia, Hematologia, Pneumologia, Imuno-hemoterapia, Anatomia Patológica, Infeciologia, Nefrologia

(parcialmente), Imagiologia (parcialmente) e Cardiologia. Os sucessivos encerramentos desarticulam equipas

com grande experiência clínica acumulada, desaproveitam a capacidade instalada (nomeadamente do

moderno bloco operatório central que passou a ser utilizado quase exclusivamente para cirurgia ambulatória,

mais «leve» e menos exigente), tendo originado também o fecho das urgências à noite e aos fins-de-semana.

Os exemplos de perda são muitos, como sucede com o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC – mais

prestigiado pela assistência prestada na patologia cardíaca do que na área torácica – que não aproveitou a

enorme experiência em cirurgia toracoscópica vídeo-assistida acumulada no Hospital dos Covões (a maior a

nível nacional) para colmatar o défice que tinha nesse campo. Preferiu-se anulá-la e ficar sem a capacidade

técnica que o estado da arte há muitos anos exige em patologias pulmonares não raras, até há pouco

eficazmente prestada a toda a região centro pelo Hospital Geral dos Covões. Também o Serviço de

Hemodinâmica, mais diferenciado em algumas técnicas que o dos HUC, deixou de as poder assegurar por se

ter desmembrado a sua equipa, com o abandono definitivo do seu diretor.

Em abril de 2019, o serviço de Pneumologia foi formalmente extinto, deixando de ter direção própria e

passando para a alçada da Pneumologia dos HUC. Em julho de 2019, foi confirmada «a diminuição de lotação

do internamento de Pneumologia no Hospital Geral (Covões)», resultando na concentração de camas de

internamento nos já sobrelotados HUC. Tal como já sucedeu no passado e ainda sucede, a razão invocada foi

a necessidade de dispor de «apoios multidisciplinares e diferenciados para doentes mais complexos» – que

existiam no Hospital dos Covões até terem sido fragmentados ou mesmo eliminados pela Administração do

CHUC. A esta perda importante acresce o plano de concentrar a urgência de Pneumologia num único serviço

polivalente nos HUC, de que resulta a perda desta importante valência no serviço de urgência do Hospital dos

Covões.

Em 2020, o Hospital dos Covões foi designado hospital de referência para a COVID-19, com todas as

valências (Urgência, Medicina Interna, Pneumologia, Reanimação, Cardiologia, TAC, RMN, Nefrologia,

Hemodiálise, Laboratório) para o tratamento dessa doença, complexa e longe de ser apenas uma simples

infeção respiratória. Este Hospital é fundamental para Coimbra e para a região centro e, com o surto

epidémico as enfermarias desativadas e camas fechadas foram reativadas e mostraram-se fundamentais.

Com o encerramento do serviço de Cardiologia, em maio de 2020, deu-se mais um passo num longo

processo de esvaziamento e a desvalorização das diversas valências médicas e cirúrgicas do Hospital dos

Covões – levadas a cabo pela Administração do CHUC.

Em 2021 deu-se o encerramento da Unidade da Cuidados Intensivos, e a deslocação do material e das

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