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7 | II Série B - Número: 056 | 10 de Dezembro de 2012

aceitação do Prémio Pritzker, que lhe foi atribuído em 1988, Niemeyer fala de "um mundo socialmente injusto, que ignora a miséria, e que a nossa profissão é incapaz de melhorar".
Óscar Niemeyer inscreveu-se no PCB em 1945 e nele se "integrou para sempre". Por esse motivo, foramlhe recusados projetos, foi forçado a exilar-se pela ditadura militar, foi impedido de exercer a docência, tanto no Brasil como nos Estados Unidos (que em sucessivas ocasiões lhe recusou a concessão de um visto), foi inúmeras vezes interrogado pela polícia política (incluindo quando Kubitschek era presidente e Niemeyer trabalhava em Brasília) e pelos militares. Sempre assumiu com coragem e coerência as suas opções. Sempre apoiou com o seu nome e o seu imenso prestígio as causas em que acreditava.
O empenhamento político e cívico repercute-se na sua obra, e tem expressão particularmente viva em alguns monumentos. Niemeyer é o autor de alguns dos mais expressivos e vigorosos monumentos realizados na América Latina no decurso do século XX.
A sua obra arquitetónica e plástica é uma das mais admiráveis marcas deste tempo. O seu exemplo moral e ético é também o de um tempo futuro. Um tempo em que, em todas as escolas de arquitetura, será ouvido o seu conselho aos arquitetos: "(…) ter presente que a arquitetu ra não se pode limitar aos desejos das classes dominantes, mas atender aos mais pobres que dela tanto carecem.
E ser intransigente na defesa desse mundo sem classes que desejamos e no qual a arquitetura assumirá, um dia, sua verdadeira identidade".

A Assembleia da República, expressa à família de Óscar Niemeyer e ao povo brasileiro sentidas condolências.

Assembleia da República, 7 de dezembro de 2012.
Os Deputados do PCP: Jerónimo de Sousa — Bernardino Soares — João Oliveira — Bruno Dias — Miguel Tiago — João Ramos — Rita Rato — Jorge Machado — José Alberto Lourenço — Francisco Lopes — Paulo Sá — António Filipe.

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VOTO N.º 91/XII (2.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ESCRITOR PAPINIANO MANUEL CARLOS VASCONCELOS RODRIGUES

Papiniano Manuel Carlos Vasconcelos Rodrigues — Papiniano Carlos —, nasceu na antiga Lourenço Marques, hoje Maputo, Moçambique, no dia 9 de novembro de 1918, tendo vindo com 10 anos para Portugal.
No Porto frequentou o liceu Alexandre Herculano, cursou Engenharia, Matemáticas e Físico-Quimicas, em Coimbra e no Porto.
Recusando subscrever a declaração de aceitação e fidelidade ao regime fascista imposta aos funcionários públicos desde 1934, foi impedido de lecionar no ensino oficial. Deu explicações e foi delegado de propaganda médica.
O primeiro livro de versos foi publicado em 1942 sob o título "Esboço", a que se seguiu "Estrada Nova" em 1946, obra visivelmente neo-realista que despertou o interesse do público e da PIDE, que a apreendeu.
Seguiram-se "A Ave sobre a Cidade", "Canto Fraternal", "Terra com Sede", "Caminhemos Serenos", "O Rio na Treva", entre outros. Entre 1957 e 1961, com Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão, António Rebordão Navarro e Daniel Filipe, participou na direção literária dos fascículos de poesia "Notícias de bloqueio" e na antologia "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa". Na sua criação literária mereceram relevo especial obras para crianças, narrativas em prosa e em verso, como a conhecida "A Menina Gotinha de Água". Em 1998 publicou ainda o livro "A Memória com Passaporte: Um tal Perafita na «Casa del Campo» — Relato de um prisioneiro na PIDE do Porto em 1937".

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