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33 | II Série B - Número: 066 | 22 de Dezembro de 2012

«Se, por um lado, não tivesse havido uma baixa tão abrupta nas taxas de remuneração dos depósitos e se, por outro lado, algumas entidades do Estado tivessem mantido depósitos no BPN — até era um Banco nacionalizado —, o Banco não teria perdido tanto valor. Claro que muitos desses institutos têm autonomia financeira e, portanto, não obedecem a ordens diretas da secretaria de Estado, pelo que tomaram as suas opções. O que penso é que poderia ter havido uma maior preocupação em ter mantido o nível dos depósitos a um nível superior.»

A este propósito, o Dr. Meira Fernandes, administrador do BPN sob alçada do Dr. Miguel Cadilhe, afirmou, na audição de 22 de junho de 2012, que «a sangria ocorreu e ocorreu, porque, provavelmente, as pessoas não acreditaram muito na intervenção do Estado.»

No entanto, faz-se ainda referência a outros fatores. O Dr. Norberto Rosa afirma: «É evidente que, para o conjunto da população, a mediatização que houve do BPN, todos os problemas que existiram relativamente à SLN Valor, todo este processo levou a que muitos dos clientes fossem retirando os depósitos, colocando-os noutra entidade, dada a situação que existia no Banco.»

O Dr. Sérgio Sousa, representante da Comissão de Trabalhadores da Parvalorem, corrobora esta versão, na audição de 10 de julho de 2012: «Sempre que o Banco era utilizado como tema de debate político, nos dias seguintes, em consequência disso, o desfecho era sistematicamente o mesmo: fuga de depósitos e de clientes.»

Adianta ainda que, do ponto de vista estratégico, a gestão do BPN, por parte do Estado, não foi bem sucedida: «Os números relativos à evolução do montante em depósitos no período de gestão do Banco após a nacionalização são do conhecimento de todos e revelam que nessa área — para nós, também, fundamental — a gestão do Banco não foi bem-sucedida. A fuga de capitais e de depósitos foi uma constante ao longo destes três anos, o que leva a crer que o processo de nacionalização não acalmou nem os mercados nem os clientes, sendo lícito concluir por um insucesso nesta área, bem como da estratégia adotada. Tal insucesso deve-se apenas e só ao modelo de gestão adotado.»

É questionável que se interprete o número de clientes de um banco como elemento chave na avaliação da gestão de um banco, deixando por mencionar aquela que porventura será uma das variáveis fulcrais — os recursos de clientes —, como ficou patente na audição do ex-Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Dr.
Costa Pina, em 22 de junho de 2012: «...Quanto à segunda parte da questão, sobre a avaliação que fazemos da gestão pública do BPN, creio que não é matéria em que possamos, ou devamos, fazer uma análise subjetiva, o que devemos é olhar para os números. Assim, quanto ao número de clientes, o BPN, no final de 2008, tinha cerca de 263 000 clientes, no final de 2009 tinha 297 000 clientes (portanto, houve uma variação de 34 000 clientes, cerca de 15%) e em 2010 o número de clientes aumentou cerca de 2%, tinha cerca de 308 000 clientes.»

A esse propósito o Dr. Norberto Rosa esclarece: «O que aconteceu é que tivemos mais clientes, mas muito deles não eram ativos, muitos deles tiraram os depósitos e ficaram com contas a zero. Mas se não se tivesse conseguido recuperar alguns desses clientes, ainda a descida teria sido maior»«

Essa preocupação com o número de depositantes ficou explícita também na audição do Dr. Francisco Bandeira, abordado, sobre esse tema, pelo deputado João Almeida: «O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Dr., já lhe coloquei esta questão da outra vez - não sei se tem memória disso. Lembra-se quando lhe citei, na altura, uma informação de um diretor regional para as agências a dizer para abrirem contas em nome da mulher, do filho, do ‘gato’? Mas mostrei o documento nessa altura. Portanto, não estou a inventar, foi um diretor regional que disse que o aumento do número de clientes, que o Sr. Dr. diz que traz qualidade ao banco, tem a ver, por exemplo, com contas abertas em nome da sogra,

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