O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3 | II Série B - Número: 096 | 3 de Dezembro de 2011

uma intensa actividade com as colectividades locais, como o Grémio Artística Vilafranquense e o Sport Lisboa e Vila Franca.
Tornam-se célebres as palestras e conferências que organiza nestas colectividades, assim como as aulas de alfabetização para o povo ou de aperfeiçoamento profissional para operários no Ribatejo, na Estremadura ou no Douro.
Foi também colaborador assíduo do jornal vilafranquense Mensagem do Ribatejo, onde dirige, em 1939, uma página literária, participando ainda em jornais anti-Estado Novo e anti-salazaristas como O Diabo e Sol Nascente.
Participante activo desde os anos 30 na luta antifascista clandestina, foi intensamente perseguido pela polícia política, o que lhe valeu a prisão em 1944 e 1963, grandes privações e sacrifícios pessoais, a censura prévia a várias das suas obras е о encerramento de alguns locais de cultura e associativismo com os quais colaborou ao longo da vida.
Toda a sua obra literária reflecte a vivência e o reconhecimento profundo dos problemas das classes trabalhadoras, conseguidos através do contacto estreito com as gentes, os seus usos e costumes no Ribatejo, na Estremadura ou no Douro.
Em 1939 escreve Gaibéus, o primeiro romance neo-realista escrito em Portugal, dedicado «à memória de Venâncio Alves e João Redol, ao ferreiro e ao campino», seus avós.
Com este romance inicia um ciclo de ficção temática ribatejana de camponeses e pescadores composto ainda pelas obras Marés, Avieiros, Fanga, esta última que atingindo em 1948 os 10 000 exemplares vendidos, um acontecimento notável para a época.
Nos anos 40 participa activamente nas campanhas da oposição democrática aquando da realização de «eleições» promovidas pelo regime.
Em 1961 publicou o que é considerado pela crítica o seu melhor romance: Barranco de Cegos.
Morreu novo, a 29 de Novembro de 1969, no Hospital de Santa Maria, o escritor que em Fanga se descreveu assim: «Não é difícil entender-se o que escrevo e porque escrevo. E também para quem escrevo.
Daí o apontarem-me como um escritor comprometido. Nunca o neguei: é verdade. Mas também é verdade que todos os escritores o são».
Alves Redol foi um escritor de grande impacto popular e muito admirado pelos trabalhadores, ao mesmo tempo que viu a sua obra reconhecida internacionalmente, traduzida em vários idiomas e conviveu com artistas e escritores em França, na Polónia e em Espanha. Autodidacta, a observação, estudo, cultura, a actividade sóciopolítica, e todo o contexto social em que viveu, conduziram-no a uma consciência das desigualdades sociais e da luta popular, expressa na sua obra, das mais admiráveis na nossa literatura.
Em 2011 foi constituída uma comissão organizadora para celebrar o Centenário do Nascimento de Alves Redol, que dinamizou um vasto programa de iniciativas ao longo de todo o ano. Esta comissão organizadora foi composta pelas seguintes entidades: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo, Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, Cooperativa Alves Redol, Agrupamento de Escolas Alves Redol, Ateneu Artístico Vilafranquense e União Desportiva Vilafranquense/Secção Cultural.
Considerando que a Assembleia da República se deve associar a esta efeméride, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda propõe o seguinte voto:

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, saúda e assinala o Centenário do Nascimento do escritor Alves Redol.

Os Deputados do BE: Luís Fazenda — Mariana Aiveca — Francisco Louçã — Catarina Martins — Ana Drago — João Semedo — Pedro Filipe Soares.

———

Páginas Relacionadas
Página 0002:
2 | II Série B - Número: 096 | 3 de Dezembro de 2011 VOTO N.º 26/XII (1.ª) DE CONGRATULAÇÃO
Pág.Página 2