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0002 | II Série B - Número 027 | 14 de Janeiro de 2006

 

VOTO N.º 29/X
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO HOMEM DE TEATRO, CINEMA E TELEVISÃO ARTUR RAMOS

Artur Ramos, que faleceu esta semana aos 79 anos, foi uma personalidade artística que marcou profundamente a vida cultural portuguesa do século XX, como encenador, cineasta, realizador de televisão, ensaísta e tradutor.
Foi, entre nós, um pioneiro da televisão, o primeiro realizador efectivo da RTP. Em toda a sua carreira esteve sempre presente o interesse pela literatura portuguesa contemporânea, como se vê, por exemplo, nos seus filmes Pássaros de Asas Cortadas, de Luís Francisco Rebello, ou A Noite e a Madrugada, de Fernando Namora, de quem adaptou também Retalhos da Vida de um Médico, numa famosa série que dirigiu para a RTP, ou na divulgação, que empreendeu com entusiasmo, das obras de Jaime Salazar Sampaio, Teresa Rita Lopes, Augusto Sobral, Luís Francisco Rebello, Romeu Correia, Manuel da Fonseca ou Bernardo Santareno.
Foi, também, um divulgador da dramaturgia moderna, tendo dirigido textos de Samuel Beckett, Franz Kafka, Arthur Miller, Bertold Brecht, ou Harold Pinter. Na sua actividade de realizador de teleteatro, na RTP, dirigiu numerosas peças de autores como Tchecov, Molière, Gervásio Lobato, Garrett, Gil Vicente, Oscar Wilde, Lope de Vega, Eugene O'Neill, Cervantes, Bernard Shaw, Ribeiro Chiado, Francisco Manuel de Melo, Eça de Queiroz, Luís de Sttau Monteiro, António Ferreira, entre muitos outros.
Por ocasião da homenagem que o Festival de Teatro de Almada prestou a Artur Ramos em 2005, escreveu Joaquim Benite que "Artur Ramos foi alguém que sempre quis inscrever-se e envolver-se na sua época e na modernidade. E que soube, com exemplar coerência e convicção, assumir sempre uma atitude cívica que é o reflexo do seu interesse pelos outros e da sua imensa e discretíssima generosidade."
Artur Ramos era militante do Partido Comunista Português desde 1957 e desenvolveu, a par da sua notável intervenção cultural, uma actividade cívica e política de grande relevância.
A Assembleia da República, reunida em Plenário em 12 de Janeiro de 2006, expressa à esposa, filhas e demais familiares de Artur Ramos as suas sentidas condolências.

Assembleia da República, 11 de Janeiro de 2006.
Os Deputados do PCP: António Filipe - Bernardino Soares - Miguel Tiago - Abílio Dias Fernandes - José Soeiro - Luísa Mesquita - Agostinho Lopes.

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VOTO N.º 30/X
DE PESAR PELO FALECIMENTO DA PIANISTA HELENA SÁ E COSTA

O momento de um voto de pesar é um momento único na Assembleia da República - o momento da unanimidade.
Têm certos mortos, afinal, o poder político que nós, representantes vivos do povo, raramente queremos usar.
Pergunto-me se o tempo de uma vida não será tempo em excesso para tal feito e se a cultura democrática e a vida partidária ficariam mais em causa ou, ao contrário, mais prestigiadas com a frequência acrescida desse sinal.
Serve este comentário para introduzir um voto de pesar pelo falecimento duma ilustre personalidade da música, a quem poderíamos chamar a Senhora da Música - Helena Sá e Costa.
Da dedicação ao ensino do piano falam bem muitos dos seus discípulos, eles próprios exímios intérpretes, como Pedro Burmester, Adriano Jordão ou António Pinho Vargas, entre tantos outros.
Da notável carreira internacional como pianista, como solista e acompanhante de orquestras reputadas, não basta a reduzida discografia que fica muito aquém do seu percurso de executante de Bach (seu compositor preferido), mas também de tantos outros compositores.
A causa da música foi toda a sua vida. Que outra causa poderia afinal abraçar sendo filha de dois pianistas, neta do fundador do Conservatório de Música do Porto e discípulo de Viana da Mota?
Foi na Rua da Paz, na casa onde viveu e acolheu todos quantos amavam a música, que o Porto teve a sua primeira Casa da Música.
Em tempo de apreciação pela Assembleia da República de uma nova Lei da Rádio, seria ocasião para que dos arquivos da RDP/Antena 2 saíssem para o público radiofónico os sons do piano de Helena Sá e Costa.
O Partido Socialista curva-se em memória duma portuguesa ilustre - Helena Sá e Costa.

Os Deputados do PS: Maria Teresa Portugal - Manuela Melo - Jorge Strecht - Rosalina Martins - Luís Braga da Cruz - Luís Fagundes Duarte - João Bernardo - Maria Júlia Caré - Fernanda Asseiceira - Odete João - Luísa Salgueiro.

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