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22 DE DEZEMBRO DE 2022

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média, aos 80 %. Segundo um inquérito organizado pela Gulbenkian, no estudo «O Uso da Água em

Portugal», de 2020, 53 % dos agricultores de regadio já afirma claramente que existem problemas no

abastecimento de água.

Dada a enorme dependência da agricultura portuguesa da oferta de água e a tendência crescente de seca,

não só é possível antever como já existem problemas, ainda que atualmente pontuais, no abastecimento

doméstico de água. A existência de disputas em torno do abastecimento de água no Algarve e no Alentejo é

infelizmente cada vez mais comum, dado que são as duas regiões, ainda que não as únicas, que tenderão a

ser mais severamente afetadas pela escassez de água. Para além do abastecimento doméstico e agrícola de

água, encontramos também o setor do turismo, do qual Portugal ainda depende muito para o seu parco

crescimento económico, que é exigente do ponto de vista do consumo de água.

Mas considerando a prevalência de 11% do consumo doméstico na procura de água em Portugal – que

tem vindo a crescer nas últimas décadas – nenhum dos cenários atualmente projetados contempla a

possibilidade de falta estrutural de água nas torneiras dos portugueses, caso sejam feitos os investimentos nas

infraestruturas e gestão necessários à cobertura do abastecimento em todo o País.

No entanto, o decrescimento estrutural da oferta de água pode ser entendido não só como um teto sobre o

crescimento económico português, que fica limitado nos seus setores agrícola e turístico, mas como um

enorme desafio para a coesão territorial do País, dada a longa tendência de depressão demográfica e

económica de todo o seu interior, onde a agricultura e o turismo podem fazer derradeiramente a diferença.

A dinamização do interior, senão mesmo a sua integração plena na economia portuguesa, como um

território de oportunidades, que garante qualidade de vida e rendimentos equiparáveis aos que encontramos

no litoral, passa, necessariamente, por uma estratégia de dinamização económica que crie as condições

infraestruturais que a permitam: passando por uma maior abertura ao investimento, pelos transportes, pelo

acesso à energia e pela oferta de água, sem prejuízo de outras questões ainda por resolver, como a da gestão

das florestas, cujo potencial económico permanece por explorar.

Muitas das soluções que têm constado no debate público em torno da água terão um papel fundamental na

resolução do problema em Portugal. A diminuição do desperdício e reutilização de águas residuais para

diversos fins, a recarga de aquíferos, a reutilização de águas cinzentas nas habitações e a melhoria da

eficiência hídrica do setor agrícola, que, na sua maioria, ainda não contabiliza os seus gastos de água, terão

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