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0225 | II Série B - Número 032 | 08 de Fevereiro de 2003

 

- por outro lado, (uma identidade moçambicana) feita de um ideal de mestiçagem harmoniosa, que de resto o marca biologicamente, filho que foi de pai algarvio branco e de mãe ronga negra, mestiçagem cultural espelhada no célebre poema "A fraternidade das palavras", que termina assim:

E eis que num espasmo
de harmonia como todas as coisas
palavras rongas e algarvias ganguissam
neste satanhoco papel
e recombinam o poema.

Craveirinha iniciou a sua actividade, quer como jornalista quer como poeta, nos anos 50, no jornal moçambicano Brado Africano, jornal pelo qual lutou com todas as suas forças, tendo publicado depois em revistas africanas, portuguesas, como Mensagem, e brasileiras, sobretudo, embora hoje seja um poeta traduzido em inúmeras línguas. Ele é, de resto, um escritor muito premiado nacional e internacionalmente, tendo sido prémio Camões em 1991.
Para além do já referido Xigubo, logo apreendido pela PIDE, que o usou como prova nos processo de que foi vítima durante o período em que esteve preso, entre 1965-69, Craveirinha tem inúmeros títulos publicados, de que destaco Karingana ua Karingana, Cela 1, Maria. Foi um embaixador da literatura moçambicana no mundo e foi o 1.º Presidente da Associação de Escritores Moçambicanos.
Para além de tudo isto, e porventura antes de tudo isto, Craveirinha foi um apaixonado pela língua portuguesa que cultivou com exaustivo trabalho e que aprendeu a amar pelos lábios desse pai algarvio, colono pobre cuja voz grave relembra "recitando Guerra Junqueiro ou Antero, a quem ele dedicou um extraordinário poema intitulado "Ao meu belo pai ex-emigrante", no qual garante:

(...) não esqueço
meu antigo português puro
que me geraste no ventre de uma tombasana
eu mais um novo moçambicano
semiclaro para não ser igual a um branco
qualquer
e seminegro para jamais renegar
um glóbulo que seja dos Zambezes do
meu sangue.

É, portanto, também a língua portuguesa que está de luto hoje, porque foi um grande poeta de língua portuguesa que perdemos todos, moçambicanos, portugueses e todos quantos falam e amam o português, todos quantos querem dizer com Craveirinha:

Amigos:
as palavras mesmo estranhas
se têm música verdadeira
só precisam de quem as toque
ao mesmo ritmo para serem
irmãs.

Em 1997, no Centro Cultural do Alto Minho, num encontro em que Luandino Vieira o considerou um "dos maiores poetas da África Austral", Craveirinha lembrava que grande parte da responsabilidade da permanência ou não do português em Moçambique depende de Portugal: importa, então, que ao lembrar hoje Craveirinha lembremos esta premente, urgente e patriota necessidade de contribuirmos para tocar ao mesmo ritmo as palavras portuguesas para poderem continuar a ser irmãs.
Ao povo moçambicano e à família de José Craveirinha, a Assembleia da República manifesta assim o seu maior pesar.

Assembleia da República, 6 de Janeiro de 2003. - Os Deputados: Isabel Pires de Lima (PS) - Guilherme Silva (PSD) - Manuela Melo (PS) - João Teixeira Lopes (BE) - Manuel Maria Carrilho (PS) - Isabel Castro (Os Verdes) - José Magalhães (PS) - Rosalina Martins (PS) - Maria Santos (PS) - Carlos Carvalhas (PCP) - António Filipe (PCP) - Augusto Santos Silva (PS) - Telmo Correia (CDS-PP) - Luiz Fagundes Duarte (PS).

APRECIAÇÃO PARLAMENTAR N.º 7/IX
(REQUERIMENTO DE OS VERDES E DO PCP SOLICITANDO A APRECIAÇÃO PELA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA DO DECRETO-LEI N.º 221/2002, DE 22 DE OUTUBRO)

Relatório da Comissão de Poder Local, Ordenamento do Território e Ambiente

A Comissão de Poder Local, Ordenamento do Território e Ambiente, reunida em 4 de Fevereiro de 2003, analisou na especialidade a apreciação parlamentar n.º 7/IX, da iniciativa de Os Verdes e do PCP, relativa ao Decreto-Lei n.º 221/2002, de 22 de Outubro, o qual "altera o Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, que estabelece normas relativas à Rede Nacional de Áreas Protegidas", com a presença dos Srs. Deputados constantes no livro de presenças.
Nesta iniciativa legislativa, é apresentada uma proposta de alteração ao artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 221/02.
Submetida a votação a proposta em causa, foi a mesma rejeitada por maioria, com os votos a favor do PS e do PCP e contra do PSD e do CDS-PP, verificando-se a ausência do BE e de Os Verdes.

Assembleia da República, 4 de Fevereiro de 2003. - O Presidente da Comissão, Jorge Coelho.

Nota: O relatório foi aprovado.

PERGUNTAS AO GOVERNO

Perguntas do PSD

Encarrega-me S. Ex.ª o Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata de, nos termos do artigo 241.º do Regimento, enviar a S. Ex.ª o Sr. Presidente da Assembleia da República as perguntas a formular ao Governo pelos Srs. Deputados Fernando Pedro Moutinho, Isménia Franco, Costa e Oliveira, José Manuel Pavão e Maria Ofélia Moleiro, na sessão plenária de 7 de Fevereiro de 2003:

1) Através do Deputado Fernando Pedro Moutinho, sobre:
- Perspectivas do Aeroporto de Beja; (a)
- Investimentos públicos no distrito de Beja a nível rodoviário e ferroviário;
- Metro ligeiro de superfície Aloés - Falagueira;
- Promoção turística de Portugal por ocasião do Euro 2004;

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