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0003 | II Série B - Número 008 | 04 de Dezembro de 2004

 

VOTO N.º 221/IX
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ACTOR JACINTO RAMOS

Jacinto Ramos, actor de teatro, televisão e cinema, faleceu aos 87 anos de idade.
A sua qualidade enquanto actor e cineasta marcou as artes cénicas deste País. Jacinto Ramos pertenceu à idade de "ouro" do teatro português. Estreou-se no teatro na Sociedade Guilherme Cossoul e, juntamente com José Viana, funda o Grupo de Teatro da Sociedade Guilherme Cossoul. Em 1950, apadrinhado por Amélia Rey Colaço, passa a integrar a companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, no Teatro Nacional D. Maria II, onde se estreia em "Curva Perigosa". Neste Teatro Nacional protagonizou ainda, entre outras peças, "Sonho de Uma Noite de Verão", de William Shakespeare, "Casaco de Fogo", de Romeu Correia, "Menina Júlia", de Strindberg, e "Os Maias", de Eça de Queiroz.
O teatro amador foi um dos campos a que dedicou especial atenção ao longo de toda a sua vida, tendo dirigido vários grupos de teatro amador, como o CITAC de Coimbra, o grupo de teatro da Faculdade de Direito de Lisboa, o Teatro d'Hoje, o Teatro de Novos para Novos e o Teatro Experimental de Lisboa. Jacinto Ramos foi mais que um actor, coreógrafo, encenador: Jacinto Ramos foi um "Fazedor de Teatro".
"Portugal e os seus Poetas" e "Cantando Espalharei" foram as suas mais destacadas incursões pela divulgação da poesia, tendo protagonizado espectáculos em 1981 e 1985 um pouco por todo o mundo.
Jacinto Ramos, para além de actor, foi realizador e argumentista. Destacam-se, das suas participações no cinema, "Pátio das Cantigas", "Pai Tirano", "Ladrão Precisa-se", "Chaimite", "A Costureirinha da Sé", "Benilde ou a Virgem Mãe" ou "Manhã Submersa". O seu talento invadiu as casas de todos os portugueses, através da televisão, com as telenovelas "Origens", "Palavras Cruzadas" e "A Banqueira do Povo", e ainda pelo teatro televisivo em "Frei Luís de Sousa" e "Henrique IV".
O brilhantismo de Jacinto Ramos também se entregou à escrita, tendo traduzido peças de teatro e publicado um livro, em parceria com Luz Franco - Esta é a Ditosa Pátria Minha Amada.
Participou na criação do Sindicato das Artes do Espectáculo e foi fundador da Associação de Apoio aos Artistas. Mais recentemente, devido à perda da sua neta de cinco anos num acidente de viação, torna-se num membro activo da Associação de Cidadãos Automobilizados. Jacinto Ramos foi sempre um inconformado, mantendo ao longo de toda a vida uma actividade cívica e social que só está ao nível dos grandes homens.
Tendo recebido vários prémios ao longo da sua vida, a República Portuguesa soube atempadamente reconhecer e condecorar este seu filho talentoso com o merecido grau de Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada.
A memória de um país e de um povo recordará por muitos anos a obra e a vida deste homem que engrandeceu a sua cultura.
A Assembleia da República expressa o seu pesar pela morte de Jacinto Ramos e envia à sua família e aos seus muitos amigos as suas mais sentidas condolências.

Palácio de São Bento, 13 de Novembro de 2004.
Os Deputados: Guilherme Silva (PSD) - Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP) - Vieira de Castro (PSD) - João Pinho de Almeida (CDS-PP) - Miguel Relvas (PSD) - Luís Marques Guedes (PSD) - mais uma assinatura ilegível.

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VOTO N.º 222/IX
DE PESAR PELO FALECIMENTO DA PROFESSORA DOUTORA ISABEL MARIA DE MAGALHÃES COLLAÇO

Isabel Maria Moreira de Almeida Tello de Magalhães Collaço, professora catedrática jubilada da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, faleceu. Com ela desaparece um dos espíritos mais brilhantes do Direito e sem ela fica bem mais pobre a academia portuguesa.
Em 1948 concluiu a licenciatura em Direito com a muitíssimo rara classificação de 19 valores. Não era, no entanto, ainda o tempo em que a Faculdade considerava que o destino de uma mulher, mesmo tão talentosa, podia ser a carreira académica. Foi depois de um percurso exterior ao ensino e da obtenção de uma bolsa que pôde ter as condições que lhe permitiram concluir, em 1954, de forma igualmente brilhante, o doutoramento em Ciências Jurídicas.

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