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2 | II Série B - Número: 153 | 26 de Junho de 2010

VOTO N.º 54/XI (1.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DO PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA JOSÉ SARAMAGO

José Saramago nasceu em Azinhaga (Golegã), em 16 de Novembro de 1922, numa família de pequenos agricultores. Em Lisboa, frequentou um curso técnico e teve o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico. Autodidacta, satisfazia a sua paixão pelos livros passando as noites na Biblioteca Municipal Central de Lisboa.
Em 1947, publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado. Nos anos seguintes, dedicou-se à crítica literária na Seara Nova, à realização de traduções (de Tolstoi, Hegel, Baudelaire, Nazim Hikmet), à poesia, tendo publicado Os Poemas Possíveis (1966), Provavelmente Alegria (1970), O Ano de 1993 (1975), e ao jornalismo, tendo dirigido o Suplemento Cultural do Diário de Lisboa e exercido as funções de Director-adjunto do Diário de Notícias, em 1975. Da sua actividade como jornalista resultaram os livros de crónicas Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opiniões que o DL Teve (1974) e Apontamentos (1976).
O regresso de José Saramago ao romance, a partir de 1977, com Manual de Pintura e Caligrafia, viria a marcar decisivamente a sua obra e a literatura portuguesa. Em 1980, publicou Levantado do Chão. Em 1982, publicou aquele que é, porventura, o mais celebrado dos seus romances, Memorial do Convento, e publicou, sucessivamente, O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), a História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio Sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), A Caverna (2001), O Homem Duplicado (2002), Ensaio Sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), A Viagem do Elefante (2008), e Caim (2009).
Da obra literária de José Saramago constam ainda livros de contos, literatura de viagens, peças de teatro e vários volumes de diários e memórias.
Ao longo da sua carreira, José Saramago recebeu 18 prémios literários. Ao ser distinguido, em 1998, com o Prémio Nobel da Literatura, o único atribuído, até hoje, a um autor de língua portuguesa, Saramago conferiu uma dimensão mundial sem precedentes à literatura, à língua e à cultura portuguesas e tornou-se o mais universal dos escritores portugueses, traduzido e editado em dezenas de países. Foi condecorado, em Portugal, em 1985, com a Ordem Militar de Santiago de Espada e, em França, em 1991, com a Ordem das Artes e das Letras Francesas. Recebeu o Grau de Doutor Honoris Causa por dezenas de Universidades de todo o mundo.
A obra de José Saramago projectou-se igualmente na música, no teatro e no cinema. Muitos dos seus poemas foram musicados e interpretados por cantores como Manuel Freire, Luís Cília, Carlos do Carmo, Mísia ou Pedro Barroso. O compositor italiano Azhio Corghi levou à cena a ópera Blimunda, baseada no Memorial do Convento, dramas líricos baseados nas peças teatrais In Nomine Dei e Don Giovanni e compôs sinfonias baseadas em vários textos de José Saramago. Os romances Jangada de Pedra e Ensaio sobre a Cegueira foram adaptados ao cinema, com grande sucesso nacional e internacional.
José Saramago destacou-se também por uma intensa acção cívica e política. Em 1948, apoiou activamente a candidatura presidencial de Norton de Matos. Em 1969, aderiu ao Partido Comunista Português, partido de que foi militante, até ao fim da sua vida. Em 1969 e 1973, desenvolveu intensa actividade nas candidaturas da oposição democrática (CDE). Em 1989, integrou as listas da Coligação Por Lisboa, indicado pelo PCP, e foi eleito Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. Foi candidato a Deputado à Assembleia da República, em diversas eleições, pelo círculo de Lisboa e integrou as listas da CDU ao Parlamento Europeu, em todas as eleições, desde 1987 a 2009.
Com uma obra intensamente ligada às mais profundas aspirações de progresso da Humanidade, a dimensão intelectual, artística, humana e cívica que José Saramago assumiu fazem dele uma figura maior da cultura portuguesa e um vulto incontornável da literatura universal. A morte de José Saramago constitui uma perda irreparável para Portugal, para o povo português, para a cultura portuguesa.

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