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3 | II Série B - Número: 110 | 24 de Dezembro de 2011

No momento do seu falecimento, a Assembleia da República dirige sentidos votos de pesar à sua família e amigos e aos cidadãos da República Checa, sublinhando o papel histórico e insubstituível de Vaclav Havel na construção de uma Europa mais livre, justa, solidária e democrática.

Palácio de São Bento, 22 de Dezembro de 2011 Os Deputados: Carlos Zorrinho (PS) — Pedro Delgado Alves (PS) — Rosa Maria Albernaz (PS) — José Lino Ramos (CDS-PP) — Luís Fazenda (BE) — Ana Drago (BE) — Luís Montenegro (PSD) — António Rodrigues (PSD) — Pedro Lynce (PSD) — Emídio Guerreiro (PSD) — Rui Paulo Figueiredo (PS) — Acácio Pinto (PS) — Maria de Belém Roseira (PS) — Mónica Ferro (PSD) — Jorge Lacão (PS) — Ferro Rodrigues (PS) — José Lello (PS) — Sérgio Sousa Pinto (PS) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — João Pinho de Almeida (CDS-PP) — Basílio Horta (PS) — Alberto Martins (PS) — Inês de Medeiros (PS) — Marcos Perestrello (PS).

——— VOTO N.º 34/XII (1.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DE CESÁRIA ÉVORA

«Frequentei bas-fonds, cantei em bares da ilha e de todo o arquipélago. Tive tantos maridos que lhes perdi a conta. Mas percebi que a minha voz fazia vibrar e transmitia parcelas de felicidade. De certa forma foi ela que me puxou para cima. Hoje meço o caminho percorrido desde o orfanato que me acolheu com sete anos e relembro todas as batalhas que travei para sair da miséria.»

Assim respondia Cesária Évora, a «Diva dos pés descalços» como era conhecida, quando um jornalista a interrogava sobre o que mais a marcara na vida, na última entrevista que concedeu pouco tempo antes de falecer a 17 de Dezembro passado.
Nascida a 27 de Agosto de 1941, no Mindelo, Cesária Évora começa a cantar mornas e coladeiras aos 16 anos e rapidamente se apercebe do seu imenso talento de intérprete.
Nas ruas e bares do Mindelo cruza-se com músicos e poetas e aperfeiçoa a sua arte. Cesária canta a tristeza e a melancolia do seu país e do seu povo tantas vezes obrigado a emigrar para sobreviver. Ganha notoriedade e rapidamente é proclamada a «Rainha da Morna».
Mas apesar do reconhecimento, as contingências da miséria não deixaram de marcar profundamente o seu percurso de vida.
Em 1975, ano em que Cabo Verde conquistou a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliados à dificuldade económica e política do jovem país, deixa de cantar para sustentar sua família. Dez anos, «os anos negros» como ela própria refere, durante os quais Cesária Évora desiste da carreira, como desiste, de certa forma, da vida. Vida que pensa destinada a um fim trágico.
A história virá a provar o contrário.
Em 1985, encorajada por Bana, cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal, Cesária Évora voltou a actuar em Lisboa. É nessa altura que se cruza com o jovem de origem cabo-verdiano, José da Silva, que se torna o seu produtor e a convence a instalar-se em França.
Em 1988 Cesária grava o álbum La diva aux pied nus (A diva dos pés descalços), fazendo referência à forma como sempre se apresenta em palco. «Para sentir a terra», explica.
A seu lado tem os maiores músicos do seu país que nunca esquece e ao qual sempre regressa. Este disco é saudado pela crítica, mas é em 1992, com o albúm Miss Perfumado, que Cesária Évora conhece o seu primeiro grande sucesso internacional. A imprensa de todo o mundo fala desta diva e da sua vida difícil. Em 1993 enche durante três noites seguidas a mítica sala do Olympia e em 1995 é nomeada pela primeira vez com o disco «Cesária Évora» a um Grammy Award. Voltará a ser nomeada diversas vezes e acabará por receber o tão prestigiado premio em 2003 com Voz de Amor.
Em 2009 é condecorada com a legião de Honra pelo Estado Francês.
Na voz doce e grave de Cesária, que canta os sonhos, as dores, as alegrias, a solidão e as esperanças do seu povo, a Sõdade ou Saudade, esse sentimento que se diz não ter definição possível mas que se sente como nenhum, Cabo Verde encontrou a sua maior e melhor embaixadora.

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