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4 | II Série B - Número: 086 | 15 de Janeiro de 2011

de Estado. Desempenhou igualmente os postos de Ministro sem Pasta responsável pelas áreas da defesa e da comunicação social e de Ministro da Educação e, mais tarde, fez parte do Conselho de Revolução.
Victor Alves foi igualmente coordenador do Programa do Movimento das Forças Armadas, cujo principal autor foi Melo Antunes. Foi ainda o primeiro porta-voz do MFA logo no dia 25 de Abril e foi o primeiro rosto dos Capitães de Abril.
Era um patriota, um democrata e um idealista. Militar corajoso, foi-lhe atribuído uma das mais importantes condecorações por acção em combate na guerra colonial — a Cruz de Guerra.
Victor Alves integrava a «elite do Exército», o seu Corpo de Estado Maior, onde era difícil recrutar militares pelo MFA. Victor Alves não só aderiu inequivocamente aos objectivos da revolução como foi um dos seus dinamizadores, integrando a própria direcção.
Vítor Alves era conhecido por ser um homem de consensos, por ser um homem justo e por ser um intransigente defensor dos grandes objectivos do MFA, empenhando-se profundamente na concretização do sonho e da utopia dos militares de Abril. Foi na defesa dessas ideias que integrou o «Grupo dos Nove».
Foi um verdadeiro «embaixador» no País e no estrangeiro na defesa dos objectivos da revolução. Foi um militar revolucionário com vocação de diplomata, que era um verdadeiro gentleman.
Como militar e político, Victor Alves foi um homem de excepção. Foi daqueles militares, como muitos outros, que nunca pediu nada, bastando-lhe o orgulho de ter contribuído, de forma decisiva, para a implantação da democracia e da liberdade em Portugal, através da revolução dos cravos — um exemplo em todo o mundo.
Terminado o Conselho de Revolução, com a Revisão Constitucional de 1982, como estava previsto, Victor Alves optou por se dedicar a actividades cívicas, destacando-se na defesa dos direitos humanos, tendo sido fundador e presidente, até à sua morte, da Organização CIVITAS, mais tarde CIVITAS/Liga dos Direitos Humanos.
Mas esta síntese, necessariamente incompleta face à dimensão e grandeza de Victor Alves, ficará mais rica se recorrermos ao testemunho de despedida da sua esposa, no dia do funeral, a quem solicitámos autorização para transcrever, e que é do seguinte teor:

Testemunho

«Tudo tem o seu tempo», como aprendemos no Livro do Eclesiastes:

Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou, tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo para edificar, tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo para dançar, tempo para atirar pedras e tempo para as juntar, tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço, tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para atirar fora, tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar, tempo para amar e tempo para odiar, tempo para a guerra e tempo para a paz.

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